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O termo Expressão Plástica foi adoptado pela educação pela arte portuguesa, para designar o
modo de expressão-criação através do manuseamento e modificação de materiais plásticos.
Na antiga Grécia, a palavra “plastike” referia-se à arte de modelar figuras em barro. O termo latino
“plástica” já abrangia outros materiais (gesso, pedra, madeira, metal). Actualmente consideram-se
os materiais como possuindo características físicas elásticas ou plásticas. Os primeiros possuindo
a propriedade de, depois de deformados, voltar à sua forma primitiva e os segundos mantendo a
deformação que lhes foi dada. O barro, o gesso, a pedra, a madeira, os metais, o plástico, são
exemplos de materiais plásticos. Artes plásticas ou expressão plástica referem-se, por isso, às
actividades artísticas envolvendo este tipo de materiais.(…)
Esta posição e atitude educacional tanto poderá estar presente nas aulas e ateliers de artes
plásticas como poderá constituir uma terceira área de intervenção educacional sob a forma, por
exemplo, de jogos de criação e expressão plástica.
O seu principal objectivo é a expressão das emoções e sentimentos através da criação com
materiais plásticos. Não se pretende a produção de obras de arte nem a formação de artistas,
mas apenas a satisfação das necessidades de expressão e de criação da criança. Desenha-se,
pinta-se e modela-se apenas pelo prazer que esses actos proporcionam e não com a intenção de
produzir algo que seja “arte”. É a acção que interessa, é o acto de criar que é expressivo e não a
obra criada.
Também não se fazem quaisquer juízos de valor. Não interessa se a obra é “boa” ou “má”,
“bonita” ou “feia”, é o acto expressivo que interessa e não a plástica. Trata-se de “expressão”
plástica e não de produção plástica» (Sousa, 2003, pp. 159-161).
As crianças em idade pré-escolar têm uma grande capacidade de representar o seu conhecimento
do mundo por modalidades e meios muito diversos, sendo que, muitos destes não dependem de
todo da língua, ou estão apenas em parte relacionados com ela: desenhar, fazer modelos de três
dimensões (estruturas de barro ou de blocos), acções de imitação ou de “simulação” (cantar,
dançar, etc. …). “Utilizar diferentes formas de linguagem, quer ela seja verbal ou gráfica, para
representar um mesmo tema ou conceito, permite à criança desenvolver e aprofundar os seus
conhecimentos acerca do mesmo” (Formosinho et al., 1996, p. 102).
Como refere Giovanni, arte “significa ter mais linguagens e mais linguagens significa diferentes
formas de ver e representar o Mundo” (cit. em Formosinho et al., 1996, p. 102), deste modo, a
expressão artística, permite à criança desenvolver o seu espírito crítico, ao mesmo tempo que lhe
permite integrar e expressar os seus sentimentos e emoções relativamente aos novos
acontecimentos com que se depara no dia-a-dia.
“As artes comunicam o que há de humano em cada um de nós. Elas despertam a aprendizagem
porque tocam o verdadeiro ser interior, a perspectiva do eu não-corporal, a parte que permanece
fora do domínio da ciência – o espírito, o reino dos sonhos, do afecto, da ousadia e da dedicação.
As artes, como as ciências, são sistemas simbólicos que comunicam significados a respeito do
mundo” (Spodek & Saracho, 1998, p. 352). A educação artística, e deste modo também a
expressão plástica, é, então, uma educação voltada para o desenvolvimento harmonioso da
personalidade, isto é, uma educação que actua por igual em todas as dimensões da
personalidade do ser humano (biológicas, afectivas, cognitivas, sociais e motoras),
proporcionando desse modo, um crescimento harmonioso do mesmo.
Os contactos com a pintura, a escultura, etc. constituem ainda momentos privilegiados de acesso
à arte e à cultura que se traduzem por um enriquecimento da criança, ampliando o seu
conhecimento do mundo e desenvolvendo o sentido estético (Silva et al, 1997).
Criatividade
“A criatividade é uma capacidade humana, uma capacidade cognitiva que lhe permite pensar de
modo antecipatório, imaginar, inventar, evocar, prever, projectar e que sucede internamente, a
nível mental, de modo mais ou menos consciente e voluntário” (Sousa, 2003, p. 169).
Assim, as crianças devem ter oportunidade de usar livremente a sua imaginação, e os produtos do
pensamento criativo devem ser aceites e valorizados. Elas devem sentir-se aceites, num clima no
qual sejam vistas como indivíduos competentes, importantes e válidos.
As crianças devem ainda ter acesso a uma ampla gama de experiências, vendo, ouvindo,
tocando, provando e cheirando uma grande variedade de coisas, acções que são a matéria-prima
da expressão criativa. As crianças às quais é permitido sentar num campo por um longo período
de tempo observando os movimentos de um único insecto – vendo como ele se move de um lugar
para o outro, como ele come e obtém o seu alimento – têm uma percepção do mundo natural
muito mais rica do que aquela oferecida por um livro. Experimentar o mundo no seu estado real é
uma parte importante do processo criativo (Spodek & Saracho, 1998).
“A expressão plástica oferece à criança a criação plástica como modo de estimular a imaginação e
desenvolver o seu raciocínio” (Sousa, 2003, p. 170). Quando a criança se propõe a desenhar, por
exemplo, dá-se lugar no seu cérebro a um grande número de elaborações mentais, sucedendo-se
as imagens mentais e as explosões de ideias mesmo antes do momento em que pega no lápis e
começa a desenhar; continuando esta azáfama criadora durante todo o processo criativo, motivo
pelo qual, por vezes, a sua acção criadora deriva para outras direcções e realizações que se
afastam do propósito inicial. A nível educacional, é precisamente esta elaboração mental que
interessa e não o produto final, a obra criada depois de terminar.