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Breve Historial sobre a vida e Obra de Jean Piaget

Jean William Fritz Piaget nasceu na cidade de Neuchâtel (em Genebra) em 9 de agosto de
1896, e morreu a 16 de setembro de 1980. Foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço,
considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Defendeu uma abordagem
interdisciplinar para a investigação epistemológica e fundou a Epistemologia Genética, teoria
do conhecimento com base no estudo da gênese psicológica do pensamento humano.
(COLINVAUX, DOMINIQUE, 2010)

Piaget, foi professor de psicologia na Universidade de genebra de 1929 a 1954, e tornou-se


mundialmente reconhecido pela sua revolução epistemológica. Durante a sua vida Piaget
escreveu mais de cinquenta livros e diversas centenas de arquivos.

Em 1919, viaja para paris e começa a trabalhar no instituto Jean Jacques Rosseau, quando
publica os primeiros artigos sobre a criança. O nascimento dos filhos (1925 – 1931) amplia o
convívio diário com a criança pequena e possibilita o registro de observações que geram
novas hipóteses sobre as origens da cognição humana.

Piaget influenciou a educação de maneira profunda. Para ele, as crianças só podiam aprender
aquilo para qual estavam preparadas a assimilar. Aos professores, caberia aperfeiçoar o
processo de descoberta dos alunos. REVISTA EDUCACAO (2010,135)
Objecto de Estudo de Jean Piaget

Piaget desenvolveu em suas pesquisas a teoria da construção do conhecimento, mais


conhecida como Epistemologia genética, seu foco principal foi o sujeito Epistemológico o
qual foi estudado pelo método clínico desenvolvido pelo próprio Piaget. A teoria explica
como o conhecimento é adquirido e montado em nossa psiquê, desde a primeira infância até a
maturescência humana. A obra deste estudioso é reconhecida em todo mundo, pois contribui
para compreensão da formação e construção do intelecto.

REVISTA SOLUÇÕES (2002, 95) Atravéss desta teoria, diversas propostas de educação,
diferenciadas para crianças em cada uma das fases, surgiram, todas com a pretensão de
melhorar a educação através das características específicas de cada uma destas fases
observadas, por Piaget, em seus estudos. Ao entender como acontece o processo de
construção do conhecimento pode-se desenvolver métodos pedagógicos mais eficientes afim
de aperfeiçoar ou substituir os sistemas de ensino já existentes. Como exemplo, um de seus
alunos, Reuven Feuerstein, desenvolveu a Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural.
Esta afirma que a inteligência humana pode ser estimulada e que qualquer indivíduo,
independente de idade e mesmo considerado inapto, pode adquirir a capacidade de aprender.
Teoria do Desenvolvimento Cognitivo de Jean Piaget

Através da minuciosa observação dos seus filhos e principalmente de outras crianças, Piaget
impulsionou a Teoria Cognitiva, onde propõe a existência de quatro estágios de
desenvolvimento cognitivo no ser humano: os estágios:

Inteligência sensório-motor (dos 0 aos 2 anos): inteligência prática, manifesta em ações.


Esquemas de ação, ”conceitos” sensório-motores, início da construção das categorias de
objeto, espaço, tempo e causalidade. Da indiferenciação eu-mundo exterior ao
reconhecimento de objeto, espaço, tempo, causalidade.

No estágio sensório-motor, que dura do nascimento até aproximadamente os dois anos de


idade, a criança busca adquirir controle motor e aprender sobre os objetos que a rodeiam.
Esse estágio é chamado sensório-motor, pois o bebê adquire o conhecimento por meio de
suas próprias ações que são controladas por informações sensoriais imediatas. Nesse período
o desenvolvimento físico é o suporte para o aparecimento de novas habilidades, como sentar,
andar, o que propiciara um domínio maior do ambiente.

Ao fim do período, por volta dos dois anos, a criança apresenta uma atitude mais ativa e
participativa, é capaz de entender algumas palavras, mas produz uma fala imitativa. Nesse
período, a inteligência prática é assentada na percepção e na motricidade. Essa inteligência é
utilizada a partir de seus esquemas sensoriais e motores, provindos dos reflexos genéticos,
para solucionar problemas imediatos como pegar, jogar ou chutar bola.

O estágio subdivide-se em até 6 subestágios nos quais o bebê apresenta, desde reflexos, até o
início de uma capacidade representacional ou uso de símbolos. As principais características
observáveis durante essa fase, que vai aproximadamente até os dois anos de idade da criança
são:

 a exploração manual e visual do ambiente;


 a experiência obtida com ações, a imitação;
 a inteligência prática (através de ações);
 ações como agarrar, sugar, atirar, bater e chutar;
 a coordenação das ações irá proporcionar o surgimento do pensamento;
 a centralização no próprio corpo;
 a noção de permanência do objeto;

Pode-se dizer que no Período Sensório-motor a criança conquista, através da percepção e dos
movimentos, o universo imediato que a cerca. Ela descobre que, se puxar a toalha da mesa, o
pote de bolacha ficará mais próximo dela (conduta do suporte).

JACÓ-VIELA, ANA MARIA (2005) Pré-operatório (dos 2 aos 7 anos): Estagio


caracterizado por um Pensamento indutivo, presença do animismo e do artificialismo no
raciocínio, egocentrismo. Indiferenciação entre o ponto de vista próprio e o dos outros,
rigidez e irreversibilidade do pensamento. Interesse como prolongamento da necessidade,
sentimentos de respeito (afeição e temor) pelos mais velhos, obediência, moral heterónoma.

Neste estágio os padrões de pensamento sensório-motor evoluem para um incremento da


capacidade de usar símbolos e imagens dos objetos do ambiente. Essa fase é marcada pelo
aparecimento da linguagem oral, que lhe dará possibilidade de ir além de utilizar a
inteligência prática decorrente dos esquemas sensoriais e motores, formados na fase anterior.

A criança desenvolve a linguagem, as imagens mentais e jogos simbólicos, assim como


muitas habilidades pré-conceituais. Apesar disso, o pensamento e a linguagem estão
reduzidos, no geral, ao momento presente e a acontecimentos concretos. Desenvolve
atividade de comunicação de tipo informativo e também de controle da conduta dos outros,
isto é, pede, pergunta, dá ordens, etc., para provocar as condutas que deseja em outros. A
criança já antecipa o que vai fazer, desenvolve o pensamento, no final do período começa a
querer saber a razão causal e finalista de tudo, é a famosa fase dos (porquês). Seu raciocínio é
intuitivo, está ligado às suas próprias percepções e às aparências das situações.

O segundo estágio de desenvolvimento considerado por Piaget, coincide com a fase pré-
escolar. Nesse período, as características mais importantes são:

 inteligência simbólica;
 o pensamento egocêntrico, intuitivo e mágico;
 a centração (apenas um aspecto de determinada situação é considerado);
 a confusão entre aparência e realidade;
 ausência da noção de reversibilidade;
 o raciocínio transdutivo (aplicação de uma mesma explicação a situações parecidas);
 a característica do animismo (vida a seres inanimados).
 Pré-raciocínio lógico.
 1 – Inicia imagem mental → memória de reconhecimento dá lugar a memória de
evocação (nomes de coisas e pessoas que ela conhece)
 2 – Linguagem → criança grava a imagem das coisas com nome → simbolismo
linguagem → gestos, linguagem, brincar de faz-de-conta ou jogo simbólico

Acontecimentos do pré-operatório:

 interiorizar a palavra
 socialização da ação – brinca sozinha mas a dois sem interação
 desenvolve a intuição – interiorização da ação, antes perceptiva-motora, passa ao
plano intuitivo das imagens e experiências mentais.

Outras características:

 Intuição – conhecimento que se obtém pela percepção imediata buscada na aparência


do objeto.
 Imitação diferida – imitação na ausência do objeto imitado. Indica a formação de
imagem mental.
 Ludicidade – o não comprometimento com a verdade.
 Pensamento egocêntrico – sua percepção como centro. Só entende a relação numa
direção (em relação a ela).
 Assimilação deformante da realidade – a criança não pensa o pensamento lógico e
sim, brinca com a realidade.

O pensamento egocêntrico ou intuitivo têm várias características:

 justaposição – colocar coisas lado a lado sem conexão lógica


 transdutivo – vai do particular para o particular
 sincretismo – misturar conceitos de referenciais diferentes
 ausência de reversibilidade
 Animismo, antropomorfismo, artificialismo (natureza toda feita pelo homem) e
finalismo (pra que serve?)

 Ao final do estágio sensório-motor → coordenação de esquemas Ao final do pré-


operatório → coordenação de ações

De acordo com Pedrosa & Navarro, os cinco aspectos mais importantes do pensamento neste
estágio são:

Egocentrismo: são incapazes de compreender as coisas de outro ponto de vista que não seja
o seu. Tem a tendência de tomar o seu ponto de vista como o único, sem compreender o dos
demais por estar centrados em suas ações. O egocentrismo se caracteriza basicamente por
uma visão de realidade que parte do próprio eu.

Dificuldades de transformação: são incapazes de compreender os processos que implicam


mudança. Seu pensamento é estático, estão sempre no momento presente, não considerando
os anteriores, nem antecipando o futuro.

Irreversibilidade: são incapazes de compreender um processo inverso ao observado. Seu


pensamento é irreversível.
Centralização: incapacidade para se centrar em mais de um aspecto da situação. São
incapazes de globalizar.

Não conservação: não são capazes de compreender que a quantidade pode permanecer
embora mude seu aspecto ou aparência. No exemplo da figura em massa de modelar, não
entenderiam que a quantidade seria a mesma com qualquer formato que assumisse.

Operatório concreto (dos 7 aos 12 Anos): Passagem intuição á lógica do concreto, início da
descentração. Aquisição da capacidade de perceber a reversibilidade das operações,
explicações causais, noções de permanência de substância, peso e volume. Sentimentos de
respeito mútuo e de justiça (distributiva e retributiva), moral da cooperação(correlata á lógica
da reversibilidade ), aparecimento da vontade como regulação da ação.

No estágio operatório concreto, a criança começa a utilizar conceitos como os números e


relações. Esse estágio passa a manifestar-se de modo mais evidente o que coincide (ou deve
coincidir) com o início da escolarização formal é caracterizado por uma lógica interna
consistente e sistemática e pela habilidade de solucionar problemas concretos. Neste
momento, o declínio no egocentrismo passa a ser mais visível. O declínio do egocentrismo se
estende à linguagem, que se torna mais socializada, e a criança será capaz de levar em conta o
ponto de vista do outro, assim objetos e pessoas passam a ser mais bem explorados nas
interações das crianças.

 Por volta dos 7 anos, o equilíbrio entre a assimilação e a acomodação torna-se mais
estável;
 Surge a capacidade de compreender o processo inverso ao observado, ou seja, a
reversibilidade;
 Surge a capacidade de fazer análises lógicas;
 Declina o egocentrismo, ou seja, dá-se um aumento da empatia com os sentimentos e
as atitudes dos outros;
Mesmo antes deste estágio a criança já é capaz de ordenar uma série de objetos por tamanhos
e de comparar dois objetos indicando qual é o maior, mas ainda não é capaz de compreender
a propriedade transitiva (A é maior que B, B é maior que C, logo A é maior que C). No início
deste estágio a criança já é capaz de compreender a propriedade transitiva, desde que aplicada
a objetos concretos que ela tenha visto;

 Começa sucessivamente a compreender a conservação das quantidades, do peso e do


volume, etc.

Neste estágio, também algumas características das crianças começam a ser aprimoradas,
como por exemplo: se concentram mais nas atividades, colaboram mais com os colegas,
apresentam responsabilidade e respeito mutuo e participações em grupo.

Operatório formal ou abstrato: Acesso á lógica operatória abstrata, descentração se


completa. Pensamento proposicional e hipotético-dedutivo, esquemas formais de lógica
combinatória e de proporções. Construção da autonomia.[8]

No estágio operatório formal, o adolescente começa a raciocinar lógica e sistematicamente.


Esse estágio é definido pela habilidade de engajar-se no raciocínio proposicional. As
deduções lógicas podem ser feitas sem o apoio de objetos concretos. Aprende a criar
conceitos e ideias. Diferente do período anterior, agora o adolescente tem o pensamento
formal abstrato. Ele não necessita mais de manipulação ou referência concreta. No lado social
a vida em grupo é um aspecto significativo junto com o planeamento de ações coletivas.
Reflete sobre a sociedade e quer transformá-la, mais tarde vem o equilíbrio entre pensamento
e realidade.

O pensamento hipotético-dedutivo é o mais importante aspecto apresentado nessa fase de


desenvolvimento, pois o ser humano passa a criar hipóteses para tentar explicar e sanar
problemas, o foco desvia-se do "é" para o "poderia ser".

As bases do pensamento científico aparecem nessa etapa do desenvolvimento.


Referência Bibliográfica

 Colinvaux, Dominique "Pensador rigoroso, homem afável". Revista Educação -


História da Pedagogia, nº 1, pgs. 6-19. Editora Segmento. São Paulo (2010)
 Jacó-Vilela, Ana Maria (2005). História da Psicologia: Rumos e Percursos. [S.l.]: Nau
Editora. pp. Pag. 252
 Revista Educação - História da Pedagogia, nº 1, pgs. 1-35. Editora Segmento. São
Paulo (2010)
 Scribd, Revista Seleções, Abril de 2002, pág.95. Visitado em 5 de agosto de 2015.
 LIVIA MATHIAS SIMAO; Maria Thereza Costa Coelho de Souza; Nelson Ernesto
Coelho Junior. Noção de objeto, concepção de sujeito: Freud, Piaget e Boesch. Casa
do Psicólogo; 2002. ISBN 978-85-7396-164-5. p. 71 – 72.
 ↑ a b c d e f g h Murillo Cruz Filho, D.Sc (Data desconhecida). «Acomodação (cf. J.
Piaget)». Consultado em 24 de Outubro de 2012 
 BOCK, Ana Mercês Bahia et al. Psicologias: Uma introdução ao estudo de
Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2002.
 PIAGET, Jean. A epistemologia genética. Petrópolis: Vozes, 1971.
 PIAGET, Jean. Problemas de psicologia genética. In: Os pensadores. São Paulo: Abril
Cultural, 1983.
 PIAGET, Jean. Teoria da aprendizagem na obra de Jean Piaget. São Paulo: UNESP,
2009.

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