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19/03/2023

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR “TÍPICO”

O estudo do desenvolvimento da criança compreende


aspectos das mudanças físicas, cognitivas e psicossociais da
mesma ao longo da vida (COLE; COLE, 2004).
Recebe vários nomes: desenvolvimento motor, psicomotor,
neuropsicomotor, normal, sensório motor, sendo atualmente
recomendado o uso da nomenclatura “desenvolvimento típico”
(CASTILHO-WEINERT; FORTI-BELLANI, 2011).

O estudo evolucionário de uma espécie diz respeito à filogenia,


enquanto o estudo do desenvolvimento de um organismo durante seu ciclo de
vida corresponde à ontogenia (BRAZELTON; SPARROW, 2011).
Durante o desenvolvimento ocorrem mudanças quantitativas, como o
aumento do vocabulário e da memória e mudanças qualitativas, como a
mudança do balbucio para a fala.
Esses padrões qualitativamente novos emergem durante o
desenvolvimento são denominados estágios de desenvolvimento.
Para o psicólogo John Flavel (1971) citado por Cole e Cole (2004) quatro
critérios são fundamentais para o conceito de estágios de desenvolvimento:
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Os estágios do desenvolvimento são distinguíveis por


mudanças qualitativas. Como exemplo cita a mudança do engatinhar
para o andar. Essa transição não ocorre simplesmente pelo
aperfeiçoamento dos movimentos do engatinhar, mas por uma
reorganização de movimentos, com utilização de músculos novos e
combinações novas de padrões de movimentos.

A transição de um estágio para o seguinte é marcado por mudanças


simultâneas em muitos aspectos, mas não em todos, do comportamento de
uma criança.
Quando acontece a mudança de um estágio para o seguinte, ela é
rápida. O andar por exemplo é adquirido cerca de 03 meses após a criança
engatinhar.
As muitas mudanças comportamentais e físicas que marcam o
surgimento de um estágio constituem um padrão coerente. Por exemplo, ao
mesmo tempo que a criança começa a andar, começa o apontar, expressar as
primeiras palavras, relações com outras crianças, entre outros.
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DO NASCIMENTO A 1 ANO

Os elementos anatômicos básicos da visão estão presentes ao nascimento mas não


completamente desenvolvidos. Além disso os movimentos dos olhos dos bebês ainda não estão bem
coordenados após o nascimento. Há preferencia por imagens semelhantes a face humana;
O paladar e o olfato estão bem desenvolvidos já no neonato sendo as sensações ainda de
forma aguda. Preferem gostos doces e amargos;
Com relação à audição já é capaz de distinguir fonemas e tem preferência pela voz da mãe;
O tato desenvolve-se muito cedo, já no período pré-natal, sendo a criança capaz de reagir ao
contato e às diferentes texturas e temperaturas desde o nascimento. Também é capaz de perceber
alterações de posição de seu corpo.
Com relação à movimentação pode-se dizer que inicialmente o bebê é bastante reflexivo e
com o desenvolvimento , crescimento e estímulos do meio passa a ser cada vez mais ativo, com
movimentação voluntária que vai se aperfeiçoando, até que com 1 ano a criança já apresenta
deambulação independente e fala.
Com relação as habilidades cognitivas entre 1 e 2 anos de idade a criança é capaz de colocar
um objeto dentro do outro (sob instrução verbal), enche e esvazia recipientes, empurra e empilha até
três cubos, rabisca papéis, retira pinos, identifica algumas partes do corpo, associa objetos iguais,
reconhece objetos e pessoas conhecidas, folheia livros e revistas, reconhece a si em fotos

02 ANOS

Com essa idade inicia a fase pré-operatória, onde o egocentrismo e o simbolismo estão
presentes. A criança, dentro de si mesma tenta aprender a diferença entre sim e não, entre quero e
não quero.
Estão no estágio inicial dos movimentos fundamentais: primeiras tentativas de desempenhar
uma habilidade fundamental restrita, embora sequencial; uso exagerado do corpo, com ritmo e
coordenação ainda deficiente.
Entre 2 e 3 anos, com relação às habilidades cognitivas a criança torna-se capaz de encontrar
objetos iguais, pode realizar atividades de encaixe (até 03 peças) e de quebra-cabeça (02 peças), imita
linhas verticais e horizontais, coloca miçangas num fio (até 4), empilha até 6 cubos, já pode relacionar
objetos de 3 dimensões, é capaz de nomear gravuras do seu cotidiano, dobra papel ao meio
(imitando), já tem noção de cores e de pequeno e grande.
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3 ANOS
As crianças com essa idade já são mais capazes de prestar atenção em outra criança,
compreendendo sinais. Estão numa fase de menor angústia e negativismo, o seu temperamento se tornou
uma parte segura e reconhecível da relação entre pais e filhos.
Aos 3 anos a criança percebe-se que pode provocar reações com sua fala. A fala, e o uso de
palavras com autoridade é crucial e embora muitas vezes as mesmas se angustiem para tentar terminar a
frase, não se deve intervir, mas sim deixar a criança se expressar.
Embora ainda não saiba ler um relógio, ela já experimenta alguma ideia de tempo dentro da sua
rotina: hora de acordar, hora do lanche, de almoçar... O tempo é portanto um relógio interno subjetivo e
variável dependendo da situação.
O aprendizado sobre espaço surge com 3 anos e meio. O espaço é organizado em torno do que
está dentro do alcance da criança. Há uma associação com o desenvolvimento da linguagem (sob, sobre,
abaixo, na frente...) e a noção de espaço.
Entre 3 e 4 anos as crianças se encontram no estágio elementar dos movimentos fundamentais, o
qual envolve maior controle e melhor coordenação rítmica dos movimentos; aprimoramento da estruturas
espaciais e temporais.
Cognitivamente a criança pode montar quebra-cabeças de até 5 peças, empilhar até 12
cubos/blocos, copiar cruz e desenhar círculos, distinguir figura/fundo, discriminar e nomear cores, assim
como formas, tamanhos e comprimentos, identificar várias partes do corpo, ter noção de leve e pesado,
vestir-se sozinha com mínima ajuda.

4 ANOS
A criança de 4 anos apresenta uma linguagem mais complexa, capaz de conduzi-la a
novas ideias, de articular frases inteiras para se expressar. Há novas satisfações emocionais,
percebendo a recompensa de estar crescendo. Começa a ter mais consciência de que é uma
criança pequena, que apresenta limitações frente ao mundo e por isso o usa da imaginação e
fantasia que permite construir um mundo só para ela, podendo levá-la também a ter medos e
sonhos ruins, frutos dessa imaginação (fase do faz de contas, do amigo imaginário...)
Cognitivamente entre 4 e 5 anos a criança torna-se capaz de exercer habilidades como:
identificar detalhes em objetos e desenhos, relacionar objetos no bidimensional, relacionar
objetos desenhados e em posições diferentes, ter noção de direita e esquerda em si, noção de
comprimento, conceito de cores, montar quebra-cabeça de 6 partes, sequencia lógica, contar
histórias conhecidas, cortar, pintar, colar, noção de tempo, compreende regras simples, realiza
laço com auxílio.
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5 ANOS

Aos 5 anos o pensamento mágico como forma de explicar o mundo acaba


desaparecendo, começam a perceber a diferença entre fazer e pensar. Os sonhos e
desejos começam a ser incorporados a pensamentos sobre a realidade, uma tomada de
consciência. O brinquedo toma uma forma de experimentar os pensamentos e desenhos
e de aprender, também utilizado pela criança como uma saída para os problemas
menores do dia-a-dia. Os jogos, na pré-escola surgem como forma de se estabelecer e
cumprir regras. A criança pode continuar com seus amigos imaginários.
Aos 5 anos a criança se torna consciente do efeito de suas ações sobre os outros e
SOBRE SI MESMA. Essa é a origem da responsabilidade e um pré-requisito para a
consciência. Também nessa fase percebe que os eventos acontecem independentemente
de seus desejos.
Com relação ao desenvolvimento motor, entre 5 e 6 anos ocorre o estágio maduro
dos movimentos fundamentais. Os movimentos são mecanicamente eficientes,
coordenados e controlados; as habilidades manipulativas desenvolvem-se um pouco mais
tarde em função das exigências visuais e motoras sofisticadas.

6 ANOS

Para a criança compreender a entrada no mundo real. Significa que a criança ultrapassa um
novo limiar e adentrar na primeira série. As diferenças de gênero são inconfundíveis e é instintivo, de
forma geral meninas são mais sociáveis, movimentam-se menos enquanto meninos são mais
agitados e com brincadeiras de luta.
Nessa fase as crianças estão aptas e ávidas por aprender, surgindo início da leitura e escrita. O
ambiente da escola propicia convívio e formas de relacionamento com a professora e com colegas. À
medida que a criança se torna mais independente a autoestima se torna um risco (aceitação,
comparação, avaliações e auto avaliação).
Nas habilidades cognitivas a criança torna-se capaz de conhecer direita e esquerda no outro à
sua frente, percebe e combina figuras abstratas, apresenta memória visual, descreve e interpreta
cenas, desenha figuras simples, demonstra análise e síntese, associa e produz símbolos abstratos.
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7 ANOS

A criança se encontra na transição do período pré-operatório para o período operatório,


segundo Piaget.
A primeira idade escolar caracteriza-se com o ingresso da criança na escola. As relações
com o ambiente são modificadas para a criança, pois passam do ambiente protegido do lar para
dedicar uma parte considerável do seu tempo à aprendizagem relacionada às atividades
escolares. O brincar sem orientação passa a ser subordinado a restrições temporais.
Com relação às habilidades motoras encontram-se no estágio transitório de movimentos
especializados: fase em que a criança de 7 ou 8 anos (aproximadamente) combina habilidades
motoras fundamentais ao desempenho de habilidades especializadas em todas as atividades; a
criança se mostra ativa na descoberta e na combinação de numerosos movimentos, sendo de
vital importância a ajuda no aumento do controle e da competência motora. Um enfoque restrito
(especialização em determinadas atividades) nessa etapa provocará efeitos indesejáveis nos
próximos estágios dessa fase.
A partir dos 7 anos a criança avança em idade e em desenvolvimento físico, seu potencial
de rapidez também aumenta, porém sem atuar de maneira a depreciar a precisão do gesto; os
movimentos se tornam integrados devido às frequentes repetições.

8 – 10 ANOS

O rápido crescimento da habilidade no decorrer da aprendizagem motora mostra-se, no aspecto


do desenvolvimento motor, entre os sete e dez anos de idade (sendo mais perceptível com oito e
especialmente nove anos), principalmente como resultado de uma educação que promove uma crescente
formação de processos motores determinados pelo objetivo de solução de tarefas de movimento. O traço
básico dominante nesta fase é a vivacidade ou flexibilidade expressa. As altas cotas de crescimento anuais
ocorrem no desenvolvimento da velocidade de movimento, de resistência, na habilidade de direção e na
combinação motora. Na habilidade de apresentação rítmica, em crianças não preparadas, verificam-se
progressos evidentes apenas na passagem do segundo para o terceiro ano escolar (nove – dez anos). A
flexibilidade desenvolve-se contraditoriamente e com diferenças individuais consideráveis nessa mesma
faixa etária. As capacidades de força desenvolvem-se insatisfatoriamente, sobretudo na força dos braços e
tronco os progressos são poucos, faltando ainda um fortalecimento objetivo e contínuo dos mesmos.
Aos oito anos verifica-se na criança um aumento na velocidade e leveza nos exercícios motores
delicados, os mesmos são rítmicos e controlados e a coordenação mãos-olhos é mais rápida e natural.
O período posterior da infância caracteriza-se por aumentos lentos, porém estáveis na altura e
peso, e por um progresso em direção a maior organização dos sistemas sensorial e motor, permitindo à
criança melhora na coordenação e no controle motor. Para esses autores, o período posterior da infância
corresponde a fase dos movimentos especializados, no qual os movimentos da vida diária em recreação e
na pratica esportiva
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PRÉ-PÚBERES E PÚBERES

Ocorre um estágio de aplicação de movimentos especializados (entre 11 e 13 anos),


aproximadamente, a criança toma decisões em relação à sofisticação crescente das suas
habilidades, empregando-as nas atividades de iniciação competitivas, sendo capaz de decidir
em que atividade tem maior satisfação e sucesso; essa é a época para refinar e usar
habilidades mais complexas em jogos, atividades de liderança e em esportes selecionados.
A flexibilidade tem um aumento até a idade de 12 anos, depois desta idade a
flexibilidade diminui.

PÚBERES

É um estágio de utilização permanente dos movimentos especializados: começa por


volta dos 14 anos de idade, continuando por toda a vida adulta, caracterizada pelo uso desse
repertório de movimentos adquiridos pelo indivíduo durante todas as outras fases
anteriores; vários fatores como: tempo disponível, dinheiro, equipamentos, instalações,
limitações físicas e mentais, etc.

LINGUAGEM

A aquisição da linguagem se desenvolve de forma progressiva, conforme Rosa Neto


(2002):
Pré-linguagem: (até os 12 meses): consistem nos primeiros sons, gritos e tentativas de
comunicação da criança com que estão ao seu redor. Dos 0 aos 5 meses é caracterizado
pelo “balbucio”; dos 6 aos 8 meses aparece a “ecolalia”, a partir daí começam emissões
de sons vocálicos e consonantais e aos 12 meses a criança já pode ser capaz de
reproduzir de 5 a 10 palavras.
Pequena linguagem: (até os 2 anos): o vocabulário da criança pode chegar ao número de
200 palavras. Começa uma organização linguística permitindo à criança pronunciar frases
alternativas, negativas, de ordens, de constatação e de interrogação. Se não estimulada
nessa fase pode persistir a “ecolalia” até os 3 ou 4 anos, representando atrasos no
desenvolvimento da fala.
Linguagem propriamente dita: (dos 3 aos 5 anos): período complexo onde a criança
chega a dominar 1.500 palavras chegando a construções cada vez mais semelhantes aos
adultos.
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CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET (TEORIA COGNITIVA)

“É adaptando-se às coisas que o pensamento se organiza, e é organizando-se que ele


estrutura as coisas”. (Jean Piaget).

Piaget foi o grande pioneiro da teoria cognitiva. Essa teoria focaliza principalmente a
estrutura e o desenvolvimento dos processos do pensamento do indivíduo e como estes
processos afetam a compreensão de mundo da pessoa, ou seja, compreensão das pessoas pela
descoberta do que elas pensam (BERGER, 2003).

Epistemologia Genética – como o homem constrói seu conhecimento?


Piaget também é denominado como um teórico construtivista. Para os construtivistas o
ser humano é biossocial, porque tanto questões do amadurecimento como ambientais estão
reciprocamente envolvidas nos processos de mudanças.

Para Piaget e seus seguidores o ambiente não influencia da mesma maneira as crianças.
As influências do ambiente depende do atual estágio de desenvolvimento que a criança se
encontra (COLE; COLE, 2004).

GÊNESE DO CONHECIMENTO

1 – Ação sobre o meio formando a realidade: O real é o mundo dos objetos e


acontecimentos, estruturado pela criança graças à aplicação de seus esquemas de ação –
propriedades do objeto, a regularidade da natureza e o alcance e os limites de suas ações em
relação ao seu mundo.

2 – A própria ação: Não é continuidade do conhecimento ou ponto final do conhecimento: A


ação é a primeira etapa para a fase da abstração reflexiva.

3 – O conhecimento é a estrutura da ação: O processo de cognição nada mais é que como a


criança aprende, conhece e atribui significado real. Caracteriza do processo cognitivo como
uma reequilibração com novas combinações, cujos elementos são retirados do sistema
anterior que se caracteriza como uma abstração reflexiva.

4 – A estrutura da ação é generalizante e antecipadora: A partir do aprendizado de qualquer


ação esta se reproduz sempre (a partir da recepção de uma bola, recebe-se qualquer objeto).
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Piaget também diz que todo conhecimento começa, tem


sua origem em uma ação – ação objetal.
O sujeito constrói um modelo (esquema, estrutura)
mental das ações – quebrar e recriar os objetos – realidade.
Para Piaget, a inteligência refere-se ao modo como o ser
humano constrói seu conhecimento e assim se adapta às
situações novas, onde para a criança ser capaz de fazer
abstrações, é necessário, entre outras coisas, que ela tenha
experiências concretas acerca das coisas, por isso o
movimento será de grande importância para a cognição
(ALVES, 2007).

FASES DO DESENVOLVIMENTO segundo Piaget citados por


Alves (2007) e Berger (2003):

SENSÓRIO – MOTOR: (0 a 2 anos) a partir de reflexos


neurológicos básicos o bebê começa a construir esquemas
de ação para assimilar o meio. A inteligência é prática. As
noções de espaço e tempo, por exemplo, são construídos
pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem
representação ou pensamento. O pensar e agir estão
estritamente ligados em si. Os objetos só podem ser
reconhecidos na medida em que o indivíduo pode lidar com
os mesmos, agindo.
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PRÉ-OPERATÓRIO (2 aos 7 anos): a criança se torna capaz de representar


mentalmente pessoas e situações. Já pode agir por simulação, “como se”. Sua
percepção é global, sem discriminar detalhes. É centrado em si mesmo (egocêntrico),
pois não consegue colocar-se abstratamente, no lugar do outro. O período pré-
operatório é caracterizado pela interiorização dos esquemas de ações construídas no
estágio anterior, aperfeiçoados e transformados em manipulações internas das
realidades, dando lugar, progressivamente à inteligência representativa. A criança
passa a atingir domínio do simbolismo, associando sempre um objeto a alguém ou a
alguma coisa. É este simbolismo que capacita a criança a desenvolver a linguagem
matemática e a linguagem verbal. O estágio em que a criança está muito voltada para
si mesma.

OPERATÓRIO: (7 a 11 ou 12 anos) nesta fase a criança é capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair
dados da realidade. É mais objetiva que intuitiva. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda
depende do mundo concreto para chegar a abstração. Desenvolve também a capacidade de refazer um
trajeto mental, voltando ao ponto inicial de uma determinada situação. A criança já consegue usar a lógica
para chegar às situações de maior parte dos problemas concretos. Entretanto sua dificuldade aumenta
quando se trata de lidar com problemas não concretos. A sequência da maturação e a influência do
ambiente físico e social levam a criança a uma importante acomodação: a operação. Mesmo que as ações
externas tenham grande importância neste estágio, a criança enriquece profundamente a capacidade de
ação interna. Uma das características da ação é a reversibilidade. A criança acompanha a ação com um
trabalho mental sendo capaz de tirar suas próprias conclusões. Neste estágio raciocina a partir de ângulos
diversos e está dentro do quadro geral de flexibilidade que caracteriza a inteligência operacional. É capaz
de colocar objetos em série, classificá-los, etc... O desenvolvimento ocorre a partir do pensamento pré-
lógico para as soluções lógicas de problemas concretos.
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FORMAL: (acima de 12 anos) a representação agora permite abstração


total. A criança não se limita mais a representação imediata, nem somente
as relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as
relações possíveis logicamente. A operação formal realiza-se através da
linguagem, sem relação necessária com o dado concreto, apenas através
do raciocínio. O indivíduo independe dos recursos concretos ganhando
tempo e aprofundando o conhecimento. O pensamento lógico já consegue
ser aplicado a todos os problemas que surgem, o que não significa que
todo adolescente é totalmente lógico nas ações.

CONTRIBUIÇÕES DE WALLON

Segundo Alves (2007) Wallon assim como Piaget, também dividiu em estágios o
desenvolvimento psicomotor, só que com outra abordagem:
Estágio impulsivo: impulsivo expressivo emocional (0-3 meses), dependência total em relação à
família. O bebê apresenta descargas ineficientes de energia muscular através de espasmos e
movimentos desorganizados.
Estágio emocional: (3 – 9 meses) a emoção é o meio de comunicação do bebê. É o período da
relação afetiva mais contundente desempenhando papel importante para a comunicação.
Estágio sensitivo-motor: (1 – 3 anos) a criança descobre o mundo dos objetos e com o simbolismo,
ela transforma o objeto em uma imaginação. Surge a marcha, a imitação e a linguagem são
ampliadas.
Estágio projetivo: (faixa etária aproximada não definida pelo autor) a criança age sobre o objeto,
projetando-se nas coisas para se perceber.
Estágio do personalismo: (3 anos até adolescência) há uma necessidade de a criança ser reconhecida
pelo outro e o caminho é a tomada de consciência de sua personalidade. Na participação em
diferentes grupos, ela assume vários papeis facilitando sua entrada no meio social
Estágio da adolescência: a afetividade será o centro de interesses e a maturidade virá com o acesso
aos valores sociais e morais, inicialmente abstratos numa preparação para a vida social do adulto.
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CONTRIBUIÇÕES DE VYGOTSKY (Teoria Sociocultural)


“A relação com o outro é a concepção capital na obra de Vigostsky, a lei genética que postula que
todo processo psicológico aparece duas vezes: primeiro em uma relação interpessoal, com domínio
compartilhado da realização do processo, depois como domínio intrapessoal” (CORAL, 2000)
Vygotsky defende o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-
histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento. Sua questão
central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio (BERGER, 2003)
Segundo Vygotsky, o ser humano nasce social e aos poucos, em contato com o outro, e com sua
cultura vai se individualizando. A educação para este autor se processa na relação social onde o educador
potencializa, aperfeiçoa o ser humano na própria relação da aprendizagem já que é nessa relação que ele
se constrói, ou é construído. Suas concepções fundamentam sua ideia de que as funções psicológicas
superiores (linguagem, memória) são construídas ao longo da história social do homem, em sua relação
com o mundo (ZACHARIAS, 2007).

O processo ontogenético de formação de conceitos foi


examinado e estudado por Vygotsky de maneira radical e inovadora,
sendo considerado um pioneiro na perspectiva sociocultural (BERGER,
2003) e suas investigações lhe permitiram identificar 3 grandes fases
no processo de desenvolvimento das formas superiores de
funcionamento mental humano, as quais percorrem uma trajetória
que começa com o pensamento sincrético até alcançar o pensamento
categorial (por conceitos) (ROSA, 2007).
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Primeira Fase – Agregação desorganizada, Amontoado, Sincretismo


ou Coerência Incoerente: O significado das palavras denota para o
sujeito apenas um conglomerado vago e sincrético de objetos
isolados, quer dizer, o sujeito confunde elos subjetivos com elos
reais entre as “coisas”. Objetos são agrupados sob o significado de
uma palavra que, embora de fato reflita alguns elos objetivos com as
“coisas” nomeadas, também refletem elos fortuitos relacionados com
as impressões subjetivas e percepções singulares do sujeito.

Segunda Fase – Pensamento por Complexos: Os objetos isolados


associam-se na mente da pessoa não apenas devido às impressões
subjetivas que podem eventualmente sugerir, mas, principalmente, por
causa das relações que, de fato, existem entre eles. Os elos são
necessariamente concretos e factuais. Num estágio mais evoluído dessa
mesma fase, a criança começa a se orientar por semelhanças concretas
visíveis e formar grupos de acordo com suas conexões perceptivas. Assim
a criança nesse estágio é capaz de agrupar animais em um grupo e as
plantas em outro. Esse estágio é denominado de Pseudoconceito.
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Terceira Fase – Pensamento por Conceitos: O sujeito é capaz de abstrair e isolar os


elementos que integram sua experiência, sintetizando-os abstratamente para uso
instrumental em novas situações concretas. O conteúdo das vivências da pessoa pode
começar a ser organizado de forma abstrata, se referência a quaisquer impressões ou
situações concretas.
Um dos maiores trabalhos desse autor seria a Zona de Desenvolvimento
Proximal – ZDP – definida como sendo a distância que existe entre o que o sujeito
consegue fazer sozinho e o que pode fazer ajudado pelo outro. Encontrar o ponto
em que a criança poderá resolver sozinha e começar a construir as respostas a outras
situações. Qualquer resposta mostra o caminho, à distância e a maneira de ensinar e
aprender (ALVES, 2007).

Piaget versus Vygotsky


Tanto Piaget como Vygotsky enfatizam que a aprendizagem não é passiva, mas
sim afetada por aquele que aprende (BERGER, 2003). Tanto o ponto de vista
construtivista de Piaget como culturalista de Vygotsky declaram que o indivíduo sofre
mudanças qualitativas no curso do desenvolvimento e depende da participação ativa
do indivíduo (COLE; COLE, 2004). Piaget coloca ênfase nos aspectos estruturais e nas leis
de caráter universal (de origem biológica) do desenvolvimento, enquanto Vygotsky
destaca as contribuições da cultura, da interação social e a dimensão histórica do
desenvolvimento mental. Mas, ambos são construtivistas em suas concepções do
desenvolvimento intelectual. Ou seja, sustentam que a inteligência é construída a partir
das relações recíprocas do homem com o meio (ZACHARIAS, 2007).
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Piaget Vygotsky
Aprendizagem ativa Participação orientada
Procura da criança por entendimento de O menor orientado na aprendizagem,
forma instintiva motivado pela interação social
Egocentrismo Aprendizagem no pensamento
O pré-escolar que tende a perceber as coisas O pré-escolar observa os outros para ter
limitando a sua própria perspectiva compreensão, principalmente no domínio
cognitivo
Estrutura Estrutura
Fase de suposições e modalidades mentais, Construção de blocos pela aprendizagem
onde estruturas são derrubadas e colocados pelo professor ou outro que “saiba
reconstruídas mais” ou pela cultura
Pensamento simbólico Desenvolvimento proximal
Habilidade de usar símbolos inclusive na Próximo passo da cognição no qual a criança
linguagem, surge aos 2 anos e persiste por aprende com auxílio influência pelos
toda vida. interesses como também pelo contexto social

CONTIBUIÇÕES DE GALLAHUE E OZMUN

Mesmo não sendo da área da psicomotricidade, esses dois autores apresentam contribuições
bastante significativas, quanto ao desenvolvimento motor, conforme resumo apresentado por Alves
(2007) das quatro fases de desenvolvimento conforme Gallahue e Ozmun:

1ª Fase – Motora Reflexiva: os reflexos consistiriam na base para as fases posteriores.


1 Estágio de codificação de informações (reunião): Atividade motora involuntária do período fetal até
aproximadamente o 4º mês; os centros cerebrais inferiores são mais desenvolvidos do que o córtex
motor, servem de meios primários pelos quais o bebê é capaz de reunir informações, buscar alimento
e encontrar proteção ao longo do movimento.

2 Estágio de decodificação de informações (processamento): começa aproximadamente no 4º mês de


vida; o desenvolvimento dos centros cerebrais inferiores inibe muitos reflexos, substitui a atividade
sensório-motora por habilidade motora-perceptiva, envolvendo o processamento de estímulos
sensoriais com informações armazenadas e não apenas reações aos estímulos. Os reflexos primitivos
serviriam como agrupadores de informações e mecanismos de sobrevivência; as reações posturais
auxiliariam nos mecanismos estabilizadores, locomotores e manipulativos.
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2ª fase – Movimentos Rudimentares: consiste na fase das primeiras formas de movimentos


voluntários observados desde o nascimento até, aproximadamente 2 anos de idade,
ocorrendo uma maturação sequencial que varia de criança para criança, depende de fatores
biológicos, ambientais e da tarefa. Representam as formas básicas de movimento voluntário,
ou seja, movimentos estabilizadores (obter o controle da cabeça, pescoço e músculos do
tronco), movimentos manipulativos (alcançar, agarrar e soltar) e movimentos locomotores
(arrastar, engatinhar e caminhar). Essa fase apresenta alguns estágios:

1 Estágio de inibição de reflexos: inicia-se com o nascimento e conforme o desenvolvimento


do córtex, os movimentos reflexos são inibidos dando lugar aos movimentos voluntários.
Apesar de objetivos, os movimentos rudimentares parecem descontrolados e grosseiros,
apresentam ainda uma falta de controle motor.

2 Estágio de pré-controle: a partir de 1 ano de idade a criança começa a ter maior precisão e
controle nos movimentos, principalmente devido ao processo de diferenciação entre os
sistemas sensorial e motor e a integração significativa e coerente de informações motoras e
perceptivas; ocorre aprendizagem da obtenção e manutenção do equilíbrio, manipulação de
objetos e a locomoção pelo ambiente, com certo controle e eficiência.

3ª Fase – Movimentos Fundamentais: Essa fase é consequência da fase de movimentos rudimentares. Nela
a criança está envolvida com a exploração e experimentação das capacidades motoras de seu corpo
ampliando movimentos estabilizadores, manipulativos e locomotores, primeiro isoladamente e depois de
modo combinado. Nessa fase alguns movimentos devem ser estimulados para o desenvolvimento dos
movimentos fundamentais: correr, pular (locomotores), arremessar e apanhar (manipulativos) e andar com
firmeza e o equilíbrio num pé só (estabilizadores). Essa fase também é subdividida em estágios.

1 Estágio inicial dos movimentos fundamentais: primeiras tentativas de desempenhar uma habilidade
fundamental restrita, embora sequencial; uso exagerado do corpo, com ritmo e coordenação ainda
deficiente.

2 Estágio elementar dos movimentos fundamentais: envolve maior controle e melhor coordenação rítmica
dos movimentos; aprimoramento das estruturas espaciais e temporais; idade aproximada entre 3 e 4 anos;

3 Estágio maduro dos movimentos fundamentais: desempenhos mecanicamente eficientes, coordenados e


controlados; esse período compreende os 5 ou 6 anos de idade (atingem o estágio maduro); as habilidades
manipulativas desenvolvem-se um pouco mais tarde em função das exigências visuais e motoras
sofisticadas; há necessidade de estimulação, encorajamento e ambiente favorável ao desenvolvimento.
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4ª Fase – Movimentos Especializados: Esse é o período em que as habilidades


estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente
refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente
exigentes; o tempo de reação, a velocidade, a coordenação, tipo de corpo, a altura
e o peso, os hábitos, a pressão do grupo social e a estrutura emocional são fatores
que podem determinar o desenvolvimento dessa fase. Ocorre em alguns estágios:

1 Estágio transitório de movimentos especializados: fase em que a criança de 7 ou 8


anos (aproximadamente) combina habilidades motoras fundamentais ao
desempenho de habilidades especializadas em todas as atividades; essa fase tem os
mesmos elementos da fase anterior, porém com precisão e controle maiores; a
criança se mostra ativa na descoberta e na combinação de numerosos movimentos,
sendo de vital importância a ajuda no aumento do controle e da competência
motora. Um enfoque restrito (especialização em determinadas atividades) nessa
etapa provocará efeitos indesejáveis nos próximos estágios dessa fase.

2 Estágio de aplicação de movimentos especializados: entre 11 e 13 anos,


aproximadamente, a criança toma decisões em relação à sofisticação
crescente das suas habilidades, empregando-as nas atividades de iniciação
competitivas, sendo capaz de decidir em que atividade tem maior
satisfação e sucesso; essa é a época para refinar e usar habilidades mais
complexas em jogos, atividades de liderança e em esportes selecionados.

3 Estágio de utilização permanente dos movimentos especializados:


começa por volta dos 14 anos de idade, continuando por toda a vida
adulta, caracterizada pelo uso desse repertório de movimentos adquiridos
pelo indivíduo durante todas as outras fases anteriores; vários fatores
como: tempo disponível, dinheiro, equipamentos, instalações, limitações
físicas e mentais, etc... interferem nesse estágio.
19/03/2023

ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR


O desenvolvimento psicomotor elabora-se desde o nascimento
e progride lentamente de acordo com a vivência e oportunidade que
a criança possui em explorar o mundo que a rodeia.
Segundo Le Boulch, o ser humano passa por três etapas em seu
desenvolvimento psicomotor, sendo importante ressaltar que cada
etapa possui aprendizagens próprias, em razão da evolução da
maturação da criança e sua idade cronológica.

1ª ETAPA – CORPO VIVIDO (até 3 anos de idade):


Ao nascer e até mais ou menos 3 meses de idade, a criança apresenta uma motricidade
reflexa e, pouco a pouco, vai inibindo seus reflexos arcaicos. Um bebê, à medida que cresce,
mediante um maior amadurecimento do seu sistema nervoso, vai ampliando suas experiências e
manipulando seu espaço.
Esta fase corresponde à fase da inteligência sensório-motora de Jean Piaget. É a fase a que
chamamos vivência corporal. Sua atividade é incessante espontânea. A criança aprende a manipular
objetos e a andar. Nesta fase, os elementos psicomotores e cognitivos caminham lado a lado, já que
um depende do outro. É a fase do conhecimento das partes do corpo.
Pouco a pouco, a maturação da preensão e da oculomotricidade vai facilitar um maior
domínio sobre o objeto e a criança coordenará melhor seus movimentos.
Ela se movimenta, mas sem analisar este movimento. Utiliza-se bastante da imitação para se
mover corretamente em seu meio ambiente e é pela prática pessoal, pela exploração que se ajusta,
domina, descobre e compreende o meio, coordenando suas ações. Este ajuste significa que a criança,
mesmo sem a interferência da reflexão, adapta suas ações às situações novas, isto é, desenvolve uma
das funções mais importantes que é a função do ajustamento.
Valendo-se da memória do corpo ela atinge a eficácia dos ajustamentos posteriores.
No final desta fase pode-se falar em imagem de corpo, pois o “eu” se torna unificado e
individualizado.
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2ª ETAPA – CORPO PERCEBIDO OU “DESCOBERTO” (3 a 7 anos)


O ajustamento espontâneo da primeira fase transforma-se em um ajustamento mais
controlado, embora a dissociação gestual ainda não seja boa. Isto quer dizer que a criança
passa a ter um maior domínio sobre o corpo. Ela aperfeiçoa a refina os movimentos
adquirindo uma maior coordenação dentro de um espaço e tempo determinados. Ela tem,
portanto, um maior controle do próprio corpo.
A criança consegue ajustar suas ações às situações e aos objetos, como por exemplo,
quando pega objetos pesados ou leves, ela regula a força necessária para cada um deles. A
criança também desenvolve uma percepção mais centrada em seu próprio corpo por meio
da maturação da função de interiorização.
A denominação das partes do corpo favorece a tomada de consciência que envolve
uma percepção de si mais acurada. Esta denominação é, pois, uma etapa importante na
representação mental do corpo. É também nesta etapa que a criança vai representar-se por
intermédio do desenho.
A criança não conhece somente as partes de seu corpo, mas também chega à
orientação corporal pela tomada de posição do corpo, associando-o aos objetos da vida
quotidiana. Isto possibilita a distinção das diversas orientações no espaço como, por
exemplo, a percepção da orientação das letras e palavras na escrita.

É nesta fase que a dominância lateral se instala e com ela


descobre seu eixo corporal. Passa a ver seu corpo como um ponto de
referência para se situar e situar os objetos em seu espaço e tempo.
Este é o primeiro passo para que a criança possa, mais tarde, chegar à
estruturação espaço-temporal (OLIVEIRA, 2010).
Por meio de seu eixo corporal a criança chega à representação e
à assimilação de conceitos tais como a duração dos intervalos de
tempo, de ordem e sucessão, isto é, o que vem antes, depois,
primeiro, último, os dias da semana.
Estes conceitos ainda estão muito centrados no próprio corpo.
No final desta fase – diz Le Boulch, citando Ajurianguerra – o nível do
comportamento motor, bem como o nível intelectual, pode ser
caracterizado como pré-operatório.
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3ª ETAPA – CORPO REPRESENTADO (7 A 12 ANOS)


Nesta etapa a criança chega a um espaço representativo, ela amplia e organiza seu
esquema corporal.
Na etapa anterior ela conhecia o ambiente por meio da percepção do próprio corpo.
Nesta fase ela não mais se centraliza, mas evolui para a descentralização, para a
representação mental de um espaço orientado que não toma mais somente seu corpo
como ponto de referencia, mas utiliza outros pontos de referências exteriores a ela.
Podem-se citar como exemplo as noções de direita e esquerda. Anteriormente ela
conhecia esses conceitos somente em função de seu corpo. Com 8-9 anos ela já consegue
distinguir essas noções em reversibilidade, isto é, face a face.
A partir de 10 anos a criança dispõe de uma imagem mental do corpo em movimento,
significando que atingiu “uma representação mental de uma sucessão motora”, com
introdução do fator temporal (LE BOULCH, 1984).
Ela adquire a noção de conservação das instâncias, das quantidades, das formas e é capaz
de situar as sequências lógicas do tempo mais elaboradas. É capaz também de trabalhar
em um espaço orientado. No final desta fase o nível motor da criança evolui possuindo um
domínio cada vez maior.

O desenho da figura humana torna-se mais elaborado, com mais


detalhes e mais próximos da visão do adulto. Ela consegue desenhar
esquematicamente as diferentes fases de um movimento, representa uma
cena vivida ou sonhada, mostrando as emoções e os sentimentos. Ela adquire
a capacidade de representar num desenho ou por meio de seu corpo os
sentimentos das personagens, numa visão descentralizada de si mesma.
Outro fator importante nesta fase que merece destaque é a passagem
da imagem de corpo de reprodutora para antecipatória, revelando um
verdadeiro trabalho mental em razão da evolução das funções cognitivas
“correspondentes ao estágio preconizado por Piaget de operações concretas”
(OLIVEIRA, 2010).
Esta capacidade de antecipação permite-lhe encontrar as soluções mais
rapidamente e a se organizar perante elas. Como exemplo podemos citar a
capacidade de prever onde a bola irá cair e adequar seus gestos para este fim.
19/03/2023

A imagem do corpo representando permite à criança de 12


anos “dispor” de uma imagem de corpo operatório que é o
suporte que a permite efetuar e programar mentalmente suas
ações em pensamento. Torna-se capaz de organizar, de combinar
as diversas orientações. Ela chega às noções de perspectiva.
A criança adquire o domínio corporal e consegue descobrir
qual é o caminho que permite melhorar ainda mais este
domínio prevendo suas características próprias.
Aos 12 anos adapta seu gesto às circunstâncias imediatas,
possuindo uma disponibilidade corporal que a torna capaz de
modificar seu gesto de maneira imediata, pois seu corpo deve
obedecer-lhe.

O desenvolvimento psicomotor está intimamente ligado à cultura do ser humano, embora haja
diretrizes essenciais e básicas neste processo, a evolução psicomotora em algumas regiões pode parecer e
caracterizar alguns atrasos, ou, ao contrário, uma rica plasticidade de movimentos e expressões. Isso é apenas
questão de estimulação ou não, dessa ou daquela cultura.
• Questões históricas: uso de cabeleiras brancas em séculos passados;
• Questões sexistas: direitos, padrões e comportamentos diferenciados dos sexos;
• Outras questões: econômicas, políticas, etc... (ALVES, 2007).
A psicomotricidade oferece neste sentido, uma visão sistêmica, holística em relação ao
desenvolvimento, discutindo-o como parte indivisível de uma estruturação do sujeito, dizendo que o sujeito
ou se estrutura ou não há sujeito (ALVES, 2007).
A observação psicomotora, em certa medida, quebra regras das observações neurológicas e
psicológicas clássicas, uma vez que se centra numa interação intencional e recíproca entre observador
(mediador) e o observado (criança), entendido como um ser humano único, holístico, sistêmico e evolutivo,
capaz de modificabilidade e adaptabilidade (FONSECA, 1995).

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