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Universidade Norte do Paraná

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO


CURSO DE PEDAGOGIA

8º SEMESTRE

GLEICIANE DOS SANTOS GOES

PROJETO DE ENSINO EM EDUCAÇÃO


A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

SÃO FRANCISCO/MG

2018
Cidade
Ano

Cidade
Universidade Norte do Paraná

GLEICIANE DOS SANTOS GOES

PROJETO DE ENSINO EM EDUCAÇÃO


A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Projeto de Ensino apresentado à Universidade


Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial
para a obtenção do título de Pedagoga.

Profª: OkçanaBattini

Tutor eletrônico: Suelen Bueno Carneiro Toledo


Tutor de sala: Silvana Mendes Neves Rocha

SÃO FRANCISCO/MG
Universidade Norte do Paraná

GOES, Gleiciane Santos. A importância do lúdico na educação infantil 2018. 32


folhas. Projeto de Ensino (Graduação em pedagogia) – Centro de Ciências Exatas e
Tecnologia. Universidade Norte do Paraná, São Francisco, 2018.

RESUMO

O presente projeto relata o desenvolvimento de um projeto de ensino com o tema “A


importância do lúdico na educação infantil” tendo como base a linha de pesquisa:
Docência na educação infantil. O projeto se justifica pela necessidade de uma
intervenção pedagógica que trate de levar a brincadeira para o espaço escolar,
valorizando as brincadeiras tradicionais e também a motivação dos alunos. A
problemática estabelecida para a realização do projeto tem como questão principal a
forma como o professor deve trabalhar com o lúdico na educação infantil e também
a importância da utilização de jogos, brinquedos e brincadeiras no espaço escolar. O
projeto tem como objetivo principal a aplicação da prática de atividades lúdicas no
contexto escolar de alunos da educação infantil. Foram abordados conteúdos
referentes a imaginação e criação de histórias e personagens, além de leitura,
movimento, criatividade e espírito de competição. O projeto se desenvolveu através
de brincadeiras tradicionais, leitura de histórias e contos infantis, cantigas de roda, e
brincando de ser profissional. Os recursos necessários para o desenvolvimento do
projeto foram materiais pedagógicos, som, CDs, além da presença dos pais dos
alunos como recurso humano. A avaliação ocorreu através de registros dos avanços
alcançados pelos alunos durante a realização do projeto, visando melhoras na forma
como eles interagem durante a aula além de resultados significativos, em relação ao
aprendizado. A construção do projeto foi baseada nas ideias esclarecidas por
autores como Piaget, Vygotski, Aranha, libâneo; Kishimoto, dados do MEC; dentre
outros.

Palavras-chave: Ludicidade, Educação Infantil, Docência, Brincadeira, Historinhas.


Universidade Norte do Paraná

SUMÁRIO

1 Introdução......................................................................................................5
2 Revisão Bibliográfica .....................................................................................7
3 Processo de Desenvolvimento do Projeto de Ensino...................................24
3.1 Tema e linha de pesquisa..........................................................................24
3.2 Justificativa.................................................................................................25
3.3 Problematização........................................................................................25
3.4 Objetivos....................................................................................................25
3.5 Conteúdos.................................................................................................26
3.6 Processo de desenvolvimento...................................................................26
3.7 Tempo para a realização do projeto..........................................................28
3.8 Recursos humanos e materiais.................................................................29
3.9 Avaliação...................................................................................................29
4 Considerações Finais...................................................................................30
5 Referências..................................................................................................32
INTRODUÇÃO

O presente trabalho trata-se de um projeto de ensino que aborda a


importância da ludicidade na educação infantil. Tem como linha de pesquisa a
docência e é voltado para a educação infantil.
Justifica-se pelo fato de possibilitar às crianças um espaço para que
se divirtam de maneira saudável e através de brincadeiras onde esteja presente a
motricidade. Além disso, a utilização de brincadeiras no ambiente escolar permite
que o aluno aprenda de forma significativa, tendo um maior aproveitamento dos
conteúdos.
Tem como principais questionamentos a forma como o professor
deve trabalhar o lúdico na educação infantil. E também a importância da utilização
de jogos e brincadeiras no ambiente escolar.
O principal objetivo do projeto é a aplicação a prática de atividades
lúdicas no contexto escolar de alunos da educação infantil.
Os conteúdos a serem abordados no projeto são leitura, movimento,
raciocínio lógico, criatividade e espírito de competitividade.
Os recursos necessários para a realização do projeto são: livros
infantis, almofadas, tapetes, cartolinas, imagens de personagens infantis, cd com
musicas infantis e cantigas de roda, aparelho de som, brinquedos prediletos dos
alunos, roupas teatrais para a encenação da cantiga a linda rosa juvenil. . Além da
participação dos pais, alunos e professores da educação infantil.
A avaliação do projeto ocorre por meio da observação nos avanços
que os alunos poderão apresentar em relação ao seu comportamento e a sua
evolução nas atividades além do fato de demonstrar ou não maior interesse nas
aulas.
O projeto foi baseado nos conceitos de autores que mostram como a
ludicidade é trabalhada nas escolas, e como surgiu essa idéia, além da melhor forma
com que o professor pode introduzir práticas de ensino ligadas ao lúdico e também
quais as principais atividades lúdicas que devem ser trabalhadas em sala de aula.
Esses autores são: ALMEIDA; ARANHA; Ministério da Educação; Gilíes
BROUGÈRE, William CORSARO, Homo Ludens HUIZINGA, Tisuko Morchida
KISHIMOTO, Sônia KRAMER, LIBÂNEO, Cipriano Carlos LUCKESI, PIAGET, Lino
de MACEDO, MACHADO, Marina Marcondes; Airton NEGRINE, NÓVOA; Paula
Simon RIBEIRO, Gilda RIZZO,Silvino SANTIN, SANTOS, SILVA, SIMÃO;
WAJSKOP; VYGOTSKYI dentre outros.
Após toda análise sobre a ludicidade na educação infantil descrita na
revisão bibliográfica pelos autores citados anteriormente, faz-se entender como se
dá essa importância e como o a aplicação da ludicidade na metodologia adotada
pelo professor de educação infantil pode contribuir para a sua prática profissional,
bem como para o aprendizado do aluno.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O QUE É LUDICIDADE?

O lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer
"jogo”. Se achasse confinada a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo
apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. A evolução semântica da
palavra lúdica”, entretanto, não parou apenas nas suas origens e acompanhou as
pesquisas de Psicomotricidade. O lúdico passou a ser reconhecido como traço
essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De modo que a definição
deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da necessidade lúdica
extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo.
Para Santos (1999) o lúdico é uma maneira que o indivíduo tem de
expressar-se e integrar-se ao ambiente que o cerca. Por meio das atividades lúdicas
ele assimila valores, adquire conhecimento em diversas áreas do conhecimento,
desenvolve o comportamento e aprimora as habilidades motoras. Também aprende
a assumir responsabilidades e se torna sociável e mais crítico. Por meio do lúdico o
raciocínio é estimulado de forma prazerosa e a motivação em aprender é resgatada.
Assim sendo, Ludicidade refere-se aos jogos pedagógicos;
brincadeiras; dinâmicas de grupo; recorte e colagem; dramatizações; exercícios
físicos; cantigas de roda; atividades rítmicas e atividades nos computadores.
A ludicidade é uma atividade que tem valor educacional intrínseco,
mas além desse valor, que lhe é inerente, ela tem sido utilizada como recurso
pedagógico.

INDICIOS HISTÓRICOS

Na história antiga há relatos de que o ato de brincar era


desenvolvido por toda a família, até quando os pais ensinavam os ofícios para seus
filhos. Destacamos que para cada época e sociedade a concepção sobre educação
sempre teve um entendimento diferenciado, logo o uso do lúdico seguiu tal
concepção. Os povos primitivos davam à educação física uma importância muito
grande e davam total liberdade para as crianças aproveitarem o exercício dos jogos
naturais, possibilitando assim que esses pudessem influenciar positivamente a
educação de suas crianças.
Platão, já em meados de 367 a.C., apontou a importância da
utilização dos jogos para que o aprendizado das crianças pudesse ser desenvolvido.
Afirmava que em seus primeiros anos de vida os meninos e meninas deveriam
praticar juntos, atividades educativas através dos jogos.
Rabelais, no século XV, já proclamava que o ensinamento deveria
ser através dos jogos, dizendo a todos que deveriam ensinar às crianças o gosto
pela leitura, pelo desenho, pelos jogos de cartas e fichas que serviam para ensinar a
aritmética e até mesmo a geometria.
Outros teóricos também contribuíram para que o lúdico pudesse ser
utilizado na educação dentro do processo de ensino e aprendizagem. Destacamos:
Rousseau e Pestalozzi, no século XVIII; Dewey, no século XIX; e no século XX,
Montessori, Vygotsky e Piaget.
Segundo as teorias de Vygotsky o ser humano se desenvolve a
partir do aprendizado, que envolve a interferência direta ou indireta de outros seres
humanos, sendo que a mediação faz a diferença, interferindo na relação de
aprendizagem da criança e fazendo com que as funções psicológicas superiores se
desenvolvam no ser humano. Cita que o jogo é um instrumento importante para esse
desenvolvimento, sendo que os jogos e suas regras criam nos alunos uma zona de
desenvolvimento proximal (ZDP), proporcionando desafios e estímulos para a busca
de conquistas mais avançadas, ensinando também a separar objetos e significados.
Vygotsky explica que a zona de desenvolvimento proximal (ZDP) é o
percurso que o ser humano faz até chegar a um nível de amadurecimento real,
sendo chamado por ele de zona de desenvolvimento real (ZDR) que é a capacidade
do ser humano realizar tarefas independentes.
Piaget atribui ao jogo um papel essencial para o desenvolvimento
infantil; acredita que ao jogar as crianças assimilam e transformam a realidade.
Propõe uma subdivisão dos jogos, por faixa etária, sendo elas:
• Primeira etapa - para crianças de zero a dois anos de idade que ele
chama de período sensório-motor, as crianças repetem situações simplesmente por
prazer;
• Segunda etapa - para crianças de dois a sete anos que ele chama
de período pré-operatório em que as crianças não fazem o exercício mental, mas
sim a representação do ocorrido;
• Terceira etapa - para crianças acima dos sete anos, que ele chama
de período operatório em que os jogos são de regras. É a união dos outros dois
jogos, explorando, neste caso, a coletividade para o ato de jogar, sendo importante a
cooperação entre as crianças.
A utilização do lúdico na educação tem também, além do objetivo de
desenvolver o aprendizado de forma mais atrativa para o aluno, o objetivo do
resgate histórico-cultural dessas atividades. É um ótimo momento para o
reconhecimento do seu histórico familiar e de sua cultura regional.
Adquirimos desde criança as mais diferentes formas de
conhecimento: seja popular, cientifico, cultural, religioso, aprendendo-as de maneiras
e objetivos diferentes, mas com algo comum para todos os seres: o mundo da
criança, independente de suas origens, é lúdico e ilusório e o mundo do adulto se
abstém de ludicidade, sendo realista.
Os modelos de ensino trazem a mesma espinha dorsal desde os
primórdios até os dias atuais. Mudanças sistemáticas aconteceram justamente na
forma como se desenvolve esse ensino, mas com a perda das maneiras suaves,
alegres, felizes, objetivas, que uma criança mereça aprender.
Na Grécia antiga era através dos jogos que se passava ensinamento
às crianças. Os índios ensinavam e ensinam seus costumes através da ludicidade.
No Brasil da Idade Média, os jesuítas ensinavam utilizando brincadeiras como
instrumentos para a aprendizagem. Desde os primórdios, a metodologia lúdica
sempre foi valorizada pelos povos, sejam quais forem, e a inquietação torna-se
justamente a de: será que nos dias atuais esse instrumento, já ratificado por diversos
autores de renome, está sendo valorizado no ensino.
Trazemos como bases de conhecimento todo um conjunto adquirido
desde os primórdios e devemos valorizá-los e aplicá-los no ensino. A utilização da
ludicidade como instrumento metodológico para o ensino de nossas crianças é um
desses ensinamentos que não devemos deixar para trás. Devemos fazer o mesmo
com a maneira que ensinamos nossas crianças, que estas tenham o aprendizado
matemático de maneira espontânea, onde possam ser ativas durante o processo de
aprendizagem e que este se torne significativo.
Kishimoto em suas obras contribui com o seguinte relato:
A criança é um ser em pleno processo de apropriação da
cultura, precisando participar dos jogos de uma forma
espontânea e criativa. (KISHIMOTO, 2000).

Precisamos nos apropriar do conhecimento sobre como utilizar o


lúdico como instrumento metodológico para o ensino. Este deve contribuir para que
nossos alunos tenham um aprendizado qualitativo e significativo.

A HISTÓRIA DO LÚDICO NO BRASIL

Os índios, os portugueses e os negros foram os precursores dos


atuais modelos e maneiras de desenvolvimento do lúdico que mantemos até hoje,
no Brasil. Nos últimos séculos, houve no
Brasil, uma grande mistura de povos e raças, cada qual com suas
culturas, crenças, educação.
Umas diferentes das outras e também com sua forma de
desenvolvimento da ludicidade entre seus pares; todavia essa herança torna nosso
país ainda mais rico do ponto de vista cultural e educacional.
Toda herança cultural e educacional deve ser utilizada para o
aprendizado universal de nossos alunos, haja vista que lidamos com várias etnias,
raças e povos e, portanto, devemos resgatar e desenvolver o que de mais
importante houver de cada uma para o ensino dos alunos nos dias atuais.
Os jogos e brincadeiras que temos hoje são originários dessa
miscigenação que ocorreu nesse período, mas é incerto afirmar de qual povo
exatamente seriam suas origens. O que devemos ressaltar é justamente que, o que
temos é um material importante trazido como herança dos nossos antepassados e
que devem ser preservados, valorizados e utilizados para o ensino dos nossos
alunos, sempre estimulando o resgate histórico que merece cada um deles.
Os índios sempre se fizeram valer de seus costumes para ensinar
seus filhos a caçar, pescar, brincar, dançar; uma maneira lúdica do aprendizado e
que representa a cultura, a educação e a tradição de seus povos. Seus filhos
constroem seus próprios brinquedos com materiais extraídos da natureza; caçam e
pescam com o olhar diferente dos adultos e seus objetivos são sempre o de brincar
e se divertir sem que de fato o façam para sua real necessidade de sobrevivência.
Os negros também trouxeram seus costumes, semelhante aos dos
índios, sendo necessária, desde criança, a construção de seus próprios brinquedos,
saber pescar, nadar, caçar. Cultura, educação e tradição desenvolvidas de forma
criativa, lúdica, e que ao mesmo tempo satisfazia suas reais necessidades de
sobrevivência.
Os filhos dos portugueses quando vieram para o Brasil não tinham
seus contatos com a ludicidade como atos para a sobrevivência, o tinham como ato
de lazer e para seu enriquecimento intelectual. Seus costumes, trazidos de Portugal,
eram totalmente diferentes dos existentes no Brasil dos índios e dos trazidos pelos
negros, em suas bagagens, nos navios negreiros da África até aqui.
Já no final da Idade Média e inicio da Idade Moderna em meados do
século XV a Igreja
Católica, tornou-se responsável por extinguir os jogos da educação
por considerar o jogo algo profano. Seu uso para o ensino volta a ter destaque logo
em seguida com os jesuítas, mas que não se perpetuou, pois em meados de 1758
os jesuítas foram expulsos e o Brasil ficou sem nenhum sistema organizado de
ensino. Hora ou outra vinham professores enviados de
Portugal para ministrar cursos, tais como o curso de álgebra,
segundo uma carta régia de 1799, sobre o ensino de matemática no Brasil.
Citando o século XX, tivemos algumas propostas novas, como a
Pedagogia Nova, ajudando a estruturar um novo olhar para o ensino, além do
Positivismo e o Tecnicismo do Ensino de
Ciências. Nas primeiras décadas do século XX, o aprender fazendo,
a pesquisa investigatória, o método da redescoberta, os métodos de solução de
problemas como também as feiras e clubes de ciências foram as grandes mudanças
ocorridas para um ensino que até então não tinha essa preocupação.
A Revolução de 1930 que pôs fim à Primeira Republica, se tornou
um dos movimentos mais importantes no Brasil, e também para a educação
brasileira. Todos valorizavam o papel que a educação deveria cumprir para sua
realização, coerentemente com o seu horizonte ideológico. Foi então criado o
Ministério da Educação e Saúde Pública, tendo Francisco Campos, o primeiro
Ministro da Educação.
Em 1932 foi lançado por um grupo de educadores, o Manifesto dos
Pioneiros da Educação Nova, dirigido ao povo e ao governo, o documento
apresentava a diversidade teórica e ideológica do grupo que o concebeu, mas com
ideias consensuais. Destacamos a proposta de um programa de reconstrução
educacional em âmbito nacional e o princípio da escola pública, leiga, obrigatória,
gratuita e do ensino comum para ambos os sexos, que deu resultados num curto
espaço de tempo, pois já na promulgação da nova Constituição em 1934, a
educação passa a ser direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos
Poderes Públicos.
No final do século XX, já nos últimos anos, temos um avanço
significativo no Brasil, com a publicação dos PCNs, os Parâmetros Curriculares
Nacionais, propondo quais objetivos deveriam ser alcançados ao final de cada ciclo
em que o aluno estudasse, proposta de quais conteúdos deveriam ser
desenvolvidos, mecanismos de avaliação, orientações didáticas, para os
professores.
O uso do lúdico no ensino da matemática embora tão utilizado em
todas as épocas, perpassando por vários sistemas, ficou fortalecido com os estudos
e pesquisas das áreas das ciências humanas que tratam do desenvolvimento
cognitivo da criança. Temos a Psicologia, a Pedagogia e até mesmo a Sociologia
estudando como o convívio social das crianças influencia no seu aprendizado,
dando ênfase à utilização do lúdico como objeto de estudo e pesquisa para o
desenvolvimento da criança.
Passamos então a ter estudos publicados que tratam da educação
lúdica não somente como um ato simplista de brincar, sem qualquer relação com o
desenvolvimento do ser humano, sendo considerado em qualquer fase da vida, um
instrumento relacional com o conhecimento. Podendo esta, ser desenvolvida como
uma ação isolada ou coletiva e até mesmo indireta com o ato de conhecimento.
Desenvolvendo um pensamento crítico, reflexivo e ativo no ser humano,
enriquecendo seu senso de responsabilidade e cooperativismo, proporcionando a
este uma apropriação das funções cognitivas e sociais para seu desenvolvimento.
O professor tem um papel fundamental a partir de então para que
explore as atividades lúdicas, com o objetivo de que seus alunos possam ter um
aprendizado significativo, sem que tais atividades percam as suas essências, mas
que resultem no objetivo esperado.

COMO TRABALHAR COM A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

É importante observar que no brincar as crianças tornam-se agentes


de sua experiência social, estabelecem diálogos, organizam com autonomia suas
ações e interações, construindo regras de convivência social e de participação nos
jogos e brincadeiras.
Ao planejar atividades lúdicas, é fundamental ter como ponto de
partida a realidade, os interesses e as necessidades da criança que faz parte da
Educação Infantil. Nessa perspectiva, Almeida (1992) afirma que é necessário que o
educador se conscientize de que ao desenvolver o conteúdo programático, por
intermédio do ato de brincar, não significa que está ocorrendo um descaso ou
desleixo com a aprendizagem do conteúdo formal.
Segundo Santin (1994) apud Júnior (2005), a prática da ludicidade
deveria estar desprendida de regras, interesses, doutrinações, imposições feitas
pela sociedade funcionalista e mecanicista em que vivemos.
A atividade lúdica já existia antes mesmo da existência cultural e
linguística das civilizações Com o advento do Cristianismo, acontece uma revolução
cultural cujo principal fator é o religioso. A criança passa a ser ora valorizada, ora
marginalizada. Para educá-la, eram consideradas as necessidades do adulto que
nada tinham a ver com o desejo da criança brincar.
Porém, na Modernidade, a imagem da criança é modificada.
Percebe-se que ela é um ser distinto do adulto e que possui valores próprios, como
a fantasia, a ingenuidade, a comunicação, a igualdade passa a ser vista como ser
social em processo de formação autor de sua própria história. Faz se necessária
uma educação diferenciada que impulsione à criatividade ao desenvolvimento de
suas potencialidades tendo como suporte atividades lúdicas e jogos educativos.
O brincar deve estar inserido nas práticas de educação sendo esta
estratégia poderosa na formação da personalidade, nos domínios da inteligência e
na evolução do pensamento da criança.
Luckesi (2007), em sua concepção sobre o lúdico, alerta, no entanto,
para o fato de que a ludicidade não deve ser confundida com divertimento. Em sua
visão, a atividade lúdica é um “fazer” humano mais amplo, que se relaciona não
apenas à presença das brincadeiras ou jogos, mas também a uma atitude
verdadeira do sujeito envolvido na ação. Nos primeiros anos de vida, a criança ao
brincar “desenvolve a inteligência, aprendendo progressivamente” a representar
simbolicamente sua realidade. Deixa em parte o egocentrismo que a impede de ver
o outro diferente dela, aprende a conviver de forma dinâmica, criativa e prazerosa.
A dimensão lúdica aparece como secundária em relação à dimensão
da aprendizagem. Trata-se, realmente. Segundo BROUGÉRE, (2004) "de aprender
brincando, sem ter a impressão de que se aprende".
O adulto criativo vai existir de acordo com os estímulos que se tem
na infância, privar uma criança de brincar é limitá-la é sufocá-la cognitivamente,
deve-se repensar nas práticas de ensino atuais torna se decisivo o papel do
professor como mediador ou empate desse processo.
Entende-se que a escola não transforma a sociedade, mas colabora
para a mudança se exercer o seu papel de ensinar criticamente fornecendo os
instrumentos fundamentais para o exercício da cidadania reconhecendo que os
alunos se desenvolvem no seu tempo, respeitando seus limites e possibilidades.
O processo de desenvolvimento e aprendizagem infantil implica
oportunidades e situações educativas que vão além dos cuidados assistenciais.
Deste modo, os objetivos que contemplam a Educação Infantil, precisam priorizar a
valorização dessas oportunidades educativas, fundamentando-se na crença de que
a criança é um ser ativo na edificação do seu conhecimento, que aprende a partir
das ações, reflexões e interações com o adulto, com outras crianças e com o
ambiente. A criança deve ser respeitada como um ser que tem direito de viver o seu
próprio tempo.
Já, no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (Brasil,
1998), há uma preocupação em sensibilizar os educadores para a importância do
brincar tanto em situações formais quanto informais. Eles definem a brincadeira
como a linguagem infantil que vincula o simbólico a realidade imediata da criança.
O currículo escolar deve ser um instrumento de apoio à organização
da ação escolar, especialmente no desempenho dos professores que devem tomar
como base a realidade das crianças como ponto de partida para o trabalho,
distinguindo sua diversidade, promovendo uma imagem positiva da criança,
solicitando atividades concretas desafiadoras, estimulando a descoberta,
capacidade criadora e criticidade, enfatizando a participação e ajuda mútua. Nessa
Educação Infantil deve ser um espaço:

[...] para propiciar o desenvolvimento infantil, considerando os


conhecimentos e valores culturais que as crianças já têm e,
progressivamente, garantindo a ampliação dos conhecimentos,
de forma a possibilitar a construção da autonomia, cooperação,
criticidade, criatividade, responsabilidade, e a formação do
autoconceito positivo, contribuindo, portanto, para a formação
da cidadania. (KRAMER, 2003, p. 49).

O profissional da educação infantil, tem como papel preponderante


propiciar às crianças uma educação de qualidade que as ajudem a entender e
superar a realidade em que vivem, criando no espaço escolar uma atmosfera
democrática que respeite, valorize, promova a diversidade e que conduza ao bem
estar emocional e físico das crianças, contribuindo para diminuir o alívio de suas
tensões, receios e medos, encorajando-as a expressarem-se livremente suas
expectativas, interesses e necessidades, fazendo uso das diferentes formas de
linguagem. E ainda promovendo e estimulando a criatividade, curiosidade e o
desenvolvimento da autonomia crítica, ética e social destas crianças, valorizando,
partilhando e respeitando a brincadeira e a ludicidade, tão necessária para a
constituição e a afirmação do sujeito criativo e fazedor da sua história.
As práticas pedagógicas devem favorecer o desenvolvimento infantil
e a obtenção de conhecimentos de forma prazerosa e significativa. O trabalho
pedagógico orientado e trabalhado pelo educador com um olhar para uma sociedade
complexa e diversificada promovendo assim a inserção social construtiva
respeitando, sendo capaz de desenvolver sua autonomia, identidade, espírito de
cooperação e solidariedade com os demais, não apenas dentro da escola, mas
também fora dela. Como é apresentado nos Referenciais Curriculares Nacional de
Educação infantil:
[...]. A capacidade de se conduzir e tomar decisões, por si
próprio, levando em conta regras, valores, sua perspectiva
pessoal, bem como a perspectiva do outro, é nessa faixa etária,
mais do que um objetivo a ser alcançado com as crianças, um
princípio das ações educativas. Conceber uma educação em
direção à autonomia significa considerar as crianças como
seres com vontade própria, capazes e competentes para
construir conhecimentos, e, dentro de suas possibilidades,
interferir no meio em que vivem. Exercitando o autogoverno em
questões situadas no plano das ações concretas, poderão
gradualmente fazê-lo no plano das ideias e dos valores.
(BRASIL, 1998, p.14).

O professor precisa ter uma atitude crítica perante os alunos


conhecendo seus limites e possibilidades. De acordo com Signoretti (2003, p.06),
"Ao professor compete respeitar as características, o ritmo, as necessidades e
possibilidades de cada criança, nas diferentes faixas etárias". Quanto às dificuldades
e dúvidas encontradas deve enfrentar os problemas expondo a seus colegas e à
equipe pedagógica quando necessário, verificando se suas propostas estão sendo
visivelmente entendidas pelos alunos, pois isso ajuda na organização da atividade
proposta. Para isso é preciso que o professor tenha segurança e autoridade desde o
maior até o menor acontecimento.
Os profissionais da Educação Infantil sabem que a atividade favorita
das crianças no recreio são os jogos por ser uma atividade espontânea e
satisfatória, bem como necessitam uma justificativa para seu uso na sala de aula.
Para Kishimoto (1997):

O raciocínio decorrente do fato de que os sujeitos aprendem


através do jogo é de que este possa ser utilizado pelo
professor em sala de aula. As primeiras ações de professores
apoiados em teorias construtivistas foram no sentido de tomar
os ambientes de ensino bastante ricos em qualidade e
variedade de jogos, para que os alunos pudessem descobrir
conceitos inerentes às estruturas dos jogos por meio de sua
manipulação. Esta concepção tem levado a prática
espontaneístas da utilização dos jogos nas escolas (p.77).

Os jogos, neste contexto, é uma alternativa didático-pedagógica, que


o profissional deve utilizar para tornar o ambiente agradável e repercutir como
desafios escolares e que seja apreciada como uma atividade tão séria quanto à
outra tarefa. Assim o que difere é o fato de ser uma ação aprazível e significativa.
É possível também propor novos jogos em grupo, para despertar nas
crianças a curiosidade que permitirá momentos de troca de sugestões ou diferentes
formas de agir com relação ao jogo. As atividades envolvendo jogos e brincadeiras
conduzem as crianças à interação, possibilitando uma importante aprendizagem.
Outro fator importante é a interação espontânea que possibilita para a criança a
ampliação de seus conhecimentos.
Os jogos e as brincadeiras por admitirem participação de troca de
opiniões, socialização, exploração e reflexão sobre as situações vividas, são
favoráveis ao aprendizado das disciplinas. Entretanto, não podemos ignorar as
dificuldades tanto de ensinamento quanto de aprendizado. Quando se tratar de
classes com poucos recursos humanos, é preciso utilizar procedimentos diferentes,
através de atividades que oportunizam a criança em algumas ações na construção
de seus conhecimentos, não como apenas uma prática, mas sim com valor
significativo e intencional.

JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS

O JOGO

De acordo com alguns autores, dentre eles: Kishimoto (2003),


Negrine (2002), Froebel e Huizinga apud Kishimoto (2003), o jogo possui várias
definições teóricas e questionamentos a respeito de sua origem.
O que é pertinente ao nosso trabalho é que o jogo pode variar desde
atividades mais simples até aquelas que exigem maior concentração, onde existam
regras complexas, por exemplo. Podemos acrescentar ainda que nos jogos a criança
possa ter uma criação e situação imaginária ou simbólica.
Negrine (2002, p. 46) diz que o simbolismo está relacionado aos
fatores biológicos da mente humana e à evolução desses processos, ou seja, com a
capacidade de memória, atenção, percepção e pensamento que no processo
evolutivo vão se transformando em processos mentais superiores e que apesar de
serem oriundos dos aparelhos biológicos do homem, somente evoluem porque o
homem interage com o meio.
O autor ainda complementa que no processo de aprendizagem e de
desenvolvimento, o exercício é importante para reafirmar a imagem de si próprio que
a criança tem.
Kishimoto (2003) descreve que no início do século XIX, o jogo surge
como inovação pedagógica por meio de Froebel, e passa a fazer parte da Educação
Infantil, ele enfatiza a importância do jogo livre para o desenvolvimento infantil, mas
também traz a idéia de jogo como material educativo no auxílio à prática pedagógica
do educador.
Huizinga apud Kishimoto (2003) aponta as características
relacionadas aos aspectos sociais do jogo: o prazer demonstrado pelo jogador, o
caráter “não-sério” da ação, a liberdade do jogo e sua separação dos fenômenos do
cotidiano, a existência de regras, o caráter fictício ou representativo e a limitação do
jogo, no tempo e no espaço.
O jogo promove a integração da criança no grupo social, e também
serve como suporte para obtenção de regras.
Kishimoto (2003, p. 40), fala sobre os jogos de construção:
Os jogos de construção são considerados de grande
importância por enriquecer a experiência sensorial, estimular a
criatividade e desenvolver habilidades da criança.

Fromberg apud Kishimoto (2003, p. 6), inclui as seguintes


características ao jogo infantil: simbolismo - que representa a realidade e atitudes;
significação - que permite relacionar ou expressar experiências; atividade - permite
que a criança faça coisas; voluntário ou intrinsecamente motivado - incorpora seus
motivos e interesses; regrado - de modo implícito ou explícito e episódico-
caracterizado por metas desenvolvidas espontaneamente.
Por ter diversas manifestações e variedades, torna-se difícil uma
compreensão e definição clara para o jogo, uma vez que diversos significados são
conferidos para um mesmo termo, o que é essencial é que o jogo pode ser utilizado
como meio para educar, mas para isso, precisam ser respeitadas as características
da atividade lúdica.
O BRINQUEDO

O brinquedo faz parte da vida da criança e está atrelado ao brincar,


é considerado como objeto lúdico no suporte para brincadeira.
Segundo Silva (2004, p. 25), pode-se dizer também que o brinquedo
é uma produção cultural da criança: no momento da brincadeira, a criança faz de
qualquer objeto seu brinquedo, ela o cria e recria de acordo com sua imaginação,
com sua brincadeira e contexto. Um exemplo disso é uma vassoura que se torna um
cavalo para criança enquanto brinca, ou mesmo com o brinquedo industrializado que
normalmente supõe uma brincadeira, ainda assim a criança o converte e lhe dá novo
significado, ela o reproduz, ou recria: uma boneca pode se tornar um microfone, ou
um tecladinho virar um computador, depende do que a criança deseja representar
ou expressar, depende da sua imaginação.

Tudo aquilo do mundo real que for usado pela criança para
fazer suas experiências e descobertas, para expressar-se e
lidar com seu mundo interno e subjetivo diante da realidade
desses objetos, das coisas concretas e objetivas, podem ser
considerado brinquedo. Machado (2003, p. 35)

Segundo Wajskop (2007), brinquedo é o objeto de uso próprio da


infância, cuja ação lúdica é pura decorrência, e o brinquedo propicia a imaginação
de situações e histórias diferentes e isso é que faz deles objetos especiais, ou seja,
brinquedos. Os brinquedos trazem em si um conjunto de imagens que convida as
crianças a brincar e que estão associados a um contexto cultural específico.
A criança pode fazer qualquer objeto se transformar num brinquedo,
por meio da imaginação ela muda seu significado.

Mesmo os brinquedos industrializados organizados nas


prateleiras de uma grande loja são apenas um potencial de
brinquedos, não os são ainda. Esses objetos se transformarão
em brinquedos apenas quando forem usados pelas crianças
em uma situação de brincadeira, utilizados livremente para dar
vida aos enredos por elas inventados. (Wajskop 2007, p. 40)
Compreendemos então que brinquedo é qualquer objeto que se
transforma a partir da atuação da criança, tornando-se assim um suporte para a
brincadeira e não um objeto determinante na brincadeira. Com isso entendemos que
não é o brinquedo que delimita a brincadeira da criança, mas a brincadeira é que diz
o significado do brinquedo.
Neste momento lúdico, o brinquedo auxilia a criança na reconstrução
de elementos da realidade, o que faz com que ela os compreenda segundo sua
maneira de pensar.
O brinquedo estimula a representação, é um objeto pelo qual as
crianças estabelecem relações com o mundo que as cerca.

Ao assumir a função lúdica e educativa, o brinquedo educativo


merece algumas considerações: função lúdica: quando propicia
diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido
voluntariamente e função educativa: o brinquedo ensina
qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus
conhecimentos e sua apreensão do mundo (Kishimoto, 2003,
p. 37).

O brinquedo assume formas e significados de acordo com a


necessidade das crianças, é um objeto que pode ser transformado quando ligado à
sua realidade ou a manipulação desta. Por meio do brinquedo a criança reorganiza,
constrói e reconstrói relações entre situações no pensamento e situações reais.
Machado (2003, p. 34) nos diz com relação à ação do brincar da
criança, que o sucesso das experiências culturais adultas dependerá da confiança
construída e adquirida a partir de experiências boas na infância.
A criança deve ser permitida se apropriar do brinquedo, sem
interferências nem exigências, ficando livre para buscar soluções, arriscar,
desenvolver a autoconfiança e a criatividade.
Exigir que a criança brinque com um brinquedo e forma de brincar
específicos, anulam a liberdade e a espontaneidade da brincadeira, causando
reflexos nas atitudes e escolhas que a criança tomará ao longo da vida.

A criança quando elege uma atividade, o faz de forma seletiva


e, ao selecioná-la, explicita uma preferência que determina o
início de uma relação com determinado objeto material. Na
realidade, a tendência da criança, num primeiro momento é de
repetir o que já se sabe fazer,ou até mesmo explorar o espaço
e, num segundo momento, imitar a outro e, finalmente,
vivenciar novas experiências. (Negrine, 2002, p. 49)

O brinquedo industrializado é idealizado e produzido pelo adulto e


sem nenhuma interferência da criança, demonstra status social e muitas vezes,
perde seu caráter lúdico.
De acordo com Machado (2003), os brinquedos-sucata são neutros e
por isso permitem muitos significados, a criança brinca, cria e recria de um jeito
único e pessoal, a criança pode usar seu corpo, seus movimentos e seus sentidos
para que seja livre para criar.
“Concluímos então que brinquedo é qualquer objeto utilizado para
fins de brincadeira, seja ele, industrializados ou criados” pela criança, quem
determina o significado do termo é a própria criança, em seu momento de
brincadeira.

A BRINCADEIRA

Brincadeira é o lúdico em ação, é a ação expressa por meio do jogo


ou do brinquedo, entretanto, este fato não é via de regra, não são fatores
determinantes para tal ação. O ato de brincar pode ser conduzido
independentemente de tempo, espaço, ou de objetos, fato que na brincadeira a
criança cria, recria, inventa e usa sua imaginação.

A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo


essencial com aquilo que é “não-brincar”. Se a brincadeira é
uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica que
aquele que brinca tenha domínio da linguagem simbólica. Isto
quer dizer que é preciso haver consciência da diferença
existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe
forneceu conteúdo para realizar-se. Nesse sentido para brincar
é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de
tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade
da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a
imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma
imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de
uma realidade anteriormente vivenciada. (RCNEI, v.1, p.27).

É por meio da brincadeira que a criança constrói suas aprendizagens


e conhecimentos, é nesse momento que sua imaginação se intensifica, e representa
o mundo social que a cerca, bem como as formas de comportamento que lhes são
referentes.
A brincadeira é um universo simbólico, onde a criança reconstrói e
representa sua realidade e aprende a dividir regras, é a partir daí que a criança,
constrói riquíssimas relações com seus pares e juntos fazem descobertas e
adquirem novos conhecimentos.
Na brincadeira a criança pode modificar as regras, ela inventa e
reinventa situações, enfim, na brincadeira a criança tem liberdade para agir.
Nós educadores, devemos estar atentos ao brincar da criança, pois
muitas vezes, estamos preocupados com os resultados do jogo, com as habilidades
e competências que a criança deve desenvolver, ou até mesmo com aquilo que nós
consideramos importante para o seu desenvolvimento, e não observamos na riqueza
deste momento, que a criança por si só e na relação com seu par, alcançou ou
superou seus limites considerados essenciais para sua aprendizagem.
As dinâmicas de recreação propiciam a espontaneidade, a
desinibição, a liberdade, a integração, a coordenação, a participação em grupo,
favorecem as relações interpessoais, auxiliam no desenvolvimento da comunicação
verbal e não-verbal e no resgate de valores.
As cantigas e brincadeiras de roda, músicas, parlendas, mímicas
permitem a expansão da criatividade, desenvolve a atenção, a aproximação entre as
pessoas, o conhecimento e a valorização da cultura, a expressão oral e a audição.
O jogo simbólico deve ser utilizado de modo elaborado e com
enfoque na função que desempenha no desenvolvimento da criança, quando brinca
de faz-de-conta, a criança expõe suas angústias e medos, por meio da ação do
brincar ela consegue resolver seus conflitos.
Quando elas estão brincando frequentemente tornam o modelo adulto
mais complexo expandindo-o e transformando-o para dar-lhe um
senso de controle e de poder. Na verdade, o faz-de-conta seria uma
apropriação do mundo adulto que é transformada pela maneira
criativa como as crianças lidam com esse conhecimento. (Corsaro
2007, p. 19)

Ao brincar de faz-de-conta, a criança procura reorganizar suas


situações psicológicas, por meio da representação ela resolve seus conflitos
internos, desenvolve confiança e se tornam mais independentes dos pais e adultos.

A dramatização livre auxilia no desenvolvimento afetivo social


da criança, ela experimenta papéis e descobre como resolver
problemas e conflitos de ordem psicológica, ajudando-a a se
ajustar a si mesma e ao meio ambiente social à sua volta.
(Rizzo, 1991, p. 193)

Segundo Santos (2001) os jogos simbólicos, também chamados de


faz-de-conta, são jogos através do qual a criança expressa capacidade de
representar dramaticamente e a imitação é a base da expressão dramática. Os jogos
de exercício propiciam inúmeras aquisições para o desenvolvimento motor e
intelectual do indivíduo, pois a criança coloca em ação sua inteligência prática
através de ordenações sobre os objetos.
Na brincadeira o mais importante é a vivência afetiva, a expressão, a
descoberta, a realização e os novos significados que surgem.
Brincar é meio de expressão, é forma de integrar-se ao ambiente que
o cerca.
Através das atividades lúdicas a criança assimila valores,
adquire comportamentos, desenvolve diversas áreas de
conhecimento, exercita-se fisicamente e aprimora habilidades
motoras. No convívio com outras crianças aprende a dar e
receber ordens, a esperar sua vez de brincar, a emprestar e
tomar como empréstimo o seu brinquedo, a compartilhar
momentos bons e ruins, a fazer amigos, a ter tolerância e
respeito, enfim, a criança desenvolve a sociabilidade. (Ribeiro,
2002, p. 56)
Durante as brincadeiras de faz-de-conta as crianças podem reverter
a situação em que elas vivem, a partir daí elas entendem a natureza do poder e do
status, elas podem experimentar diferentes tipos de papéis e fazer combinações que
não existem no mundo real, é um tipo de poder de transformação que as crianças
têm.
Brincadeira é coisa séria, pois brincando, a criança se expressa,
interage, aprende a lidar com o mundo que a cerca e forma sua personalidade,
recria situações do cotidiano e expresso sentimentos básicos como o amor, o medo,
raiva, ansiedade.
Brincar e recrear-se são o momento espontâneo da criança,
processo em que estase expressa, experimenta, representa e adquire novos
conhecimentos. Durante o desenvolvimento dessas novas experiências e
descobertas, neste momento lúdico, o professor tem um papel de facilitador, pois
este, em determinados momentos orienta e dirige o processo e em outros, as
crianças são responsáveis por suas próprias brincadeiras.

3-PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

3.1 TEMA E LINHA DE PESQUISA

A importância do lúdico na educação infantil. Esse tema tem muita


importância, pois mostra uma forma metodológica de se levar o conhecimento
através de uma metodologia em que os alunos possam se divertir e aprender ao
mesmo tempo. Valorizando as atividades cotidianas das crianças e as brincadeiras.
Este projeto está relacionado com as temáticas abordadas no curso
de pedagogia, pois a linha de pesquisa escolhida foi a docência com ênfase na
educação infantil e mostra como o professor pode trabalhar de maneira a mediar o
conhecimento até o aluno de forma significativa.
Contribui muito para a prática profissional dos acadêmicos do curso
de pedagogia, pois através de todo o processo de construção do projeto, aprende-se
muito antecipando problemas e situações imprevistas que possam vir a acontecer no
momento da aplicação do projeto. Além disso, a prática da elaboração de projetos
de ensino, no caso deste, voltado para a educação infantil, se ganha experiências
para a construção de outros projetos durante a atuação profissional.
3.2 JUSTIFICATIVA

Atualmente, a maioria das crianças não se envolve tanto em


atividades lúdicas devido a fatores como a falta de oferta na escola e a forte
presença da televisão no seu dia-a-dia, devido também a ausência, muitas vezes,
dos pais nas brincadeiras dos filhos, falta essa causada pelo pouco tempo
disponível, pela vida agitada, pela urbanização e violência, que acabaram
prendendo as pessoas dentro de suas casas. As crianças que podem brincar
livremente, não o fazem por estarem mais interessadas em brincar com inovações
tecnológicas, ou por serem as brincadeiras muito violentas, se o contexto apresentar
características de violência.
Por esse motivo torna-se importante se desenvolver um projeto de
intervenção que possibilite às crianças um espaço para que se divirtam de maneira
saudável e através de brincadeiras onde esteja presente a motricidade. Além disso,
a utilização de brincadeiras no ambiente escolar permite que o aluno aprenda de
forma significativa, tendo um maior aproveitamento dos conteúdos.

3.3 PROBLEMATIZAÇÃO

A questão problemática principal abordada nesse projeto é a forma


como o professor deve trabalhar o lúdico na educação infantil. Outra questão
importante é Qual a importância da utilização de jogos e brincadeiras no ambiente
escolar?
Estas questões são importantes, pois trata do papel do professor e
da escola no momento de ensino e aprendizado e também da metodologia adotada
para proporcionar ao aluno um ambiente de aprendizado acolhedor e faça parte do
seu cotidiano.

3.4 OBJETIVOS:

O objetivo principal do projeto é aplicar a prática de atividades lúdicas no


contexto escolar de alunos da educação infantil. Para que elas possam se sentir
motivado a aprender e também a se movimentar mais. Assim podem-se destacar os
objetivos específicos:
- Desenvolver o gosto pela leitura através do contato real comas historias
lidas e representadas.
- Descobrir e se interessar por cantigas de roda e brincadeiras tradicionais
com características regionais.
- Desenvolver a criatividade através de brincadeiras de faz-de-conta e da
representação de atividades realizadas profissionalmente pelos adultos (pais) da
sociedade em que vivem.
- Socializar-se com os colegas através de brincadeiras em grupo.

3.5 CONTEÚDOS

Os conteúdos abordados durantes a aplicação desse projeto serão a


leitura, o movimento, o raciocínio lógico e a criatividade, o espirito de
competitividade.

3.6 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

O projeto será realizado em quatro semanas, cada semana com um


tema onde será trabalhada a ludicidade de maneira diferente.

Semana da historinha:

Nesta semana será trabalhada a leitura, e o desenvolvimento da


ilustração imaginária dos alunos.
 Organização dos espaços: A sala de aula pode ser organizada de maneira
característica com o tema de cada semana, no caso desta primeira que tem
como tema histórias e leituras podem fixar na parede do fundo da sala um grande
mural com imagens dos principais personagens das historias infantis. É
importante também deixar um espaço destinado a leitura, com vários livros que
fiquem a disposição dos alunos.
Para manter o conforto e para que os alunos não se sintam cansados, pode-se
deixar tapetes e almofadas pelo chão para o momento da historinha.
 Momento da historinha: Nesse momento o professor irá contar uma historia para
seus alunos utilizando fantoches para deixar a historia mais divertida e
interessante.
 Momento da leitura: Os alunos poderão ler, folear, e manusear os livros que
estão disponíveis no cantinho da leitura. Devem ser instruídos pelo professor a
manter o espaço organizado e não estragar os livros. Estes livros devem ser
coloridos e bastantes ilustrados, com palavras de letras grandes e fáceis de ser
lidas de acordo com a idade das crianças.
Estes momentos devem ser pensados com antecedência para se evitar correrias.

Semana da brincadeira:

Cada dia será realizado uma brincadeira diferente com a turma,


poderá ser dentro da sala ou em um ambiente aberto.
A turma pode ser dividida em grupos contendo meninos e meninas
ou um grupo só de meninas e outro só de meninos.
Os grupos podem receber nomes de histórias ou personagens
escolhidos pelos alunos.
Ao final de cada brincadeira o grupo que vencer ganhará um ponto
que será anotado em um placar fixado na sala para que todos vejam. Ao final da
semana os pontos serão somados e o grupo vencedor será premiado.

Semana da profissão:

A turma será dividida em pequenos grupos, cada grupo representará


um ambiente do cotidiano dos alunos, como a escola, a igreja, o supermercado,
hospital e cada aluno representarão os seus pais ou outra pessoa da família que
exerce uma função realizada nesses espaços.
Em cada dia da semana o professor falará sobre as atividades
profissionais ou não exercidas nos espaços e assim os alunos poderão brincar de
ser profissional.
Semana da cantiga de roda:

Em cada dia o professor ensinará uma música para os alunos e em


seguida a sua coreografia. As musicas devem ser cantigas de roda tradicionais.
Como por exemplo: fui ao Itororó; Pobre de marré; Se essa rua fosse minha; E o
cravo e a rosa.
No ultimo dia será aprendida e ensaiada a cantiga “A linda rosa
juvenil” e assim o professor ensaiará com os alunos a representação dessa cantiga,
onde os próprios alunos serão os personagens.
Culminância: A culminância do projeto acontecerá em um dia
programado para que os pais dos alunos também participem. Eles devem ser
convidados antecipadamente para que compareçam e ajudem na caracterização de
seus filhos.
Nesse dia serão realizadas todas as atividades das semanas
temáticas, porém serão os pais os protagonistas. Eles irão escolher uma história
infantil, para contar para seus filhos, enquanto uma pessoa conta a história outros
pais a representaram através de gestos e sons que seriam realizados pelos
personagens.
Depois os pais e os alunos participarão de algumas brincadeiras, as
mesmas que os alunos brincaram na semana da brincadeira.
Em seguida a professora irá contar a historia de uma comunidade
onde existiam vários profissionais que viviam em harmonia e interligados por suas
profissões. Nesse momento os alunos irão representar seus pais em suas atividades
profissionais.
Por fim será apresentada a história da linda rosa juvenil pelos
alunos.
É importante que os pais assim como os professores também
entendam a importância da ludicidade no contexto escolar, para que ajudem os
educadores no trabalho de levar a educação de forma significativa para os alunos.

3.7 TEMPO PARA REALIZAÇÃO DO PROJETO


O projeto terá duração de um mês ou quatro semanas, as semanas
serão temáticas e divididas em: Semana da historinha, semana das brincadeiras,
semana da profissão, e semana das cantigas de roda.
A culminância acontecerá no ultimo dia com a participação dos pais
dos alunos.

3.8 RECURSOS MATERIAIS E HUMANOS

Para a realização do projeto é necessário livros infantis, almofadas,


tapetes, cartolinas, imagens de personagens infantis, cd com músicas infantis e
cantigas de roda, aparelho de som, brinquedos prediletos dos alunos, roupas
teatrais para a encenação da cantiga a linda rosa juvenil. Além da participação dos
pais, alunos e professores da educação infantil.

3.9 AVALIAÇÃO

Será avaliado por meio da observação nos avanços que os alunos


poderão apresentar em relação ao seu comportamento e a sua evolução nas
atividades além do fato de demonstrar ou não maior interesse nas aulas.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O fato de o professor querer conservar brincadeiras tradicionais, não


significa que ele não valorize a modernização tecnológica, pelo contrário, os alunos
têm que aprender a se comunicar e a utilizar os recursos tecnológicos existentes, no
entanto deve haver um acordo entre as brincadeiras tradicionais e as modernas.
Levando em consideração a revisão bibliográfica e a metodologia
adotada para o desenvolvimento do projeto, percebe-se que atividade lúdica é todo
e qualquer movimento que tem como objetivo produzir prazer quando de sua
execução, ou seja, divertir o praticante. São brinquedos ou brincadeiras menos
consistentes e mais livres de regras ou normas. São atividades que não visam a
competição como objetivo principal, mas a realização de uma tarefa de forma
prazerosa. Existe sempre a presença de motivação para atingir os objetivos.
Desde os filósofos gregos que se utiliza esse expediente para ajudar
os aprendizes. As brincadeiras e jogos podem e devem ser utilizados como uma
ferramenta importante de educação. Frequentemente, as atividades lúdicas também
ajudam a memorizar fatos e favorecem em testes cognitivos.
Devido o caráter sócio-histórico de Vygotsky, o qual aponta a
brincadeira como uma atividade dominante na infância, em que através dela a
criança expressa sua imaginação, conhece seu corpo e até mesmo cria suas
próprias regras verificaram que a brincadeira tem caráter essencial na formação e no
desenvolvimento do indivíduo na sociedade.
O desenvolvimento da criança e seu conseqüente aprendizado
ocorrem quando esta participa ativamente: seja discutindo as regras do jogo, seja
propondo soluções para resolvê-los. É de extrema importância que o professor
também participe e que proponha desafios em busca de uma solução e de uma
participação coletiva. O papel do educador neste caso será de mediador e este não
delimitará mais a função de cada e nem como se deve jogar.
Sendo assim, os professores devem adotar metodologias que
introduzam o lúdico de forma que o aluno possa desenvolver o conteúdo das
disciplinas de forma prática e interessante para ele.
Tendo em vista tudo isso, percebe-se a importância de se trabalhar
o lúdico na educação infantil, pois esse contato como o movimento deve ocorrer o
mais cedo possível na vida da criança e assim se trabalhado sempre em todos os
seus anos escolares.
5- REFERÊNCIAS

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Vozes, 1998.

BROUGÈRE, Gilíes. Brinquedo e cultura. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2004.

CORSARO, William. Cultura se constrói brincando. Revista Pátio Educação


Infantil, Porto Alegre – RS, Ano V, n. 15, p. 18-21- Nov. 2007/ Fev. 2008.

GRILO, A. P. S. O lúdico na formação do professor. Disponível em:


<http://www.faced.ufba.br/~ludus/trabalhos/2002.1/impludfp.doc>. Acesso em:
12/09/2018.

HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. 4ª ed. Tradução


João Paulo Monteiro. São Paulo: Perspectiva, 2000.

KISHIMOTO, T. M. Brinquedo e Brincadeira – Usos e significações dentro de


contextos culturais. In: SANTOS, S. M. P., (org.) Brinquedoteca: O lúdico em
diferentes contextos. 3ª ed. Petrópolis, Vozes, 1998.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Ludicidade e desenvolvimento humano. In.: D'Ávila,


Cristina Maria (Org.) Educação e Ludicidade: ensaios 04. Salvador: Universidade
Federal da Bahia, Faculdade de Educação, Gipel, 2007.

MACEDO, Lino de. Faz-de-conta na escola – a importância do brincar. Revista


Pátio – Educação Infantil. Ano I - Nº 03, Dez. 2003 – Mar. 2004

MACHADO, Marina Marcondes. O brinquedo-sucata e a criança - A importância


do brincar, atividades e materiais. 5ª edição. São Paulo, SP: Loyola, 2003.

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