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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES – PPGARTES/UERJ

DISCIPLINA ELETIVA 2023-2

Linha: Arte, pensamento e performatividade

TÍTULO: O documento como disparador de afetos: uma experiência artístico-


pedagógica a partir do real.
HORÁRIO:

Terça feira de 14:00 às 17:00

PROFESSORA RESPONSÁVEL:

Profa. Dra. Andréa Stelzer

EMENTA:

Esta disciplina se destina a alunos da Pós-graduação em artes em todas as suas


linguagens justo porque propõe um trabalho a partir de documentos, fotografias, textos,
cinema e literatura. O objetivo é realizar um estudo teórico/prático sobre
performatividade, subjetividade, cena documental, espaço biográfico, autoficção,
biodrama e poéticas do real buscando investigar os modos de operação e inovação nas
artes contemporâneas. Serão estudados textos, filmes, performances, artigos de teóricos
e pesquisadores sobre a cena documental dialogando com a filosofia, a antropologia e os
estudos culturais buscando recorrer a novas epistemologias como o pensamento teórico
feminista interseccional, a reflexão decolonial, a ressignificação de conceitos como
marginalidade e subalternidade. Visa também uma experimentação prática sobre a
escrita de si e do outro a partir de memórias, testemunhos, documentos e da
materialidade do real. O intuito é pensar a performance relacionada com o real a fim de
organizar um material artístico-pedagógico da prática dos discentes.

Cronograma de aulas será dividido em 3 módulos:

MÓDULO 1: o teatro documentário e político na cena contemporânea

Aula 1: 22/8- Apresentação do programa.

Textos para próxima aula:

1- “O que é o contemporâneo”, de Agamben

2- “O espectador no teatro de não ficção”, de Marcelo Soler

3- Ver o filme “Jogo de cena” de Eduardo Coutinho


Aula 2: 29/8- A cena performativa e os documentos: entre o real e o ficcional.

Análise dos textos de Agamben e de Soler.

Análise do filme “Jogo de cena”

Apresentação do trabalho prático.

Apresentar os textos para próxima aula.

Aula 3: 5/9- O trabalho com os documentos e o encontro com as subjetividades.

Análise dos textos:

“Teatros documentários: esfera publica e subjetividade” de Beatrice Picon-Vallin,


tradução de Silvia Fernandes.

Capítulo do meu livro: “Os documentos como dispositivo de experiência”.

Análise dos espetáculos: trilogia de guerra do Amok e “Dernier Caravanserail” do


Théâtre du Soleil.

Apresentação do trabalho prático.

Aula 4: 12/9 Os documentos como ato político e ativismo.

Texto: “Liminaridades: práticas de emergência e memória” Ileana Diegues

Texto: Compartilhamento de experiências, em “O ligeiro deslocamento do real” de


Andrea Saturnino.

Texto complementar: “Testemunhos de violência na obra do Mapa Teatro” de Peter Pal


em Revista Pós.

Espetáculo: Mapa teatro “Testigo de ruinas”

MÓDULO 2: AUTOFICÇÃO, BIODRAMA E ESPAÇO BIOGRÁFICO

Aula 5: 19/9- Cena autoficcional e performatividade.

Texto: “Autoficção e intermidialidade na cena contemporânea”, artigo meu em Revista


Urdimento.

“Autoescrituras performativas”, livro de Janaína Leite. Tem artigo na Sala Preta.


Texto opcional: “Ilusão biográfica” Pierre Bourdieu.

Espetáculos: “Conversas com meu pai” de Janaína Leite e “Melancolia e manifestação”


de Lola Arias

Apresentação de trabalho prático.

Aula 6: 26/9- Autoficção: a escrita do eu e do outro

“La autoficcion: una ingineiria do yo”, Sergio Blanco

Espetáculo: Tráfico de Sergio Blanco

Apresentação de trabalho prático

Aula 7: 03/10- O biodrama e a teatralidade do comum

Texto: “Dramaturgia das autobiografias no teatro documentário de Vivi Tellas.”


Questão de crítica.

“O biodrama como a busca pela teatralidade do comum” Davi Giordano.

Site: Vivitellas.com – Arquivos

Aula 8: 10/10 - Teatro de objetos documentais

Texto: El objeto pós-catastrofe. Shaday Larios


Texto: “Objetos documentais pós-catástrofe”. Vanessa Dias.
Documentário: Invisíveis.
Exercício prático.

MÓDULO 3- A CENA DECOLONIAL

Aula 9: 17/10- O teatro jornal de Augusto Boal: do oprimido ao marginal

Texto: “O teatro jornal de Augusto Boal”.

Texto: “Teatro jornal de Augusto Boal a descoberta do Teatro do Oprimido.” Clara de


Andrade

Texto opcional: “Teatro do oprimido: método prático para a revolução com arte do
grupo Marias do Brasil”. Claudete Felix

Espetáculo: “Marias do Brasil


Aula 10: 24/10- A cena marginal e decolonial.

Texto: “Epistemologias do sul” (Introdução) de Boaventura de Souza Santos

Texto: “Deslocamento epistêmico e estético do teatro decolonial” de Lila Bisiaux em


Revista brasileira de estudos da presença.

Texto: “Ninguém tem como falar da gente” de Adriana Schneider em Revista Sala
preta.

Opcional: “Necropolítica” de Achille Mbembe.

Espetáculos: Eles não usam tênis nike” Cia Marginal. “Cidade correria” Cia
Bonobando.

31/10- finados

Aula 11: 7/11- A escrita feminista nas artes performativas

Texto do livro: “A explosão Feminista” de Heloisa Buarque

Livro:“Calibã e a bruxa” Silvia Federici

Análise de performances feministas.

Aula 12: 14/11- O corpo como documento: Narrativas urgentes, Corpos insurgentes.

Textos: “O que é lugar de fala” de Djamila Ribeiro

“Notas sobre o conceito de representatividade” Conrado Dess. Revista Urdimento.

Análise dos espetáculos Macacos e Manifesto transpofágico.

21/11- Seminário dos alunos: apresentação de um seminário de 20 minutos a partir de


um dos temas estudados em aula.

28/11- Seminário dos alunos.

5/12- Ensaios das cenas finais a serem apresentadas.

12/12- Apresentação das cenas e considerações finais.


Bibliografia

AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Santa Catarina:


Argos, 2009.

------- Profanações. Trad. Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo, 2007.

ARFUCH, Leonor. O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Rio


de Janeiro: Ed. Eduerj, 2010.

BADIOU, Alain. Em busca do real perdido. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história
da cultura. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BISIAUX, Lila. “Deslocamento epistêmico e estético do teatro decolonial”.

BOAL, Augusto. Teatro do oprimido e outras poéticas politicas. São Paulo: Cosac
Naify, 1974.

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de


Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

CABALLERO, Ileana Dieguez. Cenários liminares: teatralidades, performances e


política. Uberlândia: UDUFU, 2011.

COHEN, Renato. Performance como Linguagem: Criação de um Tempo Espaço de


Experimentação. São Paulo: Perspectiva, 2002.

CORNAGO, Óscar. Biodrama. Sobre el teatro de la vida y la vida del teatro. In: Latin
American Theater Review, 2013.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1979.

FEDERICI SILVIA. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São


Paulo: Martins Fontes, 2017

FÉRAL, Josette. Além dos limites: teoria e prática do teatro. São Paulo: Perspectiva,
2015.
FERNANDES, Silvia. “Experiências do real no teatro”. In: Teatros do real: memórias,
autobiografias e documentos em cena. São Paulo: Revista Sala Preta, 2013.
------. Teatros documentário: esfera pública e subjetividade.

FIGUEIREDO, Eurídice. Mulheres ao espelho: autobiografia, ficção e autoficção. Rio


de Janeiro: EdUERJ/FAPERJ, 2014.

FISCHER-LICHTE, Erika, BORJA, Marco. “Realidade e ficção no teatro


contemporâneo”. In: Teatros do real: memórias, autobiografias e documentos em cena.
São Paulo: Revista Sala Preta, 2013.

FOSTER, Hall. “O artista como etnógrafo”. In O retorno do real: a vanguarda no final


do sec. XX. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

GOLDBERG, Roselee. A Arte da Performance. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

HALL, Stuart. A identidade cultural na Pós-modernidade. Rio de Janeiro, 2006.

HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Explosão Feminista: arte, cultura, política e


universidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

KLINGER, Diana. Escritas de si, escritas do outro: o retorno do autor e a virada


etnográfica. Rio de Janeiro: 7Letras, 2012.

LARIOS, Shaday. El objeto pós-catastrofe.


------. Los objetos vivos: escenários de la matéria indócil.

LEHMANN, Hans-Thies. O teatro pós-dramático. São Paulo: CosacNaify, 2007.

LEITE, Janaína. Autoescrituras performativas. São Paulo: Perspectiva, 2017.

LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico: de Rousseau à Internet. Belo Horizonte:


Editora UFMG, 2008.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: N-1 edições, 2011.

PAVIS, Patrice. Dicionário da performance e do teatro contemporâneo. São Paulo:


Perspectiva, 2017.

PELBART, Peter Pal. Vida capital: ensaios de biopolítica. São Paulo, Iluminuras, 2003.

PRECIADO, Paul B. Manifesto contrasexual. São Paulo: N-1 Edições, 2014.

PICON-VALLIN, Beatrice. Os teatros documentários.

RANCIÉRE, Jacques. A partilha do sensível. São Paulo: Ed. 34, 2005.

------. O espectador emancipado. São Paulo: Martins Fontes, 2012.


RIBEIRO, Djamila. Lugar de Fala. São Paulo: Pólen, 2019.

-------. Quem tem medo do feminismo negro? São Paulo: Companhia da LETRAS, 2018.

ROLNIK, Suely. Esferas da insurreição, notas para uma vida não cafetinada. São
Paulo: N-1 Edições, 2018.

SARRAZAC, Jean-Pierre. Léxico do drama moderno e contemporâneo. Trad. André


Telles. São Paulo: Cosac-Naify, 2012.

SATURNINO, Andrea Caruso. Ligeiro deslocamento do real: experiência, dispositivo e


utopia na cena contemporânea. São Paulo: Edições SESC São Paulo, 2021.

SOLER, Marcelo. Teatro Documentário: a pedagogia da não ficção. São Paulo: Editora
HUCITEC, 2010.

____________ O espectador no teatro de não ficção. São Paulo: Revista Sala Preta,
n.8, 2008.

SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: UFMG, 2010.

STELZER, Andrea. A dramaturgia do ator e a poética do real: o teatro documentário


no Amok Teatro e no Théâtre du Soleil. Rio de Janeiro: EdUERj, 2021.

---------. Autoficção e intermidialidade na cena contemporânea. Santa Catarina:


Urdimento, 2016.

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