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SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 03
1 DA EDUCAÇÃO ............................................................................................ 05
ANEXOS .......................................................................................................... 42
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INTRODUÇÃO
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras,
afinal, opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos
educacionais, mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou
aquela vertente, estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e
provado pelos pesquisadores.
Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacunas, ao final
da apostila encontrarão nas referências consultadas e utilizadas aporte para sanar
dúvidas e aprofundar os conhecimentos.
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DA EDUCAÇÃO
Para Carneiro (2008, s/p) podemos dizer que não encontramos um sentido
unívoco para o termo Educação. Educação é algo tão abrangente quanto às relações
humanas. Podemos confirmar isso a partir da afirmação de Brandão (1985) que, nas
primeiras linhas de "o que é educação", afirma: "Ninguém escapa da educação. Em
casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos
pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para
saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a
educação." (BRANDÃO, 1985, p. 7, apud CARNEIRO, 2008, s/p)
transformação social". Isso implica dizer que a educação é um dos elementos que
ajudam a constituir e moldar a sociedade. Para a sociedade ser do jeito que é – ou
que está – ocorreram ações e processos educativos: a sociedade se educou para isso.
"A educação participa do processo de produção de crenças e ideias, de qualificações
e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que, em
conjunto, constroem tipos de sociedades. É esta a sua força" (BRANDÃO, 1985, p.
11).
Ainda de acordo com Carneiro (2008, s/p) algo semelhante afirma Gadotti
(1984), a partir de uma afirmação de Gramsci, que "cada classe tem os seus
intelectuais, o seus ideólogos, os seus educadores, cujas tarefas, na sociedade,
distinguem-se apenas por grau e por maior ou menor incidência do trabalho intelectual
na sua prática profissional" (GADOTTI, 1984, p.75). E são esses que recriam,
constantemente, a ideologia de sua classe ou da classe que representam. Isso nos
leva à afirmação Paulo Freire: "ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho.
As pessoas se educam em comunidade", (GADOTTI, 1984; BRANDÃO, 1985)
poderíamos dizer que as ações educacionais ocorrem em processo, implicando dizer
que estamos trabalhando com algo dinâmico o qual se renova constantemente, pois
as ações processuais implicam em recriações constantes. No processo educacional,
paradoxalmente, pretende-se preservar valores, mas, ao mesmo tempo, pretende-se
recriar ou criar novos valores. Sendo que, por vezes, os valores da classe dominante
são recriados para manter inalteradas as relações de dominação (GUARESCHI,
1989).
trabalhadores precisam, mas pode ser um dos caminhos para isso. "Se ideais são
necessários para dar vida à nossa prática, eles são insuficientes para gerar mudanças"
(GADOTTI, 1984, p. 77, apud CARNEIRO, 2008, s/p).
Ainda de acordo com (Galter, Manchope, s/d, s/p) assim, tendo vivido no
interior de um ambiente bastante conturbado pelas transformações sociais e
observado de maneira particular a sociedade francesa a preocupação de Durkheim foi
com a ordem social. Ele afirmava que a raiz de todos os males da sociedade de seu
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Nesse sentido, dizem (Galter, Manchope, s/d, s/p) o autor questionou aqueles
que buscavam fixar fins certos à tarefa de educar, afirmando que somente a
observação permitiria dizer se a educação tem uma finalidade ou outra. Não há meios
de se saber a priori. Enfatizou que o importante seria dizer em que consiste a tarefa
de educar, a que tende, a que necessidades humanas corresponde. Para responder
a essas indagações e constituir a noção preliminar de educação, reafirmou o autor:
“para determinar a coisa a que damos esse nome, a observação histórica parece-nos
indispensável (FAUCONNET, In: DURKHEIM, 1975, p. 38)”.
Durkheim afirma que quanto ao aspecto uno, "Não há povo em que não exista
certo número de ideias, sentimentos e práticas que a educação deve inculcar a todas
as crianças, indistintamente, seja qual for a categoria social a que pertençam
(FAUCONNET, In: DURKHEIM, 1975, p. 40)”.
Portanto, para Durkheim qualquer que seja a importância dos sistemas
especiais de educação, não constitui ele toda a educação. O aspecto múltiplo e o
aspecto uno divergem até certo ponto, para além do qual se confundem. Assentam
assim numa base comum. Em outras palavras, cada sociedade constrói, para seu uso,
certo ideal de homem, tanto do ponto de vista intelectual, quanto o físico e moral. Esse
ideal é que constitui o eixo educativo. (...) Dos muitos aspectos que compõem a
abordagem sociológica de Émile Durkheim relativas à educação, o que mais se
destaca é a consideração obrigatória de uma relação estreita entre as determinações
individuais e as construções sociais, donde resulta, antes de tudo, uma clara
ascendência dos aspectos sociais sobre os individuais. (...) Para ele, a educação tinha
por objetivo suscitar e desenvolver, no indivíduo, certo número de estados físicos,
intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio
especial no qual ele está inserido. Nesse sentido, podemos dizer que seu método na
verdade expressou um caráter eminentemente educativo. Deduz-se daí o importante
papel que o autor atribuiu à educação. (GALTER, MANCHOPE, s/d, s/p)
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cultural ou seu sentido prático. Por isso, essa natureza estritamente propedêutica não
era contestada ou questionada, mas é hoje inaceitável.
Não havendo necessariamente essa outra etapa, a articulação e o sentido devem ser
garantidos já no ensino médio.
Os fatores que intervêm nos resultados escolares também têm sido estudados
por este ramo da sociologia. Ter boas ou más notas não depende unicamente da
inteligência do indivíduo nem mesmo do seu esforço; as classificações são produto de
um processo complexo no qual intervêm outros saberes exigidos pela escola que não
os contidos nos currículos: valores, atitudes e princípios que são os da parcela
dominante da sociedade. Serão premiados os indivíduos que aceitam e/ou que já
trazem da sua socialização primária esses outros saberes ocultamente exigidos. Tem
sido estudado outro fator de influência dos resultados escolares: o das expectativas
dos professores face aos alunos. Os estereótipos do professor acerca das classes
sociais, dos grupos raciais ou do gênero influenciam o modo como ele age com os
alunos levando estes a
corresponderem às "profecias" do professor. (INFOPÉDIA, s/d, s/p)
Conforme Correia, Batista (s/d, s/p) dentre os inúmeros enfoques da
sociedade e da educação, destacam-se os paradigmas considerados clássicos que
enfocam em suas análises o consenso ou o conflito, correspondendo às correntes
positivista/funcionalista e crítica/dialética originadas respectivamente em Émile
Durkheim e Karl Marx, que influenciam análises e pesquisas no campo da Sociologia
da Educação (SE).
das novas gerações” (DURKHEIM, 1987, p.41, apud CORREIA, BATISTA, s/d, s/p) e
para integrar os indivíduos na sociedade em que estão inseridos, disseminando a
consciência coletiva.
Seguindo na sua explanação, Correia, Batista (s/d, s/p) dizem que vendo a
educação com duplo aspecto, uno e múltiplo como seus constituintes básicos
Durkheim (1967, p. 40) aponta suas principais funções: Suscitar na criança:
• Certos estados físicos e mentais, que o grupo social particular (casta, classe
família, profissão) considere igualmente indispensáveis a todos quantos o
formem.
Noutra perspectiva, de acordo com Correia, Batista (s/d, s/p) temos a teoria
crítica fundamentada no materialismo histórico dialético de Karl Marx, que influenciou
todo o pensamento crítico em educação, começando pelas ideias reprodutivistas de
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Para Marx, a sociedade se estrutura por uma base constituída das forças
produtivas e das relações de produção, donde se originam as ideias, a política, a
religião, o direito e a filosofia que constituem a superestrutura. As relações de
produção classistas são conflitivas e contraditórias provocando constantemente crises
que não encontram solução nos marcos da sociedade burguesa. Assim, ele defende
uma revolução liderada pelas classes trabalhadoras para superar essa sociedade
classista e a criação de uma sociedade onde não mais existiria a exploração do
homem pelo homem, culminando numa sociedade comunista, na qual os meios de
produção seriam coletivizados.
Segundo Silva (s/d, p. 2) que faz um artigo sobre como os futuros professores,
ou os alunos de graduação em sociologia devem observar a sociologia da educação,
coloca: para que servem os fundamentos sociológicos da educação? (...) O sociólogo
francês Christian Baudelot, tentando responder à questão semelhante a essa propôs
que a sociologia da educação servisse para instrumentalizar os professores com
mapas que os ajudassem a traçar seus itinerários, veja o que ele diz: no fundo o
trabalho do sociólogo da educação se assemelha ao trabalho de um cartógrafo.
Levantar o mapa escolar, proceder ao levantamento topográfico do terreno e do
relevo, representar uma escala precisa os principais maciços da paisagem escolar,
medir os caudais dos rios, ter os mapas em dia, eis aqui em que o sociólogo da
educação pode ajudar o professor. Pode ajudálo a orientar-se na “floresta” escolar.
Ajudá-lo a orientar-se e não guiá-lo. Caberá aos professores depois traçar, com o
mapa na mão, seus próprios itinerários em função de suas opções e da natureza do
terreno em que se encontram. (Baudelot, 1991, apud, SILVA, s/d, p. 2)
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Penso que os olhares dos alunos (futuros professores) deverão ser alterados
pelos “óculos” das teorias sociais. Seus olhares deverão se desprender das imagens
já construídas sobre a escola, os professores, os pobres, os ricos, as igrejas, as
religiões, a cidade, os bairros, as favelas, a violência, os políticos, a política, os
movimentos sociais, os conflitos, as desigualdades, entre outros.
sociologia, isso pode ser conseguido por meio de uma tomada de consciência sobre
como a nossa personalidade está relacionada à linguagem, aos gestos, às atitudes,
aos valores, à nossa posição na estrutura social – nas palavras de Dumont: para que
o indivíduo de ontem torne-se social, não mais ele e os outros, mas ele em meio aos
outros. E isso por meio da aproximação da metodologia de pesquisa à metodologia de
ensino, bem como por ações pedagógicas que busquem desvelar e discutir narrativas
sociais, sejam elas científicas, literárias e outras – suas implicações, seus dilemas, o
que falam da heterogeneidade cultural e da estrutura social. Ensinar sociologia é,
antes de tudo, desenvolver uma nova postura cognitiva no indivíduo.
Assim, o professor pode contribuir para a inserção dos alunos num campo
conceitual e para que estes desvelem processos históricos que contribuíram para
delinear o caráter das relações sociais no mundo contemporâneo.
ARENDT, Hannah. Entre o Passado e o Futuro. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2001.
AZEVEDO, Janete M. Lins de. A Educação como Política Pública. 3 ed. Campinas:
Autores Associados, 2004.
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GADOTTI, Moacir. História das Ideias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 2001.
GIROUX, Henri. Teoria crítica e resistência em educação: para além das teorias
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NOGUEIRA, Maria Alice. A Sociologia da Educação do final dos Anos 60/ Início dos
Anos 70: o nascimento do paradigma da reprodução. In: Aberto. Brasília, ano 9, n.º
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NOGUEIRA, Maria Alice. Educação, saber, produção em Marx e Engels. 2.ed. São
Paulo: Cortez, 1993.
PONCE, Aníbal. Educação e Luta de Classes. 18 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
WEBER, Max. Ensaios de sociologia. 3.ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1974.
Sites visitados:
Filmes sugeridos:
- Cão de Briga
- A corrente do bem
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Elenco: Kevin Spacey, Helen Hunt, James Caviezel, Shawn Pyfrom, Jon Bon Jovi,
Angie Dickinson, Jay Mohr, Jeanetta Arnette, Marc Donato, Rusty Meyers, Haley Joel
Osment, David Ramsey.
Elenco: Ethan Hawke, Uma Thurman, Gore Vidal, Xander Berkeley , Jayne Brook,
Elias Koteas, Maya Rudolph, Una Damon, Elizabeth Dennehy, Blair Underwood,
Mason Gamble, Vincent Nielson, Chad Christ, William Lee Scott, Clarence Graham.
Extraído de:
<http://www.interfilmes.com/filme_13454_gattaca.a.experiencia.genetica.html>
Acesso em: 05.08.2010.
- Matrix
Sinopse: O filme apresenta diversos efeitos, pois Matrix tem como tema a luta do ser
humano, por volta do ano de 2200, para se livrar do domínio das máquinas que
evoluíram após o advento da Inteligência Artificial. Em um recurso extremo para
derrotar as máquinas, a humanidade cobriu a luz do Sol para cortar o suprimento de
energia das mesmas, mas elas adotam uma solução radical: como cada ser humano
produz, em média, 120 volts de energia elétrica, começam a cultivá-los em massa
como fonte de energia. Para que o cultivo fosse eficiente, os seres humanos passaram
a receber programas de realidade virtual, enquanto seus corpos reais permaneciam
mergulhados em habitáculos nos campos de cultivo. Essa realidade virtual, que é um
programa de computador ao qual todos são conectados, chama-se Matrix e simula a
humanidade do final do século XX.
Há, porém, perto do calor do centro da terra, uma última cidade de seres
humanos livres, que mandam missões em naves para combater as máquinas. O líder
de uma dessas missões é Morpheus (O Líder da nave Nabucodonosor), um visionário
que vislumbra em um dos habitantes da Matrix o escolhido, que vem a ser Neo,
interpretado por Keanu Reeves. Neo é resgatado de seu casulo, sacado da ilusão da
realidade virtual e passa a ser treinado por Morpheus. A questão filosófica principal
que o filme traz é justamente essa: O que é o real?
Sinopse: Um único homem previu o Julgamento final. Um homem, cujo destino sempre
esteve atrelado ao destino da raça humana: John Connor (Christian Bale). Agora, o
mundo está diante do futuro para o qual Connor foi preparado a sua vida inteira. Mas
algo totalmente novo abalou sua crença de que a humanidade tem uma chance de
vencer esse combate: a chegada de Marcus Wright (Sam Worthington), um
desconhecido que surge do passado e cuja última lembrança é estar no corredor da
morte antes de acordar nesse estranho mundo novo. Connor precisa decidir se
Marcus é ou não confiável. Mas enquanto a Skynet cria novas estratégias para dar
cabo da resistência de vez, Connor e Marcus precisam se entender para impedir o
massacre — infiltrando-se na Skynet e enfrentando o inimigo cara a cara.
Elenco: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young, Edward James Olmos, Daryl
Hannah.
Sinopse: No início do século XXI, uma grande corporação desenvolve um robô que é
mais forte e ágil que o ser humano e se equiparando em inteligência. São conhecidos
como replicantes e utilizados como escravos na colonização e exploração de outros
planetas. Mas, quando um grupo dos robôs mais evoluídos provoca um motim, em
uma colônia fora da Terra, este incidente faz os replicantes serem considerados ilegais
na Terra, sob pena de morte. A partir de então, policiais de um esquadrão de elite,
conhecidos como Blade Runner, têm ordem de atirar para matar em replicantes
encontrados na Terra, mas tal ato não é chamado de execução e sim de remoção. Até
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- Duna
Elenco: David Rasche, Cristina Lago, Irandhir Santos, Erica Gimpel, Frank Grillo.
está Nonato (Irandhir Santos), seu alvo predileto, que faz com que ele viaje ao Brasil.
No caminho ele conhece Bia (Cristina Lago), uma prostituta que o ajuda em sua busca.
ANEXOS
Plano de aula retirado da Revista Nova Escola – elaborado por Débora C. de Carvalho
– Doutoranda em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) de
Araraquara-SP.
“carreira solo” e, por isso mesmo, ficando com os pais até passar dos 30 anos de
idade. Pensam em ser empresários. Para analisar esse fenômeno social com seus
alunos, use o texto da revista e este plano de aula. Atividades:
1ª aula – Comece por sensibilizar os estudantes para a questão. Pergunte o que eles
desejam no futuro, se pensam em ingressar numa grande empresa ou em abrir seu
próprio negócio. Eles têm irmãos ou outros parentes próximos que estejam vivendo
essa experiência? Como explicam essa mudança de comportamento?
Aproveite as hipóteses oferecidas para introduzir uma questão relevante: será que
esse fenômeno apresenta alguma relação com aspectos novos da vida social e
política, com o mercado de trabalho ou com as transformações recentes nele
verificadas?
Você pode mostrar que a mudança de expectativas dos jovens está relacionada
com alguns aspectos da modernização recente experimentada pela sociedade
brasileira. Eles almejam não serem assalariados como seus pais foram porque querem
obter rápido sucesso profissional, além de uma posição privilegiada na estrutura
social. Para tanto, pensam que o melhor meio é abrir seu próprio negócio. Explique
que essa percepção social está fundada em fatores sociais objetivos: graças ao
aparecimento de novos instrumentos tecnológicos de comunicação e de produção,
originários da onda da terceira revolução industrial, que disseminou a eletrônica e a
informática por todo o mundo, a estrutura e a natureza das empresas mudaram
radicalmente.
Se, anteriormente, era necessário grande capital para abrir uma indústria,
mesmo que pequena, hoje os aparelhos tecnológicos possibilitam a criação de uma
empresa de prestação de serviços com pouco investimento. Além disso, também não
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é mais necessária uma grande edificação para sediar a firma, que pode inclusive ser
instalada em alguma dependência da moradia. Isso possibilita uma mudança
fundamental no trabalho: com o computador, pode-se desempenhar a atividade
profissional no ambiente doméstico, o que equivale a abolir a jornada fixa de trabalho.
Conclua essa parte observando ser bastante viável o sonho dos jovens da atualidade.
De certo modo, pode-se até dizer que eles agem assim porque a sociedade exige
deles essa postura.
Leve a turma a perceber que o desejo de fazer sucesso rápido e conquistar uma boa
posição na estrutura social também é estimulado. Ele se apoia em uma percepção
realista acerca das possibilidades sociais, as quais emanam da transformação da
sociedade, que se torna mais aberta, mais plural, menos estratificada.
Proponha que a moçada faça um levantamento de pequenas empresas instaladas
na região pertencentes a jovens. A ideia é verificar se o perfil desses empresários
corresponde ao dos entrevistados pela revista. Os resultados devem ser trazidos para
a aula seguinte.
Para concluir, mostre que o neoliberalismo – o projeto político que busca, sobretudo,
restringir a ação do estado – não inventou a roda. Os defensores do estado mínimo
aproveitaram a onda de desemprego causado tanto pela disseminação mundial do
toyotismo quanto pela tecnologia digital para flexibilizar as leis trabalhistas e
desmantelar ainda mais os resquícios da sociedade do trabalho. Introduza algumas
questões para debate: em que medida o sonho dos jovens é uma reação ao fim do
trabalho? É a sociedade que os obriga a sonhar e, desse modo, a buscar inovações
que possam dinamizar a vida econômica?
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Cresce no país o grupo de jovens que, uma vez com diploma, preferem abrir a
pró pria empresa. Qualificados, eles têm altas
chances de prosperar. Bom para o país
Renata Betti – Revista Veja- Edição 2130 – 16.09.2009.
Anderson Schneider
emprego em agências e grandes empresas, elas de clientes fixos no país inteiro, cogitam preferiram
agora
montar uma consultoria. Já têm quinze clientes fixos: "É bem remunerado e divertido" recrutar mais
gente e, enfim, abrir um escritório. Esse modelo de negócio só foi possível porque,
nos últimos dois anos, os rapazes estiveram sob a guarida dos pais, que os
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Pedro Rubens
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O aumento do número de
jovensLailson Santos empreendedores é
desejável para qualquer país. "Recém-
saídos da universidade, eles estão
atualizados sobre sua área – e têm grande
capacidade de inovar", diz o especialista
Marcos Hashimoto, do Insper. Inovação é
hoje, afinal, o que mais enriquece um país.
Num cenário em que 83% dos donos de
negócio brasileiros nem sequer pisaram
numa universidade, esses jovens
com diploma têm, também,
infinitamente mais chances de prosperar.
Para se ter uma ideia, apenas 7% das
um ano de vida, um quarto da média Foi aí que, com a ajuda financeira do pai, resolveu investir no ramo.
Criou de saída um diferencial: ele nacional. O Brasil sempre registrou altos também oferece serviços de
empreiteiro. "Minha vida hoje é só trabalho"