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- Funções Psíquicas -

Exame do Estado Mental


(EEM)
Enfª Me. Raquel Mori Pires de Camargo
Enfª Dr.ª Aline Buriola
FUNÇÕES PSÍQUICAS

• Conjunto de áreas distintas da atividade mental dos


seres humanos, que interagem entre si, possibilitando
o indivíduo perceber o mundo externo e interno, de
forma consciente ou inconsciente.
• São elas:
– Consciência, orientação, memória, atenção,
sensopercepção, inteligência, afeto e humor, pensamento,
juízo crítico, conduta e linguagem.
Como podemos avaliar as funções
psíquicas?

Através do Exame do Estado


Mental (EEM)!
EXAME DO ESTADO MENTAL – EEM
• É a pesquisa sistemática de sinais e sintomas
referentes às ALTERAÇÕES do funcionamento mental;

• É feito através de OBSERVAÇÃO e coleta de dados


(com a própria pessoa ou outros informantes);

• Fundamental para um planejamento adequado dos


cuidados a serem implementados.
EXAME DO ESTADO MENTAL – EEM
• É um processo dinâmico:
– Pode se alterar com frequência.

• Importante:
– Fazer a nossa apresentação e explicar o objetivo
da entrevista;
– Estabelecer uma relação de confiança.
EXAME DO ESTADO MENTAL – EEM

• Coleta de dados:
– Identificação;
– História de vida (dados psicossociais) e familiar;
– Queixa principal;
– História pregressa de doença mental (se houver).

• A partir daí, iniciar a avaliação propriamente


dita.
APARÊNCIA

• É a impressão geral que a pessoa transmite;


• Avaliar:
– Estado de higiene;
– Vestimentas;
– Atitude;
– Condições físicas;
– Atividade psicomotora e comportamento.
Alterações da Aparência
• Postura:
– encurvada, expansiva, adequada;
• Roupas:
– coloridas, extravagantes, escuras, adequadas ou não ao
clima/temperatura;
• Idade:
– parecer mais novo ou mais velho;
• Contato visual:
– olha nos olhos, desvia o olhar;
CONSCIÊNCIA
• É o estado de lucidez ou alerta que a pessoa se encontra:
– Está acordado ou não? Quanto?
• Avaliar as reações frente aos estímulos;
• Alterações:
– Obnubilação/sonolência
• Diminuição da consciência
– Confusão
• Quando não responde adequadamente
– Estupor
• Diminuição profunda da consciência, sem comunicação
– Coma
• Ausência de consciência
– Hiperalerta
• Excesso de atividade
Alterações da Consciência:
Transtornos mais comuns
• Obnubilação:
– TCE, quadros infecciosos, efeitos de substâncias;

• Confusão:
– Pode acontecer na fase aguda de quase todas as doenças
mentais;
– Também em quadros tóxicos (uso de substâncias), de
infecção, trauma ou situações de estresse;

• Estupor:
– Esquizofrenia catatônica, intoxicação, depressão profunda
quadros orgânicos.
ATENÇÃO
• Dimensão da consciência que designa a capacidade
para manter o foco em uma atividade;
• Avaliar:
– Vigilância: manter o foco nos estímulos;
– Tenacidade: manter o foco em uma tarefa;
– Concentração: atenção voluntária em atividade mental.
• Como avaliar:
– Observação
– Testes:
– Pedir à pessoa que faça um sinal toda vez
que você disser o número 3, durante uma
sequência de números;
• Pedir à pessoa que faça subtrações simples;
ORIENTAÇÃO
• Capacidade do indivíduo de situar-se no tempo,
espaço ou situação e de reconhecer sua própria
pessoa, os outros e o ambiente;
• Avaliar:
– Orientação têmporo-espacial ou
Alopsíquica:
• Sabe ONDE está; o DIA...
– Orientação Autopsíquica:
• Informações sobre si mesmo;
ATIVIDADE INTELECTUAL

• Capacidade de uma pessoa de assimilar conhecimentos,


relacioná-los e integrá-los aos conhecimentos já adquiridos;
• Raciocínio lógico e abstrato;

• Resolução de coisas novas com êxito;


• Pode ser avaliada por meio de testes de inteligência, mas
deve-se considerar os vários tipos de inteligência, além de
aspectos culturais.
MEMÓRIA
• Capacidade de registrar, reter, evocar e reconhecer
objetos, pessoas, experiências ou estímulos
sensoriais;
• Tem relação com as emoções:
– Nos lembramos daquilo que é/foi importante
(positivamente ou negativamente)
• Avaliar a memória:
– Imediata;
– Recente;
– Remota;
• Alterações: AMNÉSIA.
LINGUAGEM
• É a maneira como a pessoa se comunica;
• Avaliar quanto:
– À forma;
– Ao conteúdo;
– Ao grau de comunicação.
• Transtornos mais comuns:
– Síndrome Gilles de La Tourette
– Esquizofrenia
– Mania
LINGUAGEM - Alterações

Disartria Bradilalia
Gagueira

Taquilalia Mutismo
Afasia

Logorréia Neologismos
Coprolalia ou
vulgaridade
SENSOPERCEPÇÃO
• Capacidade de perceber e interpretar os estímulos que se apresentam
aos órgãos dos sentidos: audição, visão, olfato, paladar e tato;
• Avaliar a presença de:
• ILUSÕES:
– Distorção de situações/objetos reais
• ALUCINAÇÕES:
– Produção da mente de situações/objetos
– Tipos:
• Auditivas
• Visuais
• Táteis
• Olfativas
• Vestibulares
• Cenestésicas (órgãos do corpo)
• Cinestésicas (movimento)
• Entre várias outras...
SENSOPERCEPÇÃO

• Avaliar a presença de:

• DESPERSONALIZAÇÃO:
– alteração na percepção de si próprio, manifestada
por sentimentos de estranheza ou irrealidade.
• DESREALIZAÇÃO:
– alteração na percepção do meio ambiente.
AFETO E HUMOR

• AFETO é a expressão de uma emoção.


– Manifestações externas dos sentimentos.

• HUMOR é o estado emocional predominante:


– Dados subjetivos (relatados pela pessoa)
– Dados objetivos (observados pelo profissional)
– É uma experiência interna.

• A avaliação é feita ao longo da entrevista e acompanha


reações comportamentais;
Alterações do Afeto e do Humor
• Eutimia: humor adequado, sem alterações
• Labilidade emocional:
– Alterações rápidas de afeto e humor, sem razões aparentes.
• Incontinência emocional:
– Incapacidade de conter as emoções.
• Indiferença afetiva
• Afeto embotado:
– Redução significativa da intensidade de demonstração.
• Afeto congruente ou incongruente ao humor;
• Mania ou hipomania:
– Humor muito exaltado ou acima do adequado;
Alterações do Pensamento
• Curso:
– Pensamento lentificado, acelerado, bloqueio de pensamento;
– Fuga de ideias, perseveração (circunstancialidade)
• Produção:
– Pensamento ilógico, mágico, desagregado, incoerente.
• Conteúdo:
– Delírio: é uma ideia fixa, irrefutável;
– Tipos de delírio: Grandeza, místico, persecutório,
desvalia, ruína;
JUÍZO CRÍTICO
• Capacidade para perceber e avaliar de forma
adequada a realidade e separá-la dos aspectos
subjetivos próprios;

• Necessário para a tomada de decisões;

• Sua forma mais complexa é o INSIGHT.

Compreensão da
sua real situação
CONDUTA
• São os comportamentos observáveis do
indivíduo: atividade motora, atitude, gestos,
hábitos, tiques, etc.;

• Identificar comportamentos perigosos e seus


planos para o futuro.
Alterações da Conduta

• Inquietação, agitação
• Agressividade, sadismo, masoquismo
• Comportamento bizarro, impulsivo
• Tentativas ou pensamentos suicidas
• Comportamento sexual inapropriado
• Aparência excêntrica
Observações Finais
• É preciso ser criativo e versátil para realizar o EEM;
• Paciência: esperar o tempo que a pessoa precisa
para responder;
• Se necessário, contatar informantes adequados;
• Às vezes, maiores informações serão obtidas em
novas aproximações.
REFERÊNCIAS
Gil AC. Funções psíquicas, suas alterações e a dinâmica do sujeito em processo
de hospitalização. [Trabalho de Conclusão de Curso]. Palhoça (SC): Universidade
do Sul de Santa Catarina; 2006.

Cordioli AV, Zimmermann HH, Kessler F. Rotina de avaliação do estado mental.


FAMED –Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Departamento de
Psiquiatria. Disponível em: www.ufrgs.br/psiq. 1999.

Kaplan HI, Sadock BJ, Grebb JA. Compêndio de Psiquiatria – Ciências do


comportamento e psiquiatria clínica. 9ª ed: Artmed; 2007.

Gelder M, Mayou R, Cowen P. Tratado de Psiquiatria. 4ª ed. Rio de Janeiro


(RJ):Guanabara Koogan; 2006.

Humerez DC, Cavalcante MBG. Avaliação das condições emocionais e mentais


do paciente na clínica. In: Leite de Barros e colaboradores. Anamnese e exame
físico. Porto Alegre (RS): Artmed; 2002.

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