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FACULDADE DE TEOLOGIA E CIÊNCIAS HUMANAS

CENTRO DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO – CPPEX


CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM
EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA

MÁRIO DAS GRAÇAS RODRIGUES DE SOUZA

FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR:


FATOR PARA SUPERAR DESAFIOS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

MACAPÁ/AP
2020
MÁRIO DAS GRAÇAS RODRIGUS DE SOUZA

FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR:


FATOR PARA SUPERAR DESAFIOS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Trabalho apresentado à Coordenação do Centro


de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão Prof.
Paulo Roberto Moraes de Mendonça; da
Faculdade de Teologia e Ciências Humanas,
como requisito para a obtenção do título de
Especialista em Educação Especial Inclusiva.

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Educação Especial Inclusiva

PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A): ___________________________________


Me. Edna Maria Biz Pasini

MACAPÁ/AP
2020
MÁRIO DAS GRAÇAS RODRIGUS DE SOUZA

FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR:


FATOR PARA SUPERAR DESAFIOS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

AVALIADO EM _____/_____/_____

CONCEITO FINAL: _____

_________________________
Professor(a) – Avaliador(a)

_________________________
Coordenação do CPPEX

MACAPÁ/AP
2020
FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR:
FATOR PARA SUPERAR DESAFIOS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
MÁRIO DAS GRAÇAS RODRIGUES DE OUZA

RESUMO: O artigo apresenta uma reflexão sobre a formação continuada do professor de séries iniciais,
como principal instrumento para entender e equacionar os desafios apresentados em sala de aula regular,
com alunos com deficiência, para implementação da inclusão. A partir de pesquisa bibliográfica, buscou-
se referenciais teóricos para análise sobre a formação continuada do docente e sua relação com a
educação contemporânea e a necessidade de mudança do paradigma de ensino, de um modelo passivo,
baseado na aquisição de conhecimentos, para um modelo baseado no desenvolvimento de competências.

PALAVRAS-CHAVES: Formação. Séries Iniciais. Inclusão. Competências.

1 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal (inciso III do art. 208) garante às pessoas portadoras de


deficiências o direito a educação de qualidade no ensino regular nas escolas públicas. Porém,
temos conhecimento que a precária formação e capacitação de professores para atendimento a
esses alunos constitui-se em empecilho para que esses direitos sejam respeitados. O exercício
profissional do professor e seus desafios são extremamente exigentes e envolvem muitas
responsabilidades, citamos com uma delas a formação de pessoas críticas e aptas a conviver em
sociedade e exercer uma profissão.
É um grande desafio aos professores o processo de inclusão dos alunos portadores de
deficiências, pois cabe a eles construírem novas propostas de ensino, atuar com um olhar
diferenciado em sala de aula, sendo o agente facilitador do processo de ensino-aprendizagem.
Por isso, o desenvolvimento de novas posturas e habilidades, pelo professor, que propiciem
equacionar, compreender e intervir nas diferentes situações e relações com as quais se deparam
em seu labor, realizando mudanças significativas no ambiente de sala de aula, ampliando as
possibilidades, com uma visão positiva de si mesmo e da inclusão das pessoas com deficiências.
A formação continuada do professor é condição para construção dessa postura e
proposta inclusiva, pois dá aos profissionais a possibilidade de (re)pensar o ato educativo e
analisar a prática docente, incentivando-os a (re)inventarem espaços para reflexão coletiva e
atender ao princípio de aceitação das diferenças, a valorização do outro.
De acordo com Bueno (1993), “dentro das atuais condições da educação brasileira,
não há como incluir crianças com necessidades educativas especiais no ensino regular sem
apoio especializado, que ofereça aos professores dessas classes, orientação e assistência”.
Assim a educação inclusiva é aquela que oferece um ensino adequado às diferenças e às
necessidades de cada aluno e não deve ser vista lateralmente ou isolada mas, como parte do
sistema regular. Para tanto, o quesito indispensável para a efetivação deste conceito é a
formação adequada e contínua do professor (SANT’ANA, 2005; GLAT & FERNANDES,
2005).

2 DESAFIOS ENFRENTADOS PELO PROFESSOR PARA IMPLEMENTAR A


INCLUSÃO EM SALA DE AULA REGULAR

Com os desdobramentos da função para dar conta de todas as atividades diárias, sobra
menos tempo para atividades fundamentais. A função docente exige formação em nível superior
e uma dedicação que extrapola a sala de aula. O professor, além do trabalho in loco na escola,
ainda precisa preparar aulas, realizar anotações, configurar e corrigir avaliações, em período
fora da grade horária, em horários extraclasse.
Além da exaustão laboral, o professor deve lidar com alunos de variados perfis sociais
e psicológicos. Devendo, contudo, saber instigar a curiosidade de cada um deles ao longo de
toda sua trajetória profissional e motivá-los, respeitando a individualidade, para que suas turmas
tenham maior engajamento na realização de atividades e maior participação durante as aulas de
todos os alunos.

Os alunos são diferentes em seus ritmos de aprendizagem e em seus


modos pessoais de enfrentar o processo educacional e a construção de
seus conhecimentos. A atenção às diferenças individuais educativas faz
parte também de todas as estratégias educativas que se assentam no
respeito à individualidade de cada aluno. Um respeito que, no caso dos
alunos com necessidades educativas especiais, exige que se
proporcione uma educação adaptada às suas possibilidades
(MARCHESI 2004, p.38).

Para caracterizar-se como um bom facilitador, uma bússola, um guia na busca dos
alunos pelo conhecimento, o professor deve saber identificar, compreender e auxiliar seus
alunos em relação às suas dificuldades, pois as mesmas representam grandes desmotivadores e
contribuem para o baixo rendimento escolar. Dessa forma, saber especificamente onde os
alunos apresentam problemas, facilita no direcionamento e na realização de intervenções
pedagógicas e, consequentemente, no aprimoramento do processo pedagógico. Desempenhar
essa tarefa com compromisso e qualidade exige, da parte do professor, reunir um conjunto de
saberes e competências que lhe permitam a construção de um ensino de qualidade,
independente de sistema educacional, de controles e descontroles internos ou externos na/da
escola pública. Os saberes do professor são construídos ao longo de toda uma carreira e vida
do profissional, razão que justifica que não sejam contemporâneos uns dos outros, uma vez que
se vão adquirindo ao longo do tempo. São assim saberes temporais, em cuja construção
intervêm dimensões identitárias, de socialização profissional, fases e mudanças, que se
constituem num conjunto de conhecimentos, competências, habilidades e atitudes.
Nesse sentido, não se pode falar em aprendizagem sem falar no professor, como não se
pode falar em aprendizagem sem falar em alunos, seja ele ou não portador de necessidades. O
contexto social e político da contemporaneidade impõe a prática educativa do professor um
número de demandas exaustivas e inúmeras, conduzindo o professor da atualidade a refletir
sobre sua atuação em sala de aula e os enormes desafios profissionais que enfrenta a fim de
atender as exigências de todos alunos, principalmente dos alunos portadores de necessidades,
inseridos, muitas vezes, sem a estrutura física ou pedagógica adequadas para se fazerem
partícipes do contexto totalitário da sala de aula.
Ao professor têm sido colocadas demandas de naturezas bastante distintas. Em se
tratando do ponto de vista social ele tem tido que aprender a conviver mais intensamente com
os interesses e pensamento dos alunos e pais no cotidiano escolar e a ter uma maior interação
com a comunidade onde a escola está inserida, as vezes perseguindo essa interação e
participação, a despeito de alunos e pais que não apresentam interesse na construção desse
vinculo vivencial. No campo institucional, ele não tem sido solicitado a participar mais
ativamente nas definições dos rumos pedagógicos e políticos da escola como deveria, a definir
recortes adequados no universo de conhecimentos a serem trabalhados em suas aulas, a elaborar
e gerir projetos de trabalho, muitas vezes sua prática pedagógica é conduzida pelas exigências
em torno de eventos impostos pelo sistema escolar público. Quanto ao aspecto pessoal, tem sido
chamado a tomar decisões de modo mais intenso sobre seu próprio percurso formador e
profissional, tomando em suas mãos oportunidades de formação que sacrificam seu tempo
extraclasse e seus recursos, tem sido obrigado a romper paulatinamente com a cultura de
isolamento profissional, a partir da ampliação da convivência com colegas em horários de
discussões coletivas e nos trabalhos em projetos, a debater e reivindicar condições que permitam
viabilizar a essência do próprio trabalho, seja in loco na escola ou extraclasse em sua casa. Em
relação ao aspecto econômico, a desvalorização da carreira, em função do salário baixo
comparado a outras profissões que exigem nível superior, esvazia o sentido e busca por
aperfeiçoamento profissional e intelectual, deixando a maioria dos docentes a mercê da
formação inicial e diminuindo cada vez mais a atratividade para o magistério. Sem condições de
ter uma vida econômica estruturada, os grande parte dos professores desistem de sua profissão,
mesmo durante o exercício do seu ofício, tornando-o apenas um “bico” ou um “trampolim” para
alcançarem realização econômica e profissional em uma segunda/outra carreira, ou seja,
permanecem na sala de aula até encontrarem algo melhor.

3 A FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR: PILAR DE SUA PRÁTICA


PEDAGÓGICA

O contexto atual vivenciado por todos, obriga o professor a se manter atualizado e bem
informado, não apenas em relação aos fatos e acontecimentos, mas, principalmente, em relação
à evolução das práticas pedagógicas e às novas tendências educacionais. Para agregar
conhecimentos capazes de gerar transformações e impactar os contextos profissional e escolar,
a formação continuada do professor tem muito a contribuir nesse processo.

O conhecimento profissional consolidado mediante a formação permanente apóia-se


tanto na aquisição de conhecimentos teóricos e de competências de processamento da
informação, análise e reflexão crítica em, sobre e durante a ação, o diagnóstico, a
decisão racional, a avaliação de processos e a reformulação de projetos (IMBERNÓN,
2010, p.75).

Com a formação continuada, o processo de aprendizagem e desenvolvimento do


professor é constante e permeia o cotidiano da sala de aula, de seus alunos, sejam portadores de
deficiências ou não. Esse métier impulsiona o professor a oportunidade de refletir e aperfeiçoar
as suas práticas pedagógicas, deslocando-o do centro do processo educacional para a posição
de promotor do protagonismo de seus alunos, potencializando assim o processo de ensino-
aprendizagem e a inclusão.
Na esfera escolar, o professor atualizado e em formação ininterrupta torna-se um
facilitador e não apenas um transmissor de informações. Esse estreito laço dom a formação
continuada ajuda o docente a se tornar cada vez mais capaz de se adaptar às rápidas e diversas
mudanças do contexto educacional, contornando as dificuldades encontradas no dia a dia da
sala de aula.
O professor em processo de formação pode estabelecer e mensurar a relação entre a
sua prática, o cabedal teórico e os aspectos que influenciam a formatação do seu trabalho, como
a escola, os alunos, as políticas educacionais, etc. “Refletir sobre a prática educacional,
mediante a análise da realidade do ensino, da leitura pausada, da troca de experiências.
Estruturas que tornem possível a compreensão, a interpretação e a intervenção sobre a prática”
(IMBERNÓN, 2010, p.43).
Quando o docente busca se aprimorar, ele abre espaço para novas práticas
educacionais e com isso dá um novo significado ao espaço escolar. O professor que busca a
evolução constante das suas competências desenvolve, por exemplo:
• Didáticas de aulas mais dinâmicas na transmissão do conteúdo das disciplinas;
• Maior engajamento dos alunos em atividades de aprendizagem;
• Detecção mais fácil das dificuldades de aprendizagem e construção de novas estratégias
para contorná-las.
O objetivo da formação continuada é a melhoria do ensino, não apenas a do
profissional do professor, essa formação deve permear os saberes científicos, críticos, didáticos,
devem estar relacionada com o saber pedagógico e de gestão que exponha como impreterível a
prática do professor como principal direção.
Segundo Freitas (2007), a formação continuada é uma transformação de recurso
estratégico favorecendo as inovações que se realizam nas sala de aula, de outra maneira, a
dinâmica da formação continuada consiste em uma direção para o domínio da experiencias
adquirida, tendo em vista a adaptá-la com as novas situações vividas pelos docentes na
contemporaneidade.

4 CONSIDERAÇOES FINAIS

O professor de séries iniciais, em sala de aula regular, que possui alunos com
deficiência, enfrenta inúmeros desafios cotidianamente e, talvez, o maior deles talvez seja a
busca, de forma exacerbada, da implementação e vivencia da inclusão entre os discentes, pois
o professor lida com alunos de variados perfis e estilos, o que torna a sala de aula um amálgama
de necessidades e competências, ritmos diferentes de aprendizagem e velocidade de resposta
diversa.
A formação continuada surge como um suporte imprescindível para esse contexto, pois
assessora o professor para assumir uma finalidade que vai além do ensino de conteúdos,
voltando sua atenção para uma das funções sociais da educação que é formar cidadãos
conscientes de deveres e direitos, respeitando e tolerando as diferenças existentes.
A formação continuada deve promover a responsabilidade do professor e seu
desenvolvimento pessoal e profissional, assim estará aberto e consciente da execução das
políticas educativas, que se baseia na mudança dos professores, alunos e das escolas, o que faz
da prática educativa ter uma dinâmica que se concretiza em sala de aula.
Conclui-se, portanto, que a formação continuada dos professores incide diretamente
nas questões práticas da sala de aula, pois nascem do campo teórico para depois refletirem no
cotidiano escolar, destacando-se a importância da assimilação e produção de teorias como
direcionador das práticas de ensino, utilizadas para implementar e vivenciar a inclusão de forma
espontânea, resultado do potencial transformador da teoria aliada a prática.

6 REFERÊNCIAS

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 24 fev.
2020.

BUENO. José Geraldo Silveira. Educação especial brasileira: integração /segregação do


aluno diferente. São Paulo: EDUC/PUCSP, 1993.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o bá-bé-bi-bó-bu. São Paulo: Scipione, 2009.
FREITAS, Alexandre Simões. Os desafios da formação de professores no século
XXI: competências e solidariedades, in FERREIRA, A.T.B. (ORG). Formação continuada de
professores. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

IMBERNÓN, Francisco. Formação continuada de professores. Porto Alegre: Artmed, 2010.

MARCHESI, Álvaro. A Prática das escolas inclusivas. In: Desenvolvimento Psicológico e


Educação: Transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Editora
Artmed, Porto Alegre, 2004.

SANT’ANA, Izabella Mendes. Educação inclusiva: concepções de professores e diretores.


Psicologia em Estudo. 2005; 10(2): 227-234.

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