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A Criança e seu Desenvolvimento

TEORIA DOS ESTÁGIOS


COGNITIVOS
..........................

JEANPIAGET

PSICOPEDAGOGA SINDI SABRINA PEDROSO


DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Teoria de Jean Piaget

PARA COMEÇAR...
Resumo da teoria de Jean Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo e aprendizagem, um
conteúdo muito importante na formação de professores. Neste resumo trabalhamos com os
principais conceitos desta teoria a fim de auxiliá-los a compreender melhor como ocorre o
desenvolvimento cognitivo das crianças.
DESENVOLVIMENTO - TEORIAS DA PERSPECTIVA COGNITIVAS
Existem cinco perspectivas que dão suporte às pesquisas do desenvolvimento humano que
são: 1 - psicanalítica, que estuda as emoções e impulsos inconscientes; 2 - aprendizagem, que
pesquisa o comportamento observável; 3 - cognitiva, que investiga os processos de
pensamento; 4 - contextual, estuda o contexto a influência histórico, social e cultural; 5 -
evolucionista/socio biológica que tem por base as teorias evolucionistas e biológicas do
comportamento. Após esta breve apresentação, destacamos que este material será focado na
perspectiva cognitiva. Esta perspectiva busca compreender os processos de pensamento e
como o comportamento reflete estes processos. A perspectiva cognitiva inclui a teoria dos
estágios cognitivos de Jean Piaget e a teoria sociocultural do desenvolvimento cognitivo de
Vygotsky.

TEORIA DOS ESTÁGIOS COGNITIVOS DE JEAN PIAGET


Jean Piaget (1896-1980) propôs que tudo começa com a capacidade inata (natural) de se
adaptar ao ambiente. Estudou como o ser humano elabora seus conhecimentos, investigou o
desenvolvimento cognitivo das crianças, as quais observou e conversou, as questionando, para
saber como suas mentes funcionavam. O desenvolvimento cognitivo ocorre por meio de três
processos inter-relacionados que são: organização, adaptação e equilibração (PAPALIA, 2013;
BROTHERHOOD; LEONEL, 2019). A Organização está relacionada à criação de categorias. As
estruturas cognitivas se tornam mais complexas e são chamadas de esquemas, que são o
modo
de organizar as informações sobre o mundo. Conforme adquirimos mais informações os
esquemas vão tornando-se cada vez mais complexos. Por exemplo, o ato de agarrar. O recém-
nascido agarra os dedos da mãe, e esse é um esquema simples, porém logo desenvolverá
esquemas mais complexos, como segurar a mamadeira, ou pegar objetos próximos (PAPALIA,
2013).

A Adaptação está ligada à como lidamos com as novas informações, perante o que já se sabe.
Pode ocorrer por dois processos complementares: 1. Assimilação: absorção de nova
informação e incorporação às estruturas cognitivas existentes. 2. Acomodação: que é ajustar
as próprias estruturas cognitivas para encaixar a informação nova. Assimilar algo está
relacionado então a compreensão de objetos, pessoas, ideias, e incorporar estes novos
conhecimentos às suas estruturas. Quando já temos um conhecimento semelhante a
assimilação irá ser integrada às estruturas de conhecimentos já existentes. Por outro lado,
quando há um novo estímulo, estas estruturas podem ser modificadas e incorporadas, levando
à acomodação desta informação. E isso leva a “criação de novos esquemas ou a modificação
de velhos esquemas. Podemos dizer que essas ações resultam em mudanças na estrutura
cognitiva” (BROTHERHOOD; LEONEL, 2019, p. 51). Deste modo podemos dizer que os dois
mecanismos por meio dos quais ocorre a adaptação, são complementares e não mecanismos
que ocorrem de forma isolada. Os comportamentos não refletem somente a assimilação ou a
acomodação, mas ambos (PAPALIA, 2013; BROTHERHOOD; LEONEL, 2019). Piaget descreve
quatro estágios que auxiliam na assimilação. Estes estágios emergem em momentos de
desequilíbrio, e por meio destes a criança se adapta a novos conhecimentos, ou modificando
os conhecimentos que já possui. As operações mentais evoluem desde o nascimento até a
adolescência. Estes estágios são:
Figura 1. Estágios do desenvolvimento.

A Equilibração, então auxilia na transição da assimilação para a acomodação. Quando a


acomodação não ocorre temos um desequilíbrio, no qual a criança pode não conseguir lidar
com as novas experiências dentro das estruturas cognitivas já existentes, o que pode levar a
um sentimento de desconforto. Inicialmente a criança utiliza os conhecimentos que já possui
(assimilação) para tentar entender uma nova situação. Quando se sente confusa diante desta
nova experiência fica inquieta (desequilíbrio), o que pode levar a uma motivação para sua
compreensão (acomodação) e então a nova situação é compreendida, e a criança se encontra
em equilíbrio novamente. Segundo Papalia (2013, p. 65)

“[...] Ao organizar novos padrões mentais e comportamentais que integram a


nova experiência, a criança restaura o equilíbrio. Assim, assimilação e
acomodação operam juntas para produzir equilíbrio. Durante a vida toda, a
busca pelo equilíbrio é a força motivadora por trás do crescimento cognitivo.

Veja o exemplo na tirinha abaixo:


Figura 2. Exemplo de assimilação e acomodação.

Por exemplo, a criança vê um avião pela primeira vez, e o assemelha a um pássaro


(assimilação). Depois percebe que pássaros e aviões são diferentes, o que a deixa inquieta
(desequilíbrio). Contudo ela compreende essas diferenças e entende que estes são realmente
diferentes (acomodação) e entende então o avião como um objeto (equilíbrio). Assim,
podemos compreender a teoria de Piaget, como uma proposta em que a aprendizagem ocorre
por assimilação e pelo avanço da maturidade intelectual. As mudanças no pensamento
ocorrem entre a infância e adolescência, e a maturação intelectual se dá pela estabilidade e
maior complexidade dos esquemas desenvolvidos.

REFERÊNCIAS BROTHERHOOD, R. M.; LEONEL, W. H S. Psicologia da Educação. Maringá - PR,


2018. Impresso, 2019. 152 p. PAPALIA, D. E. Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2013.

RESUMINDO...
O desenvolvimento cognitivo ocorre por meio de três processos inter-
relacionados que são: organização, adaptação e equilibração.

01- Organização
organizamos as informações que recebemos sobre o mundo.

Por meio de esquemas,


Os esquemas são estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os indivíduos
intelectualmente se adaptam e organizam o meio.

02- A assimilação, refere-se ao processo cognitivo pelo qual uma pessoa


integra um novo dado perceptual, motor ou conceitual nos esquemas ou padrões de
comportamento já existentes.

Adaptação
Está relacionada a como lidamos com as novas informações, perante o que já se
sabemos...
Acomodação, consiste na criação de novos esquemas ou a modificação de velhos
esquemas. Podemos dizer que essas ações resultam em mudanças na
estrutura cognitiva...

03- Equilibração
A equilibração é um estado de equilíbrio, ou de adaptação em relação ao meio. Está
relacionada a como lidamos com as novas informações, perante o que já se
sabemos...

Quando restauramos o equilíbrio teremos então assimilado este novo


conhecimento, ou seja, teremos o aprendizado.
O desequilíbrio ocorre quando não conseguimos lidar com as novas experiências
dentro das estruturas cognitivas já existentes, o que pode levar a um
sentimento de desconforto.

04- Aprendizagem
Quando restauramos o equilíbrio teremos então assimilado este novo
conhecimento, ou seja, teremos o aprendizado.
- Fases do desenvolvimento infantil

Estágio sensório-motor (0 a 2 anos):


Nessa fase, as crianças aprendem testando seus próprios reflexos e
movimentos, desenvolvendo a percepção do próprio corpo e dos objetos. O
entendimento do mundo se dá por experimentação e interação com o mundo à
volta.
Sabe aquela mania de levar tudo até a boca? E de jogar as coisas no chão?
São formas de construir conhecimento nessa fase!
Estágio pré-operacional ou simbólico (2 a 7 anos):
Quando começam a dominar a linguagem e os nossos símbolos de
comunicação, começam também a imitar, representar, imaginar e classificar.
Nessa fase, por exemplo, a palavra carro já pode gerar a imagem mental de
um carro, mesmo que não tenha nenhuma na sua frente.
A criança ainda é egocêntrica (se vê no centro de tudo e entende o mundo a
partir da sua própria vivência) e não tem a capacidade de se colocar no lugar
dos outros. Esse é um longo processo!
Faz parte dessa visão egocêntrica achar que a natureza e os objetos agem de
forma independente. Se tropeçou, diz que a calçada é a culpada e não ela
própria. Xinga o brinquedo por ter “se” estragado, ou responde um sincero “não
fui eu, foi a minha mão!”. Também pode confundir realidade e fantasia e ainda
ter dificuldade de distinguir certo e errado.
Brincar de faz de conta, de comidinha, de criar histórias e desenhar fazem
parte do aprendizado nessa fase.

Estágio operatório-concreto (7 a 11/12 anos):


O egocentrismo diminui e a criança passa a ter maior capacidade de se colocar
no lugar do outro e entender conceitos morais de certo e errado por volta dos 7
anos.
Nessa fase, as crianças apresentam maior capacidade de pensar soluções
mentais para problemas reais. As informações que receberam até aqui
começam a se conectar num raciocínio mais lógico, que considera vários
aspectos ao mesmo tempo.
Conseguem estabelecer relações e agrupar objetos ou símbolos por
semelhança ou diferença. Nesse processo, começa a alfabetização: a letra se
liga a um som, e o “plim” acontece. Outros aprendizados se constroem a partir
da observação das coisas e pela tentativa e erro.
Um exemplo clássico é a compreensão de que dois copos com diâmetros
diferentes – um cheio e outro até a metade – podem ter a mesma quantidade
de líquido. É a noção de espaço e volume se consolidando!
As operações matemáticas vão ficando cada vez mais complexas: se no início
precisam de objetos concretos para somar ou subtrair, em pouco tempo já
conseguem fazer operações com grandes números.

Estágio operatório-formal (a partir de 12 anos):


Aqui, a capacidade cognitiva é muito próxima da dos adultos.
O adolescente consegue fazer deduções e trabalhar com hipóteses mais
elaboradas a partir do pensamento lógico e também do abstrato.

Começa a entender teorias, doutrinas e conceitos, sendo capaz de fazer


leituras críticas do mundo ao redor (e também criticar muito os pais!). Esse
processo reforça a vontade de independência e autonomia, enfim, de assumir
suas opiniões, personalidade e posição no mundo!
Como estimular o desenvolvimento infantil?
Saber o que esperar de cada fase não significa esperar passivamente a
formação das estruturas mentais acontecer.
Um dos nossos papéis como mães e pais, e também da escola, é apresentar o
mundo, um ambiente que estimule perguntas para que elas possam construir o
próprio conhecimento.
Vamos voltar lá no início do texto, quando falamos de uma criança de 3/4 anos.
Como ela aprendeu a mexer no controle remoto? Observando e testando!
Percebeu que você fazia isso, apertou muitos botões errados até descobrir o
certo para assistir ao seu desenho favorito.
O importante para estimular o desenvolvimento infantil é oferecer um ambiente
afetuoso, seguro e com mais coisas interessantes além da TV para ela
explorar, testar e descobrir. Crianças são curiosas e amam aprender!
Algumas crianças até podem desenvolver o interesse e o aprendizado das
letras antes do tempo, mas não há motivos para acelerar o processo ou pular
etapas, se isso não conversa com os interesses dela.
Se ela já acompanha uma história e já tenta contar do seu jeito com apoio das
ilustrações, ela está num ótimo caminho de desenvolvimento.

Como estimular os 4 estágios de Piaget para o desenvolvimento infantil?


Seguindo os conceitos apresentados por Piaget, podemos estimular o
desenvolvimento infantil por meio de algumas atividades.
Durante o estágio sensório-motor (entre 0 e 2 anos), as atividades que mais
estimulam as crianças são aquelas que envolvem movimentos e o processo da
ação. Sons, sensações, tato e a movimentação corporal chamam muito a
atenção dos pequenos. Por isso, brincadeiras envolvendo dança, música e
instrumentos musicais com os pais são uma boa opção.
Entre 2 e 7 anos, na fase pré-operacional, a imaginação está fluindo como
nunca. Criação de histórias e brincadeiras de faz de conta, transformando
objetos, usando fantoches e fantasias, estimulam o desenvolvimento infantil.
Teatro e desenho são atividades recomendadas para essa fase.
Na janela entre 7 e 12 anos, atividades que estejam mais relacionadas à lógica
e ao pensamento são bem-vindas. As artes ainda são recomendadas, mas
passatempos como xadrez e jogos de tabuleiro mais complexos ajudam
no desenvolvimento cognitivo.
Para os mais velhos, acima dos 12 anos, os estímulos ideais são aqueles que
os ajudam a se expressar: dança, atividades físicas em grupo e cursos mais
complexos de música, teatro e desenho, por exemplo.

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