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[Manual do Formando]
UFCD (9185/Cuidados de rotina diária e
atividades promotoras do
desenvolvimento da criança)

Formador/a RITA DINIS

Junho 2018

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Rua da Arroteia, 240 4425-622 Pedrouços Maia

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INDICE

Introdução__________________________________________________________________________ 3

Objetivo Especificos...................................................................................................................... 4 P

Conteúdos programáticos............................................................................................................ 4

1. Formas de organização do espaço físico, do equipamento e material necessário ao exercício da


atividade de ama____________________________________________________________________ 6
1.1.Ama............................................................................................................................................. 6

1.2. Material e equipamentos necessárias para exercer a atividade de ama....................... 7


2. Desenvolvimento das rotinas com as crianças________________________________________ 9
3. Atividades promotoras do desenvolvimento com crianças dos 0 aos 3 anos __________ 12
4. Planeamento das rotinas diárias e das atividades promotoras do desenvolvimento_____15
4.1. Importância do brincar no contexto da relação e dos cuidados diários à criança....... 15
4.2.Socialização e autonomização da criança.......................................................................... 16
4.3. Descoberta do mundo............................................................................................................ 18
4.4.Importância da garantia da continuidade das rotinas da criança na ama e na
família................................................................................................................................................ 19
4.5. Regras e limites......................................................................................................................... 20

Conclusão____________________________________________________________________________ 21

Bibliografia e fontes____________________________________________________________________22

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Introdução

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à UFCD (unidade de formação de
curta duração) nº9185- Cuidados de rotina diária e atividades promotoras do desenvolvimento da
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criança de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações. Este manual deverá ser encarado
como um guia, em termos de organização sequencial e lógica dos assuntos, um apoio, como
forma de complementar a informação veiculada na sessão de formação.
Os primeiros anos de vida de uma criança são favoráveis para ajudá-la a estabelecer uma base
sólida no que diz respeito às relações sociais. Neste sentido e, como estudaremos ao longo deste
manual, as atividades pedagógicas têm um papel importante na construção destas relações, uma
vez que esta constitui a primeira etapa de formação do percurso de vida da criança.
Pretendemos ao longo deste manual, que os formandos percebam como se constrói a cidadania
durante a infância, em que se torna fundamental formar cidadãos com capacidade de
comunicar, partilhar, participar e valorizar as diferenças.

A atividade lúdica desenvolve na criança várias habilidades como a atenção, memorização,


imaginação, todos os aspectos básicos para o processo da aprendizagem, que está em formação.
Sendo a educação infantil a base da formação sócio educacional de todo cidadão, o lúdico
constitui um recurso pedagógico eficaz que envolve a criança nas atividades, permitindo o seu
desenvolvimento a todos os níveis.

“A infância representa o período mais importante da vida

humana: o período construtor».

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Este manual tem como objectivo geral:

Dotar os formandos de competências e conhecimentos e aptidões necessárias à compreensão do


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importante papel das atividades pedagógicas no desenvolvimento da criança a vários níveis.

São objetivos específicos desta ação:

 Identificar os materiais lúdico-didáticos e equipamentos necessários para o exercício da


atividade de ama.
 Planificar as rotinas diárias e as atividades promotoras do desenvolvimento das crianças.
 Desenvolver as atividades lúdico-didáticas relacionando-as com o quotidiano das crianças
na família e comunidade.
 Reconhecer a importância da integração dos valores e princípios educativos na atividade
de ama.

Conteúdos Programáticos

Neste âmbito será prosseguido o seguinte plano de estudos:

 Formas de organização do espaço físico, do equipamento e material necessário ao


exercício da atividade de ama
 Desenvolvimento das rotinas com as crianças
o Entrada, acolhimento e saída das crianças e familiares
o Cuidados de higiene
o Apoio na alimentação
o Descanso
o Cuidados em situação de doença ou acidente

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 Atividades promotoras do desenvolvimento com crianças dos 0 aos 3 anos
o Jogos sensoriomotores
o Jogos relacionais ou funcionais
o Jogos de construção
o Jogos simbólicos ou “faz de conta”
o Jogos de linguagem: histórias, lengalengas, destrava línguas, canções, outras
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 Planeamento das rotinas diárias e das atividades promotoras do desenvolvimento.
o Importância do brincar no contexto da relação e dos cuidados diários à criança

- Papel do adulto no brincar

- Socialização e autonomização da criança

- Descoberta do mundo natural

o Importância da garantia da continuidade das rotinas da criança na ama e na


família
o Estratégias de implementação das rotinas e atividades
o Regras e limites

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1. Formas de organização do espaço físico, do equipamento e material necessário
ao exercício da atividade de ama P

1.1.Ama

A Ama assegura à criança cuidados individualizados ao nível do apoio na alimentação, da saúde,


da higiene e do descanso, proporcionando atividades de acordo com a idade, motivação e
interesse da criança no contexto de uma relação afetiva que garanta o desenvolvimento integral
da criança, da sua personalidade e das suas potencialidades.
É uma resposta social prestada por uma pessoa idónea, devidamente licenciada para o efeito
pela Segurança Social, a qual mediante pagamento, cuida na sua residência, de crianças até aos
3 anos de idade ou até atingirem o limite de idade de ingresso em estabelecimento pré-escolar.

Condições necessárias para o exercício da função:

 Possuir condições de higiene e de segurança habitacionais adequadas, de acordo com o


disposto no Despacho n.º 8243/2015, de 28 de julho;

•Dispor de espaços autonomizáveis na habitação que possibilitem a realização de atividades


lúdicas e o descanso das crianças, de acordo com as respetivas idades das crianças;

•Possuir meios expeditos de comunicação com a(s) família(s) da(s) criança(s) bem como aos
meio de socorro, em caso de urgência;

•Possuir uma qualificação de dupla certificação, obtida por via das modalidades de educação
e formação do Sistema Nacional de Qualificações, que integre unidades de formação de curta
duração do Catálogo Nacional de Qualificações na área dos serviços de apoio a crianças e
jovens;

•Ou ter concluído, com aproveitamento, as unidades de formação de curta duração do


Catálogo Nacional de Qualificações na área dos serviços de apoio a crianças e jovens;

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O número de crianças a fixar por Ama não pode exceder o limite de quatro crianças, incluindo
neste número os próprios filhos ou outras crianças a cargo da Ama com idades compreendidas até
à idade de entrada na escolaridade obrigatória.
Não pode ser acolhida, em simultâneo, mais do que uma criança com deficiência.
1.2. Material e equipamentos necessárias para exercer a atividade de ama

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Nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 20.º do Decreto-Lei n.º 115/2015, de 22 de junho, devem
as amas, para o exercício da sua atividade, dispor do seguinte equipamento e material:

•Uma cama de grades por cada criança com menos de 18 meses;

•Um colchão de espuma plastificado por cada criança com mais de 18 meses;

•Uma cadeira para alimentação de bebé;

•Uma espreguiçadeira de bebé por cada criança até à aquisição da marcha;

•Uma banheira de plástico;

•Roupa de cama adequada;

•Material lúdico/didático adequado às idades das crianças.

Relativamente à disposição do espaço fisico, equipamentos e mobiliário:

a) Áreas de circulação, móveis e outros materiais:

- As áreas de circulação devem estar livres e desimpedidas, devendo estar desprovidas de


equipamentos ou materiais que não facilitem a deslocação.
- As instalações frequentadas pelas crianças devem estar desprovidas de peças de mobiliário,
equipamentos ou materiais que apresentem qualquer tipo de perigo para as crianças.
- Os móveis, estantes ou prateleiras devem estar fixos à parede de forma a não caírem sobre a
criança se esta se apoiar neles ou tentar trepar.
- Devem ser colocados limitadores de abertura nos armários e/ou gavetas, cujo interior possa
representar perigo para as crianças, nomeadamente se contiverem objetos cortantes, quebráveis
e pesados.
- Não deve haver móveis nem portas de ou com vidro, bem como com tampos soltos.

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- Os cantos ou arestas dos móveis, das caixilharias ou outros, sobretudo os que se encontram ao
nível da cabeça da criança, devem ser boleados ou estar devidamente protegidos.
- As toalhas de mesa devem ser curtas, os fios dos candeeiros devem estar enrolados e os objetos
pesados devem ser retirados de cima dos móveis de forma a não caírem sobre a criança.
b) Tomadas:

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As tomadas devem ser de alvéolos protegidos e estar a mais de 1,50 m de altura e longe da cama
ou da cómoda sobre a qual se muda o bebé. Se tal não for possível, as tomadas devem estar
sempre protegidas com dispositivos bem adaptados ao seu tamanho e que só possam ser retirados
com a ajuda de uma ferramenta própria.
Não devem existir fios soltos e extensões.

c) Escadas:
As escadas devem estar protegidas com «barreiras de segurança» ou cancelas e deve ser
periodicamente verificado o seu funcionamento.
As cancelas devem estar fixadas correta e solidamente, na parte de cima e de baixo das escadas
(não apenas no topo), e não devem ser escaláveis, devendo cumprir os requisitos de segurança
definidos na respetiva norma europeia.

d) Janelas e varandas:
As janelas devem estar protegidas com «limitadores de abertura» (abertura máxima 9 cm), por
forma a evitar a queda da criança, mas permitindo a circulação do ar.
Os fios dos estores não devem estar pendurados, evitando-se eventual risco de estrangulamento.
Caso exista varanda, esta deve ter uma guarda (com um mínimo de 110 cm de altura) e não
possuir elementos que possibilitem a sua escalada (como por exemplo: barras horizontais). Não
podem existir aberturas com mais de 9 cm. As guardas devem cumprir os requisitos definidos na
respetiva norma portuguesa.

e) Camas e berços:
As camas e os berços devem ser sólidos e estáveis, sem arestas nem qualquer saliência onde possa
ficar preso um botão da roupa da criança, a corrente da chupeta ou qualquer outro adereço ou
brinquedo.

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As grades devem ter uma altura mínima, medida pelo interior, de 60 cm e não devem ter aberturas
superiores a 6 cm.
O colchão deve ser firme e estar bem ajustado ao tamanho da cama.
Dentro da cama ou do berço, não deve haver almofadas ou brinquedos, por forma a evitar risco
de asfixia ou queda.
As camas e os berços devem obedecer às normas de segurança europeias.
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f) Cadeiras para alimentação da criança:


As cadeiras de alimentação devem ser estáveis e possuir cinto que esteja sempre apertado,
quando utilizadas, de forma a evitar a queda da criança.
As cadeiras devem cumprir as normas europeias de segurança.

g) Material didático e lúdico:

O material didático e lúdico deve ser adaptado à idade da criança e ao tamanho do espaço
disponível para a criança brincar.
Deve ser lavável, leve, sem peças pequenas ou arestas.
Os brinquedos e objetos a que a criança tem acesso devem ter um diâmetro superior a 3,2 cm e no
caso de brinquedos esféricos e ovais, superior a 4,5 cm. Não devem ter partes que se possam soltar
inferiores a este diâmetro. Não devem ainda ter fios compridos que possam sufocar a criança
(máximo permitido 22 cm).
No caso de o brinquedo ter pilhas, o seu compartimento deve estar bem fechado e só ser possível
abrir com uma ferramenta.
O material didático e lúdico deve obedecer às normas de segurança europeias.

2. Desenvolvimento das rotinas com as crianças

Como indicam Hohmann e Weikart, a rotina diária possibilita uma estruturação para os
acontecimentos do dia, “Saber aquilo que espera em cada parte do dia ajuda as crianças a
desenvolver um sentido de segurança e controlo” (Hohmann;Weikart,2009:225). Sendo assim, a
rotina deve ser planeada com o objetivo de apoiar a iniciativa da criança, como tal, deve
compreender o processo de planear-fazer-rever. Deste modo, as crianças têm oportunidade de
expressar as suas opiniões e intenções, colocam-nas em prática e têm a possibilidade de refletir
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sobre elas. Deve ainda contemplar actividades em grande e pequeno grupo, para que exista
interação entre as crianças, os materiais, o tempo de recreio e o de brincadeira livre.

As situações de rotina:

 São momentos privilegiados de interacção adulto/criança, durante as quais o adulto pode conversar com P

a criança, criar, jogar, falar, sorrir, estabelecendo uma relação afectuosa com cada criança, uma vez que
cada uma delas é única e tem necessidades diferentes.

 São momentos de trocas intensas e de aprendizagens significativas, em que se promove a independência e


a autonomia.

Rotina nas Refeições:

 Mais importante que "o dar de comer" é a relação afectuosa que se cria nas refeições. Estabelecem-se
diálogos com as crianças, dá-se atenção, mostram-se sorrisos e isso permite transformar este momento num
acto de afeto, de brincadeira, de jogo e de prazer.

 O respeito pelo horário das refeições, pela introdução de novos alimentos, pelo ritmo individual de cada
criança e, ainda, por uma alimentação adequada e rica são, também, elementos a não esquecer.

Rotina da Higiene

Os momentos de higiene e mudança de fralda são momentos privilegiados da relação adulto/criança,


momentos de brincadeira com o corpo- pés, mãos, barriga, momento de contacto físico e de diálogo. (Figueira,
1998)

 A higiene é fundamental para garantir o bem-estar da criança, do bebé.


 Mudar a fralda pode constituir uma ocasião privilegiada para a construção de sentimentos essenciais de
segurança e reconhecimento.

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Nesta rotina de mudar a fralda o profissional deve:

- Lavar as mãos antes e depois, evitando a contaminação própria e entre os bebés. Eles também
devem ter as mãos lavadas, pois existe a possibilidade de tocarem nas secreções enquanto são
limpos e trocados.

- Mantenha o cesto de lixo (com pedal) próximo e descarte as fraldas sujas, logo que sejam
retiradas.

- Evite fraldas de pano. É difícil acondicionar as usadas para que sejam enviadas à casa das
crianças. A pré-lavagem também não é recomendada, pois há o risco de contaminação.
Ainda dentro da rotina diária de tratar da higiene, devemos apontar a higiene oral (escovar os
doentes):

- Para supervisionar a escovação da turma inteira, forme grupos no máximo com cinco integrantes.
- Auxilie as crianças a escovar os dentes, orientando os movimentos.
- Ensine aos pequenos que as escovas são de uso pessoal e descarte as que eventualmente forem
trocadas entre eles.
- Os porta-escovas devem ser individuais e identificados e permitir que elas permaneçam secas e
arejadas.
- Para enxaguar a boca, cada criança deve usar o próprio copo plástico.
- Troque as escovas de dente a cada três ou quatro meses.

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O Repouso:

Neste momento de repouso dos bebés a ama e outros profissionais devem:

- Mantenha as portas e as janelas abertas, inclusive nos dias frios, para evitar o aumento de germes
no ar, o que facilita a transmissão de doenças.

- Garanta que entre os colchões haja meio metro de distância.

- Disponha os bebes em posições opostas: a cabeça de um não deve ficar próxima à do outro.

- Assegure que todos tenham fronha e lençóis próprios e identificados, assim como chupetas e
paninhos.

- Auxilie as crianças a fazer a higiene nasal antes de dormir.

3. Atividades promotoras do desenvolvimento com crianças dos 0 aos 3 anos

Para além das actividades básicas (de alimentação, repouso e higiene que são uma rotina diária), devem ser
incluídas as seguintes actividades que potenciam:

- A afectividade e relação de confiança:

 Jogos de dar e receber


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 Primeiras regras de socialização
 Demonstrações de afectividade
 Jogos de imitação
 Iniciação às actividades de rotina (lavar mãos, vestir, calçar, comer)
 Iniciação às actividades em grupo (cantar, rodas, imitação de gestos em conjunto)
 Estimular o gosto por dar (desenhos e prendas para os pais, para irmãos, para colegas)
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- O desenvolvimento da comunicação:

 Falar com a criança


 Entoar pequenas canções audição de melodias adequadas à idade
 Fantoches de dedo
 Histórias, lengalengas
 Participação em conversas
 Teatro de fantoches
 Jogos de mímica e expressão gestual

- A Motricidade fina:

 Agarrar, puxar, girar, atirar, empurrar texturas distintas


 Primeiros livros toca e sente´
 Relações causa-efeito
 Jogos para autonomia (segurar objetos diversos, copo, colher)
 Brinquedos texturados
 Modelagem

 Digitinta

 Pintura e desenho (livre e/ou com orientação)

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- A Motricidade larga:

 Rolar deitado
 Arrastar-se no chão
 Alcançar
 Jogos de equilíbrio jogos com bolas, arcos, balões
 Trepar
 Sentar-se auxiliado
 Levantar-se com apoio

Expressão musical

 Canções
 Exercícios de ritmos
 Identificação de instrumentos musicais
 Utilização de instrumentos musicais
 Construção de instrumentos musicais

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4. Planeamento das rotinas diárias e das atividades promotoras do desenvolvimento

Ser educador, ama ou outro, é apoiar a criança quando ela necessita, encorajá-la a fazer as suas
próprias escolhas, incentivá-la a levar a cabo os seus projetos e a interagir com os outros. O
educador deve ter a capacidade de cuidar, ouvir e respeitar a criança, de as aceitar tal como P

elas são. Deste modo, está “a possibilitar a interacção com diferentes valores e perspectivas”
(M.E;1997:52), uma vez que é através da interação que a criança aprende a valorizar
comportamentos e atitudes e a conhecer diferentes pontos de vista.

Todas as rotinas diárias e atividades quotidianas da criança devem colocar no centro a própria
criança, tudo deve ser cuidadosamente planeado para ela, tendo em conta as suas necessidades
e limitações.

4.1. Importância do brincar no contexto da relação e dos cuidados diários à criança

É fundamental que o adulto, tanto a ama como outro profissional e também a família,
acompanhem a criança nas brincadeiras através da supervisão das mesmas ou incluirmo-nos
nelas, sempre que sejamos solicitadas. A supervisão, muitas vezes, deverá ser subtil, para que a
criança não se aperceba que está a ser vigiada e que, com isso, fique constrangida. Também
devemos ter especial atenção a situações em que a criança solicite a nossa presença nas
brincadeiras porque não consegue brincar sozinho, ou não consegue juntar-se em pares. Aí, o
nosso procedimento terá que ser o de estimular e incentivar à partilha das brincadeiras com os
outros.

O educador/ama deverá seguir as instruções das crianças quando brincam e não impor somente
as suas instruções. Isto ajudará a criança a ser mais autónoma, criativa e a pensar de forma
independente. Ao obedecermos aos seus pedidos adequados estaremos a contribuir para que no
futuro também a criança obedeça aos educadores noutras circunstâncias.

O educador/ama deverá ser um espectador atento quando está a brincar com as crianças,
observando o que as crianças fazem e criam e elogiando-as com confiança, podemos falar então
do importante de reforço positivo à criança.

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Por estas e por outras razões vamos todos brincar com as nossas crianças - é um direito delas e
uma responsabilidade nossa.

4.2.Socialização e autonomização da criança P

A Socialização é um processo interactivo, necessário para o desenvolvimento, através do qual a


criança satisfaz as suas necessidades e assimila a cultura ao mesmo tempo que, reciprocamente, a
sociedade se perpetua e desenvolve. Este processo inicia-se logo com o nascimento e permanece
ao longo de toda a vida. E neste contexto, Vygotsky (1999) refere que a família é o primeiro grupo
social a que a criança pertence. É na família e com a família que a criança adquire a linguagem
que é a condição básica para o processo de socialização e aquisição de cultura.

A aquisição de conceitos, valores, linguagem e o próprio conhecimento são produzidos pelo


processo de internalização de materiais simbólicos na criança que ocorrem a partir das suas
interacções sociais. Este é um processo que se constrói de fora para dentro, mediado pelas
relações intra e interpessoais - na troca com outros sujeitos e consigo próprio - que se vão
constituindo em significados, orientando a compreensão de papéis e funções sociais, o que
permite a formação de conhecimentos e da própria consciência na criança (Vygotsky, 1999).

A conduta da criança deve ser baseada na responsabilização pelas suas acções, pelos seus
pertences, pelo seu espaço, pelo seu meio. Neste campo, o papel da ama ou do educador, será
ensiná-la e orientá-la para que tome conta do que é seu (da sua mochila, do seu casaco, da
lancheira, do seu material) e ensiná-la também a responsabilizar-se pela sua integridade física e
pela dos outros. Neste ponto, cabe também a aprendizagem do respeito pelos colegas e pelas
restantes pessoas, de forma a prender a viver em sociedade.

O papel desempenhado pelos pais e pela ama assume-se de crucial e incontornável importância,
sobretudo no que respeita à estimulação das capacidades de processamentode informação e
acompanhamento/ envolvimento nas brincadeiras e tentativas iniciadas pela criança.

Os adultos que acompanham a criança, quando se envolvem com ela, consolidam as atividades
e facilitam a sua compreensão. É através desta intervenção que muitas vezes se ensinam ou
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promovem comportamentos, competências, conhecimentos e valores relativos à cultura,
fundamentais a um desenvolvimento harmonioso, relações sociais amistosas, aquisições linguísticas
importantes…

O desenvolvimento ao longo da infância é, sobretudo, marcado por um progressivo


desenvolvimento físico, gradual crescimento em termos de altura e peso, especialmente nos três
primeiros anos de vida. É ainda um período em que o ser humano tem a oportunidade de se P
desenvolver psicologicamente, abrangendo graduais mudanças de comportamento, construindo,
desta forma, as bases da sua personalidade.

A independência dá confiança e autoestima às crianças. “Eu posso” soa melhor do que “eu não
posso”, sobretudo quando mais alguém pode.

Há momentos em que todas as crianças procuram a dependência que é apanágio dos bebés,
em geral quando a pessoa que cuida delas está ocupada, ou quando elas estão aborrecidas e
infelizes, mas as crianças quase sempre agarram a independência quando esta lhes é oferecida.

Para ser independente, uma criança tem de saber cuidar de si própria nos aspectos básicos:
comer, vestir-se, servir-se da casa de banho e lavar-se. Mais importante ainda, tem de conseguir
motivar-se para a ação, seja qual for a tarefa.

Uma criança que sabe vestir as calças, mas só o faz quando lho dizem, continua a depender de si.
Se você permitir que este tipo de dependência impregne todos os atos da criança, a vida dela
longe de si será difícil. Nem os professores nem as outras crianças têm tempo para organizar todos
os atos dela.

Entrar na escola significa que uma criança tem de passar a maior parte do dia sem as interações a
dois a que está habituada em casa. Se ela tem de se repartir alegremente entre a casa e a escola,
tem de conseguir inserir-se num grupo maior e ser capaz de continuar uma atividade quando não
é o centro das atenções. Deve ter a competência necessária apara pedir o que precisa,
confiança pessoal para tentar qualquer coisa mesmo que seja difícil e ego para enfrentar as
críticas.

A nível prático, tem de conseguir trabalhar sozinha, concentrar-se escutar, compreender e manter-
se sentada durante longos períodos. Uma criança comporta-se melhor em todas estas frentes,
sobretudo se foi encorajada a ser independente.
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A independência assenta na segurança. Uma criança emocionalmente segura sabe que os pais e
os educadores estão sempre prontos a ajudá-la, mas também que voltarão se se ausentarem. A
segurança consiste essencialmente em saber que, faça a criança o que fizer, o afeto não está em
questão. Os pais amam-na por aquilo que ela é.

Exemplo: orientar e motivar a criança para reflectir sobre o que é correcto, incutindo na criança
regras de comportamento, responsabilidade. P

Em suma, os profissionais que acompanham a criança devem promover este tipo de actividades
com as crianças com vista ao seu desenvolvimento físico e psicológico.

4.3. Descoberta do mundo

Em primeiro lugar realçamos que a criança começa a aprender a conhecer, aqui a criança parte
para a descoberta do mundo e de si próprio de uma forma autónoma e responsável.

Esta Fase caracteriza-se por uma grande curiosidade, sendo muito frequente a pergunta "Porquê?"

À medida que se desenvolvem as suas competências linguísticas, a criança começa a exprimir-se


de outras formas, que não apenas a exploração física - trata-se de juntar as competências físicas e
de linguagem (por ex., quando faço isto, acontece aquilo), o que ajuda ao seu desenvolvimento
cognitivo;

É capaz de produzir regularmente frases de 3 e 4 palavras. A partir dos 32 meses, é já capaz de


conversar com um adulto usando frases curtas e de continuar a falar sobre um assunto por um
breve período.

Da-se o desenvolvimento da consciência de si: a criança pode referir-se a si própria como "eu" e
pode conseguir descrever-se por frases simples, como "tenho fome";

A memória e a capacidade de concentração aumentam (a criança é capaz de voltar a uma


atividade que tinha interrompido, mantendo-se concentrada nela por períodos de tempo mais
longos);

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A criança começa a formar imagens mentais das coisas, o que a leva à compreensão dos
conceitos - progressivamente, e com a ajuda dos pais, vai sendo capaz de compreender
conceitos como dentro e fora, cima e baixo;

4.4.Importância da garantia da continuidade das rotinas da criança na ama e na família

É fundamental que haja um trabalho em equipa, um trabalho articulado entre a ama e a família
da criança, de modo a prestar um cuidado adequado às crianças.

Pode concluir-se que trabalhar na área da educação é trabalhar em equipa, desde trabalhar em
cooperação com os colegas de trabalho, à cooperação da ama ou dos educadores com a
família das crianças, em que deve haver uma troca constante de saberes e experiências e uma
comunicação contínua.

Os ensinamentos e as regras, imposição de limites transmitidos pela ama ou educador de infância


devem estar em plena articulação com os transmitidos pela família, sendo nesta missão uma
parceria fundamental entre ambos os agentes de socialização. Deve ser dada continuidade ao
trabalho realizado por ambos, com vista ao desenvolvimento da criança.

É fundamental perceber a importância da inter-relação entre as abordagens de várias áreas do


saber, entender os papéis e atribuições de cada especialidade e buscar a troca constante de
informações e conhecimentos através de reuniões de equipa e de uma comunicação constante.

Por outro lado, este trabalho em equipa pode também ser aplicado às crianças, que devem desde
cedo trabalhar em conjunto com os colegas, de forma a desenvolver competências como a
responsabilidade, autonomia e a noção de trabalhar em prol de um objetivo comum.

É fundamental que haja comunicação entre a família e o profissional, contando o último como foi o dia,
complementando assim com as informações essenciais que devem ser fornecidas à família.

4.5. Regras e limites

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As regras devem ser impostas à criança desde cedo seja individualmente ou quando existe um
grupo para que estas possam ser dirigidas especificamente aquele grupo e para que possam ser
executáveis. Estas devem ser cumpridas por todos e o impor limites vem no seguimento da
aplicação de regras, ensinando-os que a nossa liberdade termina onde começa a do outro.
Devemos ajudar a criança nesse processo de conhecimento e mais do que tudo, dar o exemplo.

A criança deve ter o seu espaço para brincar, para partir à descoberta do mundo, para interagir P
mas cabe sempre ao adulto, seja a ama, o esducador ou a família impôr regras e limites à criança,
para que de forma autónoma e responsável se desenvolva.

Exemplo: No espaço residencial da ama ou na creche as crianças devem arrumar a sala com a
ajuda do adulto que deve dar sempre o exemplo.

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Conclusão

Para que o lúdico contribua na construção do conhecimento é necessário que o educador/ama


direcione toda a atividade e estabeleça os objetivos fazendo com que a brincadeira tenha um
caráter pedagógico e não uma mera brincadeira, promovendo, assim, interação social e o
desenvolvimento de competências da criança. P

Portanto, conclui-se que por meio das atividades lúdicas, a criança comunica consigo mesma e
com o mundo onde está inserida, aprende a respeitar o outro, a obedecer, estabelece relações
sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se integralmente.

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Bibliografia e Fontes

- ALMEIDA, Paulo N. Educação lúdica: Técnicas e jogos pedagógicos. 10. ed. São Paulo: Loyola,
P
2000.

- Fachada, Maria Odete, Psicologia das relações interpessoais, Edições Sílabo, 2010

- MARANHÃO, Diva Nereide M. M. Ensinar brincando: A aprendizagem pode ser uma grande
brincadeira. 2. ed. Rio de Janeiro: WAK, 2003.

- Paiva Campos, B., Psicologia do Desenvolvimento e Educação de Jovens. Lisboa: Universidade


Aberta, 1990

- VASCONCELOS, T. (2007). “A Importância da Educação na Construção da Cidadania”. Saber (e)


Educar, Porto,nº12,109-117

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