Você está na página 1de 3

Fichamento do livro "Linguagem e escola: uma perspectiva social, de Magda

Soares

ROSÂNGELA ...

Magda Soares é doutora em educação, com licenciatura em Letras,


professora da Universidade Federal de Minas Gerais e autora de vários livros
didáticos para o ensino da língua portuguesa, tais como: O ensino da Língua
Portuguesa e Literatura brasileira 2° grau, 1981; Linguagem e escola: uma
perspectiva social, 1986; Um olhar sobre o livro didático, 1996; Letramento: em tema
três gêneros, 1998.

Esta autora cita Bernstein, Labov e Bourdieu para explicar suas teorias sobre
a linguagem e o fracasso escolar Dando ênfase especial a obra resenhada
Linguagem e Escola: uma perspectiva social ela introduz a leitura tangendo um
objetivo principal que é analisar as relações entre linguagem e escola, tendo com
principal foco de interesse a contribuição dessa análise para o problema da
educação das camadas populares do Brasil, asseguradas em três teorias que
justificam o fracasso escolar no Brasil: a teoria da deficiência lingüística, a teoria das
diferenças lingüísticas e a teoria do capital lingüístico escolarmente rentável. O livro
está organizado em seis capítulos e ainda contém um vocabulário crítico e
bibliografia comentada.

No capítulo O fracasso da/na escola esta cita que a escola é antes de tudo
contra o povo e não para o povo, e continua falando a ideologia do dom o que seria
a de adaptar, ajustar os alunos á sociedade, segundo suas aptidões, onde o
fracasso dos alunos se explica pela sua incapacidade de se adaptar. Cita ainda a
ideologia da deficiência cultural onde as diferenças sociais tinham sua origem nas
diferenças de aptidões, e que as diferenças do indivíduo estariam de acordo com
sua inteligência. E por último explica a teoria da diferença cultural onde os indivíduos
passam a ter uma marginalização da sua cultura, pela escola transformando
diferenças em deficiências.

No capítulo três a autora apresentará e discutirá o conceito de “deficiência


lingüística”, ligada ao contexto cultural em que as camadas populares estão
inseridas, mostrando suas origens e seus efeitos sobre a educação e sobre a
escola, bem como a significativa contribuição do sociólogo Basil Bernstein, para esta
teoria.

No capítulo seguinte intitulado Diferença não é deficiência, a autora apresenta


a decisiva contribuição sociolingüística de Labov, tratando o mesmo assunto que
Bernstein trata no capítulo anterior justificando a existência de variáveis lingüísticas,
porém negando a deficiência ou inferioridade de uma variável em relação à outra.

Nesta situação, está clara a falta de preparo para que a escola seja direito de
todos. Isto realmente aconteceu, porém as mesmas não se encontravam em
situação de receber as mais diversas clientelas escolarizáveis, acarretando o
desinteresse das classes menos favorecidas e culminantemente o fracasso escolar.

O capítulo com o título Na escola, diferença é deficiência, a autora nos dá um


parecer muito realista sobre a diferença das pessoas seja nos aspectos
sociolingüísticos, lingüísticos ou sociais, as quais são oprimidas e tidas como
discriminadas e marginalizadas, diante da instituição escolar, por esta privilegiar a
classe dominante, e desfavorecer a classe dominada, onde deveria ser o contrário.
Vindo a dizer que existem os bens simbólicos, o qual serve como uma mercadoria,
onde esta mercadoria seria a língua falada e dependendo da pessoa quem fala ou
para quem fala é que se atribui valor a este bem. Neste mercado lingüístico a
linguagem dos alunos das camadas mais pobres, fica sem reconhecimento,
contribuindo assim para o fracasso escolar. Explica ainda que a escola inculca a
linguagem “legítima”servindo como dominação do domínio prático, onde está
ensinado somente a reconhecê-la, fazendo assim uma distância muito grande entre
a linguagem das camadas populares e a linguagem dita certa pela escola.

No capítulo Que pode fazer a escola? Magda dá alguns exemplos de que a


escola está parada, amarrada, sem ter o que fazer para mudar essa realidade,
passando a ser como uma mera reprodutora da sociedade, privilegiando as
camadas mais ricas e desfavorecendo as mais pobres. Contudo a escola é mais
importante para as camadas populares do que para as camadas mais ricas, pois é
através dela que se têm atributos para reivindicar contra a desigualdade social. E
por último fala na escola transformadora a qual pretende usar um bidialetalismo, o
qual os alunos aprendam a língua “legítima’ e o seu dialeto, bem como o porquê de
estarem aprendendo um dialeto que não é o seu, para que haja transformação de
sua condição de marginalidade.

Em suma, após a leitura desta obra é percebível que o fracasso escolar no


país gira em torno da falta de informação que a escola tem sobre sua verdadeira
função. Para isto, cabe a escola assumir um caráter transformador no processo de
mudança social e adicionar à sua função as contribuições dos teóricos relacionados
na obra. Assim, a escola estará contribuindo não só para o ensino da língua
materna, mais também estará servindo como uma ferramenta principal para uma
melhor participação social, longe das discriminações, preconceitos e desigualdades
sociais.

REFERÊNCIAS

SOARES, Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 17° Ed. São Paulo,
Ática, 2001.

Você também pode gostar