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SEMIOLOGIA e

ENTREVISTA
PSICOPATOLÓGICA

PROFa. MESTRA: CARLA NAYARA SOUZA


SEMIOLOGIA PSICOPATOLÓGICA

Semiologia médica: estudo dos sintomas e dos


sinais das doenças.

Semiologia psicopatológica é o estudo dos


sinais e sintomas dos transtornos mentais.
• Os signos de maior interesse para a psicopatologia:

- sinais comportamentais objetivos: verificáveis pela


observação direta do paciente;

- sintomas: vivências subjetivas relatadas pelos indivíduos,


suas queixas e narrativas, aquilo que o sujeito
experimenta e, de alguma forma, comunica a alguém.
• A semiologia pode ser dividida em duas grandes
subáreas: semiotécnica e semiogênese (Marques, 1970).

• Semiotécnica: refere-se a técnicas e procedimentos


específicos de observação e coleta de sinais e sintomas,
assim como da descrição de tais sintomas.

• Semiogênese: investiga a origem, mecanismos de


produção, significado, valor diagnóstico e clínico dos
sinais e sintomas.
SEMIOLOGIA
PSICOPATOLÓGICA
• Subjetividade: objeto de estudo da psiquiatria.

• A mente do entrevistador é o instrumento utilizado para


a detecção da doença mental.

• Analogia: EEM é o EFpsiquiátrico.


Consciência
Atenção
Orientação
FUNÇÕES Senso-percepção

PSÍQUICAS Memória
Afetividade e Humor
Vontade/Psicomotricidade/agir
Não existe funções psíquicas
isoladas. Pensamento
Linguagem
Juízo Crítico da realidade
Inteligência
Consciênc
-
ia
- Consciência, aqui, é: desperto, acordado, vígil, lúcido.
Reconhecer a realidade externa e interna e capacidade de responder estímulos.
- Grau de vigília em que a pessoa se encontra (consciência-coma)
Alerta: paciente num tom de voz normal, olhará para você, responderá completa e
adequadamente
Alterações:
•Obnubilação: Dificuldade em focar atenção e orientação. Sonolência não tão
evidente.
• Torpor/Estupor: grau de sonolência evidente.
• Sopor: apenas estímulos externos vigorosos e diretos são capazes de despertar o
paciente.
•Coma: estado de irresponsividade do qual não é possível despertar o paciente,
mesmo com estímulos dolorosos repetidos.
Atençã
- Designa capacidade de manter o foco em uma atividade.
o
Alterações:
VIGILÂNCIA- aspecto da atenção relacionado a mudança de foco, de um objeto para outro.
Hipervigilância: atenção exagerada a tudo que acontece.Ex.: toca telefone,
porta se fecha, luz pisca...
Hipovigilância: diminuição da capacidade de estar atento a novos estímulos.
Não se importa com nada.
TENACIDADE- capacidade de fixar e manter sua atenção sobre determinado estímulo, em um
tema da conversa ou em um campo de atenção.
Hipertenacidade: muita concentração. Ex.: jogando xadrez, fazendo um cálculo.
Hipotenacidade: parece não prestar atenção nas perguntas da entrevista, distrai
facilmente.
Outro:
 Desatenção seletiva: bloqueio somente de coisas que geram ansiedade.
Orientaçã
Capacidade da o
pessoa situar-se com relação a si
mesmo e ao meio ambiente, no tempo e espaço.

Autopsíquica

Alopsíquica
Orientação
• Autopsiquicamente
Informar correto seu nome, data do nascimento,
Si mesmo profissão, estado civil. Pode ser conferido com o
que a família havia dito.
Identifica familiares e amigos próximos, reconhece
Demais pessoas equipe que o atende.

• Alopsiquicamente
Paciente sabe a hora do dia, turno do dia, dia da
tempo semana, mês e ano está.

Sabe onde se encontra(hospital...), endereço,


espaço cidade, estado, país.
Senso-
percepção
- Capacidade de interpretar os estímulos que se apresentam aos órgãos
do sentido.
Alterações:
 Ilusão: interpretação perceptual alterada, resultante de um estímulo
externo real;
Alucinações: percepções sensoriais falsas não associadas com estímulos

reais externos;

Auditivas Visuais Olfativas Táteis Gustativas


(ouvem vozes) (cheiros) (picada de insetos)
Senso-percepção

Outros tipos de alterações:

Despersonalização: sensação de estranheza, como se seu


corpo, ou parte dele, não lhe pertencessem, ou fossem
irreais.
Ex.: corpo mudando/orgãos derretendo.

Desrealização: sensação de que o ambiente é estranho ou


irreal; um sentimento de realidade alterada.
Ex.: realidade estranha, distorcida.
Memória
- Capacidade de codificar, armazenar e evocar as experiências, impressões e
fatos que ocorrem em nossas vidas.
- tipos: pode está PREJUDICADA ou PRESERVADA.
Remota: capacidade de recordar-se de dias, meses e muitos
anos. Ex.: Qual era seu endereço quando você estava na 3a série?
Quem era o seu professor?
Recente: capacidade de recordar-se de poucos minutos até 3 a
6 horas. Ex.: O que você comeu no café da manhã?
O que você estava fazendo antes de começarmos a conversar?
•Imediata: capacidade de reter-se material de poucos segundos
até 1 a 3 minutos. Deverá ser pedido que repita palavras não
relacionadas.
-Ex.: pente, rua e azul/ numero de um telefone/
-Repita os números comigo: 1, 4, 9, 2, 5.
Afeto
-Tonalidade sentimental associada com uma idéia.
- Pode ser observado no momento da avaliação- através da
mímica facial, movimento do corpo e ritmo da voz.

eutímico: condição normal, o tom emocional associado com a idéia, pensamento


ou fala que o acompanha.
ALTERAÇÕES:
 disfórico: estado de ânimo desagradável. Ex.: TPM
 irritável: facilmente provocado até raiva.
 Embotado: severa redução na intensidade do tom de sentimento
externalizado(mímica facial e corporal monótona).
 Lábil: mudanças bruscas e rápidas no tom emocional. Facilidade para mudar
estado afetivo. Ex.: ri/chora
Humor
- Estado emocional mantido.

ALTERAÇÕES:
 H. expansivo: expressão dos sentimentos sem restrições.
 H.triste: sentimento patológico de tristeza.
•H. culpado/ansioso
 H. Alexitimia: incapacidade ou dificuldade para descrever ou
conscientizar-se das próprias emoções.
H. Anedonia: perda do interesse ou prazer em atividades

anteriormente prazerosas. Ex.: não gosta do que antes
gostava.
Vontade/Psicomotricidade/agir
- Comportamento e atividade motora do indivíduo: atitudes, gestos, tiques.
Alterações:
 Catatonia: inclui sintomas de estupor com uma série de outros
sintomas: catalepsia, flexibilidade cerácea, mutismo, negativismo,
esteriotipias, ecolalia, ecopraxia, etc.
• Catalepsia: posição imóvel mantida; Ex.: apesar de
não querer.
 Postura catatônica: manutenção voluntária de uma
postura imprópria/bizarra; Ex.: quer ficar parado.
 Flexibilidade cerácea: manutenção de posturas
impostas por outro; A pessoa pode ser “moldada” na
posição que se encontra.
 Negativismo: resistência imotivada a todas as
tentativas de movimentação ou às instruções dadas;
Ex.: não dobra o braço, mesmo tentando.
Vontade/Psicomotricidade/agir
 Obediência automática: paciente obedece automaticamente,
como um robô teleguiado, às solicitações de pessoas.
 Cataplexia: perda abrupta do tono muscular. Ex.: desmaio, queda.
 Estereotipias: repetições automáticas e uniformes- balanços pra
frente e para trás, fazer caretas;
Maneirismos: tipo de estereotipia com movimentos bizarros e
repetitivos.
Exs.: paciente pega a colher de modo muito próprio e realiza gestos
bizarros para levar o alimento à boca.
Gesticular, faz caretas, encolher os ombros de modo peculiar, fazer
rodopios com as mãos e movimenta a cabeça de forma afetada.
Saudar 3x antes de entrar numa sala, andar ao redor da cadeira.
 Tique: atos coordenados, repetitivos.
Ecolalia: repetir últimas palavras ou sílabas do entrevistador;
Ecopraxia: imitação patológica dos movimentos;
 Ataxia: fracasso da coordenação muscular. Ex.: bêbado
 agitação psicomotora é uma das mais comuns. Implica a aceleração
e a exaltação de toda a atividade motora do indivíduo;
 Acatisia: sentimento subjetivo de tensão muscular; Necessidade de
movimentar-se.
 Compulsão: impulso incontrolável para realizar um ato
repetitivamente:
cleptomania, ninfomania (na mulher),
satiríase (no homem), tricotilomania.

• Comportamentos bizarros: de acordo com a cultura- revirar lixo,


trocar-se dentro do guarda roupa, comer ovos crus...
 Tremores.
Pensament
-Atividade de suceder idéias através da linguagem.
o
Forma do Pensamento: organização formal
do
pensamento, sua continuidade e eficácia em
atingir um determinado objetivo. Refere-se à
estrutura do pensamento.
 Como o pcte exprime pensamento

Conteúdo do Pensamento: refere-se ao que uma


pessoa está pensando: idéias, crenças,
conceitos, preocupações.
O que ele exprime
Alterações da FORMA do Pensamento:
 Circunstancialidade: Inclusão exagerada de detalhes triviais ou irrelevantes que
impedem de se chegar à questão.
 Tangencialidade: Quando questionado, o paciente dá uma resposta que é
apropriada para o tópico geral, sem, de fato, responder à pergunta. Exemplo:
Médico: “Você tem tido problemas para dormir ultimamente?”
Paciente: “Normalmente durmo na minha cama, mas tenho dormido no sofá”.
 Perseveração: Repetição de palavras, expressões e ideias fora do contexto;
apego a um termo.
 Neologismo: criação de palavras novas, geralmente por uma combinação de
outras; Ex.: caneta+lápis
 Pensamento incoerente: perda na associação lógica em uma sentença (ou entre
sentenças); várias palavras, sem significado.
 Salada de palavras: mistura incoerente de palavras e frases;
Bloqueio de pensamento: interrupção súbita no curso do pensamento, antes do
seu término.
Alterações do CONTEÚDO do Pensamento:

 Idéias prevalentes ou sobrevaloradas: crença falsa e


irreal, porém sustentada com menor firmeza que no delírio;
consegue que a pessoa pense o contrário.

 Delírios: crenças que refletem uma avaliação falsa da


realidade, não compartilhadas por outros membros do grupo
sócio-cultural do paciente e das quais não pode ser
dissuadido(afastado), através de argumentação contrária, lógica
e irrefutável;
Delírios
Bizarros: crença falsa/absurda/estranha. Ex.: atravessar parede.

Sistematizados: relacionados a um único tema, mantendo uma lógica interna. Bem


organizados, com histórias ricas, consistentes.

Não-sistematizados: vários temas, mas desorganizados e pouco convincentes.


Frequente em indivíduos com baixo nível intelectual.

Persecutórios: idéia de que está sendo atacado, prejudicado, perseguido ou vítima


de conspiração;

Referência: atribuição de um significado pessoal a observações ou comentários


neutros. Ex.: alguém conversa, acha que o assunto é sobre ele;
vê referência sobre si na TV ou jornais.
Grandeza: concepção exagerada de própria importância, poder ou identidade;
Ex.: sou Deus, rico, Rainha. Pensar que é rica, nobre.

Inserção do pensamento: crença de que pensamentos são colocados na sua


cabeça. Ex.: palavras vindas de Deus.

Roubo do pensamento: crença de que os próprios pensamentos foram


removidos da sua mente.

Irradiação do pensamento: crença de que seus pensamentos podem ser ouvidos


por outras pessoas. Ex.: pessoas sabem o que pensa.
de Ciúmes: acredita na infidelidade do parceiro; Em
geral, é extremamente ligado e emocionalmente
dependente do ser amado.

de Culpa: acredita ter cometido falta ou pecado


imperdoável.
Ex.: arruinado sua família;

Erotomania: Ocorre mais entre mulheres. Afirma que


uma pessoa, geralmente de destaque social (um
artista ou cantor famoso, um milionário, etc.) ou de
grande importância para o paciente (o médico ou
psicólogo que o trata), está totalmente apaixonada.
Linguagem
Meio de comunicação verbal entre as pessoas.
Idéias, pensamentos e sentimentos expressados através da fala.
Por meio do discurso (linguagem) avalia-se o pensamento.
- Fala espontânea
• Alterações da fala:
Fala não-espontânea;
Pobreza na fala: restrição, monossilábica.
Pobreza do conteúdo da fala: fala muito, mas as informações são vagas.
Mutismo; Ecolalia;neologismo
Volume da fala (aumentado ou diminuído);
Defeitos da verbalização: gagueira, disartria;
Fluxo diminuído ou bradilalia- fala lenta; OU Fluxo aumentado ou logorréia ou taquilalia – fala
rápida;
Coprolalia : palavras obscenas vulgares.
Solilóquios
mussitação
Juízo crítico da
-Capacidade
realidade
de se ter as ações determinadas por uma
avaliação coerente da realidade.

- Ter juízo crítico significa poder distiguir a realidade externa


do mundo interno e subjetivo, separar seus próprios
sentimentos e impulsos.

Por exemplo:
-- decisões determinadas por delírios ou alucinações.

PREJUDICADO ou PRESERVADO
Inteligência
• Capacidade de assimilar conhecimentos,
compreender, raciocinar, traduzir abstratos para o
concreto.

• Melhor forma de avaliar é fazer testes.

• Pode coletar informações sobre rendimento escolar


do paciente, conhecimentos gerais, riqueza de
vocabulário, interpretação de
provérbios(capacidade de abstração).

Ex.: como vai? Reposta- BEM ou


vou de bicicleta.
Entrevista
Psicopatológica
• A entrevista psicopatológica permite a realização dos
dois principais aspectos da avaliação:

- Anamnese, ou seja, o histórico dos sinais e dos


sintomas que o indivíduo apresenta ao longo de sua
vida, seus antecedentes pessoais e familiares, assim
como de sua família e meio social.
- Exame psíquico, também chamado exame do estado
mental (EEM) atual.
Entrevista PSICOPATOLÓGICA:
Fornece os dados necessários à História Clínica
Psiquiátrica e ao Exame do Estado Mental;
Possibilita a realização de um diagnóstico psiquiátrico
correto e o estabelecimento de uma terapêutica adequada;
Através da entrevista, tem início o contato, o vínculo, o
relacionamento entre profissional e paciente, que será de
fundamental importância no tratamento deste.
Variáveis que influenciam o curso da
entrevista psicopatológica
• Variáveis do entrevistador: crenças, valores, estado emocional
no momento da entrevista; modo de formulação das
perguntas, tom de voz, gestos ou até mesmo um olhar;
• Variáveis do paciente: procurou ajuda espontaneamente ou foi
levado contra a vontade; sintomatologia apresentada;
• Interação entrevistador-paciente: simpatia ou antipatia;

• Variáveis do ambiente: local e duração da entrevista,


condições de privacidade.
• Participação de familiares.
DEVE-SE EVITAR SEMPRE:
• Posturas rígidas
• Atitude excessivamente neutra ou fria
• Reações exageradamente emotivas
• Comentários valorativos ou julgamentos
• Reações emocionais intensas de pena ou compaixão
• Responder com hostilidade ou agressão
• Entrevistas prolixas (longas)
• Fazer muitas anotações
• Evitar por ques???
Tipos de entrevista
• Aberta: o entrevistador não segue um roteiro rígido e pré-
determinado, permitindo que o entrevistado fale o mais
livremente possível, determinando o curso da entrevista.
• Estruturada: a forma como se obtém as informações, a
sequência de perguntas e o registro dos resultados são pré-
determinados.
• Semi-estruturada: têm nível de estruturação maior ou menor,
dependendo da entrevista, mas permitem certa flexibilidade na
seqüência e/ou forma de formular as perguntas.

OBS.: As entrevistas psiquiátricas habituais: semi-estruturadas.


Tópicos a serem avaliados

• História Clínica Psiquiátrica


• Exame do Estado Mental (exame psíquico)
COMEÇANDO A ENTREVISTA
• Proporcionar ambiente confortável, seguro...assegurar a
privacidade, o sigilo, confidencialidade.

• Primeiro: sua apresentação (nome, S/N profissão, razão da


entrevista).

• Pode começar tipo:


- “Em que posso ajudá-lo?”
- “O que o trouxe a essa consulta?”
- “Você pode me dizer com suas próprias palavras o que o trouxe aqui hoje?”

• Atento: paciente diz e o que faz enquanto diz.

• Duração média da entrevista: torno de 50 minutos.


CONDUZINDO A ENTREVISTA
• Perguntas claras, de modo a facilitar a compreensão do
paciente (Terminologias tecnicista).

• Entrevista estruturada deve ser evitada.

• O examinador dever adaptar a entrevista ao paciente e não


o paciente à entrevista.

• Deve ser dinâmica e flexível;

• Evitar interpretação precoce dos dados.


CONCLUINDO A ENTREVISTA
• Anotações devem ser feitas desde o princípio, de
modo a não interferir com o curso do exame e
observação do paciente.

• S/N anotações- ficar para o final.

• Geralmente uma única entrevista não é suficiente.

• Complementações- familiares e pessoas próximas


são de excelente serventia.

• Sempre: Respeitar o paciente.


História Clínica Psicopatológica
(Estrutura da Anamnese Psicopatológica)

1-Identificação: nome, sexo, idade, estado civil,


grupo étnico, procedência, religião, profissão.

Ex: M.S católica,32 anos,viúva, parda, desempregada, vive


com uma irmã, no momento da entrevista contida nas
4 extremidades, na presença de 2 membros da equipe e
1 policial, a mesma ocorreu no pavilhão do nosocômio
que estava internada, sendo esta a sua 23 internação.
Os dados foram colhidos com auxilio da irmã e do
policial que a trouxe”.
História Clínica Psiquiátrica
(Estrutura da Anamnese psiquiátrica)
2- Queixa Principal – origem e motivo do
encaminhamento: breve descrição do problema
atual (nas palavras do paciente).
Ex: “Eu estava me sentindo muito deprimida e pensei
em suicídio.” ou “Eu estou escutando vozes e vendo
vultos”.
“Os números da placa de todos os carros na rua me
enviam mensagens secretas sobre um complô para
assassinar o presidente . Não há nada de errado
comigo, ela que é louca.”
História Clínica Psiquiátrica (Estrutura da
Anamnese psiquiátrica)

3- História da Moléstia Atual (HMA): início e


evolução da doença, fatores precipitantes,
gravidade. Descrição dos sintomas, freqüência,
duração e flutuação dos mesmos.
História Clínica Psiquiátrica (Estrutura da
Anamnese psiquiátrica)
4- Antecedentes – História Médica e Psiquiátrica: descrição das
doenças, cirurgias e internações. Verificar estado atual de saúde,
mudanças de peso, sono, hábitos intestinais e problemas
menstruais. Verificar atendimentos e tratamentos psiquiátricos
prévios. Uso de medicamentos (tipo e dose).
5-Antecedentes – História Pessoal:
a) História pré-natal/nascimento(gestação/parto);
b) Infância(vida escolar, temperamento, medos) e
desenvolvimento(motor, linguagem, aprendizagem);
c) Adolescência(escola, profissionalismo, relacionamentos,
sexualidade, menarca, namoro, uso de drogas/alcóol);
d) Idade adulta( trabalho, vida familiar, sexualidade,
relacionamentos, situação sócio-econômica)
História Clínica Psiquiátrica (Estrutura da
Anamnese psiquiátrica)
6. Antecedentes – História Familiar: colher informações
sobre pais e irmãos, problemas de saúde, adoção, suicídio,
observar ambiente familiar,.
7. Personalidade Pré-Mórbida: descrição do modo de ser
habitual do paciente (preocupações excessivas com
ordem, limpeza e pontualidade, humor habitual,
capacidade de expressar os sentimentos, nível de
desconfiança, capacidade para executar planos e projetos,
etc.)
8. Exame Físico: rotina(separar condição orgânica ou
psiquica)
Exame do Estado Mental
Avaliação do funcionamento mental do paciente, no momento
da entrevista.

Apresentação Geral: Aspecto geral e comunicação não verbal:


cuidado pessoal, higiene, trajes, postura, mímica, atitude
global do paciente

Nível de Consciência: registrar o nível de consciência (alerta a


coma). Ver alterações.
Orientação:

I) Autopsíquica II) Alopsíquica


Atenção e Concentração: capacidade de focalizar e
manter a atenção em uma atividade. Ver alterações:
hipervigilância, desatenção seletiva.

Memória: remota, recente e imediata.

Senso-Percepção: Avaliada através dos relatos e da


observação do comportamento do paciente.
Despersonalização, desrealização, ilusão,
alucinações (auditivas, visuais, táteis, olfatórias e
gustativas).
Linguagem e Pensamento:

a) Características da fala: ex.: espontânea ou não, volume


da fala, defeitos na verbalização.

b) Progressão da fala: ex.: quantidade e velocidade da fala.

c) Forma do pensamento: ex.: tangencialidade,


perseveração.

d) Conteúdo do pensamento: ex.: delírios.

Juízo Crítico da Realidade: capacidade de se ter as ações


determinadas por uma avaliação coerente da realidade.
Afeto e Humor:

afeto – avaliar expressividade, intensidade, duração,


flutuações;

humor – tonalidade do sentimento mantido durante a


entrevista.

Psicomotricidade: comportamento motor, deambulação,


gesticulação, agitação ou retardo motor, tremores,
acatisia, tiques, catatonia...
Capacidade intelectual: estimativa do
nível de desempenho intelectual
esperado (escolaridade; nível sócio-
cultural), vocabulário, capacidade de
abstrair, articular conceitos.
Ex.: como vai?
*Também nos quadros afetivos (mania,
principalmente).
**Também nas psicoses
QUADRO: FUNÇÕES PSÍQUICAS NO EXAME DO ESTADO MENTAL ATUAL

FUNÇÕES MAIS AFETADAS NOS TRANSTORNOS PSICO-ORGÂNICOS


Nível de consciência
Atenção*
Orientação
Memória
Inteligência
Linguagem**

FUNÇÕES MAIS AFETADAS NOS TRANSTORNOS DO HUMOR E DA PERSONALIDADE


Afetividade
Vontade
Psicomotricidade

FUNÇÕES MAIS AFETADAS NOS TRANSTORNOS PSICÓTICOS


Sensopercepção
Pensamento
Juízo de realidade
Sistemas de Classificação
-Distinguir um diagnóstico psiquiátrico de outro.
-Proporcionar linguagem comum entre os profissionais de saúde.

CID-11 DSM-V
(American
(OMS) Psychiatric
Association)
MODELO DE ANOTAÇÃO
----/---/---(data): Paciente consciente, calma, higiene regular.
Orientada autopsiquicamente e desorientada
alopsiquicamente (tempo e espaço). Fala espontânea, pobreza
na fala. Apresenta hipotenacidade, tangencialidade,
alucinações auditivas(“escuto vizinho me chamar a noite”),
despersonalização (não reconhece sua arcada dentária como
sendo sua). Afeto embotado, humor anedônico, memória
recente e imediata preservadas e memória remota
prejudicada, acatisia. Sem queixas álgicas. Acd. de
enfermagem XXXXXXXXXXX.

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