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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

INSTITUTO DE ARTES
DEPARTAMENTO DE ARTES CÊNICAS

Disciplina: Encenação Teatral I – Turma A


Aluno: Alexandre Barata de Assis – 19/0023520

Apreciação Visual (2) – “Para Não Morrer”

Brasília, DF.
2019.
Com dramaturgia de Francisco Mallmann e parceria de criação de Babaya Morais, o
espetáculo “Para Não Morrer” foi apresentado nos dias 21 a 23 de agosto no Teatro
Galpão no Espaço Renato Russo, durante o festival Cena Contemporânea 2019. A
peça é um monólogo, idealizado pela atriz Nena Inoue, que aborda temáticas
feministas, inspirado no livro “Mulheres”, de Eduardo Galeano que recupera a
biografia de várias personagens históricas célebres e anônimas, em homenagem às
mulheres. A personagem é uma velha contadora de histórias com uma limitação física
na boca, que conta sobre mulheres ao redor do mundo em vários tempos cronológicos
diferentes e seus aprendizados e vivências.

Observando a arquitetura do teatro, o espaço é um grande galpão com um tablado


delimitando o espaço cênico e uma arquibancada à sua frente com cadeiras de plástico
que acomodava o grande público que assistia. Não havia coxia, pois o monólogo foi
apresentado na íntegra em cena. A personagem criou uma aproximação com o público,
interagindo com ele em alguns momentos. Ela dizia que havia se esquecido da história
que estava contando e pedia à plateia que a lembrasse do que estava falando, o que
contribuiu para chamar ainda mais a atenção do público e enfatizar os momentos de
silêncio.

Sobre a cenografia, a personagem está sentada, no meio do espaço cênico, em uma


poltrona com algumas mesas ou caixas ao seu lado, cobertas com pano marrom claro,
cor de pele. Em cima dessas ‘mesas’, tem várias jarras com água e alguns copos que
interagem com a personagem ao longo da peça. Durante o monólogo, a atriz faz
algumas pausas se servindo um copo com água e nesse momento as luzes baixavam
gradualmente, capitando a atenção da plateia e criando um silêncio profundo. Apenas
se ouvia o barulho da água caindo no copo e a respiração da atriz bebendo o líquido.
Lembrei-me da parte discutida no texto no primeiro capítulo de A Linguagem da
Encenação Teatral, de Jean Jacques Roubine, sobre o espaço da representação no
teatro moderno, sobre como essa peça que assisti tinha bastante dos três postulados
fundamentais de Antoine. E ainda é possível fazer uma relação com o
emponderamento de Antoine sobre os dois territórios do encenador moderno, o espaço
cênico e o trabalho do ator, uma vez que todos os elementos estavam integrados
mutuamente nesta peça.
O figurino da peça foi composto por duas perucas grandes que rodeavam o corpo da
atriz e uma blusa cor de pele que se assemelhava com a cor do pano marrom que
estava cobrindo a poltrona, dando a impressão de que ela e a poltrona fossem uma só.

Por fim, a iluminação me chamou atenção. Logo no inicio é possível identificar que a
disposição cenográfica das jarras de água refletia a luz emitida dos refletores. Havia
quatro refletores, ambos na parte de cima do teatro. Nas pausas que a personagem
fazia para se servir água, a luz diminuía a ponto de a sala ficar com o mínimo de
claridade que deixava a atriz visível e com isso dava-se para ver os feixes de luz
refletidos da jarra, criando uma sensação de preenchimento de espaço.

Ficha Técnica:
Idealizadora e Atriz: Nena Inoue
Parceria de Criação: Babaya Morais
Dramaturgia: Francisco Mallmann (a partir da obra de Eduardo Galeano)
Iluminação: Beto Bruel
Criação de Figurinos e Adereços: Carmen Jorge
Cenário: Ruy Almeida

Bibliografia.
Roubine, Jean Jacques. “A Linguagem da Encenação Teatral”. Ed Zahar, RJ, 1982.

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