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A CRIANÇA PRÉ-ESCOLAR (3 AOS 6 ANOS DE IDADE)

Fase marcada pela ampliação dos relacionamentos sociais para o ambiente extrafamiliar, com
destaque para a vida de fantasia, a criatividade e a espontaneidade.

3 ANOS: Sobe escadas alternando os pés e permanece em pé, com os pés juntos, por 30s.
Realiza 2 ou mais atividades ao mesmo tempo (chuta a bola enquanto corre)
Constrói uma torre com 10 cubos, copia traços verticais, horizontais e cruzes, segura o lápis à maneira
dos adultos e maneja o mouse do computador em um jogo simples.
Usa bem a colher e coloca os próprios sapatos.
Interessa-se por instrumentos musicais simples, estando apta a distinguir notas, sons diferentes.
Totalmente treinada para o banheiro.
Prefere estar com outras crianças, é generosa e mais independente dos pais.

4 ANOS: Manifesta preferências por roupas e cortes de cabelo.


Anda na ponta dos dedos, alterna os pés para descer escadas e permanece em posição ortostática
com os pés juntos e os olhos fechados por 1 min.
Fica e salta em um pé só.
Coopera com outras crianças, realiza pequenas missões, lava e seco o rosto.

5 ANOS: Movimenta-se com confiança em todas as direções.


Sobe escadas colocando um pé em cada degrau e anda alternando os pés;
Abre uma das mãos, fechando a outra ao mesmo tempo, e toca o polegar com todos os outros dedos
da mesma mão.
Permaneça em pé, com um pé na frente do outro, por 10 s.
Andar de bicicleta.
Fala sem articulação infantil e orgulha-se de suas realizações, principalmente quando valorizadas pelos
pais, a quem imita e tenta agradar.
Possui habilidade sociais necessárias para a pratica de esportes e para frequentas a pré-escola.
Gosta de jogos associados, quem envolvem velocidade e desafios.
Faz laço no sapato e veste-se sozinha, brinca com roupas de adulto.
Aprende a escovas os dentes.
Conta uma história com início, meio e fim, nomeia e conhece as cores.

6 ANOS: Integrou a consciência dos dois lados do corpo, definindo o predomínio motor de um deles.
Há um equilíbrio suficiente para andar para trás e coordenação para alterar movimentos de mão e pé
direitos com os esquerdos.
Compreende, associa e manipula os fonemas (brinca de rimar), entende sinais escritos e os relaciona
aos sons ouvidos, aprende a ler e a escrever, a usar pontuação simples, amplia a persistência nas
tarefas e a curiosidade sobre o mundo.
Consegue fazer pequenas somas de cabeça e entende o conceito de par e ímpar.
Compreende melhor a diferença entre real e imaginário.
Controla bem os esfíncteres, veste-se e alimenta-se sozinha e domina suas lagrimas e ataques de
raiva.

ASPECTOS GERAIS
Mudanças físicas, com crescimento e amadurecimento neurológico.
Aquisição de habilidades relativas à linguagem e à socialização, aumentando a independência e a
capacidade de exploração.
Sentimentos como amor, infelicidade, ciúme e inveja, já são expressos no início dessa fase.
As emoções tornam-se mais estáveis, desenvolvendo-se a empatia, a vergonha e a humilhação. O
humor surge e se aprimora, favorecendo a aquisição de habilidade sociais, linguísticas, cognitivas e
físicas.
O pré-escolar adquire consciência da genitália e das diferenças entre os sexos, incrementa suas
fantasias sexuais e as dramatiza nas brincadeiras de médico e enfermeira.
Surgem o brinquedo cooperativo, construído com outras crianças, e a aquisição de um senso de
padrão social.

MOTRICIDADE
Na fase pré-escolar, o tempo de reação – período entre a percepção de um estimulo sensorial e a
execução de uma resposta motora – melhora substancialmente.
Desenvolve as relações de espaço, distância e altura em seu ambiente e elabora cada vez mais a
coordenação e o equilíbrio.

COGNIÇÃO
As regiões cerebrais associadas com o controle sensório-motor maturam antes das áreas associativas
que regulam o comportamento.
Ao longo da fase pré-escolar, a redução na densidade de neurônios e sinapses, o crescimento de
dendritos e o aumento no volume de substancia branca vão fracionando o funcionamento neural em
sistema finamente ajustados e independentes uns dos outros, melhorando a eficiência intelectual e
reduzindo a correlação entre as subcategorias da inteligência.
Não há um período de latência no funcionamento do lobo frontal, e sim um lento desenvolvimento.
Estágio pré-operacional por Piaget adquire a capacidade simbólica e aprende a distinguir a imagem
daquilo que ela representa.
O pensamento pré-operacional é estático: estados momentâneos são captados, mas não integrados.
Exemplo: achar que o balanço da arvore provoca o vento, e não o contrário.
No início dessa fase, os conceitos são guiados apenas pela percepção. Incapaz de compreender
conceitos abstratos, a criança não entende que seu pai está cansado quando ela própria não está.
Tampouco conceba a ideia do acaso, a fase dos “porquês”.
A atenção não contempla dois objetos de uma só vez. Exemplo: não compreende como uma bolinha e
uma tira de massa de modelar podem conter pesos iguais, nem como um copo alongado e outro
bojudo podem conter igual quantidade de líquido.
O pré-escolar não aprende fenômenos reversíveis, como agua que se transforma em gelo e que,
aquecida, volta à forma original.
Não há a compreensão de hora ou minuto.
Nessa fase existe o animismo, a criança crê que todas as coisas são vivas. Por exemplo: As nuvens
“choram”, os pássaros voam “porque gostam” e o sol tem “rosto”.
Uma vez que se considera agente causal de todas as coisas, o pré-escolar se culpa por conflitos
familiares ou eventos fora de seu alcance.
Apenas no final do período, em resposta à convivência com outras crianças, o pré-escolar entende que
a linguagem eficaz é imprescindível para o trato social e que seus conceitos não são comuns a todas
as pessoas.

LINGUAGEM
A criança acredita em seres a respeito dos quais só ouviu falar, tais como entidades cientificas
(germes e oxigênio) e seres imaginários cuja existência é socialmente ratificada (Papai Noel).

EMOÇÃO
Na teoria estrutural freudiana, o ego desenvolve-se dos 2 aos 5 anos, à medida que a criança
aprende a adaptar suas estratégias de gratificação instantânea. Por sua vez, o superego aparece
pouco antes da idade escolar, conforme a criança incorpora os valores dos pais e os costumes da
sociedade.
O pré-escolar encontra-se no estágio fálico, em que a erotização se localiza na região genital,
razão pela qual as crianças iniciam a masturbação.
Complexo de Édipo para denominar o conjunto de defesas inconscientes que a criança, em sua
fase fálica, desenvolve pela figura parental do sexo oposto. Entre os 3 e os 5 anos, ela vive uma
relação triangular com os pais, percebendo que eles têm uma relação à dois da qual está excluída.
Essa percepção gera sentimento de revolta, ciúme, agressividade e abandono, os quais se expressam,
por exemplo, em atitudes como querer dormir na cama dos pais, impedi-los de se aproximarem
fisicamente ou sentar-se no meio do casal. O menino manifesta um apego excessivo à mãe e encara o
pai como um rival, mas também como uma figura ameaçadora, com o poder de castrá-lo. Esse temor
leva à chamada renuncia edípica. Ao desistir da mãe, o menino se alia ao pai e se identifica com ele. O
poder do pai, seus valores e julgamentos morais servirão de base para a formação do superego
infantil.
Na menina, esse processo ocorre em duas fases: a 1ª, em torno dos 2 anos e meio aos 3 anos,
é semelhante à do menino, quando a mãe é o objeto de relação fálica-edípica e o pai, seu rival,
apesar de amado. Em torno dos 4 anos, transfere seu interesse da mãe para o pai. Quando isso
acontece, a mãe torna sua rival pela afeição do pai. Na visão de Freud, a menina responsabiliza sua
mãe pela ausência de pênis e, mais tarde, o desejo dela de ter um pênis é transferido para o desejo
de dar um bebê para seu pai.
A abordagem neofreudiana de Erik Erikson relativizou a centralidade do impulso sexual,
focalizando o surgimento gradativo de um senso de identidade. Para Erikson, o pré-escolar está no
estágio da “iniciativa x culpa”, caracterizado pela aquisição de novas habilidades: planejar, tomar
iniciativas na busca de determinadas metas e dominar melhor a linguagem. Culpa-se por seus desejos
e fantasias, e essa culpa é necessária, pois, sem ela, não há consciência ou autocontrole.
A consciência de que se é macho ou femea, de modo geral se consolida em torno dos 3 a 4
anos. Em termos emocionais, esse senso de pertencer a um sexo é valorizado, de forma que a criança
experimenta confiança e segurança de ser um menino ou uma menina.

PARTICULARIEDADES DO PERÍODO
DESENHO
As crianças desenham antes de saber escrever, sendo esta uma “linguagem elementar ou básica”.
Ao final da fase pré-escolar, espera-se que a criança desenhe uma figura humana completa, com
boca, olhos, nariz, tronco, pernas e pés.

BRINQUEDO
Brincar é um sinal de saúde mental da criança comparável ao trabalho do adulto.
A simbolização, base sobre a qual se constrói a criatividade humana, se estabelece antes do primeiro
aniversário, mas é durante a idade pré-escolar que a criança expressa suas fantasias com mais
liberdade.
O modo de pensar “faz de conta” permite a elaboração de aspectos desejados, proibidos ou
repudiados de si mesmo, de forma mais livre e menos conflituosa.
As crianças sentem-se impelidas a experiências genitais e as sublima por meio do brinquedo.

CHEGADA DE IRMÃOS
Luis Kancyper, psicanalista argentino, ampliou o conceito de complexo fraterno, não só como um
deslocamento defensivo do complexo de édipo, mas como o detentor de uma “especificidade
irredutível”, fantasia de duplicidade, bissexualidade e gemelaridade, fantasias fraticidas e furtivas.
Para o pré-escolar, a chegada de um bebê na família representa uma impactante mudança.
Representa a aparição de um “intruso” em um território já tido como conquistado, uma ameaça que se
estabiliza com o tempo. A criança experimenta um gama de sensações ambivalentes que vão desde
curiosidade, encantamento e interesse até raiva, ciúme, rivalidade e ressentimento, além do
aterrorizando medo de perder o amor de seus pais.

O INÍCIO DA SOCIALIZAÇÃO
Esta é a segunda maior transição na vida de uma criança, a primeira sendo o desmame.
A maneira de enfrentar a necessidade de maior independência e o afastamento inicial dos pais geral
diferentes graus de ansiedade. A maior parte dos pré-escolares tolera a separação durante o dia,
ainda mais quando já foram acostumados com esse afastamento desde muito pequenos. No entanto,
já os que expressam sua ansiedade, têm crises de choro e desenvolvem sintomas físicos. Há aqueles
também que regridem a comportamentos de quando eram mais novos, exigindo maior atenção,
mimos e cuidados em casa, para se certificarem de que não perderam o amor dos pais ou de que
estes não estão desapontados com seu afastamento.

Para Winnicott, as crianças inconscientemente sentem que os pais sabem que ela está gostando de
ficar distante deles, de estar na escola, aprendendo na companhia dos novos amigos. Assim, quando
retorna para casa, está assustada e desconfiada, pois acredita que os pais a amam e que os magoou
ao se sentir tão feliz quando estava longe deles.
Desenvolve capacidades de cooperação, de negociação e renúncia, de empatia, iniciando também os
vínculos de amizade.
Nessa fase são comuns os amigos imaginários. Normalmente esses amigos servem como satisfação de
desejos, bodes expiatórios, agentes de transferência de seus próprios medos e apoio em situações
difíceis. As crianças com amigos imaginário sabe distinguir a fantasia de realidade e normalmente são
mais alegres e imaginativas que aqueles sem amigos imaginários.

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