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A caolha

Sendo a heroína do conto, a caolha é uma mulher de idade, seus


cabelos embranquecidos pelo tempo, seu velho corpo acompanhado
pelo reumatismo até retornar ao pó. No entanto, o que mais chamava
atenção para sua pessoa era a falta de seu olho esquerdo, fruto de um
acidente causado por seu único filho, quando o próprio não passava de
uma criança, mesmo assim se mostra sendo uma mãe demasiadamente
gentil, suportando excessivamente ofensas das pessoas, escondendo o
real motivo de sua aparência.

O filho

Sendo o protagonista da história, Antonico sofreu bullying em boa


parte de sua infância/adolescência. Quando criança, Antonico abraçava
e beijava sua mãe, mas com o passar do tempo, largou esse hábito por
ter nojo e vergonha da mesma. Largou cedo a escola, não aguentava
mais as humilhações, apesar disso, contradizendo as expectativas do
garoto, o bullying ainda o perseguia. Após anos trabalhando em uma
oficina de alfaiate, ele se apaixonou, contudo, a mulher que roubou seu
coração, deu-lhe uma condição, ficaria com ele se abandonasse sua
mãe e se mudasse de bairro. Quando Antonico revela que irá sair de
casa, dando uma desculpa esfarrapada, a mãe o expulsa falando que
sabe o verdadeiro motivo: que ele tem vergonha dela.

O conflito

Aos 16 anos, já um rapaz, Antonico começa a trabalhar numa


oficina de alfaiate, emprego, cuja mãe o conseguiu. Anos depois, o
jovem rapaz se apaixona, pedindo a mão em casamento de sua amada,
todavia, ela somente aceitaria caso o rapaz largasse sua mãe, Antonico
então aceita, entretanto, ele ainda queria tomar conta de sua mãe às
escondidas. Inventando uma necessidade de trabalho, ele a informa que
terá que se mudar, mas rapidamente ela entende o que está havendo,
seu filho tem vergonha dela, então ela resolve o expulsar de casa,
Antonico desesperado vai em busca da única amiga de sua mãe, sua
madrinha. Contando tudo que aconteceu para ela, a mulher leva o rapaz
até sua mãe e pede para ela contar a verdade sobre seu olho.

A análise

Júlia Valentina da Silveira Lopes de Almeida, autora do conto "A


caolha" traz uma história entre mãe e filho, passando o sentimento de
toda angústia de uma vida, causada por um infeliz acidente. Sendo bem
trabalhado o enredo, com um final chocante e surpreendente. Mesmo
sendo um conto antigo, não há dificuldade na leitura por conter uma
linguagem bastante simples, sendo um conto atemporal.

A autora

Júlia Valentina da Silveira Lopes de Almeida, nascida no Rio de Janeiro


em 1862, demonstrou desde cedo interesse pela escrita e, apesar de a
sociedade não considerar adequado esse trabalho para mulheres, ela
teve o privilégio de receber o apoio do pai e, mais tarde, do marido.

Figura menor no criticado cânone da academia brasileira, que ainda


inviabiliza muitas escritoras, publicou seu primeiro texto na Gazeta de
Campinas, em 1881. Trabalhou como jornalista, dramaturga, cronista,
romancista, além de escrever contos, inclusive infantis. Participou das
reuniões para formação da Academia Brasileira de Letras, mas ficou de
fora por ser mulher. Seu marido, Filinto de Almeida, diz-se, foi eleito em
sua homenagem.

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