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Caso 3 – Construtivismo Piaget

A teoria piagetiana não é propriamente uma teoria da aprendizagem, mas sim


uma teoria do desenvolvimento.

Através dos esquemas de assimilação é que há a compreensão da realidade.

Esquemas: Os esquemas são as representações mentais do conhecimento, a


maneira como os conceitos se organizam para a compreensão da realidade.
Podem ser esquemas comportamentais, que estão relacionados a atividades
motoras, e/ou esquemas mentais, relacionados a atividades cognitivas. É
através dos esquemas que se cria estratégias e planos para se resolver um
problema, por exemplo.

Assimilação: Incorporação de uma nova informação em um esquema já


existente. Ex: Criança aprende a palavra cachorro e passa a chamar todos os
animais de quatro patas de “cachorros”.

Acomodação: É quando há uma alteração e adaptação nos esquemas


existentes mediante a novas informações e experiências. Ex: Criança aprende
que nem todos os animais de quatro patas se chamam “cachorro” e passa a
agrupá-los de outra maneira, para identificar corretamente gatos e cachorros,
acomodando o esquema.

Equilibração: É através do equilíbrio que a criança passa de um estágio do


desenvolvimento para o outro. Ao experienciar conflitos cognitivos
(desequilíbrios) há a tentativa de reorganização, para que se consiga entender
o mundo. A motivação para que essa mudança ocorra é uma busca interna por
equilíbrio, quando se forma novas esquemas a criança busca organizar os
novos e velhos esquemas para voltar ao equilíbrio.

É a construção de novos esquemas posteriormente à acomodação que


promove o desenvolvimento cognitivo, e é essa acomodação que promove a
aprendizagem.

Ensinar é provocar o desequilíbrio na mente para que a criança crie novos


esquemas, procurando o reequilíbrio e consequentemente aprenda.
Estágios de desenvolvimento: Resultantes da assimilação e acomodação, os
estágios de desenvolvimento são fases em que a criança gradativamente vai
aprimorando sua cognição e raciocínio. Cognição essa que é qualitativamente
diferente entre os estágios, ocorrendo uma mudança no modo de entender o
mundo que é cada vez mais avançado. São divididos em quatro estágios:
Sensório-motor, Pré-operacional, Operacional concreto e Lógico-formal.

Sensório-motor (0-2): É o estágio em que a criança guia suas experiências


através das vias sensoriais (visão, audição) e das atividades motoras (pegar,
morder). Nesse estágio existem duas realizações cognitivas que se destacam:
A percepção de continuidade dos objetos, compreensão de que os objetos e
ventos continuam existindo mesmo quando bebê não os vê, e a separação
entre si e o mundo, o bebê passa a saber delimitar onde ele termina e onde o
ambiente/outro começa.

Pré-operacional (2-7): Nesse estágio o pensamento tem características mais


egocêntricas e intuitivas. Pode-se dividir o pensamento pré-operatório em dois
subestágios: O subestágio de função simbólica (2-4) e o subestágio de
pensamento intuitivo (4-7). Há uma dificuldade em formar categorias e
agrupamentos. O que traria essa dificuldade é a centração, que é o foco e
centralização da atenção em uma característica específica, que
consequentemente exclui as outras características. Há também uma falta de
conservação, a criança não compreende que algumas características
permanecem as mesmas mesmo que o objeto mude de aparência, a exemplo
do na tarefa de conservação. Nesse estágio as crianças também não
conseguem realizar operações, que são representações mentais reversíveis,
percepção de que ao reverter uma ação ela volta às suas condições originais,
exemplo: 2+4=6 | 6-2=4.

Subestágio de função simbólica: A criança ganha a habilidade de


representação mental de um objeto não presente. Esse subestágio é
perceptível nas brincadeiras de faz de conta e nos desenhos, que passam a
ser representações de pessoas e objetos, mas ainda em forma de rabiscos ou
abstratas. Há um aumento no pensamento simbólico, e mesmo que haja um
progresso no pensamento, ainda existem duas limitações nesse processo: o
egocentrismo e o animalismo. Egocentrismo seria a incapacidade da criança de
diferenciar sua visão de mundo da visão do outro, ela não consegue se colocar
na perspectiva do outro. Já o animalismo é a crença de que objetos inanimados
possuem capacidade de se mover ou vida.

Subestágio de pensamento intuitivo: A criança começa a usar o raciocínio


primitivo e passa a ter interesse em saber os "porquês" das coisas, a criança
aparenta ter muita certeza de seu conhecimento e compreensão sobre o
mundo, mesmo que não saibam como sabem.

Operacional concreto (7-11): O raciocínio intuitivo é substituído pelo


raciocínio lógico em situações concretas, nesse estágio há o uso de operações,
que são operações mentais reversíveis, que nesse caso será ligada a objetos
concretos, reais (operações concretas). Assim, a criança agora consegue
considerar mais de uma característica do objeto, ao invés de focar em apenas
uma como no estágio anterior. Há a presença de habilidade de classificação,
agora a criança consegue além de separar em categorias ou subcategorias
fazer a relação da inter-relação entre as partes. Uma outra habilidade presente
é a de seriação, uma operação concreta que envolve o ordenamento de acordo
com dimensões, por exemplo organizar varetas de comprimentos diferentes em
ordem crescente. Também está presente a transitividade, capacidade de
raciocinar sobre combinações de relações de maneira lógica, exemplo se a
vareta A é mais longa que a B e B é mais longa que a C, então A é mais longa
do que C.

Operacional-formal (11-15): Agora o indivíduo consegue pensar de maneira


lógica, idealista e abstrata, indo além do raciocínio baseado em experiências
concretas. O pensador lógico-formal consegue resolver problemas
apresentados verbalmente, através de sua capacidade de pensamento
abstrato. Também há a habilidade de idealizar e imaginar possibilidades,
juntamente com o pensamento lógico há agora a capacidade de desenvolver
planos para resolver problemas, hipotetizar e testar soluções, Piaget chama
esse conceito de raciocínio-hipotético-dedutivo. Há agora uma nova forma
de egocentrismo, uma elevada auto consciência, trazendo uma crença de que
todos estão tão interessados nele mesmo quanto ele mesmo, isso também traz
um senso de singularidade.
Comentários de eduarda:

O que uma criança aprende não é o que é ensinado porém sim o que ela
apreende do conteúdo que lhe foi mostrado, portanto a singularidade no
processo de aprendizagem é o que permite que cada ser humano enxergue e
sinta o mundo e as experiências que vive de formas diferentes e subjetivas.

acomodação - a organização (estrutura) mental se gerando um processo de


acomodação para perceber as singularidades do objeto modifica, quando o
objeto apresenta certas resistências

Para mim, existem 4 fatores principais:

em primeiro lugar, maturação, uma vez

que esse desenvolvimento é uma continuação da embriogênese; segundo, o

papel da experiência adquirida no meio

físico sobre as estruturas da inteligência;

terceiro, transmissão social num sentido

amplo (transmissão lingüística, educação, etc.); e quarto, um fator que


freqüentemente é negligenciado, mas que, para

mim, parece fundamental e mesmo o

principal fator. Eu denomino esse fator

de equlibração ou, se vocês preferem,

auto-regulação (Piaget)

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