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A MUSICALIZAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

OLIVEIRA, Érica

BLOISE, Denise

RESUMO
Ao se pensar sobre os benefícios da música na aprendizagem, a contribuição que
traz muitos autores é que a ela pode ser vista como facilitadora da criatividade e das
habilidades de socialização da criança, aumentando o nível de interação e
cooperação, bem como moldando comportamentos sociais. Á vista disso, a
finalidade deste estudo é analisar as contribuições da música para o processo de
ensino e aprendizagem dos alunos. Optou-se pela metodologia de pesquisa
bibliográfica no intuito de verificar e refletir sobre ideias e pensamentos de autores
acerca desta temática em materiais como livros físicos e eletrônicos e artigos
cientifícos. Sabe-se que implementar atividades lúdicas oportuniza as crianças
muitos benefícios, visto que a exposição à música pode melhorar o aprendizado
aumentando a atmosfera positiva da sala de aula. Portanto, a partir deste estudo foi
possível comprender a importância da música no contexto escolar, visto que o lúdico
envolve o ato de imaginar, brincar e fantasiar como parte do mundo das crianças,
assim, a música como elemento da ludicidade é de suma importância no
desenvolvimento e na aprendizagem. Esta é uma consideração importante para a
sala de aula, pois ensinar as crianças a gerenciar as emoções de maneiras mais
positivas através da música pode aumentar seu potencial de aprendizagem.

Palavras-Chaves: Música. Lúdico. Educação. Ensino-aprendizagem.

1. INTRODUÇÃO

Não se pode negar que a música é uma arte universal que está presente em
diversas situações da vida humana, em todas as culturas, em todas as regiões, em
todas as épocas, a presença da música é incontestável na vida das pessoas, e os
benefícios dela no desenvolvimento humano também. Quando se fala em educação
e infância esses benefícios parecem ainda mais importantes, uma vez que a música
pode ser uma grande aliada no processo de ensino-aprendizagem.
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Diante disso, o objetivo geral desta pesquisa é analisar a importância da


música no processo de aprendizagem dos alunos. Através dos objetivos específicos
pretende-se abordar sobre o processo de aprendizagem; identificar o contexto
histórico da música no Brasil; abordar a importância da musica no desenvolvimento
da criança e explorar a relevância da música no contexto escolar.
Justifica-se a abordagem desse tema pela sua pertinância para toda a área
acadêmica, bem como para a sociedade, visto que refere-se à importância da
musicalização na educação dos alunos que estão começando a construir novos
conhecimentos e necessitam aprender por meio de prática lúdicas. Por ser a
educação a base do desenvolvimento, e o trabalho pedagógico sendo o meio de
garantir que a escola seja um espaço de aprendizagem e desenvolvimento, torna-se
extremamente importante analisar todos os aspectos que permeiam essa temática.
Considerando que as práticas lúdicas desempenham um papel fundamental
na vida da criança, muitas vezes tornando-se a atividade mais intressante, foi
levantada a seguinte questão norteadora: A música tem a capacidade de tornar o
aprendizado prazeroso e estimulante para os alunos?
Tal tema é importante porque incentiva educadores a trabalhar de forma que
busquem solucionar possíveis dificuldades e problemas de aprendizagem, nesse
contexto a musicalização pode ser uma aliada do professor. Buscando entender
como a música pode ser benéfica nesses aspectos educacionais e se existem
desafios para essa prática na educação, visto que por meio das práticas lúdicas as
crianças podem aprender melhor.
Muitos são os autores que destacam a relevância de incluir brincadeiras e
atividades livres na aprendizagem escolar, visto que são cruciais para promover a
boa auto-estima dos alunos. Além disso, são essenciais para estimular o interesse
na escola, alternando a aprendizagem e o lazer, tanto quanto possível, fomentando
a participação ativa e um senso de competência social nos educandos.
A musicalização como um instrumento pedagógico pode ser abundantemente
vantajosa, visto que quando a criança ouve uma música, ela aprende uma canção,
brinca de roda, participa de brincadeiras rítmicas ou de jogos e recebe estímulos que
a despertam diversas áreas do cérebro, fomentando o desenvolvimento cognitivo, a
consciência corporal, a socialização e segurança emocional, estimulando a
linguagem e alfabetização, integrando corpo e mente.
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Portanto, metodologicamente esta pesquisa pode ser considerada em


bibliográfica, visto que foi necessário analisar a literatura relevante, em portais como
scielo e google acadêmico, além de realizar leituras sistemáticas e resumos. Todos
esses procedimentos foram essenciais para que se pudesse obter uma melhor
compreensão sobre a importância de incluir a ludicidade como fator importante na
Educação Infantil.

2. O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Sabe-se que para alcançar uma aprendizagem de qualidade, a jornada


escolar deve ser caracterizada por um ambiente emocional, social e operacional, é o
que entende Barone e Andrade (2012) é possível criar um ambiente capaz de
acomodar a necessidade natural de brincar das crianças por meio de atividades
físicas livres e organizadas. Tornam-se, assim, essenciais que no espaço escolar
ocorram atividades lúdicas simbólicas, de leitura espontânea e livre, atividades
expressivas e de manipulação, pesquisa e descoberta do ambiente dentro e fora da
escola.
Ao se pensar na aprendizagem da criança é importante encontrar o equilíbrio
entre as atividades espontâneas e as guiadas, conforme entende o autor:

É necessário encontrar o equilíbrio na educação das crianças que se


estabelece entre a benevolência e a severidade. Nem deixar que façam o
que querem, por isso “amolece o espírito”, nem tão pouco reprimir e
humilhar, pois uma disciplina escrava forma um caráter escravo cedendo
lugar a adultos tirânicos. O que ele propõe como equilíbrio era exatamente o
que os colégios e posteriormente as escolas públicas de instrução
elementar iriam largamente adotar, ou seja, um programa de educação
fundamentado em recompensas e punições.(SOUZA, 2010, p. 31)

O pátio recreativo é um espaço de aprendizagem natural que deve ter a


mesma importância que o ambiente da sala de aula. Conforme cita Piletti (2013) na
educação infantil não é necessário criar caminhos didáticos, pois o ambiente natural
é capaz de enviar continuamente mensagens profundas e implícitas, transmitindo
aprendizagens básicas essenciais em todos os lugares para crianças. É por isso que
professores e gestores escolares devem superar certa deformação profissional que
enxerga o sentido da ação educativa principalmente, senão exclusivamente, no que
é estruturado didaticamente dentro da classe e em seus planejamentos.
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Compreende-se, etão, que é interessante que as crianças vivam a vida


escolar no ambiente natural em que se sintam bem, em que os professores
preparem um conjunto de experiências e atividades didáticas a serem oferecidas às
crianças com plena consciência de seu valor educativo.
Segundo Barone e Andrade (2012) o educador tem sempre diante de si a
pergunta fundamental quando este se encontra na situação de ensino, e até mesmo
em outras esferas, como pesquisador, ou seja, como se realiza a aprendizagem. O
desenvolvimento criativo na primeira infância refere-se principalmente ao processo
de uma criança explorando o pensamento criativo, não ao desenvolvimento de uma
regra específica a ser seguida.
No processo de aprendizagem, ter oportunidades de expressão criativa e ser
elogiado por essa expressão pode inspirar mais interesse nas crianças nas
atividades realizadas, esta não é, no entanto, uma determinação rigorosa. (SOUZA,
2010).
Para crianças da Educação Infantil, o desenvolvimento criativo é o
desenvolvimento de habilidades imaginativas expressas por meio de atividades
associadas a resolução de problemas. No processo de aprendizagem também é
importante que os alunos estejam livres para experimentar as próprias experiências,
visto que:

Não se trata de oferecer receitas prontas ou fórmulas mágicas, mas de


estimular a reflexão, a discussão, o debate de teorias de ideias, de pontos
de vista, de práticas, para que em confronto com as próprias experiências,
cada um possa chegar a conclusões pessoais que informem e orientem o
seu quefazer cotifdiano. Conclusões provisórias, evidentemente, sujeitas a
novos questionamentos, cujo resultado não pode ser outro que o
aprimoramento de pensamentos e ações, em consonência com o
dinamismo vital e contextual (PILETTI, 2013, P. 12).

Na Educação Infantil, as crianças necessitam ser incentivadas a se envolver


em brincadeiras criativas geralmente se desenvolvem rapidamente nessa área, pois
conforme corrobora Mello (2011) as crianças nem sempre entendem a diferença
entre uma atividade e outra, o que geralmente também é um fator de idade, outro
fator que influencia o desenvolvimento criativo na primeira infância é a oportunidade.
Uma criança que não consegue representar com precisão suas ideias no
desenho pode ser altamente criativa, mas carece de habilidades de coordenação,
também é comum que as crianças se destaquem em diferentes áreas. Fatores que
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influenciam o desenvolvimento criativo também podem incluir dificuldades de


aprendizagem, pois algumas crianças com DA1 não mostram um desenvolvimento
criativo tão prontamente quanto outras crianças (SANTOS; GALEMBECK, 2017).
O elogio pode desempenhar um papel importante no desenvolvimento criativo
na primeira infância, pois o elogio estrutura as maneiras pelas quais as crianças
entendem o trabalho criativo. De acordo com Piletti (2013, p. 19) “A aprendizagem
resulta, portanto, de um processo de condicionamento. Ou seja, se quisermos que
uma pessoa desenvolva um novo comportamento, devemos condicioná-la à
aprendizagem desse como comportamento.”. As influências dos adultos podem
desempenhar um papel no desenvolvimento criativo, mas forçar tipos específicos de
brincadeira também pode impedir o progresso.
O uso de áreas de aprendizagem estruturadas dentro da classe parece
favorecer a motivação das crianças, pois para Chiarelli (2005) é fundamental fazer
uso de atividades de musicalização, é aconselhável o trabalho em equipe entre os
vários tipos de professores, que devem criar em conjunto e com estratégias
partilhadas o espaço adequado, trabalhando em conjunto na criação de materiais
diversos.
Dessa forma, é possível compreender que é importante que os professores
perguntem às crianças por quais tipos de materiais elas querem aprender, visto que
ncentivar as crianças a tocar instrumentos musicais de certas maneiras também
pode direcionar os resultados em direções específicas de aprendizagem.

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DA MÚSICA NO BRASIL

A música acompanha o ser-humano desde os tempos antigos, conforme


compreende França (1953, p. 07) “Em terras brasileiras, as primeiras manifestações
musicais que recebem registros históricos, são de padres Jesuítas, que naquele
momento seus interesses eram de maior quantidade de fiéis na Igreja”. Para esse
autor, apesar de ter ensino de canto e apresentação de instrumentos pelos padres
jesuítas, não tinha nada relacionado à educação, era tudo religioso com finalidade
de espalhar fé para o povo indígena.

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Dificuldade de Aprendizagem.
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No século XVII, a música popular ganhou força no Brasil por meio de uma
dança Africana, lundo ou lando, conforme comenta o autor:

Queremos dizer que, na nossa música popular, é fácil distinguir as origens


rítmicas, embora não se conservem exatas e essenciais. Um mundo de
influencias e interferências, o clima, o caldeamento do sangue, o cultivo e
as condições de vida, lugar a lugar tudo isso que a arte popular reflete,
refrangendo no prisma de suas intenções, fez com que os cantares fossem
variando dia por dia, contornando- se, modificando-se, mas sem perder o
caráter básico e definitivo do ritmo. (GOHN; STAVRACAS, 2005, p. 11).

O autor explica que os africanos trazidos como escravos ao Brasil, boa parte
da formação musical foi por eles, pois trouxeram suas experiências musicais.
Através do contato com o povo africano que deu riquezas às partes rítmicas das
músicas brasileiras, levando, assim, nossa riqueza musical.
Até medos do século XX, a música não tinha conotação educativa, era usada
no ensinar a manusear e tocar instrumento. Em 1954, por decreto real e
regulamentado o ensino da música no Brasil, porém não havia formação compatível,
em relação professores, e a música era usada para controle dos alunos. Nessa fase
não era dada muita ênfase aos aspectos musicais para a escola. A visão de
trabalhar na educação musical, conhecendo os meios, experiências e culturas dos
alunos com elementos de interação com outras disciplinas escolares se deu na
metade do século XX. (LOUREIRO, 2003).
Através dessa breve colocação sobre a trajetória da música é possível
afirmar que a mesma é algo constantemente presente na vida da humanidade, por
isso e por outros diversos motivos que a musicalização se faz tão importante no
ensino-aprendizagem. O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil
(RCNEI) nos diz que:

A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações:


festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas
etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia
antiga, era considerada como fundamental para a formação dos futuros
cidadãos, ao lado da matemática e da filosofia. (BRASIL, 1998, p. 45).

Assim, compreende-se que a musicalização e o manuseio de diferentes


instrumentos musicais no contexto escolar podem geram inúmeras possibilidades de
promover acolhimento, aconchego e aprendizagem. Conforme entendem Silva e
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Júnior (2020) existem diversas formas de se trabalhar a música em todos os níveis,


nos primeiros anos da educação infantil e nos berçários.
Entretanto a educação musical enfrenta muitos desafios, segundo o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil “Constata-se uma
defasagem entre o trabalho realizado na área de Música e nas demais áreas do
conhecimento, evidenciada pela realização de atividades de reprodução e imitação
em detrimento de atividades voltadas à criação e à elaboração musical.” (RCNEI,
1998, p. 47).
Parte-se, então, da concepção de que a música deve explorada por
educadores no ambiente educacional, conforme explicam Silva e Junior (2020)
atividades lúdicas é uma necessidade emergente da criança, pois é através delas
que começa a compreender o adulto e o mundo que a cerca. Cabe aos professores
a busca do conhecimento de como utilizar essa ferramenta tão acessível e tão
prazerosa para a educação.
Portanto, percebe-se que excluir as atividades lúdicas, especialmente,
aquleas que envolvem a música no ambiente escolar chega a ser um erro causado
pela falta de compreensão dos adultos que, muitas vezes, não entendem o motivo
da importância da ludicidade e a razão das crianças envolverem-se, motivarem-se e
dedicarem-se tanto em cada momento lúdico.

2.2 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

A música é uma das poucas atividades que está traz benefícios para o
processo de desenvolvimento das crianças. Isso é confirmado por Jeandot (1997,)
que relata que a criança por volta dos dois anos começa a cantar versos soltos e
fragmentos de canções, geralmente fora do tom. Uma criança inicia seu processo
musical desde muito cedo, ela capta sons que ela ouve desde as canções de ninar,
aos sons do cotidiano. Como consequência a mente musical passa a se moldar e se
constituir através dos sons em que captou, instigando a capacidade da mente de
ouvir e perceber as mais variadas nuances musicais.
No trabalho infantil a música tem um papel fundamental, contribuindo para o
seu desenvolvimento social e emocional, podendo levar a um melhor autocontrole e
comportamento. Segundo Ilari (2003, p. 15), “O fazer musical na infância traz
inúmeros benefícios e desenvolve o controle de atenção, memória, comportamento
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e pensamento superior.” Ou seja, a música melhora o movimento do corpo e


coordenação das crianças que que se movimentam por meio do som musical.
No contato com a música, a criança provoca estímulos que possibilitam que
ela se expresse por meio de seu corpo, demostrando o que ela sente ao ouvir,
cantando ou na realização de movimentos, conforme explica o autor:

A linguagem musical deve estar presente nas atividades de expressão


física, através de exercícios ginásticos rítmicos, jogos, brinquedos e rodas
cantadas, em que se desenvolve na criança a linguagem corporal, numa
organização temporal, espacial e energética. A criança comunica-se
principalmente através do corpo e, cantando, ela é ela mesmo, é seu
próprio instrumento. (ROSA, 1990, p.22).

Desse modo, esse autor compreende que um bom trabalho musical aliado a
uma educação de base na infância, só tem a colaborar ainda mais para um bom
desenvolvimento. Ajudando e fortalecendo a união entre corpo, mente e alma, o que
certamente pode vir a ser um adulto mais saudável nos aspectos físico e psíquico.
Quando a criança ouve uma música ela começa a trabalhar um conjunto de
informações. Conforme aborda Brito (2001) mais uma vez a música entra para
colaborar no desenvolvimento das crianças desta vez favorecendo para que as
crianças memorizem determinada coisa e passam a avançar mais e mais. Tem
função de desenvolver a personalidade como um todo, despertar e desenvolver
comunicação e percepção do trabalho em equipe. Desenvolvimento do senso crítico,
memorização e principalmente o processo de conscientização com um todo.
Desse modo, é possível perceber os inúmeros benefícios que a música
possibilita para o desenvolver das crianças. Segundo Rosa (1990) a música
colabora para que o indivíduo seja alguém capaz de trabalhar em equipe, ouvindo as
opiniões ao seu redor. Saber ouvir as opiniões alheias é muito valioso, além de
compartilhar seus conhecimentos, está ganhando mais conhecimento ainda ouvindo
outras experiências, outros saberes.
Um ser com senso crítico é um ser pensante que expressa suas opiniões,
seus conhecimentos, no processo de aprendizagem também é importante que os
alunos estejam livres para experimentar as próprias experiências. Diante disso,
Chiarelli (2005 p. 6) afirmam que “A música pode melhorar o desempenho e a
concentração, além de ter um impacto positivo na aprendizagem de matemática,
leitura e outras habilidades linguísticas nas crianças”. Compreende-se, assim, que
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ter opinião própria é uma grandeza, pois os alunos não se calam mais, passando a
expressar o que sabem, sentem e, também o que fazem.
Portanto, compreende-se que os trabalhos musicais realizados nas salas de
aulas não objetivam apenas à formação do indivíduo, mas sim, o contato, vivência
musica contribuindo para a formação integral da criança, especialmente, na escola.
Um exemplo que se podem usar é que se um professor de Língua Portuguesa que
está trabalhando sobre verbos com seus alunos, ele poderá levar diversas músicas
para ouvirem juntos e destacar os verbos encontrados nas letras das músicas e
assim sugerir várias atividades e exercícios a partir disso.

3.3 O LÚDICO E SUA RELEVÂNCIA

É notório que muitos são os autores que dão destaque para a importância da
ludicidade na sala de aula. Para Silva e Junior (2020) o mundo infantil não pode ser
descrito, investigado, sem que se faça referência ao brincar e, neste caso, também
aos seus respectivos objetos, os jogos e as brincadeiras. A sua presença é tão
constante em todas as culturas que nos faz reconhecer a existência de
predisposições biológicos para esta atividade.
A importância do brincar é tamanha que mesmo a Convenção das Nações
Unidas sobre os Direitos da Criança e do Adolescente de (1989) que reconhece,
com seu artigo 31, o direito da criança não apenas ao descanso e lazer, mas
também a atividades lúdicas e recreativas. A ludicidade pode enriquecer o
aprendizado e ajudar a desenvolver habilidades essenciais para a vida, como a
criança vive a brincadeira, o aprendizado pode ser facilitado.
Todos conhecem o potencial do brincar na escola, contudo, é necessário
refletir sobre os resultados favoráveis que podem ser alcançados graças às
atividades lúdicas, jogos sérios, isto é, aqueles que têm uma clara intenção
educativa, que estão subjacentes ao empenho, à diligência e ao progresso no
alcance dos objetivos. Na metodologia de ensino de língua portuguesa, por exemplo,
o ensino lúdico pode ser flexível e adaptável, pode ser usado para qualquer nível de
conhecimento da criança. (SANTOS; GALEMBECK, 2017)
Ao utilizar o caráter lúdico das brincadeiras na aprendizagem, é importante
que se tenha ciência dos seus objetivos de educação, conforme aponta os autores:
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Outro conjunto de desafios diz respeito ao modo como o brincar tem sido
concebido pelos profissionais que atuam com as crianças e as práticas
educativas de caráter lúdico implementadas para elas, o que interefer
significamente nas condições de seu desenvolvimento. Para dar sequência
a essa discussão analisaremos o desenvolvimento das funções ciulturais
das crianças para nos aproximarmos dos objetivos da educação infantil no
que se refere ao brincar. (SILVA; ABREU, 2001, p, 17).

Nesse sentido, esses autores entendem que as técnicas lúdicas devem


promover o desenvolvimento do aluno beneficiando também toda a turma, criando
um ambiente de aprendizagem sereno e motivador num contexto educativo.
As brincadeiras devem contribuir para a realização de uma aprendizagem
significativa, que, parafraseando Santos e Galembeck (2017) é alcançada seguindo
um caminho natural de curiosidade e descoberta que envolve inteiramente a
personalidade do aluno, sua esfera afetiva e relacional e suas habilidades
cognitivas. Em um nível didático-educacional, o brincar, se significativo, faz com
que as crianças participem ativamente no que diz respeito à escuta passiva de uma
aula.
A partir desse pensamento, é possível citar várias atividades que promovem o
aprendizado, por exemplo, a areia e a água podem ser uma introdução a disciplinas
como ciências e matemática, pois permitem aprender que a água é um líquido, não
um sólido, e que pode ser medida em recipientes de diferentes tamanhos. Algumas
estratégias que envolvem o brincar na Educação Infantil pode envolver, cogreografia
com música, contação de histórias com fantoches, são atividades que estimulam a
criatividade, a imaginação e a expressão de emoções.
Conforme entende Silva e Junior (2020) brincar com bola, dançar, correr, são
atividades que promovem o desenvolvimento muscular e ajudam a otimizar a força,
a flexibilidade e a coordenação motora. Jogar de acordo com as regras, embora
possa parecer contradizer a ideia de jogo livre e voluntário, ajude a fazer cumprir as
regras , a partilhar experiências e a conviver com outras pessoas. Esse tipo de
método envolve a aprendizagem centrada na criança, que desempenha um papel
central na escolha das atividades, neste caso, porém, o jogo é introduzido e
estimulado também pelo adulto, que inicia o processo didático, estabelece os
objetivos e tenta acompanhar o procedimento, mantendo a atenção nos objetivos
estabelecidos.
Portanto, parece importante que essas pequenas primeiras tentativas de
aprender sejam favorecidas e incentivadas, uma vez que, por meio do lúdico, a
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criança pode explorar e descobrir a realidade e a pessoa que deseja se tornar. A


sociedade atual, muitas vezes, subestima a importância do papel da brincadeira
para o desenvolvimento das crianças, como emerge de vários artigos que tratam do
tema, ter uma maior consciência do papel da brincadeira na promoção da
aprendizagem pode trazer melhorias.

2.4 A MUSICALIZAÇÃO COMO PROPOSTA PEDAGÓGICA NO CONTEXTO


ESCOLAR

Sabe-se que as atividades musicais devem ser trabalhadas sobre o


conhecimento que as crianças já possuem, para que se desenvolva a partir das
possibilidades do trabalho de cada professor. A esse respeito Faria (2001, p. 4)
entende que “A música passa uma mensagem e revela a forma de vida mais nobre,
a qual, a humanidade almeja, ela demonstra emoção, não ocorrendo apenas no
inconsciente, mas toma conta das pessoas, envolvendo-as trazendo lucidez à
consciência”.
Os Parâmetros Curriculares Nacionaisreforçam dizendo que os alunos têm
grande capacidade de utilizar diferentes linguagens, a fim de expressar suas ideias.
A música encaixa-se em diversos conceitos, ela é uma forma de arte que se
constitui na combinação de vários sons e ritmos, e está presente em todas as
culturas e nas mais diversas situações, é uma das formas mais significantes de
expressão humana, com o poder de transformação e desenvolvimento de diversos
aspectos na vida dos seres humanos. (BRASIL, 1998).
Para os professores que possuem um conhecimento avançado sobre o
objetivo da música e os instrumentos, acabam trazendo uma rotina diversificada, o
que torna o aprendizado mais desenvolvido. É o que compreende Figueiredo (2006,
p.63) a música ajuda “A ampliar a visão de mundo, oportunizando e discutindo
experiências que envolvem diferentes sistemas simbólicos construídos pela
civilização, cada uma das artes precisa ser tratada de maneira consistente na escola
e na educação em geral”.
O uso da música pode ser feito por demais professores, e não
necessariamente para aquele que tem a formação. Algumas estratégias são através
do apoio de rádios, histórias, roda de conversa, outra feramente que hoje está sendo
bem usada é a tecnologia, que vem a cada dia contribuindo mais. Para Ferreira
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(2010) a vantagem que se verifica quando se utiliza a música no ensino de uma


determinada disciplina é a abertura. Quando se trata da musicalização nos anos
iniciais do ensino fundamental, também surgem diversas propostas de
aprendizagem, principalmente quando se fala em alfabetização, pois a música
auxilia também no desenvolvimento cognitivo como na alfabetização.
Assim, é possível perceber as inúmeras vantagens que a música traz as
crianças e de como é importante o trabalho musical nas salas de aulas. Para Bréscia
(2003) tendo em vista esse cenário, o professor precisa inovar, e trazer a música
para dentro de sua sala de aula, pode ser uma excelente alternativa para fugir da
rotina maçante. A forma como a música será usada, cabe a cada professor, de
acordo com o sua disciplina, mas existem diversas possibilidades, desde um
momento de relaxamento em algum momento da aula, até mesmo inserindo a
música dentro do seu conteúdo.
Parte-se, então, da concepção de que a música quando trabalhada
adequadamente é uma grandeza de infinitas vantagens, que futuramente poderão
se formar seres conscientes no que estão fazendo e acima de tudo seres pensantes
que expressam o que sentem e que compartilham suas opiniões sejam elas a favor
ou contra. Um ser com senso crítico é algo fundamental.
Jeandot (1997) argumenta que as aulas de música oferecidas pela escola
nessa etapa também pode, ser utilizadas como uma forma de resgatar o interesse
do aluno pela escola, além de todos os outros pontos benéficos que a música
oferece, que já foi visto ao decorrer desse artigo. Com todos os benefícios da
musicalização na prática pedagógica e no ensino-aprendizagem é valido lembrar da
importância da música também como instrumento de trabalho com alunos com
necessidades especiais, uma vez que a música desperta o lúdico, estimula e
aperfeiçoa conhecimentos.
A música é algo de muita riqueza no contexto escolar e familiar, por isso ela
jamais poderá ser esquecida, conforme explica Scagnolato (2000) a falta do trabalho
musical, na sala de aula é prejudicial para as crianças, visto que a falta de atividades
que trabalham com o movimento, ritmo, cantoria e até mesmo jogos e brincadeiras
relacionados a músicas interefer no processo de interação das crianças.
Considerando a formação dos profissionais atuantes nas escolas, com
atendimento educacional especializado e seus conhecimentos acerca das
deficiências, a musicalização pode ser direcionada para necessidades específicas
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de cada aluno, aprimorando e potencializando o aprendizado dos mesmos em


outras disciplinas, como cita o autor:

O processo educativo permeia aspectos necessários ao desenvolvimento e


crescimento humano. A Psicopedagogia está relacionada à aprendizagem,
incluindo a musical, auxiliando na identificação das dificuldades de
aprendizagem e oferecendo opções de intervenção (MELLO, 2011, p. 23).

Parte-se, então, da concepção de que é preciso que os professores inovem


suas atividades levando músicas para trabalhar na sala de aula, conforme entende
Scagnolato (2000) as cantigas contribuem para que as crianças entrem ao mundo
da imaginação através da música. As crianças constumam se surpreender quando
são avisadas que têm que fazer a coreografia de uma música, pois não é tão comum
esse tipo de atividade.
Percebe-se que quando uma criança não tem conhecimento de algo, o seu
objetivo principal é aprender, e quando aprende é uma maravilha de ver agindo
sobre aquele conhecimento adquirido. Para Mello (2011) as atividades lúdicas são
de grande importância para a aprendizagem das crianças, ainda mais se tratando de
atividades cantadas e de roda. Essas atividades desenvolvem várias áreas ao
mesmo tempo, como área motora, cognitiva, sem contar que trabalha a parte da
atenção, concentração o ouvir e o agir .
A musicalização tem uma gama enorme, podendo citar poucos desse vasto
campo de aprendizagem com a música, vai depender da criatividade e engajamento
do professor que mesmo sem os recursos ditos necessários, pode procurar materiais
disponíveis na sala de aula. Pois a musicalização é multidisciplinar e está associada
a diversas áreas do conhecimento, e deve-se recordar que:

Quando se fala em desenvolvimento cognitivo-musical, estamos falando


não apenas no desenvolvimento do cérebro ou de habilidades que fazem
parte dos testes tradicionais de inteligência, mas do desenvolvimento da
mente como um todo, já que o desenvolvimento humano não deve estar
dissociado de outros contextos como, por exemplo, o contexto social. O
estudo do desenvolvimento cognitivo-musical é muito complexo e deve,
necessariamente, incluir aspectos psicológicos, sociais, culturais,
emocionais, motores e físicos, entre outros (ILARI, 2006, p. 294).

Partindo do pensamento desse autor, pode-se perceber que para muitos


autores atividades que envolvem a música tem caráter interdisciplinar, o que
dinamiza o processo de ensino-aprendizagem, garantir a presença da música nos
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currículos consiste não apenas em uma formação com intuito de ensinar música e
instrumentação musical.

3 METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos deste estudo envolveram a pesquisa


bibliográfica, na intenção de analisar e incluir fontes confiáveis encontradas em sites
como Scielo, Google acadêmico e Capes. Nesse sentido, o estudo envolveu a
abordagem de pesquisa qualitativa que para Godoy (1995) possibilita uma maior
compreensão do assunto a ser pesquisado, visto que o pesquisador se preocupa
com a codificação e a análise de informações, adquirindo novos conhecimentos.
Considerou-se neste estudo a realização de leituras sistemáticas de
documentos como livros físicos e eletrônicos, artigos científicos, bem como teses na
intenção de sistematizar o pensamento sobre o papel da música como
potencializadora da aprendizagem dos educandos. Para tanto, foi importante realizar
a busca por palavras-chave como música, lúdico, prática docente, dentre outras.
Dessa forma, a pesquisa em base de dados foi essencial para se ter uma
melhor compreensão da temática, além da descoberta da literatura relevante foi
importante adquirir competências e habilidades no que tange as estratégias que
precisam ser utilizadas para a elaboração de um artigo cientifíco.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa buscou entender aspectos favoráveis sobre a música e como


ela pode proporcionar às crianças e aos jovens de todos os anos da educação
escolar benefícios imensuráveis, assim, foi possível compreender que a música
como auxilio pedagógico usado para o desenvolvimento infantil é fundamental.
Nesse sentido, revisitar a relação entre aprender e brincar na educação inicial das
crianças pode adicionar um ingrediente essencial, que às vezes, não é estimulado,
ou seja, a motivação.
Conclui-se que a literatura científica é unânime em considerar a
musicalização muito importante para o desenvolvimento das crianças, visto que o
crescimento é um processo longo e complexo e é influenciado por fatores internos e
externos à pessoa e por várias figuras que giram em torno da criança. Para
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promover o melhor desenvolvimento possível, em termos cognitivos, sociais,


emocionais, físicos e motores, é necessário incentivar a cooperação com os pais,
tanto quanto possível.
Nas escolas, muitas vezes há um contraste entre a pedagogia clássica e uma
pedagogia mais lúdica, que integra a música como ferramenta de aprendizagem.
Com isso, pais, educadores e gestores têm crenças diferentes sobre o papel da
musicalização na sala de aula. O ensino através da música nas escolas públicas ou
particulares, podem diferenciar o currículo escolar, abrindo portas e possibilitando o
acesso às novas culturas, à informação e ao conhecimento, à interação e
socialização com o meio, e a participação na produção da linguagem social.
Portanto, é importante que a música seja considerada um estímulo à
aprendizagem, que vai da motivação para a ação, que envolve a prevalência dos
meios sobre os fins, envolve a atividade realizada em um contexto lúdico, que
impulsiona o incentivo à criatividade e disponibilidade para estímulos. Cada pequeno
progresso na aprendizagem é válido, visto que ajudará o educando a se tornar um
adulto competente, ele provavelmente será capaz de encontrar e manter
relacionamentos emocionais significativos e cultivar seus interesses de
aprendizagem.
Conclui-se, portanto, neste estudo que é imprescindível que os professores
da Educação infantil introduzam a musicalização no processo de ensino e
aprendizagem das crianças, que conta com motivação intrínseca, permitindo atingir
os objetivos didáticos e os objetivos educacionais que caracterizam a aprendizagem.

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