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“ O Domínio da Educação Artística


na Creche e no Jardim de
Infância Enquanto Caminho
Para a Criatividade

Susana Jorge-Ferreira
Universidade de Évora

10.37885/201202670
RESUMO

É usual ouvir-se dizer que a criatividade é essencial na resolução de problemas, mas


ainda persiste a ideia que esta é uma área somente ligada ao mundo das artes. Por outro
lado há quem ainda acredite, erradamente, que a educação de crianças pequenas não
passa pelo Domínio da Educação Artística. As pessoas criativas são, por norma, pessoas
que arranjam soluções eficazes para a grande maioria dos contratempos com que se vão
deparando ao longo da vida. Isto significa que a criatividade, em linhas gerais, mais não é
do que uma forma linguística de absorver e interpretar o mundo, solucionando situações
e arranjando estratégias que permitam seguir outro trajeto para alcançar o fim pretendido.
Sabemos também que a criatividade está sempre envolta numa expressão que deixa o
criador em estado de fluxo emocional (Jorge-Ferreira, 2019), desenvolvendo-se esta nas
mais variadas áreas. No entanto, embora se manifeste nas mais variadas situações, é de
referir que esta assume um papel de destaque na área das artes. É aqui que ela encontra
a sua total plenitude. Este artigo não diz respeito a qualquer investigação, no entanto,
tivemos em conta o facto de trabalharmos a Educação Artística, há já alguns anos, com
crianças nas valências de creche e jardim de infância. Temos mantido um ambiente de
liberdade criativa na nossa prática pedagógica diária e, após as sucessivas autoavalia-
ções, sem esquecer as que nos vão sendo feitas pela direção da Unidade de Educação
onde trabalhamos, sabemos que estamos, seguramente, no caminho correto. Temos
permitido às crianças um sem fim de atividades de exploração criativa, conduzindo-os na
busca pela resolução de tudo o que lhes propomos. A criatividade, enquanto elemento
facilitador de aprendizagens e de resolução de conflitos, torna a vida das crianças mais
leve, conduz o educador de infância ao papel de mediador de todas as aprendizagens
que propõe, deixando que esta perpasse as atividades que comummente são apresen-
tadas às crianças destas valências.

Palavras-chave: Criatividade; Creche; Jardim de Infância; Educação Artística


Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

INTRODUÇÃO

Cada vez mais a educação é encarada como sendo a base da sociedade, pois é através
dela que todos nós atuamos no meio onde estamos inseridos.
O direito à educação está consagrado na Declaração dos Direitos da Criança (1959),
onde se pode ler que deve ser ministrada às crianças “uma educação que promova a sua
cultura e lhe permita, em condições de igualdade de oportunidades, desenvolver as suas
aptidões mentais, o seu sentido de responsabilidade moral e social e tornar-se um membro útil
à sociedade” (1959, princípio 7). No entanto, infelizmente, nem todas as sociedades praticam
este princípio básico que deveria ser tido sempre em conta, pois todas as crianças deveriam
ter a oportunidade de verem os seus direitos fundamentais respeitados. A propósito disto, a
Declaração dos Direitos da Criança, refere que a criança não deverá sofrer “discriminação
alguma, independentemente de qualquer consideração de raça, cor, sexo, idioma, religião,
opinião política ou outra da criança, ou da sua família, da sua origem nacional ou social,
fortuna, nascimento ou de qualquer outra situação” (1959, princípio 1).
A educação é um mundo vasto e complexo, com uma enormidade de caminhos que
se cruzam e entrecruzam e cujo foco se centra na criança. No entanto, esta educação tem
variadíssimas formas de ser aplicada e analisada, e esta é tão determinante que tem o po-
der de mudar o sentido de uma vida. Para além disso, a educação pode ser analisada sob
diferentes perspetivas: social, política, religiosa, moral, artística ou estética, por exemplo, não
significando estas variações que estejamos a falar de algo diferente, nem tão pouco de algo
que objetivamente tem de ser igual. Esta multiplicidade de olhares sobre o termo educação,
enriquece e enaltece o papel determinante que esta tem na vida de todos nós, sendo que
a educação artística e a criatividade terão de ser encaradas como um só corpo que jamais
poderá ser dissociado do próprio termo educação. Vygotsky, a este respeito dizia que “todo
o futuro da humanidade depende da imaginação criativa” (2004, p.88), ou seja, tudo o que
façamos e contribua para a nossa permanência nesta vida, tem de estar intrinsecamente
ligado à criatividade.
Koichivo Matsuura refere que “a criatividade, a imaginação e a capacidade de adapta-
ção, competências que se desenvolvem através da Educação Artística, são tão importantes
como as competências tecnológicas e científicas necessárias para a resolução desses pro-
blemas” (Mbuyamba, 2006, p.2), corroborando o pensamento e ação que há muito temos na
nossa prática pedagógica. Cada vez mais se valorizam competências científicas desde que
as crianças nascem. Há já um sem fim de cursos para bebés, mas quando pensam na livre
expressão e exploração, os adultos consideram que estas crianças apenas se irão sujar ou
até, hipoteticamente, magoar.

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A confluência de diversas áreas de estudo aquando da análise do termo educação,


torna-o complexo mas mais desafiante, e quando pensamos em educação estética, artística
ou apenas na educação pela arte, por exemplo, sabemos que estas variações da educação
permanecem, ainda, para muitos profissionais, como algo sombrio. Muitos acreditam que só
quem é formado numa área artística conseguirá fazer tais abordagens em sala de aula, facto
este que em nada corresponde à realidade. Sabemos que os currículos exclusivamente dedi-
cados à área das artes são essenciais para o panorama nacional e mundial, mas acreditamos
também “que se esta abordagem for mais interdisciplinar, geral e concentrada nos processos
e não no resultado, pode e deve ser abordada pelos diferentes docentes licenciados em
áreas cuja arte não esteve presente na sua formação base” (Jorge-Ferreira, 2020, p. 230).
Todos os currículos escolares, independentemente do ciclo a que digam respeito,
deveriam, então, promover intencionalmente atividades que despoletem o exercício criativo
(Craft, 1998; Park, Lee, Oliver & Cramond, 2006), sem que para isso tenha que existir um
professor de artes a fazê-lo. Se assim fosse, os meninos só teriam contacto com a criatividade
nas aulas de arte lecionadas por um especialista nesta área. Esta opção seria obviamente
muito redutora. Isto não é de todo o ideal. Deve ser o educador a perceber que o pensamento
criativo transcende a aprendizagem escolar que eles próprios tiveram na sua formação base.
Este artigo serve, precisamente, para clarificar o quanto a criatividade é essencial na vida
de todos nós, ainda que saibamos que o próprio conceito de criatividade não tem, por si só,
uma definição consensual. Ainda assim, e porque ela tem inúmeros referenciais teóricos,
tentaremos explicar a sua origem e orientar a melhor forma para se conseguir proceder
quanto à sua manutenção e funcionamento (Jesus et al., 2011).
Sabemos, também, que embora a arte tenha uma relação estreita com a criatividade,
a verdade é que esta última, conforme já referimos em cima, pode e deve estar presente
em todas as restantes áreas de conteúdo mencionadas nas Orientações Curriculares para
a Educação Pré-Escolar.
Com este artigo de opinião e relato da nossa experiência profissional, pretendemos, em
suma, dar a conhecer a ligação inequívoca que existe entre a educação, a arte e a criatividade.

EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

O ser humano nasce e vive num constante processo onde ocorrem mudanças signi-
ficativas e constantes tendo em conta o seu desenvolvimento. Este processo de constante
mudança no qual todos vivemos intitula-se por desenvolvimento humano, sabendo desde logo
que este é influenciado pelas características biológicas que cada indivíduo tem e pelos fatores
contextuais/ambientais no qual está inserido (Matta, 2001; Papalia et al., 2001; Tavares et al.,
2997). Por isso mesmo, o conceito de desenvolvimento é polissémico e pode ser analisado

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segundo diferentes perspetivas, até porque este sofre progressivamente alterações, de


forma constante e sempre cumulativas, conduzindo à acomodação das diversas mudanças
que resultam em reorganizações continuas na construção física, social e psicológica do
desenvolvimento do ser humano (Tavares et al., 2007). No entanto, Gordon (2008) refere
que o nível de potencial de desenvolvimento e aprendizagens de uma criança nunca será
tão elevado como no exato momento do seu nascimento, podendo-se assumir que nesta
fase inicial de vida, muito há para dar e receber da criança, sem que sejam “matérias” es-
colarizadas. Edwin Gordon (2008) dividiu os três primeiros anos de vida das crianças em
três períodos cruciais:

1. Do Nascimento aos 18 meses


2. Dos 18 meses aos 3 anos
3. Dos 3 aos 5 anos

Para este autor, em todos os momentos a criança está ávida e apta a receber novos
ensinamentos, mas não será menos importante a estimulação na fase bebé, pois naquela
etapa da vida o crescimento e absorção do mundo é enorme (Gordon, 2008).
Para Rosseti-Ferreira (2008), por exemplo, o conceito de desenvolvimento está inti-
mamente ligado à multiplicidade de indivíduos que interagem dentro de um mesmo contex-
to. No entanto, se tivermos em conta o pensamento de Sharpley & Telfer (2002), verificamos
que o conceito de desenvolvimento é, por si só, complexo e possui várias dimensões onde
cabem as dimensões principais de qualquer sociedade: educação, saúde, habitação, política
e sua liberdade de expressão, entre outras. As várias mudanças significativas que ocorrem
com o ser humano durante o seu desenvolvimento, acabam por influenciá-lo no seu todo, na
forma como ele agirá perante a vida. Papalia e Feldman (2013) aludem ainda para o facto
do desenvolvimento humano se debruçar sobre as diversas variações e particularidades
permanentes que cada pessoa tem. Segundo estes vários teóricos, existe ainda uma outra
divisão no próprio conceito de desenvolvimento, referindo os cientistas que esta pode incidir
sobre três domínios do ser humano: físico, cognitivo e psicossocial.
Podemos ainda referir que o desenvolvimento humano e o desenvolvimento social
fazem parte do mundo da educação, assim como a educação faz parte destes dois concei-
tos. O próprio desenvolvimento humano e a forma como este ocorre, varia de criança para
criança. Nos três primeiros anos de vida a criança vê as suas capacidades cognitivas em
verdadeira expansão, fruto do próprio interesse que esta sente face ao mundo à sua volta.
Esta avidez face ao que a rodeia fá-la desenvolver a sua cognição (Tavares et al., 2007).
Cole (1985) referiu que Vygostky considerava que o desenvolvimento da criança, no-
meadamente o desenvolvimento cognitivo, deveria ser encarado como um meio através

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do qual o indivíduo se apodera dos mecanismos culturais existentes, dizendo ainda que o
individual e o social nunca poderão ser dissociados, deverão antes ser pensados como ele-
mentos mutuamente constituintes de um único sistema no qual o ser humano está inserido.
Vygostsky (1978) é também o autor da noção Zona de Desenvolvimento Proximal, ou
ZDP, como comumente é intitulada, significando esta que o desenvolvimento que a criança
possui nunca pode ser deixado ao acaso, tem que ser tido em conta sempre que se propõe
algo para a criança fazer, para que o interesse se mantenha sempre em níveis elevados,
evitando assim que a criança entre em conflito com a atividade proposta e não se sinta capaz
perante o que lhe foi proposto. Segundo Wertsch e Stone (1985), Vygotsky terá introduzido
tal termo para conseguir conjugar dois pólos distintos mas indissociáveis: a avaliação das
habilidades de cognição de cada criança, que permite avaliar o nível de desempenho de cada
uma delas face a essa proposta antes da apresentação de determinada atividade (nível em
que se encontra), e a avaliação das próprias práticas de instrução, avaliando esta o nível
potencial a que cada criança conseguirá chegar. Este contrabalanço tem sempre de ser
feito em todas as atividades propostas pelos educadores na creche e no jardim de infância.
Se para bebés estas atividades passam por coisas mais simples, com o desenvolvi-
mento natural das crianças, as atividades e os desafios podem e devem aumentar o seu
grau de complexidade, aumentando também o grau de interesse destas. Ao longo da nossa
experiência com crianças, percebemos que os percursos visuais propostos por nós lhes criam
desafios que as deixam verdadeiramente envolvidas com as atividades. Claro que estes têm
de ter em conta, como já referimos anteriormente, a já intitulada Zona de Desenvolvimento
Proximal de Vygotsky (1978).
É essencial, também, educar para a liberdade estética e livre fruição, para a empatia que
muitas vezes não existe quando dentro de uma sala, na opinião do educador, a criança que-
brou uma qualquer regra, ainda que esta fosse uma pequena forma de manifestação criativa.

A MULTIDISCIPLINARIDADE DA EDUCAÇÃO ARTÍSTICA NA VALÊNCIA


DE CRECHE E DE JARDIM DE INFÂNCIA

Cada vez mais se recomenda que a educação deve ser o mais holística e integrada
possível, e por isso apresentaremos neste estudo sobre arte e criatividade, quatro formas
de expressão que indubitavelmente devem estar presentes na vida das crianças: artes
visuais, jogo dramático/teatro, musica e dança. As Expressões assumem, por si só, um
papel fundamental na vida das crianças, ainda que estas se possam manifestar sobre va-
riadíssimas formas. No entanto, muitas são as vozes contraditórias sobre a abordagem da
arte na idade de creche, encarando esta etapa do desenvolvimento infantil apenas como
uma etapa assistencial. Contudo a creche é muito mais do que um espaço onde apenas

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se cuidam e acarinham as crianças, é um espaço pensado para se conseguir desenvolver


as mais variadas capacidades que as crianças têm, encorajando-as a tentarem fazer o seu
melhor (Didonet, 2001). Pretende-se, na valência de creche, potenciar as aprendizagens
das crianças de forma a lhes elevar o auto conceito e auto estima que têm sobre si próprias.
Para além disto, o afeto entre criança e adultos da sala nunca pode ser descurado. Este é
essencial para dar segurança à criança, para a fazer seguir em frente sem temer os desafios
que lhe vão sendo propostos. Esta capacidade de aprendizagem acompanha cada um de
nós a partir do momento do nascimento, sendo encarada como “uma capacidade que pomos
em acção quotidianamente para dar respostas adaptadas às solicitações e desafios que se
nos colocam devido às nossas interacções com o meio” (Pinto, 1992, p.7).
A multidisciplinaridade enriquece de forma inequívoca o currículo escolar, independen-
temente do nível em que esta se aplique, especialmente se existir uma plena articulação
entre as várias disciplinas, se estivermos a falar do ensino formal, ou áreas de conteúdo
se estivermos a falar de pré-escolar (ou creche com as respetivas adaptações feitas às
OCEPE1). O que entregamos e retiramos da escola, irá refletir-se na sociedade em que
estamos inseridos, ainda que estejamos a falar das experiências alcançadas na creche ou
no jardim de infância. No entanto, antes de mais, é importante pensar no porquê de muitos
profissionais ainda se sentirem pouco impelidos a trabalharem algumas áreas de conteúdo,
estando estas, nomeadamente, já devidamente descritas nas OCEPE. Há ainda, infelizmente,
algumas falhas na formação inicial dos educadores/professores. Alguns saberes de suma
importância, como os que integram a área das expressões, são ainda abordados com uma
carga letiva menor que as demais áreas que totalizam a estrutura curricular dos cursos ini-
ciais. Para se ser educador/professor não deveria ser apenas necessário ter boas notas nas
componentes académicas dadas como saberes científicos. É preciso que o docente consiga
alcançar saberes de cariz multidimensional (Pires, 2007), mas nem sempre estes lhe são, de
facto, transmitidos tantas horas como deveriam ser. Formosinho e Niza (2001, p.4) referem,
também, que a formação inicial deve proporcionar “aos candidatos à docência uma forma-
ção pessoal e social integradora da informação, dos métodos, das técnicas e das atitudes
e valores científicos, pedagógicos e sociais, adequados ao exercício da função professor”.
As OCEPE (2016) contemplam a Área da Expressão e Comunicação, da qual faz par-
te o domínio da Educação Artística. Este domínio contempla ainda 4 subdomínios onde se
incluem as mais variadas linguagens artísticas, sendo estas compostas pelas Artes Visuais,
Jogo Dramático/Teatro, Música e Dança. É essencial que se consigam criar atividades
onde estas diferentes aprendizagens surjam interligadas, não esquecendo que muito do
que aprendem lhes dará suporte nas restantes Áreas de Conteúdo e Domínios subjacentes.

1 Orientações Curriculares para a Educação Pré Escolar

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Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

A aposta no domínio da Educação Artística e nas vantagens destas no ensino, enquanto


componente de estudos e enquanto componente primordial para o alcance do processo cria-
tivo, nem sempre é, ainda, encarada como algo essencial na carreira docente. No entanto,
este domínio conduz ao “desenvolvimento da criatividade, sentido estético e apreciação de
diferentes manifestações artísticas e culturais” (OCEPE, 2016, p.48), implicando estas “uma
íntima ligação com as áreas de Formação Pessoal e Social e do Conhecimento do Mundo”
(Ibidem). Contudo, é preciso salientar que a criatividade tem de estar presente nos mais va-
riados domínios, nas mais variadas abordagens que os educadores façam aos seus alunos,
pois esta é um aliado importantíssimo na resolução de problemas e na estreita compreensão
que a criança tem do mundo. Também as OCEPE referem que o

desenvolvimento da criatividade e do sentido estético e o contacto com dife-


rentes formas de cultura não fazem apenas parte deste domínio, mas deverão
estar presentes em todo o desenvolvimento do currículo, passando, também,
pela organização do ambiente educativo, nomeadamente, no que diz respeito
ao que é exposto na sala (p.48)

Há, claramente, falhas na formação inicial de educadores/professores, sendo que estas


só são colmatadas com os estágios profissionais onde estes docentes são colocados, pois
a formação contínua de quem os recebe, é o grande fator de enriquecimento de conheci-
mentos e práticas de quem procura saber mais após o término do curso. Os educadores/
professores que estão no ativo, procuram novos saberes através de formações relacionadas
com os diferentes grupos de recrutamento a que pertencem, ficando o seu conhecimento
mais aprofundado com o passar dos anos. São estes os grandes responsáveis pelos novos
docentes, por aqueles que invariavelmente saem menos preparados de uma qualquer univer-
sidade ou escola superior, mas que nem por isso serão maus docentes durante toda a sua
carreira. Consideramos que temos no nosso ensino excelentes profissionais de educação
que, muitas vezes, sem grande orientação supervisiva, buscam conhecer e ser detentores
de um maior conhecimento aquando da sua prática profissional. Se adquirem a cientificidade
do curso no decorrer da sua formação inicial, é na prática de estágio e profissional do seu
dia a dia que se tornam seres capazes de formar as crianças em cidadãos do mundo.
De referir também que a partir do momento em que as emoções, socialização e restantes
aspetos cruciais ao desenvolvimento harmonioso da criança estão de alguma forma menos
desenvolvidos, a área das expressões ajudará (e muito) a desenvolvê-los, ficando a criança
depois mais aberta a novas experiências, aprendizagens e à aquisição de novos saberes.
É do conhecimento geral que a educação deverá ter uma linha condutora que enca-
minhe a criança ao mundo das artes, pois esta é uma das melhores formas da criança se
expressar. Desde cedo a criança usa a expressão como forma de libertar as suas energias

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Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

(Leite & Malpique, 1986) e este entrosamento com as artes facilitará as aprendizagens que
faça durante o período do seu crescimento. Também Rodrigues (2002) reforça esta opinião
quando menciona que a educação artística no pré-escolar conduz a criança a agir “livremente,
de forma a exteriorizar os seus sentimentos, ideias e emoções” (p. 14). O mesmo acontece
na valência de creche, mas aqui tem que se ter uma especial atenção pelo desenvolvimento
dos bebés, dando-lhes oportunidades de pintar com tintas que possam comer. Uma criança
com 1 ou 2 anos terá alguma dificuldade em não “provar” o que está a fazer, pois a primeira
forma de absorverem e conhecerem o mundo é através da boca. Ainda assim conseguem-se
atividades muito interessantes com as crianças de baixa idade, tendo sempre em conta,
claro está, as “suas necessidades, características e interesses” (Carvalho, 2005, p.43),
referindo ainda esta mesma autora que, a maneira como respondemos às solicitações das
crianças e às especificidades que cada uma delas tem, contribuirá definitivamente para o
seu desenvolvimento.
A relação clara entra a arte e a educação está cada vez mais enraizada nas escolas
portuguesas, independentemente da valência a que estas dão resposta. O mesmo acontece
nas restantes sociedades ocidentais, facto este que vem de encontro ao nosso pensamento
e ao que aqui estamos a plasmar.
No entanto, Lowenfeld e Brittain (1970) dizem lamentar que o “sistema educacional
esteja organizado de tal maneira que a maioria dos estudantes se vê gradualmente privado
da oportunidade de pintar, desenhar ou construir, à medida que avança em sua escolarida-
de. A necessidade da arte não se dissipa com o crescimento do individuo” (p.401), nomea-
damente porque o objetivo da expressão que dá origem a uma qualquer atividade dentro
do mundo das artes, é o de exprimir algo que não pode ser dito oralmente. Pode parecer
pretensioso mas, de facto, a expressão da criança materializa-se em símbolos e, através
destes, ela revela o que verbalmente não consegue dizer. Para além da arte poder ser uma
forma de descobrir o mundo e aprender de forma mais simples e estimulante, quer estejamos
a falar de artes visuais, jogo dramático/teatro, musica, dança, ou outra, a arte é, também,
catártica. Isto significa que a arte deve “dar às crianças ampla oportunidade de expressar,
no papel, seus sentimentos e emoções. Alguns desses sentimentos serão evidentes para
qualquer adulto” (ibidem, 1970 p.171). Com a educação artística as crianças aprendem
conteúdos que lhes possibilitam alcançar uma maior fluidez oral quando confrontados com
algumas questões estéticas, reconhecendo termos que de outra forma não reconheceriam.
Desde cedo sabem o que é uma pintura, a linha, a sombra, o retrato ou, ainda, perfil, es-
cultura e a diferença entre claro/escuro. Para além desta fluidez oral, as crianças passam
a pensar e pesquisar soluções para o que lhes é proposto, mesmo que estas não sejam
assim tão óbvias.

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Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

Idealmente, enquanto desenha, canta, dança ou representa alguém que não é de ver-
dade, a criança deveria poder encarnar o personagem que pretende e que o encaminhará
a entrar em estado de fluxo, deveria sentir-se à vontade e nunca sobre pressão. Numa fase
mais embrionária, como a creche, jamais lhe deveria ser proposto imitar um determinado
desenho ou técnica ou, ainda, darem desenhos já fotocopiados para as crianças apenas os
pintarem. O adulto que rodeia e medeia as aprendizagens das crianças, deve antes encorajar
a livre expressão, para que estas se sintam capazes de fazer a sua atividade de forma solta
e sem ter receio das críticas que, invariavelmente, lhes fazem.
Podemos seguramente afirmar que toda “a educação que se faça através do enorme
mundo das artes, será certamente uma educação virada para as emoções e onde as apren-
dizagens se fazem através dos sentidos, valorizando o próprio facto da arte ser uma forma
de linguagem onde os sentidos dão sentido ao próprio mundo” (Jorge-Ferreira, 2019, s/p).
De seguida apresentaremos uma explicação breve de cada um dos 4 subdomínios da
Educação artística. Em cada subdomínio, apresentaremos alguns exemplos de atividades
passíveis de serem trabalhadas na valência de creche e de jardim de infância. Algumas
das atividades apresentadas foram realizadas em contexto educacional, no colégio onde
desempenhamos a nossa atividade profissional, e outras foram realizadas em casa, pois
qualquer pai e mãe as poderá fazer com os seus filhos. As crianças cujo rosto está desco-
berto e visível, são aquelas cujos pais autorizaram o uso da imagem.

a. Artes Visuais
As artes visuais, tal como as expressões anteriormente referidas, assumem também
um papel preponderante na vida das crianças.
A criança deve ter a oportunidade de contactar com uma multiplicidade de materiais
pedagógicos que lhe possibilitem, não só o seu livre manuseamento, como o poderem des-
cobrir novas maneiras de pintar, colar ou construir a partir destes. Estes materiais diversos
“facultam à criança a oportunidade de explorar e manipular o seu meio e propiciam o desen-
volvimento flexível de seus conceitos (Lowenfeld e Brittain, 1970, p. 174).
Os materiais servem para que a criança alcance determinada competência explorando
algo inusitado, que, aparentemente, não lhe pareceria um material de uma aula de educação
pela arte. O valor que esse material tem ou não, está intrinsecamente relacionado com a
aquisição de competências que faça através deste, para além de não podermos descurar o
valor que a própria experiência estética assume. Esta experiência entre tintas, colas, brilhan-
tes, papéis de variadas cores e texturas, fios e outros materiais das artes visuais, guiam a
criança numa imersão total até alcançarem um estado de fluxo emocional de total entrega.
As áreas das expressões, nomeadamente a que se relaciona com as artes plásticas,
podem servir também para despoletar uma determinada competência na criança que nem

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sequer está relacionada diretamente com a execução ou modo como esta faz a ativida-
de. A intenção não é, de todo, torná-los artistas plásticos, queremos antes permitir-lhes um
veículo condutor para canalizarem as suas emoções, pois o desenvolvimento de compe-
tências não é prioritário se houver um desenvolvimento social ou emocional, por exemplo,
que precisa de ser agudizado.
Para além disto, ao expormos “as crianças a diferentes meios e ao se tornarem sensível
aos aspectos que distinguem os trabalhos artísticos de seus alunos, o professor terá um
quadro mais completo de cada criança” (Krechevsky, 2001, p.146), passando a conhecer
melhor as particularidades que cada aluno seu tem. O mesmo acontece caso as propostas
surjam por parte dos pais. O essencial é a criança reinventar-se, brincar com as artes plás-
ticas e deixar-se envolver nas atividades que lhe são propostas.
Sabemos, também, que muitas das garatujas que as crianças inicialmente fazem, não
só são vistas como rabiscos que os pais teimam em não valorizar e mandar fora, como não
encontram qualquer relação de causalidade entre estes e os futuros desenhos que os seus
filhos virão a fazer. Ainda assim, estes são fruto do desenvolvimento motor que as crian-
ças conseguem ter e que os conduz, invariavelmente, a rabiscar uma folha até ultrapassar
os seus limites. Pouco a pouco a criança começará a pegar cada vez melhor nos lápis e
aprenderá, também, a controlar os limites onde deve desenhar, onde deve expressar a sua
atividade plástica. João dos Santos diz ainda que “a criança descobre, inventa e constrói
brincando, ela tem, necessariamente, a faculdade de realizar trabalho útil ou de criar obra
artisticamente válida” (apud Carvalho e Branco, 2000, p.155), e por isso se deveria sempre
valorizar a criança quando se percebe que esta fez o melhor que conseguiu.

Atividades possíveis de serem realizadas

Creche Jardim de infância

- Desenhos livres com canetas, lápis, lápis de cera e outros materiais


riscadores.

Desenho livre com canetas de cera:

- Desenhos livres com canetas, lápis, lápis de cera e outros


materiais riscadores.

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- Colagens variadas: areia, papéis, folhas de árvores, lãs, feltro, - Colagens variadas: areia, papéis, folhas de árvores, lãs,
algodão feltro, algodão, cascas de frutos secos, madeiras, cartão
maquete, entre outros materiais.
Colagem livre de papéis:
Colagem de elementos da natureza:

Colagem de elementos da natureza:

(colagem de folhas de árvore previamente recolhidas pelas crianças)

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(colagem de areias previamente coloridas pelas crianças)

- Pinturas com vários materiais: o próprio corpo, penas, pincéis, tintas - Pinturas com vários materiais: penas, pincéis, aguarelas/tintas e
comestíveis e finger paint, bolas, legos, balões, batedor de claras de ovos, guaches, bolas, legos, rolhas de cortiça, rolos de cartão e rolos de
rolos de cartão e rolos de pintura, stencil, digitinta, entre outros materiais pintura, lãs, óleo e purpurinas, espátulas, balões, balões de água,
e técnicas. estudos de cor, pintura com celofane, stencil, entre outros materiais.

Pintura livre das mãos: Estudo da cor:

(bebé de 9 meses)

(criança de 2 anos)

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Digitinta:

Stencil:

Pintura do corpo:

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Pintura individual e coletiva com celofane:

Pintura com batedor de claras de ovos:

Pintura com balões

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- Exploração de materiais sensitivos: massa mágica, massa de modelar, areias, Pintura com rolos:
entre outros materiais

Massa mágica

(bebé de 10 meses)

(crianças de 2 e 3 anos)

b. Jogo Dramático/Teatro

Se tivermos em conta a expressão dramática, por exemplo, rapidamente percebemos


que as crianças a desenvolvem desde a mais tenra idade, mesmo quando os adultos acham
que os bebés “apenas” os estão a imitar.

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A esta “imitação” dá-se o nome de Jogo Simbólico2. A criança tem necessidade de


representar papéis que não o seu, papéis que lhe permitam expressar melhor os seus co-
nhecimentos e dar a conhecer ao mundo o que já sabem. Este jogo simbólico permite que a
criança se apodere de diversos papéis sociais, dando asas à sua criatividade e imaginação
ao recrear “experiências da vida quotidiana, situações imaginárias” (OCEPE, 2016, p.52).
Claro está que o jogo dramático ou o brincar ao “faz de conta” podem ser realizados de for-
ma não intencional, como o já referido jogo simbólico, ao contrário do teatro que já carece
de uma representação intencional. A cada representação, as emoções são canalizadas,
a criança aprende melhor a lidar com as suas emoções e com as dos outros, e é também
através da representação que a criança sente que pode viver situações que jamais viveria
se esta forma de expressão não existisse. Há uma apropriação de vivências inóspitas que
não estariam ao seu alcance caso a expressão dramática não lhe fosse permitida. No en-
tanto, há sempre algumas crianças que numa fase mais elaborada de uma dramatização, se
sentem constrangidas, nervosas e até podem manifestar essa ansiedade por variadíssimas
formas quando estão junto de quem mais amam. Isto acontece porque elas assumem um
receio que poderão perder se confiarem mais em si e se acreditarem que serão capazes de
desempenhar determinado papel que lhes foi atribuído. Isto significa que, com o decorrer de
uma aproximação com a expressão dramática, a criança sentir-se-á tendencialmente mais
confiante, a sua autoestima e autoconceito ficarão seguramente mais desenvolvidos e isto
traz benefícios cruciais ao desenvolvimento humano. O educador deve promover a “cria-
ção e recriação de histórias e diálogos” (OCEPE, 2016, p.53), registando tudo o que deve
ser feito através de imagens, mímica ou uma qualquer outra forma que conduza a criança
na sua interpretação. O importante é a criança apropriar-se do que está a fazer, seja algo
simples como o simples facto de representar o lobo mau, podendo esse ser representado
por crianças de 2 anos da valência de creche, seja algo mais complexo e que já pode ser
realizado pela valência de jardim de infância. Este manifesto interesse da criança nestas
pequenas participações, separa esta forma de teatro da “produção de “espetáculos” em que
a criança é mero executante e que não tem sentido nestas idades” (OCEPE, 2016, p.53).
Para além dos benefícios já referidos, a linguagem oral, a articulação das palavras e
consequente construção frásica, ficam amplamente mais desenvolvidas com a expressão
dramática. Dentro da oralidade encontra-se também a própria colocação da voz, a forma
como a criança o faz é ensinada nas sessões deste tipo de expressão, para que não existam
riscos da criança poder “magoar” a sua voz. Outro dos grandes contributos da expressão
dramática para o desenvolvimento da criança é o facto desta aumentar a sua capacidade

2 O Jogo Simbólico é uma atividade espontânea que permite que a criança recrie atividades e comportamentos que observa no seu dia
a dia ou que imaginou, utilizando para esse efeito objetos que explora livremente e que em muitos casos passam a ter uma funciona-
lidade diferente daquela para o qual foram criados. Assim, uma criança muito pequenina pode imitar a sua mãe ao telemóvel e fazer
de um pincel o seu telemóvel.

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Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

de concentração. A expressão dramática pode ser improvisada ou ensaiada. Se for ensaia-


da, para além da concentração necessária para a própria representação, a criança terá de
memorizar o texto que lhe foi entregue. Este decorar não acontece quando falamos de uma
representação improvisada, mas ainda assim a criança terá de se concentrar muito para a
poder desempenhar. Para além da oralidade e da concentração, a criança recebe instruções
e terá das reproduzir de acordo com o que combinou com quem a está a encenar, seja um
gesto, um movimento mais brusco ou mais sublime, ou apenas a sua colocação dentro do
palco (nunca podem estar de costas, por exemplo, sob pena do público não perceber a peça
por não conseguir ver a interpretação desta). Este desenvolvimento motor é então, também,
uma das grandes vantagens da expressão dramática, criando uma ligação inequívoca entre
esta área e a área motora.

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Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

Atividades possíveis de serem realizadas

Creche Jardim de infância


- Jogo simbólico - Dramatizações livres e orientadas

Jogo simbólico: Dramatização livre – A Bruxa Larocas

(criança a adormecer o bebé conforme os papás a


Dramatização orientada – “Uma Viagem ao Dubai” (com duas
adormecem)
crianças de valência de creche e de jardim de infância)

(criança de 2 anos a embalar o bebé)

(a mesma criança a escrever num computador)

Dramatização orientada – “O Palhaço trapalhão” (com duas


crianças de valência de creche e de jardim de infância)

(criança a cozinhar)

- Dramatizações livres de pequenos contos realizada pelos


- Aprendizagem de colocação de voz
alunos ou pelos adultos que os rodeiam

- Imitação de animais e meios de transporte - Aprendizagem de como se devem colocar num palco

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Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

c. Música

A Educação Musical assume um papel preponderante na vida de todas as crianças,


é uma forma de linguagem e é algo universal. É humanamente impossível ver um bebé
pequenino a ouvir música e este não ficar estarrecido a “olhá-la” como se de um diamante
se tratasse. Muitos, ainda antes de completarem os 12 meses, já tentam bater palmas e
acompanhar ritmicamente as músicas que vão ouvindo. Ao contrário do que se possa pensar,
Gordan (2008) refere que os pais devem encorajar os seus filhos bebés a fazerem balbucios
musicais, pois eles fazem-nos desde tenra idade mas sem conotação melódica. Este autor
refere ainda que “quanto mais cedo uma criança emergir de uma fase de balbucio musical,
mais musical se espera que venha a ser durante a sua vida” (Gordon, p.10). Edwin Gordon
(2008) refere ainda a existência de dois tipos de balbucio: o tonal e o rítmico. Para este autor
o balbucio tonal diz respeito às tentativas que as crianças fazem quando tentam cantar mas
fazem-no como se estivessem a falar, ao invés do balbucio rítmico que conduz a criança a
balbuciar a partir da emissão de “diferentes sons e movimentos duma forma errática. Estes
sons e movimentos não têm um tempo consistente” (Gordon, 2008, p.11), nomeadamente
devido à baixa idade que possuem.
Numa fase mais avançada a música assume um papel de festa, alegria e é muitas
vezes utilizada em momentos de grande grupo.
O educador pode trabalhar variadíssimos conteúdos a partir da música, e até, associar
esta área de expressão à dança. É possível partir de uma música para conteúdos como
“os animais, as cores, a noção de número” (Craidy & Kaercher, 2001, p.123), entre outras
temáticas que invariavelmente pretendem despoletar “o esquema corporal, coordenação
motora, lateralidade, expressividade e criatividade (Ibidem). Mas claro está que, o simples
cantarolar de uma canção ou o bater palmas enquanto marcação rítmica, não chegam para
o despoletar da criatividade. A ideia é sempre partir das mais variadas expressões para a
livre fruição e utilização dos meios expressivos que a criança disponha, sem com isto querer
dizer que a criança não deve aprender algumas orientações básicas transversais a cada
uma das diferentes expressões abordadas neste capítulo. Deve ser dada à criança a opor-
tunidade de ser ela a manusear os instrumentos musicais, sem esta ter de ter uma aula de
como determinado instrumento se toca.
A música não se traduz apenas nisto, sendo que este “apenas”, ainda assim, se revela
de uma importância extrema. A música, como linguagem universal que é, está intrinsecamen-
te ligada à facilidade de aprendizagem de línguas no futuro, pois se ouvirmos com atenção
uma música e a conseguirmos interpretar, perceberemos que esta tem inúmeras divisões
que nos abrem caminho para a aprendizagem e fluidez na dicção de novas línguas. Claro
está que em primeira instância a música também serve para dar a conhecer à criança a sua

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Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

própria língua materna, e, não é algo raro ver os pais cantarem canções de embalar aos
seus filhos desde tenra idade.
De facto, os diferentes sons e ritmos das canções oferecidas aos mais novos propor-
cionam uma aprendizagem mais clara e natural.
As crianças que seguem a área musical no futuro, por norma, para além de terem
uma maior facilidade na aprendizagem de línguas, como atrás já referimos, têm também
uma maior facilidade em matemática, pois a divisão rítmica da música exige contagem do
tempo desta. A concentração também assume nesta área um papel de destaque, pois seja
a cantar ou a tocar um instrumento, a criança tem de «entrar no tempo» exato e para isso
terá de se manter concentrada.
Há até, a título de curiosidade, um método musical intitulado Suzuki, criado pelo profes-
sor Shinichi Suzuki, que conduz a utilização de mais de 700 canções originais, tendo estas
sido compostas de acordo com os propósitos linguísticos e necessidades sentidas pelas
crianças das diferentes faixas etárias. Este método tem como linha central o acreditar que as
crianças devem aprender a sua língua materna com encorajamento e muito amor, quer no
ambiente familiar, quer no seu ambiente social, defendendo ainda que este ensino musical
deverá começar o mais cedo possível. Se inicialmente este método foi desenvolvido para
o ensino de violino, neste momento ele é extensível à guitarra, bateria, baixo, flauta, harpa,
órgão, piano, viola, entre outros. Quando tentámos conhecer um pouco mais deste método,
ficámos a saber que existe uma Associação Suzuki que já está difundida em diversos paí-
ses, nomeadamente em Portugal e no Brasil. No site da Suzuki Association of the Americas3
está claramente referido que os “early years are crucial for developing mental processes
and muscle coordination. Listening to music should begin at birth; formal training may begin
at age three or four”. A associação refere ainda que “Any child who is properly trained can
develop musical ability, just as all children develop the ability to speak their mother tongue.
The potential of every child is unlimited” (ibidem).

3 https://suzukiassociation.org

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Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

Atividades possíveis de serem realizadas4

Creche Jardim de infância


- Manipulação de instrumentos de forma livre

Brincar e explorar o instrumento Som do Mar:

- Aprendizagem de ritmos

- Ritmos feitos com o corpo - Aprendizagem de canções

- Aprendizagem de instrumentos a solo e acompanhados


- Aprendizagem de canções
por outros amigos que têm outros instrumentos

d. Dança

O subdomínio da dança está intrinsecamente relacionado com a expressão musical.


Dificilmente conseguimos ver um bebé a bater palmas ou a balbuciar algo com entoação
musical, ou mesmo a cantarolar quando já são um pouco maiores, sem que estejam a aba-
narem-se como se de uma dança de salão se tratasse. A criança, de facto, não consegue
dissociar a música da dança. Howard Gardner refere, a este propósito, que as “crianças
pequenas relacionam, de forma natural, a música e o movimento corporal, achando virtual-
mente impossível cantar sem acompanhar essa acção com actividade física” (Apud Hohmann
& Weikart, 1997, p.657). Feldman, Olds e Papalia (2001) referem ainda que

As competências motoras grossas desenvolvidas durante o período pré-es-


colar são a base para a prática do desporto, da dança e de outras actividades
que começam durante o período escolar e que se podem manter ao longo de
toda a vida (p.287)

De facto a área da dança na creche e no pré escolar não tem a intenção de tornar os
alunos em bons dançarinos, mas sim permitir-lhes a livre fruição através de movimentos
guiados por uma qualquer música, permitindo que a sua livre expressão conduza os seus
corpos e imaginação sem qualquer imposição do adulto, sem terem de imitar uma qualquer
coreografia, ainda que, através desta também se obtenham aprendizagens. A dança livre e

4 As sessões musicais têm apenas um registo fotográfico por não se conseguir omitir a identidade das crianças e não termos conse-
guido permissão para a exposição fotográfica das crianças presentes nas fotografias

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Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

lúdica permite que a criança descubra o seu corpo e potencie as suas capacidades de mo-
vimentação variada, cabendo ao educador o papel de mediador. Este é talvez o subdomínio
que mais dúvidas e questões levantam aos educadores, pois estes, na sua grande maioria,
não tiveram qualquer formação em dança. Freire (2001) refere que na formação inicial de
educadores não existe uma aposta nesta área das expressões, sendo que a haver, não se
pretendia “ensinar dança moderna, ballet clássico, entre outros, mas sim, ensinar a dança
como arte criativa e seu papel no desenvolvimento e aprendizagem da criança como um ser
integral” (p. 34). Este autor refere ainda que ao educador competiria o promover na criança
a capacidade de criar, de se reinventar através da dança.
As OCEPE estabelecem 4 pontos essenciais que as crianças de jardim de infân-
cia devem alcançar:

a) Desenvolver o sentido rítmico e de relação do corpo com o espaço e com


os outros.
b) Expressar, através da dança, sentimentos e emoções em diferentes situ-
ações.
c) Refletir sobre os movimentos rítmicos e as coreografias que experimenta
e/ou observa.
d) Apreciar diferentes manifestações coreográficas usando linguagem espe-
cífica e adequada.

(OCEPE, 2016, p.57)

Atividades possíveis de serem realizadas

Creche Jardim de infância


- Dança livre individual e em conjunto (com duas
crianças de valência de creche e de jardim de
infância)

- Incentivo à dança livre individual

- Dança livre em conjunto - Dança orientada para um fim

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Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

- Aprendizagem de movimentos largos

Movimentos de expressão motora

- Aprendizagem de uma coreografia

A Educação Estética no Domínio da Educação Artística

Sempre que a educação de determinada escola tem um currículo subjacente ao mundo


das artes, estamos perante uma educação voltada para as emoções, para os sentimentos
mais recônditos que possamos ter e que só através da arte conseguimos manifestá-los.
Nestes casos as aprendizagens concretizam-se através dos sentidos, através dos dese-
jos que cada criança tem, sem que haja certo ou errado, mais bonito ou mais feio (Jorge-
Ferreira, 2019). É uma educação sem fronteiras, sem balizas no que diz respeito à liberdade
de expressão. É uma escola destas que temos tentado construir dentro da nossa sala de
atividades com os vários grupos de crianças que temos tido. O único requisito imposto nas
nossas manhãs pedagógicas é que haja uma entrega total da criança à atividade proposta.
Tentamos sempre, enquanto mediadoras das atividades, perceber se há uma dedicação
ou não, ao que se está a fazer, e isto obriga-nos a repensar as estratégias de forma a que
estas sejam suficientemente apelativas para captarem e manterem a atenção das crianças.
A educação é o caminho mais básico de educar o olhar, o aprender a ver, a sentir e
a perceber sem ser preciso a apropriação material de algo. Não será novidade se disser-
mos que aprender a olhar e a ver o que de facto está perante nós, é garantidamente mais
fácil através do mundo da estética, estando esta presente em todas as abordagens que se
faça através da arte. Estamos todos mergulhados em estética sem que esta se apresente
formalmente. É-nos impensável imaginar um mundo sem cor, sem texturas, sem qualquer
conjugação que nos inviabilize qualquer julgamento estético face ao que observamos. Isto
só acontece a quem por um qualquer infortúnio, não tem visão, mas ainda assim conseguirá
absorver o mundo através de outras fontes de informação. Tudo em nosso redor tem uma
carga estética avassaladora. No entanto nem sempre se valoriza a estética tanto quanto se
deveria valorizar, ainda que esta esteja intrinsecamente relacionada com a compreensão
do mundo através dos sentidos (Jorge-Ferreira, 2019). A estética ajuda a criar pontes entre

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Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

o que é feito e a forma como se olha para o resultado, sendo por isso algo que deve ser
sempre valorizado e estimulado desde a mais tenra idade.

Criatividade

A Criatividade é, segundo se sabe, um dos conceitos mais polissémicos que existe, não
existindo ainda uma definição consensual que convença a comunidade científica e escolar.
Ainda assim, a definição mais comum aponta a criatividade como sendo a capacidade de
concretizar algo que seja novo e adaptado ao contexto no qual surge (Amabile, 1996; Barron,
1988; Lubart, 2007; Ochse, 1990, entre outros). Barrett, referindo-se à criatividade, diz que
é “extremamente difícil chegar a uma definição aceitável deste termo” (Barrett, 1982, p. 84).
A estimulação do pensamento criativo deve ser feita desde o nascimento, e não é algo
inalcançável e inatingível. O pensamento criativo das crianças deve ser estimulado, mais
que não seja com propostas simples como a de tentarem descobrir e encontrar soluções
para um qualquer problema com que se deparem (Cropley, 1997).
Para Guilford (1968), a criatividade é a capacidade de produzir algo divergente, sendo
que por volta de 1960 criou 4 dimensões para analisar a criatividade: originalidade, flexibi-
lidade, fluência e elaboração. Mais tarde, Paul Torrance (1966) utilizou estas 4 dimensões
mas concluiu que estas reduziam as «respostas dadas» ao pensamento divergente presente
em cada pessoa (visão de Guilford), não avaliando todos os aspetos que inicialmente havia
planificado. Concluiu depois de se ter debruçado sobre a temática da criatividade que esta
teria de ser sujeita ao indicador emocional e cognitivo que cada indivíduo possui, para que
de uma forma mais holística se compreendesse a manifestação criativa (Torrance, 1966;
Torrance, 1996). Percebe-se então que a criatividade para além de se enquadrar no pen-
samento divergente, não se resume apenas a este. Outros fatores são necessários para a
sua promoção e manutenção.
Para Csikszentmihaly (2002), a criatividade é quase sempre seguida por uma “expe-
riência de fluxo”, ficando o indivíduo que realizou essa experiência inteiramente absorto
por ela. Contudo, a palavra criatividade não se resume a arte nem a trabalhos artísticos,
embora saibamos que ambas andam de «mãos dadas». No entanto, sabemos também que
embora não possam ser totalmente separadas, a criatividade é um termo mais globalizante
e composto do que a arte, e por isso a definição da primeira é bem mais complexa que a
segunda (Jorge-Ferreira, 2019).
No meio de tantas (in)definições e de tantas (in)certezas sobre a pluralidade de as-
petos relacionados com o conceito de criatividade, há ideias que vão sendo análogas aos
mais diversos estudiosos da criatividade. Embora seja um conceito polissémico e polémico
devido a essa multiplicidade de definições, é, por norma, encarado como algo que origina

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Infância com Artes e Artes na Infância: Implicação das artes no processo de crescimento e desenvolvimento da criança

um resultado direto adaptado ao contexto em que ocorre. Esta é, por si só, a característica
da criatividade que mais «adeptos» tem, sendo comum a ideia de que para se ser criativo se
tenha de combinar ideias que ao serem misturadas originam algo novo de suma importância.
A criatividade não pode ser ensinada, mas pode e deve ser estimulada e incentivada,
cabendo aos profissionais de educação esta competência de estimulação e promoção do
potencial criativo da criança. Este incentivo pode ser feito através de atividades intrinseca-
mente relacionadas com o domínio da Educação Artística que anteriormente falámos, quer
seja feitos nas ações e práticas pedagógicas diárias mais simples e inóspitas. Jorge-Ferreira
refere que o “potencial criativo que cada um de nós possui à nascença, mais não é do que
uma intuição criativa, que ao ser estimulada pode ser utilizada na vida quotidiana” (2019, s/p).
A aposta da criatividade na creche e jardim de infância é imperativa e urgente, pois ela
cria indivíduos que futuramente se apresentarão com menos preconceitos e e uma maior aber-
tura nos diversos campos da nossa sociedade. Os bebés de hoje são os Homens de amanhã.

CONCLUSÃO

Cada vez mais se fala que as artes e a criatividade não têm, ainda, o papel de desta-
que que deveriam ter no mundo da educação. No entanto, sabemos que esta falha parte do
próprio sistema de ensino e formação de educadores e professores, pois no curso inicial há
uma clara aposta em conteúdos científicos em detrimento das aprendizagens relacionadas
com as áreas das expressões.
Ainda assim, e porque trabalhamos na valência de creche e de jardim de infância há
mais de 20 anos, temos colocado em ação inúmeros projetos de expressão que em muito têm
enriquecido a nossa prática pedagógica e as aprendizagens e desenvolvimento das crianças.
Com este artigo pretendemos elucidar que é possível fazer abordagens pela arte nestas
duas valências, dando a conhecer referenciais teóricos de renome que se têm dedicado a
esta temática há muitos anos. Apresentamos também algumas ideias de atividades dentro
de cada um dos Subdomínios do Domínio da Educação Artística.

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