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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Thalita Santos Netto

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA ALFABETIZAÇÃO

Rio de Janeiro
2023
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Thalita Santos Netto

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA ALFABETIZAÇÃO

Trabalho apresentado como requisito


obrigatório para conclusão do curso de
pedagogia, no formato de artigo
científico, resultante da pesquisa
desenvolvida no ano de 2023, sob a
orientação da profª. Drª. Marina Garcia.

Rio de Janeiro
2023
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A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA ALFABETIZAÇÃO

Thalita Santos Netto

RESUMO
Com a finalidade de que a criança tenha cada vez mais motivação em aprender,
na contemporaneidade o lúdico, mais precisamente os jogos e brincadeiras, têm
sido o melhor recurso pedagógico para o trabalho com crianças na fase da
alfabetização. O lúdico instiga; motiva; desafia e constrói conhecimento. A partir
de então a criança cria, imagina novas perspectivas, desenvolve consciência,
amplia horizontes, sonha, brinca, se diverte, descobre um mundo novo dentro do
processo da alfabetização. Para a compreensão dos fenômenos de aprendizagem
é necessário ter contato, conhecer os agentes envolvidos no processo, são esses:
educandos, educadores, familiares de educandos e equipes diretivas das escolas.
Refletindo sobre a prática pedagógica este estudo tem por base uma pesquisa
bibliográfica, onde se procura alcançar os objetivos propostos, a partir de teorias
que abordam o referido tema bem como as práticas inovadoras e os aspectos
teóricos da metodologia de ensino da ludicidade e alfabetização.

Palavras-Chaves: Lúdico. Processo de Alfabetização. Ensino. Educação Infantil.

1- INTRODUÇÃO
A temática abordada durante o desenvolvimento deste trabalho gira em
torno da contribuição do lúdico no processo de alfabetização infantil, uma vez que
a cultura lúdica é parte integrante do processo de desenvolvimento da criança,
assim, torna-se inseparável as contribuições que dada cultura proporciona à vida
escolar da mesma. Utilizar a brincadeira como um recurso escolar é aproveitar
uma das motivações própria da criança para tornar à aprendizagem mais
atraente.
Os métodos educacionais sempre foram questões muito pensadas e
discutidas e nós educadores enfrentamos muitos problemas em mudar os nossos
paradigmas, principalmente quando o assunto é alfabetização, pois muitos são os
métodos e técnicas de ensino, o difícil é conseguirmos adequar uma metodologia
que dê certo no processo de ensino e de aprendizagem de cada turma.
Na alfabetização, por muito tempo os alunos ficaram “presos” a fazer
cópias, cobrir pontilhados e a aprender o som das letras, ficando assim a mercê
de um método que não priorizava os desafios para alcançar o conhecimento,
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muito menos colaborava para a motivação ao aprender. Não que hoje esses
métodos foram totalmente excluídos da escola, pois os alunos precisam de
exercícios de fixação e repetição, porém há uma grande necessidade de que
essas atividades sejam realizadas a partir de meios concretos e com o uso de
materiais lúdicos adequados à faixa etária e a aprendizagem de cada um.
A alfabetização é um dos alicerces fundamentais no desenvolvimento
educacional, e a abordagem lúdica se destaca como uma ferramenta poderosa
nesse processo. A importância do lúdico na alfabetização transcende a mera
aquisição de habilidades de leitura e escrita, incorporando aspectos emocionais,
sociais e cognitivos essenciais para o pleno desenvolvimento das crianças. Nesta
introdução, exploraremos como o uso do lúdico não apenas torna o aprendizado
mais envolvente e prazeroso, mas também estimula a criatividade, a imaginação
e o raciocínio, impactando positivamente no percurso educacional das crianças.
Os jogos e brincadeiras, quase nunca são utilizados, principalmente,
porque para algumas pessoas só tem valor os conteúdos propostos pelo currículo
e nessa questão ainda dizem que os alunos vão para escola aprender a ler e
escrever, e não para brincar, ou seja, brincar é em casa ou no recreio, sala de
aula não é lugar de brincadeira. Sabemos que os jogos e as brincadeiras são
realizados para contemplar um conhecimento sobre determinada área na
alfabetização, ele passa a não ser apenas o brincar por brincar, mas sim um
estímulo para a assimilação dos conteúdos de uma forma mais fácil e prazerosa.
Consequentemente, temos as seguintes indagações: A realidade
pedagógica do 1º ano do Ensino Fundamental faz com que os professores
deixem de usar os jogos e brincadeiras como recurso pedagógico? O trabalho
com jogos e brincadeiras auxilia na aprendizagem das crianças? Quais
dificuldades os docentes encontram para utilizar estes recursos? Para que os
objetivos de levar a criança a aprender sejam alcançados, o professor deve
utilizar jogos e brincadeiras? É possível aprender brincando? O que é a BNCC?
Quais práticas pedagógicas podem ser implementadas no ambiente escolar?
Brincadeiras que levam nossas crianças ao desenvolvimento cognitivo
precisam estar presentes dentro do ambiente escolar, mas é preciso conhecer o
porquê de serem tão necessárias ao processo de ensino e aprendizagem na
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alfabetização. E assim, há então a necessidade de se buscar fontes que tratem


sobre o papel que os jogos e as brincadeiras têm (se têm) na fase da
alfabetização.

2- O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA


A escola, no momento atual, passa por inúmeras transformações, dentre
elas a necessidade de se efetivar no seu espaço práticas pedagógicas que
atendam a diversidade presente no cotidiano escolar. O processo de
alfabetização, visa a ampliação da competência linguística dos alunos (através de
habilidades de ouvir, falar, escrever e ler), para torná-los cada vez mais
conscientes e independentes em seu modo de pensar o mundo e atuar sobre ele.
A prática do jogo e das brincadeiras favorece a intencionalidade do trabalho
pedagógico e o enriquecimento dos conteúdos a serem desenvolvidos
(MARAFON; ELIAS, 2013).
Atualmente os educadores precisam focar-se principalmente no processo
de alfabetização e letramento de crianças de 6 anos de idade, por ser uma nova
fase, quando elas acabam de sair da Educação Infantil e já são inseridas em um
ciclo de conteúdos programáticos e sistematizados diferentes. Sendo assim, os
educadores precisam inovar suas aulas com técnicas, recursos, metodologias que
englobem todos os conteúdos e tornem suas aulas prazerosas e significativas.
É necessário que as escolas se tranformem em “ambiente alfabetizador”,
rico em estímulos que provoquem atos de leitura e escrita como, por exemplo,
jogos e brincadeiras que permitam compreender o funcionamento da língua
escrita, possibilitem a apropriação de seu uso social e forneçam elementos que
desafiem o sujeito a pensar sobre a língua escrita.
Dessa forma, não cabe a utilização de jogos e brincadeiras apenas para
preenchimento de tempo livre, como pura distração. Ao contrário, o educador
deve estar consciente na finalidade que a atividade lúdica irá fomentar na
aprendizagem do aluno.
Tais atividades, utilizadas nas práticas docentes como apoio pedagógico
articulado com as atividades do currículo escolar, permite a troca de opiniões e
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conhecimento que favorecem e facilitam o aprendizado das disciplinas.


O lúdico, junto com o imaginário, oferecem caminhos amplos para o
desenvolvimento das crianças tornando-as mais críticas, autônomas, criativas,
felizes e, com isso, realiza um aprendizado com significação. Desse modo,
possibilita-se uma observação mais ampla do mundo, promovendo o
desenvolvimento em todas as dimensões humanas e levando ao sucesso na
alfabetização e o letramento. Toda educação, verdadeiramente comprometida
com o exercício da cidadania, precisa criar condições para o desenvolvimento da
capacidade de uso eficaz da linguagem que satisfaça necessidades pessoais. O
lúdico vem ligar de forma divertida a criança a aprendizagem significativa.
Se brincar é um processo natural para as crianças, a introdução de
atividades lúdicas em a sala de aula pode levar a uma aprendizagem mais eficaz,
uma vez que pode melhorar as aptidões naturais dos alunos, a motivação, ajudar
as crianças a compreender o meio social, construir seu conhecimento e
desenvolver suas habilidades comunicativas (CARDOSO; BATISTA, 2021).
O educador é a mola mestra neste processo. Cabe a ele estimular,
orientar, desafiar e conduzir o discente no processo, que perdurará durante anos,
se estendendo aos níveis futuros de educação, processo este que garante seu
desenvolvimento integral, tanto em seu aspecto escolar como nas simples
relações sociais.
A palavra "lúdico" é oriunda do latim "ludus", que significa brincar ou jogar.
Segundo o Dicionário Online de Português (2023) a palavra "lúdico" tem sua
acepcão como: “Feito através de jogos, brincadeiras, atividades criativas; que faz
referência a jogos ou brinquedos: brincadeiras lúdicas”. O lúdico é uma
metodologia pedagógica que tem por objetivo ensinar a criança a partir de
brincadeiras, auxiliando no desenvolvimento infantil, com a finalidade de
proporcionar aprendizagens significativas e de qualidade. Tanto os jogos como as
brincadeiras proporcionam na Educação Infantil desenvolvimento físico, mental e
intelectual.
Durante o desenvolvimento da palavra "lúdico" no aspecto educacional,
não parou apenas nas suas origens. O lúdico passou a ser reconhecido como
algo essencial para o auxílio do desenvolvimento e comportamento humano.
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Deste modo a definição deixou de ser uma simples brincadeira ou jogo. Pois os
resultados do uso da ludicidade excedem os alcances do brincar instintivo.
A importância do "jogo" no processo de desenvolvimento e aprendizagem
infantil e suas aplicações pedagógicas, principalmente no processo de
alfabetização, têm sido defendidas constantemente por professores e outras
pessoas ligadas à área educacional ao longo do tempo. Estudiosos como
Claparède, Vygotsky, Piaget, Wallon, Pickard, Winnicott, M. Klein e outros
procuraram interpretar e classificar o jogo, assumindo várias posições a respeito
de sua importância e significado no processo de desenvolvimento e
aprendizagem da criança (SANTOS, 1998 p.10).
Acredita-se que utilizando atividades lúdicas e o brincar dentro da prática
educacional, obtém-se um resultado melhor em termos de desenvolvimento e,
com isso, propicia-se também à criança a possibilidade de manifestação dos
aspectos de linguagem, psicomotoras, cognitivos e sociais.
Para Cardoso e Batista (2021) a ludicidade pode ser definida como sendo
divertida, agradável, espontânea e diferente do normal, promovendo a imaginação
criativa das crianças, possibilitando aprendizado e é mentalmente e
emocionalmente estimulante. (...) A ludicidade pode ser visto como um veículo
para aprender. Através de atividades lúdicas os alunos podem aprender novos
conceitos, relacionar-se com seus colegas, estimular seu raciocínio e sentir-se
relaxado e motivado.
Já nas primeiras fases da infância a criança conhece e explora seu mundo
a partir dos brinquedos. E como diz Vygotsky (1991, p. 45). ”Brincar é de suma
importância para que a criança desenvolva seu lado cognitivo”. Segundo Fortuna
(2000, p. 56) “as pessoas que se utilizam do ato de brincar aumentam muito seu
campo intelectual. Sendo assim, o individuo tem condições de se apropriar do
mundo de uma maneira mais ativa”.
Dessa forma entendemos que por meio da ludicidade é possível fazer
intervenções em diferentes áreas de ensino favorecendo a ação educativa do
professor, onde promovendo situações lúdicas o professor consegue estimular a
imaginação criativa da criança contribuindo para o desenvolvimento e construção
do conhecimento.
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E ainda, pode-se relatar o trabalho de Moyles (2002) que enfoca que o


brincar para a criança não é só um meio para que se atinja a aprendizagem, mas
também é uma forma do adulto perceber dentro do âmbito escolar as
necessidades que cada criança tem em seu desenvolvimento. O conhecimento
conquistado através de métodos lúdicos apresenta muita satisfação por parte das
crianças.
Os parâmetros curriculares destacam que a brincadeira é uma
linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com aquilo
que é o “não brincar”. (...) para brincar é preciso “apropriar-se de
elementos da realidade imediata de tais formas a atribuir-lhes
novas significações”. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por
meio da articulação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é
uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias,
de uma realidade anteriormente vivenciada (BRASIL, 1998, p. 27).

Vygotsky (1991, p. 52) “ressalta que a brincadeira cria as zonas de


desenvolvimento proximal e que estas proporcionam saltos qualitativos no
desenvolvimento e na aprendizagem infantil”. No âmbito escolar a brincadeira tem
um papel fundamental porque quando a criança ou até mesmo o adulto brinca,
suas emoções tomam forma e conduzem ao conhecimento e a assimilação dos
conteúdos formais aplicados em todos os anos escolares.
O autor enfatiza a concepção de que o lúdico faz parte do universo da
criança, esta precisa interagir com os objetos e demais materiais para poder
compreendê-los, ou seja, o objeto se caracteriza por ser o foco do processo de
construção do desenvolvimento e não o resultado.
Lima et al. (1984, p.24) assevera que, “brincar é uma fonte de lazer e de
conhecimento. Sendo que essa dupla natureza permite considerar o brincar como
parte integrante da atividade educativa”.
De acordo com Carvalho (1992, p. 28), “(...) o ensino absorvido de maneira
lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do
desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato
puramente transmissor a ato transformador (...)”. O lúdico se torna importante no
desenvolvimento do educando, desta forma os jogos e as brincadeiras são
acrescidas na vida do educando, contribuindo para diferentes aspectos da sua
vida no que é relativo às regras, ao respeito, a socialização e a construção do
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conhecimento. Então atividades com elementos bem elaborados proporcionam


experiências possibilitando a conquista e a formação de sua identidade.
Utilizando-se do jogo como estratégia importante e frequente, o
brincar torna-se uma atividade séria para a criança, na medida em
que se mobiliza possibilidades intelectuais e afetivas para a sua
realização na construção do saber devendo-se incentivar as
interações criança/criança como fonte de desenvolvimento, visto
que o que leva a criança se interessar é a atividade em si e não o
processo (LIMA, et al. 1984, p.24).

O lúdico é utilizado como ferramenta de interação entre o aprendizado e o


educando. Para um ensino-aprendizagem eficaz é preciso que o aluno construa
seu próprio caminho de absorção de conhecimento e de assimilação de
conteúdos. Assim os jogos e as brincadeiras são excelentes recursos facilitadores
da aprendizagem, neste sentido, Carvalho et al. (1989, p.28) acrescenta, “o
desenvolvimento da criança se dá principalmente através do ato de brincar, onde
pode acontecer em várias situações”.

3- A BNCC E A APRENDIZAGEM COM O BRINCAR


A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter
normativo fundamental para a educação no Brasil, tendo impactado os padrões
pedagógicos e estruturais das escolas em todos os níveis desde sua
implementação. Esse marco motivou pesquisadores e educadores a dedicarem
esforços para compreender a BNCC e adaptar as instituições de ensino conforme
as novas diretrizes.
A BNCC, enquanto norma legal, detém o poder de modificar as orientações
para escolas, tanto públicas quanto privadas. Ao contrário dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), seu propósito inicial não é definir conteúdos
específicos. Em vez disso, a BNCC visa destacar as habilidades que os
estudantes devem desenvolver em cada ano escolar, abrangendo todos os
componentes do ensino.
Essa abordagem busca elencar competências essenciais para crianças e
adolescentes em cada fase da educação, levando em consideração as
particularidades de cada escola em seus contextos culturais. A aprovação da
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BNCC teve como intenção alinhar o sistema educacional brasileiro aos padrões
mais elevados mundialmente, levando em conta a diversidade do país e o
compromisso com a democratização do ensino. Essa mudança representa não
apenas uma busca por uniformidade, mas também uma adaptação da educação
às diversas realidades culturais presentes no Brasil.
E desempenha um papel significativo na promoção de métodos inovadores
de aprendizagem, e um dos aspectos que ganha destaque é a integração da
aprendizagem com o brincar. A BNCC sabe a importância do lúdico no
desenvolvimento integral das crianças e estabelece diretrizes para que o brincar
seja considerado uma ferramenta pedagógica valiosa.
A BNCC afirma que a Educação Básica deve visar à formação e
ao desenvolvimento humano global, o que implica compreender a
complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento,
rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a
dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Significa,
ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do
adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os como
sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao
seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas
suas singularidades e diversidades. Além disso, a escola, como
espaço de aprendizagem e de democracia inclusiva, deve se
fortalecer na prática coercitiva de não discriminação, não
preconceito e respeito às diferenças e diversidades (BRASIL,
2013).

A BNCC estabelece como eixos estruturantes para a Educação Infantil


interações e brincadeiras. A finalidade pedagógica dos eixos é que a criança
possa experimentar, desenvolver e socializar a partir dessas práticas.
Os jogos podem ser utilizados tanto para o eixo da interação quanto para
as brincadeiras. São ótimos recursos para que as crianças brinquem enquanto
aprendem regras de convivência, respeito ao próprio espaço e ao do coletivo e se
desenvolvam, fisicamente e cognitivamente.
A abordagem da BNCC em relação ao brincar visa ir além da ideia
tradicional de diversão. Ela identifica o brincar como uma forma legítima de
aprendizagem, proporcionando oportunidades para o desenvolvimento de
habilidades cognitivas, sociais, emocionais e motoras. Reconhecendo que as
atividades lúdicas são essenciais para o desenvolvimento de competências e
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capacidades importantes para a vida.


A prática do jogo favorece a intencionalidade do trabalho pedagógico e o
enriquecimento dos conteúdos a serem desenvolvidos. (...) Deve-se trabalhar com
a criança os elementos do seu contexto social, para oportunizar-lhe
conhecimentos que existem, do que foi transformado, e que por meio desta
ação/reflexão ela possa dar-se conta de estar num determinado tempo e espaço,
tomando consciência de si própria e das outras pessoas. O jogo, neste contexto,
assume significado especial para elas (MARAFON; ELIAS, 2013, p.14).
Ao incorporar o brincar no contexto educacional, a BNCC busca estimular a
criatividade, a curiosidade e a autonomia das crianças. Essa abordagem reflete
uma compreensão mais abrangente do processo educacional, reconhecendo que
a aprendizagem não ocorre apenas por meio de métodos tradicionais, mas
também por meio de experiências significativas e envolventes.
Os jogos para Educação Infantil devem ser utilizados como recursos para o
aprendizado em sentido vasto, oferecendo a ampliação das experiências de
convivência, socialização, desenvolvimento da linguagem e dos símbolos. No
entanto, seu uso em sala de aula não deve ser utilitarista.
Portanto, o educador precisa sempre considerar que as brincadeiras e os
jogos possuem conteúdos e objetivos pedagógicos, os quais têm de estar claros
no planejamento das aulas. Os jogos são importante apoio para que a criança
compreenda o sentido de sua prática escolar e do seu aprendizado. Sendo assim,
o melhor uso desse recurso é quando ele passa a ser utilizado na Educação
Infantil como uma das linguagens e não apenas como um recurso mecanizado
retirado da estante em momentos específicos.
Dessa forma, a BNCC para a Educação Infantil fala sobre a necessidade
de criar um ambiente acolhedor, com vínculos afetivos e estáveis, no qual a
criança se sentirá segura para se expressar e se desenvolver plenamente.
Promovendo a integração do brincar como uma estratégia pedagógica que não
apenas enriquece o ambiente educacional, mas também contribui para o
desenvolvimento integral dos estudantes. Essa abordagem inovadora reflete uma
visão contemporânea da educação que reconhece a importância do brincar na
construção do conhecimento e no desenvolvimento das habilidades necessárias
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para enfrentar os desafios do mundo moderno (SOUZA, 2020).

4- PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO AMBIENTE ESCOLAR: A


VALORIZAÇÃO DO BRINCAR
Livre do uso mecanizado dos jogos e conscientes da sua intencionalidade,
o trabalho com jogos para Educação Infantil se torna um potente recurso
pedagógico. Enquanto linguagem utilizada em sala de aula, consegue atrair o
interesse das crianças, tornando o ambiente escolar mais acolhedor e próximo
para os pequenos.
A BNCC estabelece seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento das
crianças de 0 a 6 anos incompletos, por meio das vivências dos campos de
experiências: o eu, o outro e o nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons,
cores e formas; escuta, fala, pensamento e imaginação; espaço, tempo,
quantidades, relações e transformações, os quais indicam as experiências
fundamentais para que a criança aprenda e se desenvolva (SOUZA, 2020).
O primeiro campo é denominado como o eu, o outro e o nós esse campo
de experiência fala sobre expressar sentimentos e emoções, reconhecendo-os
em si e no outro. É sobre a criança desenvolver habilidades para atuar em grupo,
respeitando as regras de convívio social. As práticas desse campo devem levar a
criança a demonstrar interesse em construir novas relações e vínculos,
solidarizando-se com os outros e respeitando a alteridade.
O segundo campo é o corpo, gestos e movimentos. O corpo é o nosso
instrumento de interação com o outro e com o meio, por isso, a escola deve
proporcionar experiências que promovam o cuidado com o bem-estar corporal.
É importante que a criança aprenda a utilizar o corpo intencionalmente,
com criatividade, controle e adequação. Esse campo fala também sobre o
desenvolvimento da autonomia nas práticas da vida cotidiana, como higiene e
alimentação.
O terceiro campo é o que tem a nomenclatura de traços, sons, cores e
formas. Esse campo de experiência fala sobre reconhecer e se expressar através
de diferentes tipos de sons, recursos visuais, materialidades, gestos, jogos, e
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mais. Por isso, pintar, cantar, desenhar, cortar e colar são ótimos instrumentos de
atividades.
O quarto campo tem por nome de escuta, fala, pensamento e imaginação.
Na educação infantil é fundamental promover momentos nos quais as crianças
possam falar e ouvir, potencializando sua participação na cultura oral. É na escuta
e na contação de histórias, nas narrativas elaboradas individualmente e
coletivamente, que uma criança se constitui ativamente como sujeito singular.
A imersão na cultura escrita deve partir da curiosidade da criança. O
contato com o texto literário irá incentivar que os pequenos comecem a
compreender a escrita como sistema de representação da língua.
O quinto campo é denominado como espaços, tempos, quantidades,
relações e transformações. Esse campo de experiência inspira diversos tipos de
jogos na educação infantil. As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de
diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos socioculturais e
naturais. Naturalmente, elas demonstram curiosidade sobre o entorno e o mundo
físico. Por isso, é preciso promover atividades nas quais as crianças possam fazer
observações sobre o tempo e o espaço, manipular objetos e levantar hipóteses
sobre a natureza e o entorno que as cerca.
Segundo a BNCC, o brincar deve acontecer de diversas formas, em
diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), de
forma a ampliar e diversificar suas possibilidades de acesso a produções
culturais. As brincadeiras devem ser estimuladas, visando ao desenvolvimento
das crianças, o imaginário, criativo, emocional, corporais, sensoriais, expressivos,
cognitivos, sociais e relacionais (SOUZA, 2020).
Exemplos de jogos que podem ser usados com finalidades pedagógicas,
tais como: alfabetização; raciocínio lógico; coordenação motora ampla;
coordenação motoro fina; linguagem e expressão e pensamento matemático e
numérico.
A alfabetização é de extrema importância para a vida escolar da criança e,
já na Educação Infantil pode ser facilitada por meio do uso de
jogos. Considerando as mudanças realizadas pela BNCC em relação à
alfabetização, podemos utilizar os seguintes jogos: jogo de rimas, quebra-cabeças
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com nomes das figuras, jogo da memória com nomes e figuras, caça-palavras
com material reciclado, dominó das sílabas e pescaria das letras.
Os jogos são muito importantes para o desenvolvimento do raciocínio lógico
em crianças pequenas. Na Educação Infantil, podem ser utilizados os seguintes
jogos para esta finalidade: quebra-cabeças com peças grandes, jogos da
memória de figuras, jogos de blocos lógicos e jogos de montar peças.
Para desenvolver a coordenação motora grossa, que se relaciona com os
movimentos da criança de equilíbrio, locomoção e conhecimento básico do corpo,
podemos explorar os seguintes jogos: amarelinha, pular corda, pular de lado
ocupando quadrados desenhados no chão, corridas com obstáculos, boliche,
corrida do saco e twistter.
A coordenação motora fina é a capacidade de a criança coordenar
movimentos menores e mais precisos, como cortar com tesoura, levar a mão à
boca corretamente, escrever e pintar. Para desenvolvê-la, podemos contar com
os seguintes jogos: modelar peças pequenas de massinha, como cestas com
frutas e bolinhas, montar cordões com miçangas ou macarrões, construir um ioiô
de papel, picar papel e realizar colagens utilizando as mãos, desenhar e pintar e
produzir pintura a dedo.
Para desenvolver a linguagem oral das crianças pequenas, é importante
trabalhar com jogos que oferecem a oportunidade de interagir e produzir falas
contextuais. Entre os jogos que podem embasar este trabalho estão: jogos de
interpretação, reconto de histórias, mímicas, imitar animais, parlendas,
brincadeiras de roda e jogos de adivinhar.
Para que a criança pequena desenvolva adequadamente seu pensamento
matemático e o conhecimento sobre os números, os jogos mais indicados são:
dominó, jogos de cartas, jogos com dados, adivinhar os números, jogo de dardo
com pontuação e tangram.

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das análises bibliográficas realizadas referentes ao tema deste
artigo, conclui-se que através do lúdico as crianças podem aprender. Além disso,
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a utilização do brincar em sala de aula pode fazer do aprendizado um momento


único e singular durante a infância da criança.
Ao brincar a criança aprende a brincar e ao aprender ela pensa, analisa
sobre sua realidade, cultura e o meio em que está inserida, criando formas,
conceitos, ideias, percepções e cada vez mais se socializa através de interações,
se desenvolve integralmente e ajuda a conhecer o mundo em que está inserida.
Portanto, o brincar não é apenas uma questão de diversão, mas uma forma de
educar, de construir e de se socializar.
Sobre o fazer pedagógico que contempla a ludicidade, depende do
professor abrir a porta para uma nova abordagem de ensino, o qual poderá
buscar na sua própria infância recursos para novas técnicas e assim despertar em
cada um a vontade de aprender sempre mais.
Ainda hoje existe uma grande resistência por maioria do corpo docente
quanto a incorporação de brincadeiras em sala de aula, uns quer por
preocupação com o aprendizado sistemático, outros por ainda não assimilarem ou
aceitarem o lúdico como forma de aprendizado.
Contudo, para que ocorra o brincar é necessária a presença de um
profissional, o professor. Ele é fundamental, pois favorece e promove a interação,
planeja e organiza ambientes para que o brincar possa acontecer, estimula a
competitividade e as atitudes cooperativas, o professor cria na criança a vontade
de brincar, facilitando assim a aprendizagem.
Se o brincar é uma metodologia de aprendizagem, então, é preciso que o
educador seja a favor do lúdico, pois nada será feito se os professores não se
interessarem por essa forma de educação. O profissional precisa aumentar a
criatividade, o entusiasmo, a alegria e observar as crianças no decorrer do
brincar. É necessário que o educador entenda o brincar da criança, para que o
educador melhor assimile o universo infantil, também faz-se necessário, ter
conhecimento teórico, prático, com capacidade de observação e vontade.
Através da observação do lúdico, o educador pode obter importantes
informações sobre o brincar. E essas informações definem critérios como: uma
determinada brincadeira ou jogo envolvem as crianças, quais as competências
dos jogadores, qual o grau de criatividade, de autonomia, iniciativa e criticidade,
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quais as linguagens utilizadas pelos envolvidos, se possuem interesse,


motivação, afetividade, emoções e satisfação pelo brincar, se demonstram
colaboração, competitividade, interação, construção de raciocínio, argumentação
e opinião.
Considerando a importância dos jogos nas aprendizagens educativas, ele
torna-se um recurso imprescindível no desenvolvimento de múltiplas aptidões
físicas, cognitivas, afetivas e sociais. Promove a motivação, a concentração e o
aprimoramento das relações interpessoais, cria todos estes suportes ao mesmo
tempo em que diverte.
O lúdico, enquanto atividade escolar, agrada as crianças, ajuda na
absorção de saberes de forma divertida e engajadora. Faz com que a transição e
aquisição de novos conhecimentos ocorram da maneira mais natural e
espontânea possível, estimulando o aluno a se sentir apto a novos desafios desde
a infância que é uma das fases mais importante da vida do ser humano.
A relevância deste estudo está em abordar a importância do lúdico e
quantos efeitos positivos há na aquisição deste recurso didático em ambientes
escolares, mesclando o brincar que já é próprio da criança, com a
intencionalidade no aprender, que esta, advém do professor com a finalidade de
que haja um melhor desenvolvimento cognitivo, social e psicológico da criança.
No processo ensino aprendizagem é fundamental valorizar o lúdico, pois
para a criança o mesmo é espontâneo e permiti sonhar, fantasiar e realizar
desejos como crianças, contribui de forma significativa acrescentando
enriquecimento de conhecimento e de estímulos para a criança.
Que com os jogos e brincadeiras, a educação seja realmente primordial no
desenvolvimento integral do ser. Uma vez que, assim concebida, deverá
favorecer a contínua reconstrução das experiências inteligentes, mediante a
aquisição de conhecimentos, a formação de atitudes e o desenvolvimento de
habilidades que ultrapassem a alfabetização e que contribuam para formação
plena e harmônica da criança.

REFERÊNCIAS
17

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto; Secretaria de Educação


Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil:
documento introdutório. Brasília, 1998.

___________; Secretaria de Educação Básica. A Base Nacional Comum


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