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Atividades pedagógicas do

quotidiano da criança
Técnico/a de Ação Educativa

Formadora: Rita Magalhães


Objetivo
- Planificar, desenvolver e acompanhar atividades pedagógicas
relacionando-as com o quotidiano das crianças.
Conteúdos
 Observação e conhecimento individualizado das crianças: técnicas e
procedimentos
 Relação e comunicação com as crianças
 Relação e comunicação com os diferentes adultos
 Desenvolvimento do trabalho em equipa
 Desenvolvimento de atitudes e comportamentos
 Responsabilidade
 Iniciativas pessoais
 Capacidade de autocrítica
 Capacidade de reformular as suas ações
Designações
 Creche: dos 3 meses aos 2 anos
 Berçário: área destinada à permanência das crianças a partir dos 3 meses, até à
aquisição da marcha;
 Creche 1 anos, creche médios;
 Creche 2 anos, creche grandes;
 Pré-Escola: nível de ensino que compreende crianças entre os 3 e os 6 anos

 Jardim de infância: espaço físico / instalações


 Infantários: espaço físico / instalações
 Centro Social: espaço físico / instalações
A educação pré-escolar é obrigatória ou facultativa?
QUAL A LEI QUE ESTABELECE O REGIME DE EDUCAÇÃO
ORBIGATÓRIO?
A Lei n.º 85/2009, de 27 de agosto estabelece o regime da escolaridade obrigatória para
as crianças e jovens que se encontram em idade escolar e consagra ainda a
universalidade da educação pré-escolar para as crianças a partir dos 5 anos de idade.

Posteriormente a Lei n.º 65/2015, de 3 de julho, veio reduzir a universalidade da


educação pré-escolar para as crianças a partir dos 4 anos de idade.

O que é que isto significa? Significa que o Estado tem que garantir que existe vaga
para todas as crianças com 4 anos, caso os encarregados de educação pretendam que
estes ingressem na educação pré-escolar. Mas não é obrigatória a sua frequência.
Rotina Diária
Planificar atividades pedagógicas
 Projeto educativo da instituição
 Projeto curricular de grupo
 No grupo: idade, interesses, desenvolvimento, etc.
 Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar
 Metas de aprendizagem
 Modelo Pedagógico
Orientações
Curriculares para a
Educação Pré-Escolar
Modelo Pedagógico
Os modelos pedagógicos orientam a ação do educador de
infância e guiam a perspetiva do educador acerca do seu
papel, da criança, da família, da comunidade educativa
alargada, dos materiais e atividades propostas.
Grupo
Observação e conhecimento individualizado das
crianças: técnicas e procedimentos

Como é que isto se faz?


A idade e a capacidade de
atenção
 3 a 5 minutos por ano de idade da criança.
Etapas de desenvolvimento das crianças e Propostas de
Atividades
De acordo com as várias etapas de desenvolvimento das crianças, realizamos uma pequena síntese das
características desenvolvidas e propostas de atividades.
 
É de salientar que:
 O desenvolvimento de uma criança não acontece de forma linear.
 As mudanças que se vão produzindo ocorrem de forma gradual, são períodos contínuos que se
vão sucedendo e se sobrepondo.
 Durante a evolução, a criança experimenta avanços e retrocessos, vivendo seu desenvolvimento
de modo particular.
 Tanto antecipar etapas, como não estimular a criança, podem ser geradores de futuros conflitos.
 Cabe a família e à ESCOLA conhecer e respeitar os passos do desenvolvimento infantil.
Berçário: 3 meses até a aquisição da marcha
No primeiro ano de vida, os bebés, segundo Piaget, encontram-se no estádio
sensório-motor. Ou seja, o seu conhecimento desenvolve-se por via dos sentidos e
da ação física.
Os meios pelos quais os bebés experimentam e atribuem significado ao que os
rodeia passa pelas ações reflexivas, tais como: agarrar, chupar e engolir, bem como
vários movimentos dos olhos como piscar, focar e acompanhar.
Esses atos reflexos constituem e formam a base para o primeiro desenvolvimento
mental.
Atividades pedagógicas no berçário
 Afetos, pegar ao colo, miminhos, massajar;
 Falar com os bebés olhando-os nos olhos, descrever tudo o que fazemos,
tratá-los pelo nome;
 Ouvir música;
 Explorar objetos, brinquedos, livros, instrumentos, comida;
 Jogar ao cucú, com as mãos, com a fraldinha de pano;
 Ouvir histórias;
 Bolas de sabão;
Creche: 1 ano
No decorrer do segundo ano de vida a criança começa a desenvolver o sistema
simbólico, demonstrando a capacidade de representar objetos e eventos
mentalmente na sua ausência.
Também, durante esta etapa as crianças começam a usar palavras e frases simples
e movimentos breves (como o uso das mãos para transmitir ideias).
Compreende ordens simples.
Atividades pedagógicas na creche 1 ano
 Afetos, pegar ao colo, miminhos;
 Falar olhando-os nos olhos, descrever tudo o que fazemos, tratá-los pelo nome;
 Amassar (plasticina, pão);
 Encher e esvaziar recipientes;
 Empilhar objetos;
 Rabiscar: lápis, marcador, pincéis.
 Ouvir pequenas histórias, explorar histórias;
 Ouvir música, dançar;
 Os animais e os sons;
 Partes do corpo: mãos, pés, cabeça;
 Jogos faz de conta simples: bebé e manta;
 Estimular as crianças a comerem sozinhas, utilizando a colher e o copo;
Creche: 2 anos
Aos dois anos a criança já é capaz de resolver atividades pedagógicas mais
complexas.
Usa frase simples e é capaz de conversar sobre um tema por um breve período.
Desenvolvimento da consciência de si: a criança pode referir-se a si própria como
"eu" e pode conseguir descrever-se por frases simples, como "tenho fome“.
A memória e a capacidade de concentração aumentaram (a criança é capaz de
voltar a uma atividade que tinha interrompido, mantendo-se concentrada nela por
períodos de tempo mais longos).
Por volta dos 32 meses, começa a apreender o conceito de sequências numéricas
simples e de diferentes categorias (por ex., é capaz de contar até 10 e de formar
grupos de objetos).
Começa a ter noção das relações de causa e efeito;
Atividades pedagógicas na creche 2 anos
 Estimular as crianças a comerem sozinhas, utilizando a colher e introduzir o garfo;
 Rabiscar: lápis, marcador, pincéis.
 Dentro, fora, cima e baixo;
 Ouvir histórias, explorar histórias;
 Ouvir música, dançar;
 Legos;
 As cores;
 Texturas, temperatura;
 Partes do corpo: joelho, bochechas, o queixo;
 Jogos faz de conta com bebés, carrinhos, cozinha;
 Ajudar a arrumar;
Pré-escola: 3 anos
Aos 3 anos a criança já é capaz de compreender a maior parte do que
ouve e o seu discurso deverá ser compreensível para os adultos;
Utiliza bastante a imaginação: jogos de faz de conta e início dos jogos de
papéis;
Brinca intencionalmente com outros colegas, mas tem dificuldade em
partilhar;
Sabe o nome, o sexo e a idade;
É bastante curiosa e investigadora;
Tem noção das relações de causa e efeito;
Atividades pedagógicas aos 3 anos
 Estimular as crianças a comerem sozinhas, utilizando todos os talheres;
 Estimular as crianças a vestirem-se e a lavar os dentes sozinhas;
 Jogos de faz de conta e jogos de papéis;
 Pintar e desenhar;
 Rasgar e colar;
 Contar histórias;
 Música gravada, cantar, tocar instrumentos, dançar;
 Arrumar;
 Jogos de encaixe;
 Marcar a presença e o tempo;
Pré-escola: 4 anos
Possui um vocabulário alargado e manifesta um grande interesse pela linguagem,
falando incessantemente;
Articula bem consoantes e vogais e constrói frases bem estruturadas;
Exibe uma curiosidade insaciável, fazendo inúmeras perguntas;
Compreende as diferenças entre a fantasia e a realidade;
Compreende conceitos de número e de espaço: "mais", "menos", "maior", "dentro",
"debaixo", "atrás";
Começa a compreender que os desenhos e símbolos podem representar objetos reais;
Começa a entender os conceitos de "antes" e "depois", "em cima" e "em baixo", etc.,
bem como conceitos de tempo: "ontem", "hoje", "amanhã";
Começa a ser seletivo com os amigos.
Atividades pedagógicas aos 4 anos
 Escovar os dentes, pentear-se e vestir-se com pouca ajuda;
 Figuras geométricas;
 Horta;
 Contar, adição e subtração;
 Puzzles;
 Recortar e colar;
 Registo do fim-de-semana;
 Início das ciências experimentais;
 Ciências experimentais
Pré-escola: 5 anos
Fala fluentemente, utilizando corretamente o plural, os pronomes e os tempos
verbais;
Grande interesse pelas palavras e a linguagem;
Segue instruções e aceita supervisão;
Conhece as cores, os números e até algumas letras;
Capacidade para memorizar histórias e repeti-las;
É capaz de agrupar e ordenar objetos tendo em conta o tamanho (do menor ao
maior);
Entende os conceitos de "antes" e "depois", "em cima" e "em baixo", etc., bem
como conceitos de tempo: "ontem", "hoje", "amanhã";
Manifesta preferência por brincar com crianças do mesmo sexo;
Atividades pedagógicas aos 5 anos
 Escovar os dentes, pentear-se e vestir-se sozinho;
 Consciência fonológica das palavras;
 Jogos de tabuleiro simples;
 Ciências experimentais;
 Ser padrinho de uma criança de idade inferior, auxiliando-a na ida à casa
de banho e outras tarefas da sala;
Exemplo de uma planificação
Desenvolver e acompanhar
atividades pedagógicas
O desenvolvimento das atividades pedagógicas devem propiciar problemas que apelem ao
desafio cognitivo, para que a criança recorra ao raciocínio para os superar.
 
Deste modo, o acompanhamento por parte dos agentes educativos no decorrer da
intervenção é de mediadores entre a criança e o objetivo da atividade, procurando, através de
um questionamento reflexivo, que a mesma desenvolva estratégias de resolução de
problemas, por forma a construir uma aprendizagem significativa sobre o tópico, e para que
consiga mobilizar os novos conhecimentos noutras situações do dia-a-dia.

A comunicação deve ser estimulada em cada atividade, sendo que ao longo das mesmas o
adulto formula questões do género: “Como chegas-te a essa conclusão?”; “Por que é que é
assim e não é de outra maneira?”; “Alguém pensa de maneira diferente?”.
Relação e comunicação com as crianças
Com base nos princípios da
cidadania, participação ativa e
responsabilização, o adulto deve
mediar o percurso educativo das
crianças, considerando cada
criança como um ser único e
singular, proporcionando uma
intervenção individualizada e o
respeito pelo tempo necessário
para a realização das tarefas.
Relação e comunicação com os diferentes adultos
As relações e interações que se estabelecem entre os diferentes intervenientes do processo educativo
(educadores, auxiliares, pais, outras associações, etc.) são essenciais para o desenvolvimento desse
processo. O ambiente educativo da sala de jardim de infância e do estabelecimento educativo
proporcionam múltiplas formas de relações recíprocas, que se enumeram, dado o papel que o adulto
desempenha na promoção dessas relações e no aproveitamento das suas potencialidades, para a
educação das crianças e para o seu desenvolvimento profissional. Como por exemplo:

 As crianças estão a trabalhar a higiene oral e há um pai/mãe que é dentista e proporciona ao


grupo uma ida à clinica;
 Uma avó que saiba de costura e a quem se posso recorrer na altura de construir fantasias para
o Carnaval, Halloween;
 Um parente apicultor;
 Um irmão mais velho com jeito para contar histórias;
Relação e comunicação com os diferentes adultos
O estabelecimento educativo deverá também favorecer as relações, e o trabalho em
equipa, entre profissionais que têm um papel na educação das crianças. Esse trabalho em
equipa pode realizar-se a vários níveis:

 Reuniões regulares da equipa que trabalha com o mesmo grupo de crianças;


 Encontros periódicos entre todos/as os/as educadores/as do estabelecimento;
 Encontros entre profissionais de diferentes níveis educativos que, no
estabelecimento educativo, estiveram ou irão estar encarregados da educação das
mesmas crianças.
Desenvolvimento do trabalho em equipa
As crianças devem ter oportunidade de trabalhar em pequeno e grande grupo, de forma a
que tenham oportunidade de confrontarem os seus pontos de vista e de colaborarem na
resolução de problemas ou dificuldades colocadas por uma tarefa comum.
 
Esta dinâmica de trabalho, grande e pequeno grupo, favorece as oportunidades educativas,
ao promover uma aprendizagem cooperada em que a criança se desenvolve e aprende,
contribuindo para o desenvolvimento e para a aprendizagem das outras.
 
Trabalhar em grupos permite que as ideias de uns influenciem as dos outros. Este processo
contribui para a aprendizagem de todos, na medida em que constitui uma oportunidade de
explicitarem as suas propostas e escolhas e como as conseguiram realizar.
Desenvolvimento de atitudes e comportamentos
A participação das crianças no processo educativo através de oportunidades de decisão em comum,
de regras coletivas indispensáveis à vida social e à distribuição de tarefas necessárias à organização
do grupo constituem experiências de vida democrática que permitem tomar consciência dos seus
direitos e deveres, e desenvolver atitudes e comportamentos, tais como: responsabilidade, iniciativas
pessoais, capacidade e autocrítica e capacidade de reformular as suas ações.
 
As razões das normas que decorrem da vida em grupo (por exemplo, esperar pela sua vez, arrumar o
que desarrumou, etc.) terão de ser explicitadas e compreendidas pelas crianças, como o respeito
pelos direitos de cada uma, indispensáveis à vida em comum. Estas normas e outras regras adquirem
maior força e sentido se todo o grupo participar na sua elaboração, bem como na distribuição de
tarefas necessárias à vida coletiva (por exemplo, regar as plantas, tratar de um animal de estimação,
encarregar-se de marcar as presenças e o tempo, etc.).
 
Trabalho de grupo
Planificar, desenvolver e
acompanhar uma atividade
pedagógica
Organização do espaço

Áreas de Atividade
Área das expressões
Área da biblioteca
Área do acolhimento/construções
Área dos jogos
Área da casinha
Referências bibliográficas
 Barros, M. G., & Palhares, P. (2001). “Emergência da Matemática no Jardim-de-Infância”. Porto: Porto Editora.
 Barbosa, M. C. S. & Horn, M. G. S. (2008). “Projetos pedagógicos na educação infantil”. Porto Alegre: Artmed.
 Behar, Patricia A., Bernardi, Maira e Passerino, Liliana (2007). “Modelos Pedagógicos para Educação a Distância:
pressupostos teóricos para a construção de objectos de aprendizagem”, disponível em:
www.cinted.ufrgs.br/ciclo10/artigos/4bPatricia.pdf,  acedido em 27 Junho 2019.
 Edwards, C.; Gandini, L. & Forman, G. (1999). “As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na
educação da primeira infância”. Porto Alegre: Artmed.
 Folque, M. (1999). “A influência de Vigotsky no modelo curricular do Movimento da Escola Moderna para a
educação pré-escolar”. Revista Escola Moderna, 5(5), 5-12.
 Folque, M. (2012). “O Aprender a Aprender no Pré-Escolar: O modelo Pedagógico do movimento da escola
moderna”. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
 Formosinho, Júlia Oliveira (2007). A contextualização do modelo curricular high-scope no âmbito do projecto
infância. In “Modelos curriculares para a educação de infância: construindo uma práxis de participação” (3.ª ed.,
pp. 43-92). Porto: Porto Editora.
 Hohmann, M., & Weikart, D. P. (1995). “Educar a criança”. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian
 Lisboa, Lei n.º 85/2009, de 27 de Agosto.  Diário da República n.º 166/2009, Série I, Páginas: 5635 – 5636, de 27
de agosto de 2019.
 Lisboa, Lei n.º 65/2015, de 3 de julho de 2015. Primeira alteração à Lei n.º 85/2009, de 27 de agosto. Diário da
República n.º 128/2015, Série I, Páginas: 4572 – 4572, de 3 de julho de 2015.
 Rocha, Maria; Couceio, Maria & Madeira, Maria (1996). “Creche (Condições de implantação, localização,
instalação e funcionamento)”. Lisboa: Direcção-Geral da Acção Social Núcleo de Documentação Técnica e
Divulgação.
 Silva, Isabel (coord.); Marques, Liliana; Mata, Lourdes & Rosa, Manuela (2016). Orientações Curriculares para a
Educação Pré-Escolar. Lisboa: Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação (DGE).

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