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Avaliação Final

Disciplina: Metodologias do Ensino e Aprendizagem em História


Prof. Dr. José Antônio Moraes do Nascimento
Henrique Arthur Lopes

Durante o semestre tivemos a oportunidade de aprender e compreender muitas das


qualidades necessárias para ser um “bom professor”. Uma das questões fundamentais
nessa construção e nesse crescimento que tivemos foi aprender que durante muito tempo
o ensino em geral no Brasil, incluindo a disciplina de história, era rodeado por uma
leitura hierarquizada professor/aluno. No entanto, percebemos que essa visão da
educação está ultrapassada, visto que é muito mais benéfico para o aprendizado e
desenvolvimento dos estudantes (que deveria ser o propósito principal da educação) que
se tenha uma visão ampla das responsabilidades pelo ensino aprendiagem, que não deve
ser apenas do estudante, mas sistêmica, ou seja, a educação é um projeto e compromisso
da instituição, da escola, dos professores, dos estudantes e da sociedade como um todo.
Dito isto, vejo que para ser um professor de história devo me permanecer em uma
constante postura de ouvinte, isto é, ter a capacidade de compartilhar e oferecer aquilo
que aprendi, mas sempre entendendo para quem direciono este aprendizado. Neste
sentido corroboro o que professor Mario Sergio Cortella ressalta: “Só é um bom
ensinante, quem for um bom aprendente”. Assim, como qualquer outro professor, o
ensinante de história necessita:“ter humildade pedagógica: que eu não sei tudo o tempo
todo, e de todos os modos”. ( https://youtu.be/usoHTDQW5Pw. Acesso em:
30/11/2022)
Além disso, é preciso estar em constante atualização, visto que os conteúdos, as
estratégias, as normas e estruturas sociais (especialmente dos jovens) estão sempre
mudando. É preciso assim, manter a mente ampla, aberta para compreender os
estudantes no lugar e no contexto em que se situam e a partir disso oferecer o “sabor”
do aprendizado em uma dinâmica de troca e não hierárquica como tradicionalmente se
estabeleceu.
Este aspecto de atualização e de estar atento à permanente mudança da sociedade
também se aplica à disciplina de história. A matéria foi sendo construída e transformada
ao longo do tempo no Brasil e no mundo e, como nosso professor José Antônio
Nascimento ressaltou durante as aulas, o ensino de história esteve, da chegada dos
europeus até hoje, em um processo de transformação, e nessa transformação as razões
para o ensino de história também mudaram.
Até o século XVIII, o ensino da história foi protagonizado pelos Jesuítas, no qual
o estudo sempre teve um viés religioso e sem caráter científico. A história só seria
definida como disciplina a partir do século XIX, mas mesmo então era utilizada para
glorificar os feitos dos “grandes homens”, especialmente das pessoas ligadas à nobreza.
O discurso histórico era sempre permeado por um caráter ideológico e nacionalista. A
disciplina foi criando corpo no século XX, porém, com algumas exceções (como na Era
Vargas) sempre nesse sentido de fortalecimento de uma identidade nacional. Apenas no
final do século começa-se a valorizar a racionalidade e o cientificismo.
A partir de então, o ensino de história passa a ter a preocupação com a cidadania.
Não mais pensando apenas nos grandes feitos, a história passa a preocupar-se com o
pensar crítico sobre a realidade que nos circunda, com as construções identitárias, e
passa a não ser apenas um relato passivo sobre os acontecimentos, mas adquire
intencionalidade, de demonstrar as pluralidades de visões de mundo, de instigar a
autonomia e pensamento crítico da realidade, e de assumir uma postura de pesquisa e de
ensino.
Quando penso sobre essas razões para o ensino de história e busco na memória
exemplos de uma aula e um professor que praticou essa intencionalidade lembro com
muito carinho, uma aula que nunca esqueci, e que acredito que não esquecerei e
descrevo a seguir:
Ainda que recente (no semestre passado) tive aula de Brasil Império na UNISC,
com um professor muito especial: pesquisador na área, com muito conhecimento sobre
o assunto, além de ter um grande cuidado com cada um dos estudantes no que diz
respeito ao tempo e contexto individuais. Na aula tivemos a oportunidade de debater
sobre o período regêncial e tive a possibilidade de apresentar um trabalho sobre o tema.
Lembro-me de ter estudado bastante o conteúdo, mas ficar bastante nervoso para
apresentar. O professor e os colegas, no entanto, tiveram paciência e ouviram toda a
apresentação e até uma música que tinha escolhido para apresentar junto com o
trabalho. O que me marcou durante essa aula, assim como em várias outras, foi que o
professor nos forneceu um ambiente em que pudessemos praticar desde cedo nossa
autonomia como estudantes e (se tudo correr bem) futuros docentes. Me senti realmente
em um local seguro de aprendizagem e percebi que este ambiente foi construído e
planejado com muito cuidado por esse professor. Foi uma forma de me empoderar dos
conteúdos da matéria, de forma que além de compreender o assunto eles tivessem
significado para minha vida e eu pudesse partilhá-los com o grupo através da
apresentação do trabalho. Foi um momento muito importante na minha jornada e
quando eu tiver oportunidade de exercer a docência buscarei fazer atividades neste
mesmo sentido, pois já vi que é uma maneira potente de nos conectarmos com a
disciplina.
O ensino de história é, portanto, também ter autonomia e criticidade para
percebermos em nosso contexto sociocultural o que realmente funciona. Contudo, a
simples experiência ou a memória do que foi bom ou ruim não é suficiente, é preciso ter
sempre em mente a utilização de um rigor metodológico.
O autor Celso Vasconcellos nos explica que para se ensinar história é necessário
que “o sentido do próprio estudo tem que ser levado em conta para que encontremos
uma disciplina significativa”( https://youtu.be/CUADal7ry_k . Acesso em:
30/11/2022) isto é, não basta que estudemos apenas o conteúdo da disciplina, mas que
esse conteúdo tenha sentido para nossa realidade e nossas vidas. Para tanto, a
metodologia mais utilizada e que o autor corrobora é a dialética. A metodologia
dialética surge de uma crítica às metodologias tradicionais, às quais viam a educação
como transmissão de conhecimento. A dialética se caracteriza pela visão do estudante
como um ser humano ativo e de relações, que constrói o conhecimento na comunicação
com os outros e com o mundo. Ao invés de incentivar a passividade como
tradicionalmente se fazia, agora se prioriza e se incentiva a reflexão.
A Metodologia Dialética é constituída por três momentos, que vão direcionar a
aula. Em primeiro lugar a “Síncrese”: que é a mobilização para o conhecimento,
seguido da “Análise”: a construção do conhecimento e finalizando com a “Síntese”: um
fechamento, a síntese mesmo do que foi estudado. (VASCONCELLOS. Celso dos S.
Metodologia Dialética em Sala de Aula. In: Revista de Educação AEC. Brasília. Abril
de 1992. n.83)
A partir de uma metodologia bem estabelecida, tendo a aula corrido bem, é
necessário saber se a educação está tendo os resultados pretendidos. Se aquilo que se
planejou no início do ano está tendo o fim pretendido. Para isso, um instrumento
fundamental na prática de qualquer professor é a avaliação.
O professor Cipriano Luckesi, doutor em educação pela PUC-SP, define avaliação
como um instrumento para “Garantir o sucesso, o melhor resultado de um
determinado curso de ação.”; “A avalaição é utilizada como um diagnóstico que
analisa e sinaliza se atingimos ou não as qualidades que esperavamos ou desejavamos
atingir.” (https://youtu.be/JqSRs9Hqgtc. Acesso em: 01/12/2022).
Isto posto, fica claro que sem avaliação não há como se ter a medida do avanço
que determinada pessoa ou grupo tenham feitos. É como se ficassemos à deriva, sem
qualquer referencial que nos ajude a administrar nossa evolução. Isto serve para
qualquer área da vida, mas sua ausência é pontualmente prejudicial quando se diz
respeito à educação.
Porém, é importante salientar que a avaliação pela avaliação não constrói nada.
Ela é um instrumento de medida, um mecanismo que ajuda a entender onde estamos
situados na trilha da aprendizagem. Mas o que vai trazer as mudanças para que a
avaliação se transforme é a gestão. Nisto o professor Luckesi também ressalta:
“A avaliação simplesmente diz: ‘o produto da sua atividade ainda não tem
o resultado que você espera’, então você quer fazer o quê a partir disso?’.
Assim a avaliação produz um indicativo e a produção de novos resultados,
mais favoráveis, depende da gestão.” (https://youtu.be/JqSRs9Hqgtc.
Acesso em: 01/12/2022).
Essa gestão se dá por meio das políticas públicas de ensino, da própria
instituição e, também, pelo próprio professor. Este último, pode, a partir do feedback
recebido pelas avaliações, repensar suas estratégias outro ítem fundamental na
“mochila” docente.
As estratégias de ensinagem devem sempre levar em conta os estudantes. O
professor assim deve buscar meios para despertar o interesse de seus alunos. Quanto
maior seu repertório de estratégias e técnicas, maiores as chances de uma aula alcançar
e fazer sentido para os estudantes e ter bons resultados de aprendizagem. Dentre as
principais estratégias (fora da tradicional aula-palestra) podemos citar: aula expositiva
dialogada, estudo de texto, estudo dirigido, EAD, exercícios, jogos, discussões e até
brincadeiras sempre com os meios adequados e seguros obviamente, que direcionem os
estudantes ao aprendizado.
Cabe salientar que os processos descritos acima só terão sentido na realidade
nacional se tiverem coerência com a legislaçlão do país. Deste modo, é importante que o
professor tenha rigor em apresentar os conteúdos baseado no referencial da LDB e da
BNCC, além da escolha criteriosa de um bom livro didático.
No entanto, as alterações legislativas ocorridas nas políticas de educação nos
últimos anos, em especial a Lei nº 13.415/2017 que alterou a LDB e estabeleceu novas
diretrizes para o ensino médio, dentre as quais a redução da carga horária das disciplinas
de ciências humanas, o aumento das disciplinas das ciências exatas, a inserção de trilhas
ou itinerários formativos e outras mudanças que de iníco tem tido bastante dificuldade
para serem estabelecidas nas instituições de ensino, principalmente pela falta de
estrutura. Essas mudanças ocorreram no nosso país mas tem origem em decisões de
órgãos interncionais, que desde a década de 90 passam a ter a escola secundária com
central em sua “agenda”, isso se dá, dentre outros fatores, pelo aumento da relevância
do ensino médio para as necessidades do mercado de trabalho.
Para concluir, percebi durante deste semestre que a prática docente não é nem um
pouco fácil. Ao contrário, requer de nós todo esforço possível para se desenvolver as
capacidades, os recursos e os ambientes necessários para que uma boa aula possa
acontecer. Essa aula vai muito além do próprio ambiente em que os alunos se
encontram. Ela é construída com um bom planejamento, um cultivo amoroso das
relações com colegas professores e com os estudantes, do uso adequado das
metodologias e de estratégias, do olhar de sí enquanto ser aprendente e em
desenvolvimento e de “muuuita” paciência. É sempre um exercício, como diz o prof.
Leandro Karnal, de plantar carvalho e não eucaliptos, fazendo uma analogia com algo
que se cultiva, mas que provavelmente não se verá os resultados, mas que a motivação e
o empenho estão vinculados à olhar além de sí e de seu próprio tempo e, ao contrário,
olhar para e por aqueles que se ensina e para o futuro que pode ser construído para eles
(https://youtu.be/oPUHX029ETI. Acesso em: 02/12/2022).

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