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SISTEMA DE ENSINO A DISTÂNCIA

CURSO DE PEDAGOGIA

LUANA DE SOUSA LIMA

PROJETO DE ENSINO
EM PEDAGOGIA

Cidade
2020
Cidade
2020
Cidade

Vitória da Conquista - BA
2021
LUANA DE SOUSA LIMA

PROJETO DE ENSINO
EM PEDAGOGIA

Projeto de Ensino apresentado à Universidade


Norte do Paraná (UNOPAR), como requisito
parcial à conclusão do Curso de Pedagogia.
Docente supervisor: Prof. Lilian Amaral da Silva
Souza.

Vitória da Conquista - BA
2021
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................3
1 TEMA.....................................................................................................................4
2 JUSTIFICATIVA.....................................................................................................5
3 PARTICIPANTES...................................................................................................6
4 OBJETIVOS...........................................................................................................7
5 PROBLEMATIZAÇÃO............................................................................................8
6 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................9
7 METODOLOGIA..................................................................................................14
8 CRONOGRAMA...................................................................................................16
9 RECURSOS.........................................................................................................17
10 AVALIAÇÃO.........................................................................................................18
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................19
REFERÊNCIAS...........................................................................................................20
3

INTRODUÇÃO

A educação escolar visa, dentre outras coisas, auxiliar no desenvolvimento da


comunicação humana, seja através da linguagem oral, gestual ou da escrita. Vários
estudos têm demostrado que distúrbios na comunicação humana interferem
diretamente na socialização da criança e prejudicam seu processo de ensino
aprendizagem. A detecção e tratamento precoces destes distúrbios são
imprescindíveis para a inserção social desta criança e, neste sentido, os professores
das séries iniciais desempenham papel fundamental.
Dentre os distúrbios de aprendizagem que afetam a comunicação e a
socialização da criança, destaca-se a gagueira. Trata-se de uma questão de grande
relevância no âmbito escolar que, ao incidir sobre as crianças em fase de
alfabetização, requer um maior preparo por parte do educador e uma maior
investigação no que se refere às metodologias adotadas. Acredita-se que uma
investigação mais atenta e que busque caminhos mais assertivos seja o melhor para
compreender esse fenômeno e assim, favorecer a construção dos saberes
pedagógicos necessários ao desenvolvimento dessas crianças.
Dessa forma, o presente projeto de ensino busca compreender a práxis
pedagógica que considera as dificuldades vivenciadas pelos alunos que apresentam
gagueira. Pois, ao percebemos a necessidade de um acompanhamento mais
direcionado a esses alunos no âmbito escolar e a relevância de sua contribuição
para o desempenho de crianças com gagueira, pretende-se desenvolver uma série
de atividades direcionadas a tais alunos, colocando em prática metodologias que se
adequem às necessidades desses alunos a fim de que os mesmos assimilem o
conhecimento de forma satisfatória e constante.
Pretendendo-se assim, que este estudo colabore com a busca de uma melhor
compreensão desses fenômenos bem como para a melhoria da qualidade de vida
dos educandos. Assim, auxiliando no desenvolvimento do indivíduo no âmbito
escolar, preparando o mesmo para ingressar na sociedade de forma a desenvolver
sua capacidade de conduzir habilidades e conviver com seus limites, cabendo ao
educador auxiliá-lo durante esse processo.
1 TEMA

Ao considerar as características que alguns alunos apresentam, percebe-


se a necessidade de realizar estudos voltados para a compreensão das
dificuldades relacionadas à gagueira de crianças em fase inicial de
alfabetização, pensando na possibilidade da participação dos educadores neste
processo. Para tanto, se faz necessário identificar e analisar as dificuldades e
necessidades dessem alunos sob a ótica da Pedagogia. Assim, optou-se pela
temática: A gagueira nos anos iniciais do ensino fundamental e suas
implicações no processo de ensino aprendizagem.
Para tanto, há que se considerarem as principais questões inerentes a
esse processo, propondo uma aprendizagem mais ativa e participativa, na qual
se construa uma proposta que desenvolva as habilidades e competências de
tais alunos, onde o educador possa obter o domínio pedagógico do conteúdo
que trabalhe com esses alunos, seja em espaços formais e não formais de
ensino. De forma que o presente projeto de ensino direcione o foco aos
instrumentos necessários e à construção de novos conhecimentos, a fim de
formar indivíduos com uma visão ampla da realidade.
Assim, compreendemos que o pedagogo exerce, no espaço da autonomia
que lhe foi conferida, seu papel de elemento-chave na orientação e
gerenciamento dos resultados escolares obtidos frente às ações devidamente
planejadas para tais alunos. Este profissional da educação, enquanto articulador
e mobilizador, precisa estar continuamente vivenciando atividades voltadas para
a melhoria do aprendizado dos alunos como um todo, a fim de que alunos com
características e necessidades especiais, dentre elas a gagueira, obtenha êxito.
2 JUSTIFICATIVA

Sabe-se que há uma falta de conhecimento sobre a gagueira por parte


da população em geral, o que contribui para o preconceito e a intolerância em
relação aos indivíduos que a apresentam. Além disso, há certo ceticismo quanto
às técnicas e tratamentos em alunos nas séries iniciais com gagueira, no que se
refere ao seu desenvolvimento educacional.
A discriminação e o descaso em relação a essa parcela de alunos
podem prejudicá-los nos estágios iniciais de desenvolvimento, comprometendo
sua capacidade de comunicação e expressão, além de sua inserção social ao
longo da vida. Nesse aspecto, cabe ao educador combater o preconceito e a
hostilidade dos colegas e da própria sociedade em relação a tais crianças,
propondo atividades interventivas e eficazes que os auxiliem e esclareçam, a fim
de favorecer o entendimento e aceitação dessas diferenças por parte de todos,
uma vez que a adoção de estratégias para lidar com a gagueira e propiciar uma
convivência saudável entre todos que estão envolvidos no processo, é
fundamental para que o aprendizado dessas crianças não esteja comprometido.
Neste ponto, o papel do educador é crucial no sentido de atuar como uma
“ponte” entre tais alunos e o conhecimento, elaborando estratégias de mediação
e resgatando a autoestima e a esperança dessas crianças. Para tanto, o diálogo
é fundamental na relação entre a escola, o educador, o aluno e a família. Mas,
para que isso venha a ocorrer, é preciso que haja uma maior preparação dos
educadores nesse sentido, a fim de muni-los com todas as ferramentas
possíveis e recursos que definam os parâmetros necessários ao desempenho
escolar destes alunos. O êxito desse acompanhamento perpassa por muitos
fatores, como o preparo do educador, o ambiente escolar, o material didático, a
comunidade onde a escola está inserida e até as condições econômicas da
família. Todos esses fatores, isoladamente ou em conjunto, influenciam no
rendimento escolar desses alunos.
As instituições de ensino, por sua vez, em sua ampla conjuntura de
funções devem preparar seus profissionais para observar, direcionar e planejar
quais ações são de fato relevantes para o sucesso do ensino-aprendizagem dos
alunos com gagueira. É necessário também, que tal profissional esteja sempre
em contato com a família, mantendo uma boa relação entre ambos, a fim de que
haja sempre uma “porta aberta” para tais alunos e seus familiares na instituição
escolar.
3 PARTICIPANTES

Para a realização de um projeto de ensino como este que aqui se


apresenta, é necessário o envolvimento dos educadores de uma escola pública
que contemple as turmas iniciais, da Educação Infantil ao 1º ano do Ensino
Fundamental, por acreditarmos ser nessas turmas iniciais que a gagueira se
manifesta como uma característica que possa vir a criar empecilhos ao
aprendizado do aluno, caso o educador não interfira de forma positiva nesse
processo. Assim, os educadores, alunos e famílias desses alunos virão a ser o
público-alvo desse Projeto de Ensino.
4 OBJETIVOS

Objetivo Geral:
 Buscar soluções para melhorar o processo de ensino aprendizagem de
alunos com gagueira.

Objetivos Específicos:
 Criar situações nas quais a família tenha participação no processo de ensino-
aprendizagem dos alunos com gagueira de forma mais efetiva;
 Elencar atividades que auxiliem na prática pedagógica utilizada com tais
alunos;
 Verificar que tipo de interação é mais proveitosa e produtiva na busca por
soluções da problemática da gagueira de crianças em fase inicial de
escolarização;
 Sugerir caminhos diferenciados de formação científica, sobretudo de
professores e demais profissionais visando a (re) construção de saberes
pedagógicos em torno da gagueira.

.
5 PROBLEMATIZAÇÃO

O desempenho escolar de um aluno depende do desencadeamento de vários


fatores, que vão desde rótulos, perseguições, bulling de diversos tipos, dentre
outros, que podem levar ao fracasso escolar. Quando isso ocorre nos anos iniciais,
alunos com transtorno de linguagem, que ainda não desenvolveram suas
capacidades de comunicação e linguísticas, podem ter seu processo de
aprendizagem extremamente comprometido. A responsabilidade, nestes casos,
cabe ao educador, resguardando esses alunos a fim de que tenham um ambiente
saudável de aprendizagem.
Para que isso ocorra, tais educadores precisam ter uma boa formação, que os
possibilitem fazer adaptações curriculares, ajustes e modificações nos objetivos,
conteúdos, procedimentos e estratégias de ensino, relacionadas a questões
educativas especiais, para que se possam amenizar as dificuldades de
aprendizagem de alunos com gagueira. Tais adaptações exigem esforços
linguísticos, posicionamentos diferenciados ao lidar com essas crianças, para que
não se sintam excluídas ou não expressem receio ao se comunicar, de forma que o
educador favoreça a construção de mecanismos cognitivos que favoreçam uma
aprendizagem significativa e uma melhor integração social dessa criança.
Ao pensar em desenvolver um Projeto de ensino que envolva crianças com
gagueira, nos deparamos com diversas dificuldades relativas a tal questão. Muitas
vezes, acredita-se que uma parceria da escola, educadores e família seja
imprescindível para o sucesso desse aprendizado, incluindo a escolha da
bibliografia, do conteúdo, dos eventos e projetos a serem trabalhados ao longo do
ano com esses alunos.
É preciso que todos trabalhem em conjunto para o bom desenvolvimento
escolar das crianças com gagueira. Pensando dessa forma, nos deparamos com o
seguinte questionamento: De que forma a escola, juntamente com os
educadores e a família, podem desenvolver ações voltadas aos alunos com
gagueira, a fim de que o processo de ensino - aprendizagem dos mesmos
obtenha êxito? Uma vez que a escola se apresenta como uma mediadora
importante nesse processo, a formação de seus profissionais é imprescindível para
se permitir que a iniciativa parta dos mesmos, estabelecendo processos favoráveis a
esse público alvo, a fim de proporcionar-lhes uma boa formação escolar.
6 REFERENCIAL TEÓRICO

A gagueira é um distúrbio da fluência verbal caracterizado por rupturas


involuntárias do fluxo da fala, impossibilitando, a produção da fala contínua, suave e
sem esforço. A gagueira pode ser classificada em três subgrupos: neurogênica,
psicogênica e idiopática ou do desenvolvimento. A primeira é derivada de um dano
cerebral de origem vascular ou traumática, a segunda advém da ocorrência de um
evento psicológico identificável ou se associa a quadros psiquiátricos. Já a gagueira
do desenvolvimento, é definida como o resultado de uma disfunção do sistema
nervoso central, com base genética, que aparece no período de aquisição e
desenvolvimento da linguagem, entre 18 meses e sete anos de idade. Esse subtipo
é encontrado em 80% dos casos de gagueira que são diagnosticados na infância,
sendo que 20% destes casos se tornam crônicos (ANDRADE, 2009).
A evolução da gagueira do desenvolvimento ocasiona sérias consequências
na vida de uma criança, prejudicando a sua comunicação e podendo acarretar
impactos psicológicos, gerar emoções negativas, timidez, medo relacionado à fala e
ansiedade. Assim, a criança está mais exposta a erros de julgamento e, portanto, às
atitudes indevidas de seus professores diante de sua dificuldade de fala
(DELAGRACIA, 2004).
A gagueira atinge mais meninos que meninas e está ligada a fatores
genéticos e neurofisiológicos, mas os aspectos ambientais, emocionais e sociais
podem impactar diretamente na fluência da pessoa. A gagueira, na faixa etária
da educação infantil, pode aparecer em 5% das crianças, representando uma
fase de muito aprendizado e demandas linguísticas que precisam se equilibrar
para que a fluência se adeque. É o que chamamos de gagueira do
desenvolvimento (ANDRADE, 2009).
No Brasil, temos 8 milhões de crianças que gaguejam, porém, 80 %
dessas crianças, ou seja, 4 em cada 5 crianças, irão recuperar a fluência, mas 1
delas terá uma gagueira persistente, ou seja, 1% da população mundial
apresenta gagueira até a fase adulta, sendo que são os fatores neurofisiológicos
que predispõem a essa condição. O mais importante de tudo, nesses casos, é
respeitar as diferenças (AZEVEDO, FREIRE, 2001).
Se formos bons ouvintes desde a fase escolar e proporcionarmos
situações de comunicação favoráveis ao aluno com gagueira desde a sua
infância, evitando o bullying e valorizando o conteúdo da fala, sua qualidade de
vida será muito melhor. A gagueira pode impactar negativamente na qualidade
de vida da pessoa se o ambiente comunicativo não for favorável, se não dermos
tempo suficiente para a pessoa falar e vivenciar repetidamente situações onde
sua fala não é valorizada, isso pode prejudicá-la emocionalmente e socialmente,
levando-a a evitar situações de comunicação ao longo da vida (PAIN, 2008).
O professor é de grande relevância nesse processo, depois da família,
pois a escola é o principal ambiente social em que a criança convive e passa
grande parte do tempo. Dessa forma, o professor é peça chave na promoção de
um ambiente favorável à comunicação dos alunos e, em particular, àqueles que
possam estar passando por um período de disfluência ou que já tenham uma
gagueira persistente (CHAMAT, 2004).
A gagueira infantil é entendida a partir do funcionamento da linguagem,
para isso, devemos partir da compreensão de que a fluência de fala não é um
simples fenômeno, mas um “acontecimento complexo”. Complexo porque se
efetua a partir da mútua influência de, no mínimo, três dimensões que, de
diferentes modos, afetam a produção da fala: primeiro a orgânica, relativa às
condições biológicas do falante; segundo a psíquica, relativa às condições
subjetivas do falante e terceiro a social, relativa à cultura, seus valores,
costumes, mitos e ideologias. Além disso, trata-se de um acontecimento, porque
em consequência da complexidade não pode ser circunscrita e explicada dentro
de limites fixos e estanques que sempre se repetem, passíveis de ser expressos
em médias e frequências, como é comum fazer com os fenômenos (FRIEDMAN,
2004).
Por ser um acontecimento complexo, o uso do sistema abstrato da língua
(idioma) para falar implica a possibilidade de errar. A fluência está sujeita ao
aparecimento de lapsos, tais como silêncios, repetições, prolongamentos e
bloqueios momentâneos (SCARPA, 1995). Entretanto, é comum interpretar-se
as disfluência como sendo gagueira e reagir rejeitando essa forma de fala. A
rejeição pode expressar-se de modos explícitos, por meio da interrupção do
discurso da criança para pedir que fale com calma, mais devagar, respire, pense
antes de falar, bem como por meio de chacotas. Pode expressar-se, também, de
modos implícitos, por meio de manifestações de desagrado expressas em
olhares, em padrões respiratórios, em recusas a responder ao que a criança diz.
A expectativa é de que isso faça desaparecer a gagueira da fala da criança.
(AZEVEDO E FREIRE, 2001).
Esta condição de formação e profissionalização, ausente de adaptações
curriculares (ajustes e modificações nos objetivos, conteúdos, procedimentos e
estratégias de ensino), relacionadas a questões educativas especiais, podem
justificar, pelo menos em parte, dificuldades de aprendizagem entre sujeitos com
problemas tais como gagueira. Assim sendo e considerando-se a possível
participação dos professores, pais e da criança com o problema neste processo,
há necessidade de investigá-lo através de várias perspectivas. Sabe-se que
distúrbios como a gagueira, apresentam-se relacionados a múltiplos fatores de
natureza biológica, psicológica, de certos processos linguísticos, afetivos,
cognitivos, ou ainda, alguns desses fatores combinados (ASHA,1999).
Apesar de surgirem na primeira infância com mais frequência, a gagueira
geralmente não aparecem quando a criança começa a falar, e sim quando
começa a ter contato com outras pessoas. Para os casos já instalados, o
distúrbio pode ser acentuado caso o ambiente escolar não seja adequado
(DINVILLE,1993). Dessa forma, há possibilidade do desempenho escolar de
sujeitos gagos ser abaixo da média em função de dois fatores: podem responder
que não sabem para um professor para não correrem o risco de gaguejar, ou por
algum problema de linguagem relacionado com gagueira (GUITAR,1998).
Práticas pedagógicas adequadas, que não revelam classes distintas nem
posicionamentos diferenciados entre as crianças, e ainda, que permitam o fluxo
livre de informações e a comunicação interpessoal, favorecem a aprendizagem
de alunos com gagueira (CÂMARA; MORAIS, 1998). Assim, atividades paralelas
desenvolvidas com essas crianças, podem diminuir seu receio da rejeição e
construir mecanismos cognitivos que facilitem uma aprendizagem mais
significativa, permeada de integração social.
Em função disso, a capacitação dos educadores em torno da questão
de aprendizagem de crianças com necessidades educativas especiais é
fundamental, tendo em vista a sua influência no contexto de aprendizagem
(HASHWEH, 1986). Nesse sentido, Porlán e Rivero (1998, p.99), afirmam serem
inúmeros os estudos que assinalam a inadequação das ideias dos professores
em exercício e em formação inicial sobre a natureza da ciência, uma realidade
entendida como decorrente da lógica tradicional da ciência e do seu ensino, que
contribui para o afastamento entre ciência e sociedade.

Segundo os citados pesquisadores, o conhecimento de professores pode


ajudar a manter os chamados ‘mitos científicos’ na sociedade, levando os
educadores a manter atitudes pouco pedagógicas em relação a crianças com
necessidades educativas especiais, como a gagueira (VAN RIPER; EMERICK,
1997).
Chiquetto (1992), Barbosa e Chiari (1998), ao estudarem a questão da
gagueira e suas possíveis implicações na aprendizagem escolar de crianças
com o problema, identificaram concepções alternativas e atitudes pouco
pedagógicas entre professores das séries iniciais sobre a gagueira, e as
caracterizaram como sendo de senso-comum. Esta realidade de conhecimento
dos professores das séries iniciais em relação a crianças que gaguejam foi
também confirmada em um estudo realizado por (VILLANI; CURRIEL;
OLIVEIRA, 2001), o qual apontou a necessidade da sua melhor investigação,
considerando a questão da preparação dos profissionais da educação.
As atitudes que os professores apresentam diante de um aluno com
gagueira são na maioria contraditórias, ou seja, ora eles parecem auxiliar a criança
com gagueira de acordo com o preconizado na literatura, e ora, embora bem
intencionados, utilizam-se de atitudes inadequadas, e acabam por confirmar a
gagueira na criança (CHIQUETTO, 1996). Sendo assim, os educadores representam
um papel importante no desenvolvimento educacional de crianças com gagueira,
suas atitudes podem afetar significativamente o desempenho dos alunos em sala de
aula, bem como sua progressão ( MARANHÃO et al 2009). Emerge deste contexto,
portanto, a participação do fonoaudiólogo educacional.
É fundamental a orientação dos profissionais escolares no que se refere
à elaboração de estratégias que incentivem as habilidades comunicativas dos
alunos e à identificação precoce de distúrbios do desenvolvimento; no caso, a
gagueira (MENDONÇA, LEMOS, 2011). Nesse sentido, programas de
formação docente sobre gagueira são fundamentais para a melhora da
adaptação de estudantes com gagueira no ambiente escolar.
A alta prevalência da gagueira na infância remete uma reflexão sobre a
relação entre a mesma e a escola, uma vez que a última está presente nas
atividades de vida diária da criança desde seus primeiros momentos de
disfluências até a cronificação da gagueira. Estudos têm mostrado que o
processo e aprendizagem escolar bem como a socialização primária e
secundária da criança podem sofrer interferências dos distúrbios da
comunicação humana, como a gagueira. Sabemos que a escola é um espaço
privilegiado para o desenvolvimento da linguagem. Problemas de integração
social e mesmo dificuldades escolares podem ser amenizados por meio e ações
pedagógicas que levam ao tratamento precoce da gagueira ( CARVALHO et al,
2006)
O professor tem papel de destaque no processo ensino-
aprendizagem. Se o aluno tiver uma assessoria fonoaudiológica, que esteja
compondo um trabalho de formação continuada, pode ser um forte aliado para a
elaboração de estratégias de incentivo das habilidades comunicativas dos
alunos e identificação o quanto antes dos desvios apresentados por eles. Assim,
é imprescindível que os professores tenham conhecimento científico sobre a
gagueira, para que os pensamentos do senso comum não intervenham nas
relações desses com as crianças que gaguejam. No entanto, estudos mostram
que, em muitos casos, a relação entre o professor e a criança com gagueira é
atrelada a informações não-científicas ( BARBOSA, CHIARI, 2005).
Existem vários e bons tratamentos fonoaudiológicos. O processo
terapêutico segundo a modificação da gagueira baseia-se no princípio de que a
maioria das disfluências é resultado das evitações, dos conflitos, medos ou
esforço para falar. Assim, nesse tratamento, são incluídas estratégias que visem
à redução das evitações, dos medos e das atitudes negativas relacionadas à
fala. Além disso, pode haver também modificação da forma da gagueira,
velocidade de fala e da tensão ao falar (PRATES, MARTINS, 2011).
Assim, espera-se, com esse estudo, verificar como os educadores das
séries iniciais podem lidar com alunos que apresentem sinal de gagueira,
através de metodologias e atitudes apropriadas para tal fim. Para tanto, percebe-
se a necessidade de realizar maiores estudos voltados para a compreensão da
problemática da gagueira nessas crianças, identificando e analisando as
concepções e atitudes de sujeitos que gaguejam a luz de referenciais teórico-
metodológicos na interface entre a Educação e a Fonoaudiologia.
7 METODOLOGIA

Para que seja possível lidar com a questão da gagueira em alunos


iniciais por parte dos educadores, é preciso que os mesmos sejam capacitados
para tal. Assim, é necessário que estes participem de um Programa de
Formação Docente em Gagueira, no qual participem de encontros, nos quais
eles se apropriem das Metodologias Ativas de Aprendizagem, adquiram
conhecimento acerca da problemática através de exposição dialogada,
dinâmicas e oficinas. Após se capacitarem, os educadores precisam saber se na
sua sala de aula tem algum aluno que gagueja, conversar com a família a
respeito do assunto e orientá-los a procurar um fonoaudiólogo, que é o
profissional especializado nos distúrbios da fluência, é muito importante para
que seja feito um trabalho em conjunto.
No que se refere à sala de aula há muitos aspectos nos quais o professor
poderá fazer toda a diferença, como diminuir as demandas linguísticas, estabelecer
regras para uma boa comunicação entre todos os alunos, trabalhar a tolerância,
diminuir a própria velocidade de fala, se a criança vier a gaguejar, mantenha o
contato visual natural e se acalmar, respirar e esperar o tempo necessário que ela
precisa para se comunicar. Caso ela demonstre frustração em não conseguir falar
fluentemente, demonstrar seu apoio, dizendo que todos ali estão aprendendo e que
você tem tempo para escutá-la. Além disso, deverá manter contato constante com a
família e o fonoaudiólogo da criança para que todos trabalhem juntos.
Além disso, o educador poderá oferecer outras opções e possibilidades para as
situações mais difíceis, como provas orais ou seminários, em atividades de leitura,
peça que façam em dupla ou em grupo, isso promove melhor fluência ao aluno que
gagueja, trabalhar com todos os alunos o tema de respeito à diversidade,
estabelecer uma relação de confiança com o aluno, valorizando, ouvindo e
compreendendo cada fase do desenvolvimento, sendo uma peça fundamental no
desenvolvimento social e fortalecimento emocional do aluno enquanto um bom
comunicador.
No que se refere às ações a serem desenvolvidas com os alunos, pensou-se
em uma prática pedagógica, nas quais os professor irá abordar a temática da
gagueira de forma relevante e descontraída com a turma toda, para que o aluno que
apresente gagueira não se sinta o alvo do problema. Para tanto, tais ações podem
vir a ser desenvolvidas:

PRÁTICA PEDAGÓGICA

Turma: 1º ano do Ensino Fundamental I


Componente Curricular: Língua Portuguesa
Objetos do conhecimento: Análise fílmica, roda de conversa, Produção oral e textual.
Habilidades e competências desenvolvidas:
 (EI01EF06) - Comunicar-se com outras pessoas usando movimentos, gestos, fala e
outras formas de expressão.
 (EI02EF06) - Criar e contar histórias oralmente, com base em imagens ou temas
sugeridos.
 (EI03EF06) - Produzir suas próprias histórias orais e escritas (escrita espontânea), em
situações com função social significativa.
Metodologia:
 Iniciar a aula exercitando o corpo das crianças dispostas em pé, em semicírculo,
trabalhando a respiração diafragmática, de forma que elas aprendam a fazer uma
respiração profunda em que o ar chegue ao diafragma ou ao ventre;
 Fazer relaxamento e alongamento para os lábios, língua, pescoço e ombros, liberando
a tensão nas costas, pescoço e braços e relaxando os ombros;
 Fazer exercícios de sopro, enchendo balões e soprando línguas de sogra, fortalecendo
os órgãos fonadores;
 Dispôs as crianças em um tapete confortável, com almofadas, e exibir o filme:
“Escola da Vida”, no qual um professor com distúrbio da fala conquista a admiração
de todos os alunos, inclusive de um tímido aluno que gagueja;
 Comentar sobre o filme com os alunos, fazendo com todos dialoguem a respeito da
temática do filme;
 Direcioná-los à suas carteiras, para que recriem a história do filme resumidamente, a
princípio de forma oral, depois no caderno de forma escrita e ilustrada;
 Finalizar a aula cantando a parlenda da “Velha a fiar” com os alunos, pois alunos com
gagueira tendem a não gaguejar quando cantam.
8 CRONOGRAMA

AÇÕES MESES

PLANEJAMENTO
01

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
02

DEFINIÇÃO METODOLOGICA
03

EXECUÇÃO
04

AVALIAÇÃO
05
9 RECURSOS

Para que o Projeto obtenha êxito, é necessário que disponhamos de alguns


recursos indispensáveis para a execução do mesmo, sejam eles humanos ou
materiais. A saber:

9.1 Recursos Humanos:


· Alunos;
· Professor (a);

9.2 Recursos Materiais:


· Sala de aula;
· Carteiras;
· Tapete grande e redondo;
· Almofadas coloridas;
- Notebook e retroprojetor;
- Caixa de som;
· Cadernos de Língua Portuguesa;
· Caneta, lápis de cor, lápis e borracha.
10 AVALIAÇÃO

No presente Projeto, os alunos serão avaliados durante todas as etapas


do mesmo, uma vez que compreendemos o processo avaliativo como algo
contínuo e que não pode ser realizado separadamente. Seja durante a prática
pedagógica, seja ao longo do processo de construção dos conhecimentos
inerentes à leitura e oralidade. O aluno será avaliado por meio de avaliação
diagnóstica, formativa e contínua, levando em conta todos os recursos utilizados
e todas as atividades feitas relativas ao Projeto. Esse processo avaliativo será
realizado tendo em vista analisar o trabalho individual e, ao mesmo tempo
coletivo, por compreendermos que, de um trabalho como este, podem surgir
vários resultados em uma turma homogênea, uma vez que é composta por
indivíduos distintos. Ao identificar possíveis dificuldades a serem detectadas ao
longo do Projeto, no que se refere à escrita e leitura, como a desenvoltura, a
oralidade, o pensamento e as habilidades em relação à algumas atividades, as
mesmas deverão ser trabalhadas ao longo do ano letivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que a escola é um lugar de construção e reconstrução do


conhecimento, de forma que, toda proposta que vise trabalhar tais
conhecimentos de forma lúdica e prazerosa, deve ser bem vinda. Um Projeto de
Ensino é sempre algo muito rico, que deve ser estimulado e realizado sempre
que possível nas escolas, a fim de que tais práticas abordem questões
relevantes dentro do espaço escolar.
Tendo em vista os aspectos mencionados, conclui-se que a pedagogia
deve buscar as razões das dificuldades do ato de aprender, considerando o ser
humano em suas múltiplas dimensões. Ao avaliar e conhecer os problemas de
aprendizagem, é possível obter uma visão mais aprofundada sobre o que é o
trabalho do educador. Vale ressaltar que não cabe ao educador julgamentos
precoces e equivocados e muito menos divisões de atitudes baseadas nos
conceitos de certo ou errado; mas sim, desenvolver um olhar dirigido ao sujeito,
que é único, peculiar e tem sua própria história. Assim, é preciso levar em conta
suas atitudes ou a falta delas, que podem ser apenas reflexo de sua
constituição, mesmo que esteja inserido em um cenário social.
É necessário, portanto, considerar o sujeito como um corpo, que é
dotado de conhecimento, de afetos e emoções, de um organismo complexo, de
inteligência e de cultura. Assim, a criança com gagueira deve ser orientada da
melhor forma possível, para que não venha a apresentar dificuldades afetivas e
de aprendizado, que interferiam no seu relacionamento com outras crianças,
resgatando sua autoestima e sua segurança.
Assim, proporcionar experiências que sejam vivenciadas e trabalhadas
pelo aluno com gagueira juntamente com seus colegas, podem vir a ser
significantes e proporcionar a ampliação do desenvolvimento pessoal e cognitivo
do aluno com gagueira, demostrando assim que a Pedagogia não deve se
estagnar no tempo, uma vez que seus profissionais precisam acreditar que o
aprendizado é inerente a um processo de constante mudança.
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REFERÊNCIAS

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FDM, Mendes BCAM, Navas ALPGP. Tratado de fonoaudiologia. 2. ed. São Paulo:
Roca; 2009. p. 423-53.

ASHA. Divisão de interesse especial: Distúrbios da fluência da fala. Terminologia


referente a fluência e distúrbios da fluência: Diretrizes. Asha, supl. 19, pág. 29-36,
1999.

AZEVEDO, N.; FREIRE, R. Trajetórias de Aprisionamento e Silenciamento na


Língua: o Sujeito, a Gagueira e o Outro. In: Friedman, S.; Cunha, M. C. Gagueira
e Subjetividade: Possibilidades de Tratamento. Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 146-
160.

CÂMARA, M. J.; MORAIS, A. M. O desenvolvimento científico no jardim de


infância: influência das práticas pedagógicas. Revista de Educação, Lisboa, v. 7,
n. 2, p. 179-199, 1998.

CHAMAT, L. S. J. Técnicas de Diagnóstico psicopedagógico: O diagnóstico


Clínico na abordagem interacionista. 1ª edição, Vetor, São Paulo, 2004.

CHIQUETTO MM. Reflexões sobre a gagueira: concepções e atitudes dos


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