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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

INSTITUTO DE ARTES
DEPARTAMENTO DE ARTES CÊNICAS

Disciplina: Metodologia do Ensino do Teatro 1


Aluno: Alexandre Barata de Assis – 19/0023520

Texto Reflexivo sobre o texto “A Arte e a Criança”.

Brasilia, DF

2022.
O presente trabalho refere-se a uma resenha crítica sobre o texto “A Arte e a
Criança” de Joao Duarte e as minhas percepções acerca deste tema e do que está sendo
debatido na disciplina de Metodologia do Ensino do Teatro 1.

Primordialmente, afirmo o importante papel que a arte educação desempenha na


formação e educação das pessoas e da sociedade como um todo, embora isso ainda não
tenha o reconhecimento que deveria.

Para iniciar, um ponto que é fundamental do texto de João Duarte é a percepção


de que a arte para as crianças e a arte-educação infantil, em geral, se constitui muito
mais em uma atividade, em uma ação, do que um objeto a ser fruído ou na preocupação
com o produto final. As artes para as crianças, em uma faixa etária até 11-13 anos,
desempenham um importante papel na sua formação e no seu desenvolvimento
cognitivo e sensitivo. Este processo artístico atua como um norteador de si mesma e
organiza seu pensar, suas emoções, assim como possibilita para ela a livre manifestação
e expressão de si.

Como o próprio autor destaca no texto, passamos por uma educação impositiva e
comparativa, que define para as crianças um modelo, regras e códigos do universo
adulto, que na prática não tem valor ou significado algum para estas crianças, mas
desempenha uma ação contrária à sua manifestação espontânea e seu aprendizado
genuíno e autêntico. Dessa maneira, não podemos encarar a educação infantil com os
velhos valores estéticos, rígidos e que pré estabelecem uma concepção de “belo”,
“feio”, “certo” ou “errado”. Mas, sim, termos a sensibilidade de dar a criança
ferramentas, jogos, brincadeiras, cenas, pincéis que possam colaborar para que elas
organizem suas ideias e possam partilhar entre si suas experiências em um espaço que
seja seguro e permita que elas se sintam a vontade, sem julgamentos criteriosos.

Portanto, a arte para as crianças é mais do que entretenimento ou uma frívola


atividade sem importância, como muitas vezes é visto pelos olhares adultos e
impositivos de uma educação retrógada, ela é importante e permite que as crianças
descubram coisas sobre si e percebam o mundo através de seus olhos, de diferentes
formas, criando sentido para a sua vida. Além disso, outro fator muito relevante diante
destas atividades de livre expressão artística, corporal e partilhas entre colegas, é a
evidência de alguma dificuldade ou bloqueio que a criança possa ter, decorrente de seu
amplo contexto familiar/social. O que facilita o direcionamento do educador(a) a uma
ação, um acolhimento e o acompanhamento para que aquelas dificuldades sejam
trabalhadas e cuidadas da maneira mais adequada e humana.

A arte-educação e a dimensão estética na aprendizagem visam o


desenvolvimento do ser, desde o ensino infantil, a ter uma consciência de integração do
seus sentidos, contextos, pensamentos, emoções, inteligência e o juízo, a fim de que
aquela pessoa se reconheça integrada e estabeleça uma relação harmoniosa entre o
mundo interior e exterior. Por outro lado, isto é um trabalho que necessita ser realizado
em conjunto com outras disciplinas e áreas do saber humano, de modo que o ensino
como um todo seja direcionado para o desenvolvimento humano transpessoal, não
somente cognitivo, racional e lógico.

No ensino-aprendizagem da arte para crianças, são trabalhados 2 eixos,


primeiramente. Produzir e Contextualizar. Desta forma, se trabalha o processo de
criação realizada por intermédio de experimentações com uso de diferentes linguagens
artísticas e seleciona-se conteúdos que visam despertar a curiosidade e o interesse ao
conhecimento da própria cultura e a descoberta de outras culturas. O eixo da Apreciação
aparece no momento em que, para aquelas crianças, a interpretação, a decodificação e a
fruição começam a ter sentido e a partir dai se agrega aos outros 2 eixos.

Para concluir, a arte-educação para as crianças e o seu processo de aprendizagem


é fascinante, instigante, sensível e minucioso. A contribuição de João Duarte é muito
agregadora e certamente faz a diferença para qualquer profissional da educação. A
maneira como enxergamos as crianças e a sua aprendizagem precisa de uma profunda
reforma, elas tem a própria maneira de enxergar, de ser, em sua expressão mais
verdadeira. Não cabe a qualquer pessoa banalizar ou “idiotificar” aquele ser em
desenvolvimento. Muito pelo contrário, nós temos muito o que aprender com as
crianças e confesso que, seria transformador para muitos adultos passar por um processo
de livre manifestação artística, ao invés de habitarem um lugar de codificações tão
rigorosas e criteriosas. A arte e a educação andam juntas e as crianças que são aqui as
grandes professoras. Pensar hierarquicamente de forma rigorosa e desmedida esta
relação criança-professor(a) pode ser uma armadilha e perdemos a oportunidade de
aprendermos e reformularmos a nossa própria percepção do mundo. Pois, nós adultos
também precisamos desta educação.

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