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INSTITUTO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PROJETO DE PESQUISA
UFRRJ
Maio de 2008
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 2
1.1 Resumo 2
2 REVISÃO TEMÁTICA 4
3 OBJETIVOS 11
4 JUSTIFICATIVA 11
5 METODOLOGIA 13
6 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO 14
7 VIABILIDADE FINANCEIRA 14
8 EQUIPE EXECUTORA 14
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 15
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Resumo
Este projeto de Iniciação Científica tem como principal objetivo proporcionar ao discente a
aprendizagem de técnicas e métodos de pesquisa através do desenvolvimento de habilidades em áreas
de conhecimento intimamente relacionadas à sua formação acadêmica, notadamente a engenharia de
processos fermentativos, a modelagem matemática, os métodos numéricos e a simulação
computacional de processos.
Para cumprir este objetivo, será realizado um estudo detalhado da etapa fermentativa do processo
de produção de cerveja, considerando tanto os aspectos biotecnológicos quanto os parâmetros de
projeto e variáveis operacionais. O principal objetivo é obter um modelo matemático capaz de
descrever adequadamente o comportamento dinâmico deste processo fermentativo e investigar, através
de técnicas de simulação computacional, o efeito das principais variáveis de processo sobre a
produtividade do processo industrial. Este processo, além de representar um estudo de caso bastante
rico do ponto de vista acadêmico – visto que envolve o desenvolvimento do discente em várias áreas de
conhecimento relacionadas ao seu curso – é de grande importância econômica para a indústria
alimentícia brasileira.
Este projeto de pesquisa prevê, ainda, a interação com um aluno1 de Mestrado do
PPGCTA/UFRRJ que desenvolve seu tema de pesquisa no mesmo processo, porém realizando
experimentos na planta piloto de produção de cerveja localizada no SENAI - CETEC Alimentos,
Vassouras - RJ.
Na primeira etapa da pesquisa, será feita uma extensa revisão de literatura sobre o processo de
produção de cerveja, com ênfase na etapa fermentativa. Na seqüência, o aluno será estimulado a
desenvolver a técnica de modelagem matemática para obter o modelo matemático do processo. A etapa
seguinte será o estudo de métodos numéricos adequados para implementar computacionalmente o
modelo matemático que descreve o comportamento do processo. A etapa final será a investigação,
através de simulação computacional, das relações de causa e efeito entre as variáveis operacionais e o
comportamento e a produtividade do processo.
Ao término do projeto, o aluno terá aumentado significativamente seus conhecimentos em
diversas áreas da Engenharia de Alimentos. Além disso, o simulador do processo desenvolvido neste
1
Diego Dias Carneiro, Mestrando do PPGCTA sob orientação do Prof. Luiz Augusto C. Meleiro.
2
projeto poderá ser útil como ferramenta de ensino e pesquisa no curso de Engenharia de Alimentos da
UFRRJ.
3
(ou primária) e a fermentação secundária. A fermentação primária pode durar de 4 a 14 dias. Depois da
fermentação primária, a cerveja é resfriada a 0°C para maturação (também chamada de fermentação
secundária), processo no qual as leveduras refinam o sabor da cerveja, e se assentam no fundo do
tanque de fermentação. O fermento é removido do tanque e enviado para armazenamento em tanques
de fermento a 3ºC, podendo ser reutilizado em fermentações subseqüentes. Durante o período de
armazenamento são formados ésteres, dando origem ao aroma e sabor que caracterizam a cerveja
“madura”. A maturação pode durar de 4 a 42 dias e o principal objetivo da fermentação secundária é a
remoção do diacetil, que causa sabor desagradável no produto final. Esta fase dura entre uma e duas
semanas [1] [5][13].
2 REVISÃO TEMÁTICA
4
A Biotecnologia é uma das tecnologias mais aplicadas no mundo e estuda sistemas
microbiológicos, seus produtos e suas aplicações. Entre a biotecnologia tradicional e as recentes
inovações, existe uma longa história de pesquisa e desenvolvimento, com um grande número de
empreendimentos e colaborações entre microbiologistas, químicos e engenheiros. Por ser uma
tecnologia “limpa” e segura quando comparada aos processos químicos tradicionais, e por oferecer
produtos extremamente úteis e valiosos para vários segmentos industriais (fármacos, alimentos,
combustíveis, etc.), a Biotecnologia vem se tornando cada vez mais presente e importante nas
atividades da sociedade contemporânea [14].
A fabricação da cerveja utiliza como matérias-prima malte, lúpulo, água e adjuntos (ou
complementos) que são metabolizadas, em condições especiais, por leveduras do gênero Saccharomyces.
As cervejarias normalmente se localizam perto dos centros consumidores. Por essa razão, a
maioria delas não cultiva sua própria cevada, sendo considerado como o início do processo o
5
recebimento do malte de cevada. O processamento industrial da cerveja pode ser dividido
didaticamente em três fases, a saber [2]:
Moagem: Na cervejaria, o malte passa por uma série de peneiras para a retirada de impurezas, e
por equipamentos responsáveis pela retirada de pedras e metais. O malte é colocado na parte
superior do moinho que tritura o malte, expondo o interior do grão, o qual contém amidos que
serão usados para a formação de açucares na mistura.
Brassagem ou Mosturação: Esta fase compreende a mistura do malte moído com a água
quente, e a adição do complemento (normalmente são produtos do beneficiamento de cereais
que fornecem um conteúdo extra de carboidratos a ser fermentado), caso necessário, e do
caramelo, se a cerveja a ser elaborada for escura. O objetivo é promover a gomificação e
posterior hidrólise do amido a açúcares fermentescíveis pelo controle da temperatura e
conseqüente ação enzimática pelas enzimas do malte (proteases e amilases). A maioria das
cervejarias usa temperaturas de 62 a 72°C na mistura devido à atividade ótima das enzimas
nessa faixa de temperatura. O tempo de mistura pode ser de 30 minutos a 3 horas.
Filtração do Mosto: Tem como principal objetivo separar o bagaço do malte presente no
macerado. Podem ser utilizados filtros-prensa ou tinas de clarificação. Durante a transferência
do mosto para a caldeira, água quente é borrifada na superfície dos grãos na caldeira de
cozimento do malte. Este procedimento enxágua os açúcares remanescentes no malte. Quando
a caldeira está completamente cheia, encerra-se este processo e a água que sobra da mistura é
drenada. O malte usado é removido para ser usado como ração animal.
Cozimento: O mosto é fervido com a adição do lúpulo e outros aditivos. A alta temperatura da
fervura elimina as bactérias e precipita proteínas e taninos (trub), que serão removidos pela força
centrífuga no whirlpool. A duração da fervura é usualmente de 60 a 90 minutos e irá determinar a
extração dos materiais amargos e dos materiais aromáticos do lúpulo. O mosto claro é drenado
da caldeira para o seu resfriamento, sobrando apenas o trub no fundo da caldeira.
6
Resfriamento do Mosto: Este procedimento é necessário para evitar a contaminação por
microrganismos que possam ter passado pelo cozimento. O mosto passa pelo trocador de calor
e é resfriado de 100°C para 10-20°C imediatamente. Depois deste resfriamento, o mosto é
submetido à aeração, para proporcionar condições favoráveis para a propagação da levedura, e
transferido para o tanque de fermentação.
7
Carbonatação Artificial: Consiste na injeção por difusores de CO2 na tubulação ou diretamente
no tanque contendo a bebida pronta até que seja atingida uma determinada contrapressão.
Pasteurização: É um processo de aquecimento da cerveja e posterior resfriamento com objetivo
de eliminar os microrganismos remanescentes que possam degradar a cerveja.
8
Entender qualitativa e quantitativamente as características essenciais dos processos fermentativos.
O estudo de diferentes modos de produção de forma mais rápida, econômica, segura e completa;
Nota-se, portanto, que os modelos mais complexos dão maiores informações sobre o sistema
real, porém, em contrapartida, apresentam soluções complicadas requerendo grande esforço
computacional e um longo tempo de execução. Eles são interessantes em estudos de simulação,
otimização e projeto de sistemas, mas não são adequados para fins de controle, pois as respostas não
10
são obtidas em tempo real. Outro aspecto negativo inerente aos modelos muito detalhados está
associado com a dificuldade em se obter parâmetros de transporte confiáveis e representativos. O que
deve ser considerado na modelagem matemática de qualquer sistema é a incorporação dos fenômenos
realmente necessários para o objetivo particular da aplicação do modelo [11].
Ainda com relação à modelagem dos bioprocessos, é necessário incluir os fenômenos
considerados importantes para a descrição do sistema, porém o nível de detalhamento pode ser
comprometido pela dificuldade de obtenção dos parâmetros do modelo. Por outro lado, uma
abordagem completamente macroscópica não é suficiente para a tomada de decisões, especialmente
para a definição de políticas operacionais e aplicações em controle avançado [14].
A ênfase a ser dada neste projeto será no desenvolvimento de modelos não estruturados, não
contendo qualquer informação a nível celular. Como este é um projeto de Iniciação Científica, apenas
as técnicas clássicas de modelagem e simulação de processos serão empregadas [12][17].
3 OBJETIVOS
O principal objetivo deste projeto de Iniciação Científica é proporcionar ao discente a
aprendizagem de técnicas e métodos de pesquisa através do desenvolvimento de habilidades em áreas
de conhecimento intimamente relacionadas à sua formação acadêmica, notadamente a engenharia de
processos fermentativos, a modelagem matemática, os métodos numéricos e a simulação
computacional de processos.
Além disso, a motivação científico-tecnológica deste projeto é realizar um estudo introdutório
sobre técnicas de modelagem matemática e simulação computacional para investigar o comportamento
dinâmico da etapa fermentativa do processo de produção de cerveja. Este trabalho servirá de base para
futuros projetos de pesquisa visando o desenvolvimento de modelos matemáticos mais sofisticados, de
técnicas de identificação de parâmetros on-line e off-line e de estratégias de otimização e controle
automático para processos fermentativos típicos da indústria de alimentos.
4 JUSTIFICATIVA
Apresentam-se a seguir os aspectos econômicos e tecnológicos que justificam este projeto de
pesquisa em nível de Iniciação Científica.
11
4.1 Aspectos Econômicos
Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja – SINDICERV – o mercado nacional de
cerveja era, em 2006, de 90 Milhões de Hectolitros, o que gerou um faturamento líquido para a
indústria de bebidas de cerca de US$ 19 Bi. Uma análise comparativa entre o crescimento do PIB e da
indústria cervejeira entre 1997 e 2005 revelou que, enquanto o Produto Interno Bruto brasileiro cresceu
28,1%, o crescimento deste segmento da indústria de alimentos cresceu 40,9% no mesmo período. A
Figura 2 ilustra evolução do consumo nacional de cerveja nas últimas duas décadas.
Segundo estes dados, pode-se perceber que o processo de fabricação de cerveja exerce um
impacto econômico positivo bastante significativo no segmento alimentício da indústria brasileira. Um
processo industrial com tal apelo econômico justifica estudos científicos aprofundados com o objetivo
de desenvolver técnicas de produção mais eficazes e capazes de tornar o processo mais eficiente e,
conseqüentemente, ainda mais rentável.
5 METODOLOGIA
Este projeto é de cunho teórico-computacional, de modo que as atividades do bolsista serão
realizadas basicamente com o auxílio de recursos computacionais. As principais etapas do projeto de
pesquisa são apresentadas a seguir:
Etapa 1: A primeira etapa das atividades do discente envolverá uma extensa revisão de literatura
sobre o processo de produção de cerveja, com ênfase na etapa fermentativa.
Etapa 2: Na seqüência, o aluno será estimulado a desenvolver a técnica de modelagem
matemática para obter o modelo matemático do processo.
Etapa 3: A etapa seguinte envolverá o estudo de métodos numéricos e a seleção da técnica mais
adequada para resolver computacionalmente o modelo matemático que descreve o processo.
Etapa 4: A etapa final será a investigação, através de simulação computacional, dos efeitos dos
parâmetros cinéticos e das condições operacionais sobre a dinâmica da fermentação e suas
conseqüências sobre a produtividade do processo. Nesta etapa, o aluno realizará estudos
teóricos para investigar condições operacionais alternativas e propor estratégias de otimização
do processo. Além disso, o discente também será incentivado a avaliar o desempenho modelo
proposto do processo através de sua validação com dados do processo real, na medida em que
tais dados forem disponibilizados.
13
Toda a parte computacional será realizada com o software livre SCILAB, que é um ambiente de
programação científica utilizado para a resolução de problemas numéricos.
6 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
O cronograma abaixo resume as atividades a serem desenvolvidas pelo candidato, sob a
supervisão do orientador:
MÊS ATIVIDADE
1, 2, 3, 5, 8, 11 Revisão bibliográfica referente às várias fases do projeto.
1, 2, 3 Estudo do processo de produção de cerveja, das condições cinéticas e
operacionais envolvidas. Estudo dos modelos propostos na literatura.
3, 4, 5 Formulação do problema e seleção do modelo matemático adequado.
6, 7, 8 Estudo de métodos numéricos e testes iniciais de simulação do processo.
8, 9, 10 Refinamento do modelo; Simulação do processo em diversas condições
cinéticas e operacionais; Desenvolvimento de estratégias de otimização.
11, 12 Divulgação Científica (Semana Acadêmica) e elaboração do relatório final
de atividades.
7 VIABILIDADE FINANCEIRA
Uma vez que este projeto de pesquisa é de cunho teórico-computacional, não haverá custos com
material de consumo e as atividades computacionais serão realizadas nas instalações do Departamento
de Tecnologia de Alimentos da UFRRJ.
8 EQUIPE EXECUTORA
A equipe executora é composta por:
Fabiano Lemos de Melo, discente do curso de Engenharia de Alimentos do DTA-IT-UFRRJ.
Dr. Luiz Augusto da Cruz Meleiro, Professor Adjunto do DTA-IT-UFRRJ.
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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1]. ALMEIDA, E. e SILVA, JB. Cerveja. In: Venturini Filho, G. W. Tecnologia de Bebidas, pp.347-
380. Edgar Blücher, Brasil, 2005.
[2]. AQUARONE, E., BORZANI, W., SCHMIDELL, W. e LIMA, U.A. Biotecnologia Industrial
Volume 4: Biotecnologia na Produção de Alimentos. Editora Edgard Blucher. 2001.
[3]. BEQUETTE, B.W. Process Dynamics: Modeling, Analysis and Simulation. Prentice Hall, 1998.
[4]. BORZANI, W., SCHMIDELL, W., LIMA, U.A. e AQUARONE, E. Biotecnologia Industrial
Volume 1: Fundamentos. Editora Edgard Blucher. 2001.
[5]. CARVALHO, G.B.M, ROSSI, A.A. e SILVA, J.B.A. Elementos Biotecnológicos Fundamentais
no Processo Cervejeiro: 2º parte – A Fermentação. Revista Analytica, Nº 26. Dezembro
2006/Janeiro 2007.
[6]. CHUNG, C.A. Simulation Modeling Handbook: A Practical Approach. CRC Press, 2004.
[7]. DUNN, I.J., HEINZLE, E., INGHAM, J. and PRENOSIL, J. E. Biological Reaction
Engineering - Dynamic Modelling Fundamentals with Simulation – 2nd Edition. Wiley-VCH,
Weinheim, 2003.
[8]. LIMA, U.A., AQUARONE, E., BORZANI, W. e SCHIMIDELL, W. Biotecnologia Industrial –
Volume 3 – Processos Fermentativos e Enzimáticos. Editora Edgard Blücher LTDA, 2001; 522p
[9]. LUYBEN, W.L. Process Modeling, Simulation, and Control for Chemical Engineers. McGraw-
Hill, 1990.
[10]. MAROULIS, Z.B and SARAVACOS, G.D. Food Process Design. Marcel Dekker, Inc., 2003.
[11]. ÖZILGEN, M. Food Process Modeling and Control: Chemical Engineering Applications.
Gordon and Breach Science Publishers, 2007.
[12]. RUGGIERO, M.A.G. e LOPES, V.L.R. Cálculo Numérico – Aspectos Teóricos e
Computacionais (2a Edição). Makron Books, 1997.
[13]. VENTURINI FILHO, W.G., e CEREDA, M.P. Cerveja. In: Almeida Lima, U., Aquarone, E.,
Borzani, W., Schmidell, W. Biotecnologia Industrial (Biotecnologia na produção de alimentos
v.4), pp. 91-144. Edgar Blücher, Brasil, 2001.
[14]. VOLESKY, B. and VOTRUBA, J. Modeling and Optimization of Fermentation Processes.
Elsevier, 1992.
[15]. SCHMIDELL, W.; LIMA, U.A.; AQUARONE, W. e BORZANI, W. Biotecnologia Industrial –
Volume 2 – Engenharia Bioquímica. Ed. Edgar Blücher Ltda., 2001.
[16]. WALKER, GM. Yeast Metabolism. In: Yeast Physiology and Biotechnology (ed. John Wiley &
Sons), Scotland, 2000.
[17]. ZILL, D.G. e CULLEN, M.R. Equações Diferenciais – Volume 2 (3a Edição). Makron Books,
2003.
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