Você está na página 1de 6

A Teoria Cognitiva foi criada pelo suíço Jean Piaget para explicar o desenvolvimento cognitivo

humano. Essa característica da sua obra a tornou uma das maiores contribuições para a
psicologia do desenvolvimento, pois muitos psicólogos incluindo Piaget tiveram a certeza que
a construção do ser humano é um processo que vai acontecendo ao longo da vida das crianças.

Destacamos que a pesquisa feita por Piaget foi realizada por meio de observação de seus
filhos, ele anotava o crescimento dia a dia. De acordo com esta teoria, o desenvolvimento
cognitivo humano é dividido em 4 estágios.

Índice

1 Sensório-motor (24 meses)

2 Pré-operatório (2 a 7 anos)

3 Operatório concreto (7 a 11/12 anos)

4 Operatório formal (12 anos em diante)

5 Equilíbrio e acomodação

6 Referências

7 Bibliografia

Sensório-motor (24 meses)


No estágio sensório-motor, que dura do nascimento até aproximadamente os dois anos de
idade, a criança busca adquirir controle motor e aprender sobre os objetos que a rodeiam.
Esse estágio é chamado sensório-motor, pois o bebê adquire o conhecimento por meio de suas
próprias ações que são controladas por informações sensoriais imediatas. Nesse período o
desenvolvimento físico é o suporte para o aparecimento de novas habilidades, como sentar,
andar, o que propiciara um domínio maior do ambiente.

Ao fim do período, por volta dos dois anos, a criança apresenta uma atitude mais ativa e
participativa, é capaz de entender algumas palavras, mas produz uma fala imitativa. Nesse
período, a inteligência prática é assentada na perceção e na motricidade. Essa inteligência é
utilizada a partir de seus esquemas sensoriais e motores, provindos dos reflexos genéticos,
para solucionar problemas imediatos como pegar, jogar ou chutar bola.

O estágio subdivide-se em até 6 subestágios nos quais o bebê apresenta, desde reflexos, até o
início de uma capacidade representacional ou uso de símbolos.

As principais características observáveis durante essa fase, que vai aproximadamente até os
dois anos de idade da criança são:

a exploração manual e visual do ambiente;

a experiência obtida com ações, a imitação;

a inteligência prática (através de ações);

ações como agarrar, sugar, atirar, bater e chutar;

a coordenação das ações irá proporcionar o surgimento do pensamento;


a centralização no próprio corpo;

a noção de permanência do objeto;

Pode-se dizer que no Período Sensório-motor a criança conquista, através da perceção e dos
movimentos, o universo imediato que a cerca. Ela descobre que, se puxar a toalha da mesa, o
pote de bolacha ficará mais próximo dela (conduta do suporte).

Pré-operatório (2 a 7 anos)
O segundo estágio de desenvolvimento considerado por Piaget é o estágio pré-operatório, que
coincide com a fase pré-escolar e vai dos dois anos de idade até os sete anos, em média.

Nesse período, as características mais importantes são:

inteligência simbólica;

o pensamento egocêntrico, intuitivo e mágico;

a centração (apenas um aspecto de determinada situação é considerado);

a confusão entre aparência e realidade;

ausência da noção de reversibilidade;

o raciocínio transdutivo (aplicação de uma mesma explicação a situações parecidas);

a característica do animismo (vida a seres inanimados).

De acordo com Pedrosa & Navarro, os cinco aspetos mais importantes do pensamento neste
estágio são:

Egocentrismo: são incapazes de compreender as coisas de outro ponto de vista que não seja o
seu. Tem a tendência de tomar o seu ponto de vista como o único, sem compreender o dos
demais por estar centrados em suas ações. O egocentrismo se caracteriza basicamente por
uma visão de realidade que parte do próprio eu.

Dificuldades de transformação: são incapazes de compreender os processos que implicam


mudança. Seu pensamento é estático, estão sempre no momento presente, não considerando
os anteriores, nem antecipando o futuro.

Irreversibilidade: são incapazes de compreender um processo inverso ao observado. Seu


pensamento é irreversível.

Centralização: incapacidade para se centrar em mais de um aspecto da situação. São incapazes


de globalizar.

Não conservação: não são capazes de compreender que a quantidade pode permanecer
embora mude seu aspecto ou aparência. No exemplo da figura em massa de modelar, não
entenderiam que a quantidade seria a mesma com qualquer formato que assumisse.

Neste estágio os padrões de pensamento sensório-motor evoluem para um incremento da


capacidade de usar símbolos e imagens dos objetos do ambiente.
Essa fase é marcada pelo aparecimento da linguagem oral, que lhe dará possibilidade de ir
além de utilizar a inteligência prática decorrente dos esquemas sensoriais e motores, formados
na fase anterior.

A criança desenvolve a linguagem, as imagens mentais e jogos simbólicos, assim como muitas
habilidades pré-conceituais. Apesar disso, o pensamento e a linguagem estão reduzidos, no
geral, ao momento presente e a acontecimentos concretos.

Desenvolve atividade de comunicação de tipo informativo e também de controle da conduta


dos outros, isto é, pede, pergunta, dá ordens, etc., para provocar as condutas que deseja em
outros. A criança já antecipa o que vai fazer, desenvolve o pensamento, no final do período
começa a querer saber a razão causal e finalista de tudo, é a famosa fase dos (porquês).

Seu raciocínio é intuitivo, está ligado às suas próprias perceções e às aparências das situações.

Inteligência simbólica ou intuitiva.

Pré-raciocínio lógico.

1 – Inicia imagem mental → memória de reconhecimento dá lugar a memória de evocação


(nomes de coisas e pessoas que ela conhece)

2 – Linguagem → criança grava a imagem das coisas com nome → simbolismo linguagem →
gestos, linguagem, brincar de faz-de-conta ou jogo simbólico

Acontecimentos do pré-operatório:

interiorizar a palavra

socialização da ação – brinca sozinha, mas a dois sem interação

desenvolve a intuição – interiorização da ação, antes percetiva-motora, passa ao plano


intuitivo das imagens e experiências mentais.

Outras características:

Intuição – conhecimento que se obtém pela perceção imediata buscada na aparência do


objeto.

Imitação diferida – imitação na ausência do objeto imitado. Indica a formação de imagem


mental

Ludicidade – o não comprometimento com a verdade.

Pensamento egocêntrico – sua perceção como centro. Só entende a relação numa direção (em
relação a ela).

Assimilação deformante da realidade – a criança não pensa o pensamento lógico e sim, brinca
com a realidade.

Os pensamentos egocêntricos ou intuitivos têm várias características:

justaposição – colocar coisas lado a lado sem conexão lógica

transdutivo – vai do particular para o particular

sincretismo – misturar conceitos de referenciais diferentes


ausência de reversibilidade

Animismo, antropomorfismo, artificialismo (natureza toda feita pelo homem) e finalismo (pra
que serve?)

Ao final do estágio sensório-motor → coordenação de esquemas. No final do pré-operatório →


coordenação de ações

Operatório concreto (7 a 11/12 anos)


No estágio operatório concreto, que dura dos 7 aos 11 anos de idade em média, a criança
começa a utilizar conceitos como os números e relações. Esse estágio passa a manifestar-se de
modo mais evidente o que coincide (ou deve coincidir) com o início da escolarização formal é
caracterizado por uma lógica interna consistente e sistemática e pela habilidade de solucionar
problemas concretos. Neste momento, o declínio no egocentrismo passa a ser mais visível. O
declínio do egocentrismo se estende à linguagem, que se torna mais socializada, e a criança
será capaz de levar em conta o ponto de vista do outro, assim objetos e pessoas passam a ser
mais bem explorados nas interações das crianças.

Por volta dos 7 anos, o equilíbrio entre a assimilação e a acomodação torna-se mais estável;

Surge a capacidade de compreender o processo inverso ao observado, ou seja, a


reversibilidade;

Surge a capacidade de fazer análises lógicas;

Declina o egocentrismo, ou seja, dá-se um aumento da empatia com os sentimentos e as


atitudes dos outros;

Mesmo antes deste estágio a criança já é capaz de ordenar uma série de objetos por tamanhos
e de comparar dois objetos indicando qual é o maior, mas ainda não é capaz de compreender
a propriedade transitiva (A é maior que B, B é maior que C, logo A é maior que C). No início
deste estágio a criança já é capaz de compreender a propriedade transitiva, desde que
aplicada a objetos concretos que ela tenha visto;

Começa sucessivamente a compreender a conservação das quantidades, do peso e do volume,


etc.

Neste estágio, também algumas características das crianças começam a ser aprimoradas, como
por exemplo: se concentram mais nas atividades, colaboram mais com os colegas, apresentam
responsabilidade e respeito mútuo e participações em grupo.

Operatório formal (12 anos em diante)


No estágio operatório formal – desenvolvido a partir dos 12 anos de idade em média – o
adolescente começa a raciocinar lógica e sistematicamente. Esse estágio é definido pela
habilidade de engajar-se no raciocínio proposicional. As deduções lógicas podem ser feitas sem
o apoio de objetos concretos. Aprende a criar conceitos e ideias.

Diferente do período anterior, agora o adolescente tem o pensamento formal abstrato. Ele
não necessita mais de manipulação ou referência concreta. No lado social a vida em grupo é
um aspecto significativo junto com o planejamento de ações coletivas. Reflete sobre a
sociedade e quer transformá-la, mais tarde vem o equilíbrio entre pensamento e realidade.

O pensamento hipotético-dedutivo é o mais importante aspecto apresentado nessa fase de


desenvolvimento, pois o ser humano passa a criar hipóteses para tentar explicar e sanar
problemas, o foco desvia-se do "é" para o "poderia ser".

As bases do pensamento científico aparecem nessa etapa do desenvolvimento.

Equilíbrio e acomodação

O modelo de equilibração de Piaget distingue entre equilíbrio e acomodação, onde o primeiro


é reservado para os patamares evolutivos de adaptação e o segundo para o processo
responsável pela passagem de um patamar de menor equilíbrio para um de maior equilíbrio.
[1]

A acomodação é um conceito desenvolvido por Jean Piaget[2] que descreve mecanismos da


adaptação do indivíduo, com o objectivo de estruturar e impulsionar seu desenvolvimento
cognitivo.[2]

Este conceito tem relação directa com a teoria do Socioconstrutivismo, da qual Piaget era
adepto. Segundo Piaget, a acomodação é um dos dois modos pelo qual os esquemas mentais
existentes se modificam, devido às experiências e relações com o meio.[2] Seria, de acordo
com essa ideia, o movimento que o organismo realiza para se submeter às exigências
exteriores, adequando-se a estas últimas. O outro mecanismo da adaptação é a assimilação.[2]
A regulação entre ambos os processos é chamada equilibração. Ainda de acordo com a teoria,
em algumas atividades mentais predomina a assimilação (jogo simbólico) e em outras
predomina a acomodação (reprodução).[2]

Para Piaget, o desenvolvimento do indivíduo, em termos cognitivos sempre passa por


equilíbrios e desequilíbrios, com mínima interferência externa, tanto orgânica como
ambiental. Por exemplo, a inteligência seria uma assimilação, pois esta incorporaria dados da
experiência no indivíduo.[2] Assim, uma vez que ele assimilou intelectualmente uma nova
experiência, vai formar um novo esquema ou modificar o esquema antes vigente.[2] Então, na
medida em que o ser humano compreende o novo conhecimento, dele se apropriando, se
acomoda, passando a considerar aquilo como normal, o que traz o retorno à situação de
equilíbrio. Esse período que a pessoa assimila e se acomoda ao novo é chamado de adaptação.
Pode-se dizer, que dessa forma, se dá o processo de evolução do desenvolvimento humano.[2]

Referências

LIVIA MATHIAS SIMAO; Maria Thereza Costa Coelho de Souza; Nelson Ernesto Coelho Junior.
Noção de objeto, concepção de sujeito: Freud, Piaget e Boesch. Casa do Psicólogo; 2002. ISBN
978-85-7396-164-5. p. 71 – 72.

Murillo Cruz Filho, D.Sc (Data desconhecida). «Acomodação (cf. J. Piaget)». Consultado em 24
de Outubro de 2012 Verifique data em: |data= (ajuda)

Bibliografia

BOCK, Ana Mercês Bahia et al. Psicologias: Uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo:
Saraiva, 2002.
PIAGET, Jean. A epistemologia genética. Petrópolis: Vozes, 1971.

PIAGET, Jean. Problemas de psicologia genética. In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural,
1983.

PIAGET, Jean. Teoria da aprendizagem na obra de Jean Piaget. São Paulo: UNESP, 2009.

Você também pode gostar