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natural volume i
ÍNDICE GERAL
A ÍNDICE REMISSIVO
Impressão:
Agir
Rua Particular, Edifício Agir
Quinta de Santa Rosa
2680-458 CAMARATE
deco.proteste.pt/guiaspraticos
Portugal
natural volume i
Mas atenção: este livro não é, nem pretende ser, um tratado cien-
tífico e, por isso, não espere, com a sua ajuda, tornar-se um espe-
cialista em eruditos termos latinos. É verdade que vai encontrar
alguns desses termos, mas só os utilizámos quando os considerá-
mos absolutamente necessários para falar de uma planta, de um
animal ou de uma realidade que não poderiam ser descritos de
outra forma. E também não espere encontrar, nesta obra, uma
relação exaustiva de todas as espécies da fauna e da flora do nosso
país. Em primeiro lugar, porque nos restringimos ao território do
Continente, já que a riqueza da flora e da fauna das Ilhas levariam
esta obra a dimensões incomportáveis; e, depois, porque o nosso
objetivo é, tão-somente, ajudar o leitor a familiarizar-se com as
plantas e os animais mais frequentes ou mais interessantes.
capítulo 2
As paisagens
Os tipos de paisagem 35
As paisagens agrárias 37
As manchas de floresta 42
Matos e matagais 45
As paisagens serranas 46
As zonas húmidas 48
As paisagens costeiras 51
Se quiser saber mais 53
capítulo 3
As árvores e os arbustos
As folhosas 59
As resinosas 91
Se quiser saber mais 98
capítulo 4
As pequenas plantas e flores silvestres
Fetos, musgos e líquenes 102
Ervas e flores dos campos 105
Flores dos matos e matagais 118
Plantas de zonas húmidas 125
Plantas carnívoras 131
Plantas trepadeiras 134
Orquídeas 138
Se quiser saber mais 141
capítulo 5
Os cogumelos
A vida de um cogumelo 147
A estrutura de um cogumelo 149
Os grupos de cogumelos 152
Como se alimentam? 164
Se quiser saber mais 167
capítulo 6
O litoral
O mar 170
A praia 176
A costa rochosa 179
Os sapais 182
As dunas 186
Se quiser saber mais 190
capítulo 7
A influência das estações
Primavera, vida nova… 197
O verão 201
O outono vem aí… 205
Inverno, tempo de repouso 208
A evolução natural
Homens e auroques
Numa época muito, muito longínqua, era possível encontrar,
no território que hoje constitui o nosso país, grandes manadas
de auroques (antepassados dos bovinos atuais). Estes animais cos-
tumavam frequentar locais próximos das clareiras dos bosques,
os quais eram, nessa altura, extremamente abundantes.
11
A
PORTUGAL NATURAL I
Paisagem costeira
Da teoria…
É evidente que a história que acabámos de contar está muito,
muito simplificada e que se trata de uma interpretação bastante
12
A
A NATUREZA EM MUDANÇA
13
A
PORTUGAL NATURAL I
… à prática
Partindo do modelo que acabámos de esboçar e valendo-nos da
teoria que lhe está associada, procuremos agora perceber como é
que a natureza do nosso país chegou ao estado em que se encon-
tra ou, pelo menos, ao estado em que se encontrava antes de o
homem iniciar a sua destruição sistemática.
fator
clímax de perturbação clímax (situação inicial)
evolução
14
A
A NATUREZA EM MUDANÇA
A charneca
Na nossa região, bem como por toda a orla costeira a norte do
Mediterrâneo, o clímax é geralmente constituído por bosques e
matas. Isto também é verdade para as terras de charneca. Os bosques
que, numa determinada época, aí existiam foram em grande parte
suprimidos; em seu lugar, surgiu essa vegetação típica constituída,
principalmente, por plantas arbustivas, muitas delas aromáticas,
como a urze, a esteva, a alfazema, o rosmaninho, o tomilho, etc.
No entanto, isso apenas aconteceu, e acontece ainda, devido à
influência dos fatores de perturbação, que fizeram e fazem regredir
a sucessão natural: incêndios, queimadas, culturas, pastoreio. Na
ausência desses fatores, o mais provável é que as azinheiras, os
Invasão do montado
sobreiros e os carvalhos voltassem a surgir na maioria dessas terras. abandonado
pelo matagal
As zonas alagadiças
Suponhamos que, num belo terreno laboriosamente arrancado a
um bosque, se escava um espaço de dimensões razoáveis. Muito
provavelmente, essa depressão virá a encher-se de água e, mais
tarde, até pode acontecer que, no pequeno lago assim formado,
se possa pescar à linha. No entanto, a menos que as suas margens
sejam protegidas, por exemplo, com uma boa camada de cimento,
elas ficarão gradualmente cobertas de plantas. À medida que estas
15
A
PORTUGAL NATURAL I
Os terrenos de pastagem
Imaginemos que um criador de gado resolve interromper, durante
algum tempo, a sua atividade e que os terrenos em que os seus ani-
mais costumavam pastar são deixados ao abandono. Rapidamente
surgirão, por entre a erva tenra, algumas plantas “incómodas”
ou “daninhas”, como, por exemplo, os cardos e as urtigas. Isto
acontece porque, ao contrário dos homens, a natureza não tem
férias e, mal desaparecem os fatores de perturbação (neste caso,
os animais que pastavam), ela volta a reclamar os seus direitos.
Assim, as ervas, deixando de servir para a alimentação dos ani-
mais, acabarão por secar e apodrecer no local, formando uma
O pastoreio, útil
manta morta favorável ao desenvolvimento de outro tipo de vege-
para travar o tação, mais densa e de maior porte, e, com o tempo, ao apareci-
desenvolvimento de
plantas “incómodas”
mento gradual de arbustos e até de árvores. Se o nosso criador
ou “daninhas”
16
A
A NATUREZA EM MUDANÇA
Comunidades inseparáveis
Até agora, para que pudesse ter uma ideia simples e clara de como as
coisas se passam na natureza, limitámo-nos, quase exclusivamente,
ao plano vegetal. A realidade, no entanto, é muito mais complexa.
17
A
PORTUGAL NATURAL I
Um compromisso natural
Como dissemos no início do capítulo, os auroques habitavam a
floresta virgem que, em tempos remotos, cobriu os nossos terri-
tórios. Dessa floresta virgem, nem um metro quadrado ficou; não
existe uma única parcela do solo do nosso país, por pequena que
seja, que não esteja sujeita à ação do homem ou que não tenha
sofrido, pelo menos, a sua influência.
18
A
A NATUREZA EM MUDANÇA
19
A
PORTUGAL NATURAL I
Natureza e cultura
Haja ou não influência direta do homem, o que uma paisagem semi-
natural nos oferece, em termos de riqueza das espécies vegetais e
animais, não deixa de ser, no fim de contas, obra da natureza. O que
vemos crescer e florir nas charnecas, nos terrenos de pastagem,
nas matas, nos pântanos, nas dunas e nas costas rochosas não é,
na maior parte das situações, produto da intervenção humana.
E, apesar dessa intervenção, o potencial natural encontra-se em
estado latente: nos prados onde o homem deixa o gado a pastar
também crescem as plantas e vivem os animais que já outrora se
encontravam nos terrenos onde pastavam os auroques.
20
A
A NATUREZA EM MUDANÇA
A eterna associação
plantas/insetos
21
A
PORTUGAL NATURAL I
Abetarda das
pseudoestepes
cerealíferas
alentejanas A natureza, aliada do homem
A natureza possui inúmeras riquezas. No entanto, estas estão fre-
quentemente ocultas e, portanto, é necessário descobri-las. Não
é verdade, por exemplo, que todos os medicamentos e outros
produtos a que, muitas vezes sem pensar, chamamos sintéticos
e químicos são parentes mais ou menos afastados de produtos
naturais?
22
A
A NATUREZA EM MUDANÇA
Por isso, é possível que hoje estejam a ser eliminadas — por exemplo,
na floresta tropical ou mesmo em regiões naturais mais próximas
de nós — formas de vida cujo eventual efeito benéfico — na cura do
cancro ou da sida, por exemplo — poderia ser descoberto dentro
de alguns anos.
23
A
PORTUGAL NATURAL I
Natureza e espaço
Nas últimas décadas, não faltaram razões para que, de uma forma
ou de outra, fôssemos destruindo as paisagens naturais existentes.
A nossa ação sobre o espaço que nos rodeia tornou-se muito mais
intensa do que era há apenas 50 anos, graças, sobretudo, aos
24
A
A NATUREZA EM MUDANÇA
AS ZONAS CONCÊNTRICAS
caminhos delimitados
povoado por sebes
25
A
PORTUGAL NATURAL I
26
A
A NATUREZA EM MUDANÇA
27
A
PORTUGAL NATURAL I
28
A
A NATUREZA EM MUDANÇA
29
CAPÍTULO 2
As paisagens
A
PORTUGAL NATURAL I
AS DIVISÕES GEOGRÁFICAS
Unidades de paisagem
1. Entre Douro e Minho
2 8
2. Montanha do Minho
3. Montanhas do Norte da Beira 1
e do Douro
4. Terras de média altitude da Beira Litoral
5. Planaltos da Beira Alta
10
6. Beira Litoral 3
4
7. Cordilheira Central
5
8. Planaltos e montanhas 9
de Trás-os-Montes 3
6
9. Planaltos e montanhas
da Beira trasmontana 7
11
10. Alto Douro e depressões anexas
11. Baixo Mondego 12 16
12. Estremadura setentrional 14
geralmente baixa 13
13. Maciços calcários
da Estremadura e da Arrábida
14. Depressões e colinas entre
a Cordilheira Central e os maciços
calcários da Estremadura
17 19
15
15. Estremadura meridional,
geralmente acidentada
16. Beira Baixa 18
17. Ribatejo 21
13
18. Alentejo de planície
com raras elevações isoladas
19. Alto Alentejo
20
20. Alentejo litoral com elevações
21. Depressão do Sado
22. Serra algarvia
23. Algarve litoral ou Baixo Algarve
22
23
33
A
PORTUGAL NATURAL I
34
A
AS PAISAGENS
Os tipos de paisagem
Se subir ao topo de uma colina suficientemente alta e admirar o
que vê à sua volta, é bastante provável que depare com diversos
tipos de paisagem, tendo cada uma delas uma fisionomia e carac-
terísticas próprias.
35
A
PORTUGAL NATURAL I
36
A
AS PAISAGENS
Montado de sobro
em plena exploração
As paisagens agrárias
O meio rural é, pela sua própria natureza, um dos mais diversificados,
já que resulta sempre de um esforço de adaptação do homem
às condições preexistentes. Nas extensas planícies alentejanas,
por exemplo, a facilidade do cultivo deu origem a imensas searas,
aos campos abertos onde a compartimentação dos terrenos é quase
inexistente; já no Minho, a paisagem é muito mais variada, depen-
dendo muito do relevo e da abundância de água de cada região.
Aí aparecem, tipicamente, os socalcos e os lameiros, formas de
utilização do solo que denotam uma intensa ação por parte do
homem, como forma de sujeitar a natureza às suas necessidades.
37
A
PORTUGAL NATURAL I
Quebrar a inclinação
do terreno
com a cultura
em socalcos socalcos minhotos e beirões nas encostas da serra de Monchique,
em pleno Algarve.
38
A
AS PAISAGENS
tartaranhão-caçador e o penei-
reiro-das-torres, têm encontrado
nesses campos um substituto à
altura. Infelizmente, as áreas ocu-
padas pelas estepes cerealíferas
têm vindo a diminuir bastante nos
últimos anos, pois muitos campos
foram abandonados. Mudanças
na agricultura, florestação de
terras agrícolas, perturbação
humana, entre outros fatores, têm
contribuído igualmente para a
fragmentação destas populações.
preservar as pseudoestepes
Em Portugal, a região de Castro Verde é a mais representativa
das zonas pseudoestepárias, tendo sido classificada em 1999
como Zona de Proteção Especial para Aves (ZPE), da Rede Natura
2000. Vários têm sido os projetos desenvolvidos pela Liga para a
Proteção da Natureza para a preservação destas aves estepárias,
sendo de destacar o Programa Castro Verde Sustentável,
iniciado em 1993.
39
A
PORTUGAL NATURAL I
Montados, frequentes
no Alentejo
e no Ribatejo
• As hortas e os pomares podem encontrar-se por todo o país, mas
veem-se especialmente nas zonas que envolvem os centros urba-
nos, devido à maior concentração populacional e à abundância de
água. Milho, feijão, batata, tomate, alface, cebola e hortaliças são
produtos essenciais na nossa alimentação diária e que necessitam
de regas constantes. Por isso, não é de admirar que as hortas ou
os pomares e os cursos de água costumem andar de mãos dadas.
40
A
AS PAISAGENS
O olival, por exemplo, aparece quase por todo o país, mas é mais
frequente nas zonas quentes e secas do interior e do Sul. A capa-
cidade de adaptação da oliveira aos ambientes secos é tal que
parece ser a única cultura possível nas terras quase desérticas de
algumas encostas das serras de Aire e Candeeiros, onde os olivais
aparecem muitas vezes delimitados por muros de pedra. Mas, por
admirável que seja essa capacidade de adaptação, isso não impede,
mesmo assim, que as árvores tenham um aspeto raquítico, que faz
lembrar algumas paisagens algarvias dominadas pela alfarrobeira.
41
A
PORTUGAL NATURAL I
As manchas de floresta
O meio florestal é caracterizado pela predominância de árvores
sobre plantas de porte inferior, em áreas de extensão variável.
No entanto, as áreas onde as árvores crescem de forma espontânea
são cada vez mais raras e localizadas, devido à crescente humani-
Mata do Solitário,
zação do ambiente. Por isso, mais do que florestas, o nosso país
na Arrábida possui, atualmente, pequenas
zonas arborizadas, a que pode-
mos chamar, mais modestamente,
manchas florestais.
42
A
AS PAISAGENS
A rosa-albardeira
é comum na mata
do Solitário
43
A
PORTUGAL NATURAL I
44
A
AS PAISAGENS
Instalação
de eucaliptais e
descaracterização
da floresta natural
Os atuais montados
já nada se parecem
com a floresta
primitiva
Matos e matagais
Os matos e os matagais são um tipo de paisagem dominado pela
presença de plantas arbustivas, embora neles também possam
existir algumas árvores dispersas. São estádios mais precoces da
sucessão ecológica que pode evoluir para o estádio de clímax
referido no capítulo 1 (veja a página 14).
45
A
PORTUGAL NATURAL I
As paisagens serranas
Em Portugal, as terras baixas predominam: mais de 70 por cento do
solo encontra-se a menos de 400 metros de altitude e só 11 por cento
está acima dos 700 metros. No entanto, a repartição desse relevo
é muito desigual.
46
A
AS PAISAGENS
A crueza da rocha
no Cântaro Magro
(serra da Estrela)
47
A
PORTUGAL NATURAL I
As zonas húmidas
Recebem este nome todas as zonas onde a presença de água doce
ou salobra constitui o fator principal na caracterização do meio
ambiente. São de tal forma importantes na constituição da paisa-
gem que imediatamente se nota a diferença entre as regiões onde
elas são abundantes e aquelas onde rareiam.
48
A
AS PAISAGENS
Lagoa de Pataias,
Alcobaça
49
A
PORTUGAL NATURAL I
50
A
AS PAISAGENS
As paisagens costeiras
O capítulo 6 deste livro é dedi-
cado ao litoral, e nele falaremos
não só das espécies animais e
vegetais que se podem encon-
trar nas praias, nas dunas e
nas arribas, mas também dos
elementos que compõem cada
um desses ambientes. Por isso,
aqui referir-nos-emos apenas a
algumas paisagens típicas do
nosso litoral.
51
A
PORTUGAL NATURAL I
paisagens em perigo
A integridade de uma paisagem depende muito da sua disposição
espacial. Quando se constroem, sem um plano de conjunto, vias de
comunicação, parques industriais e zonas habitacionais, a paisagem
adquire, infelizmente, o aspeto de um puzzle.
52
A
AS PAISAGENS
53
A
PORTUGAL NATURAL I
54
A
AS PAISAGENS
55
CAPÍTULO 3
As árvores
e os arbustos
A
PORTUGAL NATURAL I
58
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
Folhas e frutos
da alfarrobeira
As folhosas
Carvalhos: uma família portuguesa
A palavra latina Quercus, que significa “carvalho”, aplica-se a um
grupo de árvores de características semelhantes, típicas da nossa
paisagem. Se tivéssemos uma floresta natural virgem, os carvalhos
seriam as árvores que nela predominariam.
59
A
PORTUGAL NATURAL I
60
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
61
A
PORTUGAL NATURAL I
Casca de grande
espessura do sobreiro,
que pode ser retirada
sem implicar a morte
da árvore
62
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
63
A
PORTUGAL NATURAL I
os bugalhos
Em muitas árvores existentes no nosso país
encontram-se, sobretudo nos ramos e nas folhas,
certas excrescências de diferente tamanho, cor e
consistência a que se chamam bugalhos (também
designados por “galhas”). São produzidos por um
desenvolvimento anormal dos tecidos vegetais
em pontos que sofreram picadas de determinados
insetos. A forma e a composição dos bugalhos
podem variar não só de acordo com as espécies
de árvores afetadas mas também consoante
o tipo de inseto que os provoca. São muito
frequentes nos carvalhos, especialmente
nos de folha caduca e, de forma particular,
no carvalho-português e na carvalhiça. Muitos
bugalhos são extraordinariamente ricos em tanino,
uma substância usada na curtição do couro e no
fabrico de certas tintas. Por essa razão, muitos são
explorados industrialmente.
Bugalhos do carvalho
64
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
65
A
PORTUGAL NATURAL I
Pequenas
pirâmides formadas
pelas flores do
castanheiro-da-índia
66
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
Amendoeiras e alfarrobeiras
É verdade que a amendoeira não existe apenas no Algarve, e há
até grandes pomares desta árvore na Terra Quente Transmontana
e em Freixo de Espada à Cinta, por exemplo. No entanto, não há
dúvida de que é um dos porta-estandartes daquela província, tal
como os sobreiros o são do Alentejo e do Ribatejo, apesar de não
serem exclusivos dessas regiões. Quanto à alfarrobeira, o seu caráter
regional, no nosso país, é indiscutível. Atualmente, os verdadeiros
alfarrobais apenas se encontram nos concelhos algarvios de Loulé,
Tavira, Olhão, Faro, São Brás de Alportel, Albufeira, Lagos e Silves.
67
A
PORTUGAL NATURAL I
68
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
O amieiro: à beira-rio
O amieiro também é parente da aveleira e do vidoeiro. É espon-
tâneo em Portugal, surgindo por todo o país ao longo de cursos
de água e zonas húmidas em geral, onde costuma associar-se a
salgueiros, freixos e choupos. No entanto, também suporta bem
terrenos um pouco mais secos. Pode atingir 25 metros de altura e
69
A
PORTUGAL NATURAL I
Amieiro, comum
ao longo de cursos
de água
Salgueiros e vimeiros
Em Portugal existem muitas variedades espontâneas de salgueiros.
Alguns são híbridos (veja Um pouco de vocabulário, na página 58).
Todos produzem amentilhos que, ao contrário do que acontece
com os amieiros e com os choupos, são eretos e não pendentes.
A maioria não passa de pequenos arbustos. É o caso dos salgueiros
a que costumamos chamar vimeiros, cujos ramos (vimes) são muito
utilizados no artesanato e na indústria de cestaria. Distinguem-se
dos salgueiros por terem folhas mais estreitas e compridas e por
os seus rebentos serem mais delgados, compridos e flexíveis.
70
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
Normalmente, os salgueiros e
os salgueiros-vimeiros são abun-
dantes nas matas ribeirinhas,
vegetando ao longo dos cursos
de água e terrenos húmidos.
71
A
PORTUGAL NATURAL I
Salgueiro-chorão,
muito utilizado
na ornamentação
de jardins e parques
quase chegam ao chão. Por isso lhe foi atribuído o nome de salgueiro-
-chorão. Graças a essas características, distingue-se facilmente dos
outros salgueiros. Raramente atinge mais de 12 metros de altura.
72
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
Alinhamento
de choupos
73
TIPOS DE FOLHA
forma
Cordada
ou cordiforme Lanceolada
Sagitada
implatação
Semiamplexicaule
Séssil
margens
(folhas simples)
Inteira
Crenada
folhas compostas
ou pinuladas
Verticilada
Paripinulada
Digitada
Triangular
Linear ou deltoide
Ovada
Elíptica
Decurrente
Peciolada
Invaginante
Fendida Serrilhada
Palmatilobada Lobada
Trifoliada
Recompostas
ou bipinuladas Imparipinulada
A
PORTUGAL NATURAL I
76
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
O freixo: anúncio
da primavera
O freixo pertence à mesma família das oliveiras
e dos zambujeiros. No entanto, ao contrário do
que acontece com essas duas espécies, as suas
folhas caem no outono. Mas, na primavera, são
das primeiras a surgir. Produz frutos achatados,
pequenos e amarelados, que são denominados
sâmaras, tal como os dos ulmeiros; também pos-
suem uma pequena asa, que facilita a sua dissemi-
nação. A casca do freixo é cinzento-acastanhada
e lisa, mas adquire profundas fissuras quando a
árvore envelhece. O tronco, longo e cilíndrico,
apenas ganha ramos a partir de uma certa altura.
SILHUETAS DE INVERNO
77
A
PORTUGAL NATURAL I
78
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
79
A
PORTUGAL NATURAL I
A árvore que produz esta maravilha não costuma ter mais de seis
ou oito metros de altura, mas a copa é bastante ampla e propor-
ciona boas sombras. Encontra-se atualmente em diversas regiões
do país, do Sul ao Norte, mas mostra preferência por ares quentes
e secos e solos húmidos. Tem raízes de tal forma penetrantes que,
por vezes, chega a desenvolver-se, na forma de pequeno arbusto,
sobre terrenos pedregosos e até paredes rochosas ou muros velhos!
80
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
As flores da videira
surgem em cachos,
que dão origem aos
Quando se deixa crescer livremente, o caule da videira pode atingir cachos de uvas
mais de 30 metros. É retorcido e tortuoso, e a casca desprende-se
em compridas tiras. Os ramos (ou vides) são finos e flexíveis, mas
engrossam bastante nos nós. As folhas, palmatilobadas (veja Tipos
de folha, nas páginas 74 e 75), são grandes e muito recortadas.
As flores surgem em cachos, que darão origem, mais tarde, aos
cachos das uvas. Constituídas, na quase totalidade, por água e
açúcar, as uvas são pobres em calorias, mas ricas em vitamina C.
Quando maduras, têm propriedades laxantes. São um dos frutos
mais apreciados nos países mediterrânicos.
81
A
PORTUGAL NATURAL I
A tramazeira e o mostajeiro
A tramazeira e o mostajeiro são arbustos ou pequenas árvores, mais
frequentes no Norte do país. Surgem quase sempre em serras ou
montanhas. São parentes da sorveira, que é uma espécie cultivada
Sorveira-dos-
(veja a imagem abaixo). Não são exigentes nas condições do solo.
-passarinhos
82
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
83
A
PORTUGAL NATURAL I
84
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
Macieiras e pereiras
Em matas, sebes e valados é possível encontrar variedades silvestres
de algumas árvores de fruto que conhecemos bem dos pomares.
85
A
PORTUGAL NATURAL I
Cerejeiras e ameixoeiras
A cerejeira e a ameixoeira são aparentadas com a cerejeira-silvestre
e a ameixoeira-silvestre. Têm folhas caducas, de margens serrilha-
das, flores brancas e frutos carnudos com um único caroço, cuja
forma é mais ou menos oval.
A robínia ou falsa-acácia
A robínia ou falsa-acácia pode atingir 25 metros de altura. Os ramos
têm espinhos, e as flores são brancas, pequenas e perfumadas e
surgem dispostas em cachos de 10 a 20 centímetros de compri-
mento, que são o principal atrativo desta bonita árvore ornamental;
86
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
87
A
PORTUGAL NATURAL I
Bordos: os porta-helicópteros
Todas as crianças conhecem os frutos (sâmaras) dos bordos,
pois parecem hélices de helicóptero; isso acontece porque as sâmaras
se encontram unidas em grupos de duas, e cada uma delas tem uma
extremidade alongada (as asas), o que facilita a disseminação. Além
disso, as folhas palmatilobadas do plátano-bastardo também são
familiares, quanto mais não seja porque fazem lembrar a bandeira
do Canadá (veja Tipos de folha, nas páginas 74 e 75).
88
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
As flores e as folhas
em forma de coração
da tília
São árvores que dão uma bela sombra e, por isso, enfeitam muitos
arruamentos e jardins. No entanto, tal como o plátano, também
fazem sofrer muitas pessoas, devido às alergias que provocam.
89
A
PORTUGAL NATURAL I
A palmeira-das-vassouras
É a única palmeira espontânea na Europa, encontrando-se por
toda a costa norte mediterrânica, exceto na Riviera francesa.
Normalmente não passa de um pequeno arbusto, como acon-
tece no Algarve, onde assume geralmente uma forma anã, cons-
tituindo pequenas moitas dispersas. Essa é a única região do país
onde a palmeira-das-vassouras surge espontaneamente, em ter-
renos arenosos ou pedregosos e em colinas e barrancos secos e
ensolarados. Em condições mais favoráveis, pode atingir cinco
ou sete metros de altura. As folhas, perenes, fazem lembrar um
90
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
As resinosas
Os pinheiros: imigrantes de sucesso
Apesar de persistirem dúvidas de que os pinheiros não fazem
parte da vegetação original da nossa região, a verdade é que as
condições do clima e do solo lhes são extremamente propícias,
o que muito contribui para que os pinhais constituam, atualmente,
uma das principais manchas florestais do país.
O pinheiro-bravo, constante
na faixa litoral portuguesa
91
A
PORTUGAL NATURAL I
nemátode-da-madeira-do-pinheiro
Considerada uma espécie autóctone legislação comunitária como um
da Península Ibérica, o pinheiro-bravo organismo de quarentena, obrigando
ocupa atualmente a terceira posição em à adoção de medidas de controlo e
termos de área florestada em Portugal, erradicação, pelos Estados membros
a seguir ao eucalipto e ao sobreiro. No afectados.
entanto, desde os anos 80 do século
passado que o declínio do pinhal se A doença do NMP é transmitida às
tem vindo a agravar, resultado dos árvores através de um inseto infetado
fogos florestais e da seca, assim como com o nemátode (o longicórnio-
do abandono e da ausência da gestão -do-pinheiro), que se alimenta
florestal e do impacto de várias pragas. dos raminhos novos de pinheiros
Entre elas, destaque para o nemátode- saudáveis. Também o transporte
da-madeira-do-pinheiro (NMP), que de madeira infetada ou albergando
entre 1995 e 2010 contribuiu para a o inseto contribui para a dispersão
redução de 30 por cento da superfície da doença. Uma vez no interior da
de pinhal-bravo. árvore, o NMP conduz à murchidão
do pinheiro, sendo o primeiro sinal
Originário dos EUA e do Canadá e da doença o aparecimento de ramos
introduzido em Portugal em 1999, o secos e o amarelecimento das agulhas,
nemátode tem sido o responsável que murcham e ficam aderentes por
por uma enorme mortalidade de um longo período. Em poucos meses,
pinhal-bravo, consequência da o pinheiro seca e morre.
chamada doença da murchidão dos
pinheiros. Este nemátode é de facto Há outros agentes bióticos que causam
um dos organismos patogénicos prejuízos no pinhal-bravo, sendo
mais lesivos para as coníferas a um dos mais conhecidos a lagarta
nível mundial e foi classificado pela processionária.
A copa do
pinheiro-manso em
forma de guarda-sol
92
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
93
A
PORTUGAL NATURAL I
Os altivos ciprestes
Apesar de pertencerem, de corpo inteiro, à grande “família” das
coníferas, os ciprestes apresentam algumas características bem
particulares. As folhas são escamosas e cobrem completamente os
ramos; e as pinhas são tão pequenas e peculiares (máximo quatro
centímetros) que, na verdade, nem merecem esse nome, mas sim
o de gálbulas. Têm uma forma
O perfil elegante e mais ou menos esférica — e não
altivo dos ciprestes
cónica, como as dos pinheiros.
94
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
As folhas dos cedros não são escamosas. Têm forma de agulha, como
as dos pinheiros, mas são muito mais pequenas: normalmente,
não têm mais de três centímetros de comprimento. Não cobrem
os ramos, mas dispõem-se ao longo destes, formando pequenos
tufos semelhantes a pincéis.
Pinha do cedro-
-do-atlas.
95
A
PORTUGAL NATURAL I
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A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
Zimbros em terreno
pedregoso
Os zimbros mais familiares são o oxicedro ou cedro-de-espanha, que
tem gálbulas vermelhas e se vê por todo o país; a sabina-da-praia,
vulgar nas areias do litoral, de gálbulas também avermelhadas;
e, finalmente, o zimbro-comum, que é mais frequente no Norte.
As suas “bagas”, de cor negro-azulada, são utilizadas, quando
maduras, para dar gosto a algumas bebidas, como a genebra e o
gin, e como condimento na preparação de algumas especialidades
culinárias, como, por exemplo, a choucroute.
97
A
PORTUGAL NATURAL I
98
A
AS ÁRVORES E OS ARBUSTOS
99
CAPÍTULO 4
As pequenas plantas
e flores silvestres
A
PORTUGAL NATURAL I
102
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
• Antes de mais, convém pôr os pontos nos is: os líquenes não são
flores silvestres e, na verdade, nem sequer são plantas. São só,
digamos, “meias plantas”. Na realidade, não são um, mas sim dois
organismos, ligados entre si de certa maneira: uma alga e um fungo,
que vivem conjuntamente numa relação de mútuo benefício, a
que se chama simbiose (veja Como se alimentam?, nas páginas 164
e 165). Mesmo assim, resolvemos falar deles, porque, quando são
verdes, passam por plantas aos olhos de muita gente; e, quando
não o são, dão nas vistas na mesma. Já alguma vez reparou, por
exemplo, numas pequenas manchas vermelho-alaranjadas a fazerem-
-se notar, irreverentemente, sobre rochas, troncos de árvores ou
telhados? Às vezes, estão de tal maneira agarradas às rochas que
até parecem fazer parte delas…
• Por sua vez, os fetos e os musgos são plantas, mas não têm flor
e por isso são considerados menos evoluídos do que as plantas
com flor. Ambos se reproduzem por esporos e não através de
sementes. No entanto, os musgos são ainda menos evoluídos do
que os fetos, porque nem sequer possuem verdadeiros canais
condutores de seiva.
103
A
PORTUGAL NATURAL I
• Os musgos são plantas muito pequenas e de cor verde, que, quando
cobrem o chão, nos proporcionam, sempre que os pisamos, uma
agradável sensação de macieza. Uma vez instalados sobre um suporte,
vão tecendo pouco a pouco uma espécie de tapete macio, que se
Musgo ensopa com a água da chuva e
com o orvalho, como se de uma
esponja se tratasse. No tamanho,
são comparáveis aos líquenes,
mas estes têm cores e formas
muito mais variadas e imprevi-
síveis. Seja como for, todos nós
estamos mais ou menos familia-
rizados com os musgos, quanto
mais não seja devido às antigas
tradições natalícias. Durante
muito tempo, o musgo foi um
elemento imprescindível no chão
dos nossos presépios de Natal.
104
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
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PORTUGAL NATURAL I
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AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
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A
PORTUGAL NATURAL I
Estorno, espécie
edificadora das dunas
primárias
108
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
Campo em flor
com camomila
“mal-me-quer, bem-me-quer”
Um costume muito popular que hoje parece um
bocado esquecido é o do “mal-me-quer, bem-me-
-quer”. Crianças e adultos enamorados desfolhavam,
pétala a pétala, aquelas flores amarelas no centro e
brancas à volta que, desde pequeninas, aprendiam
a chamar malmequeres. Pela última pétala se
“depreendia” se o amor era ou não correspondido.
Contudo, na realidade, um malmequer não é uma
flor, mas sim um conjunto de flores (veja “capítulo”,
em Um pouco de vocabulário, na página 106).
109
A
PORTUGAL NATURAL I
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A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
111
A
PORTUGAL NATURAL I
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A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
O canabrás,
um bom exemplo da
inflorescência de uma
umbelas, surgem no verão e atraem muitos insetos, sobretudo planta umbelífera
escaravelhos. As folhas são grandes e têm a forma de uma pata
de urso, o que lhe valeu a atribuição de outro nome por que é
conhecida, o de branca-ursina.
• O labaçol é um parente das azedas, cujo sabor não é ácido, mas muito
amargo. Tem alguma preferência pelos terrenos húmidos e surge
frequentemente em pastagens e junto aos caminhos. As folhas
são grandes e oblongas (veja Tipos de folha, nas páginas 74 e 75).
São comestíveis, normalmente em salada ou cozidas.
113
A
PORTUGAL NATURAL I
114
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
115
A
PORTUGAL NATURAL I
116
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
a propósito da reprodução
A maioria das plantas silvestres apenas apenas possuem estames ou carpelos.
se pode reproduzir por meio de sementes. São as monogâmicas.
Estas formam-se após a fecundação dos
óvulos contidos nos órgãos de reprodução Algumas espécies, chamadas dioicas,
femininos (carpelos) pelos grãos de pólen têm flores masculinas e femininas, mas
produzidos pelos órgãos masculinos em plantas diferentes. Nas monoicas,
(estames). Em muitas espécies, isso não as flores masculinas e as femininas
traz qualquer problema: os dois tipos existem na mesma planta. Quanto às
de órgãos encontram-se na mesma espécies poligâmicas — que também
flor, que, portanto, é bissexuada ou as há —, essas têm, na mesma planta,
hermafrodita. Mas outras têm flores que flores unissexuadas e bissexuadas.
A FLOR
estigma
estilete carpelo
antera
estame
filete ovário
pétala
sépala
117
A
PORTUGAL NATURAL I
Flores pendentes
da base das folhas
do selo-de-salomão
O caule desta planta pode ter até meio metro de altura e é arqueado;
as folhas acompanham o caule a todo o comprimento e dispõem-se
em duas filas opostas; além disso, são grandes, ovais e de nervuras
paralelas; as flores são branco-esverdeadas e pendentes da base
das folhas. Basta vê-la uma vez para ser capaz de a identificar
posteriormente. O caule subterrâneo, que é um rizoma, também
apresenta uma particularidade: todos os anos dá origem a um novo
caule aéreo, que, ao desaparecer, deixa uma marca parecida com
a de um sinete. Daí provém o inspirado nome de selo-de-salomão
(veja também Primavera, vida nova…, na página 197).
118
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
119
A
PORTUGAL NATURAL I
Roselha em flor
120
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
• A carqueja, que também tem flores amarelas, dá, quando seca, um
excelente combustível, muito usado para atear fogos e fogueiras. Forma
arbustos baixos e densos, por vezes eretos, por vezes amoitados.
Normalmente, estes não têm folhas. Florescem de abril a julho,
conforme a região e a altitude.
121
A
PORTUGAL NATURAL I
Alfazema
Uma família bem cheirosa
Os aromas muito agradáveis que sentimos
quando passeamos nalguns matos devem-se,
muitas vezes, à presença de representantes de
uma família muito apreciada, as Labiadas (este
nome provém do facto de, em todas as plantas
que pertencem a esta família, a corola das flo-
res se assemelhar a um par de lábios). Engloba
plantas bem conhecidas, como o rosmaninho, a
alfazema, o alecrim, os tomilhos e os orégãos, que
fazem parte dos nossos usos e costumes, especial-
mente na cozinha, onde dão um toque único aos
pratos tipicamente mediterrânicos. Além disso,
os óleos essenciais ou essências que se extraem
de muitas destas plantas são matéria-prima de
perfumes e águas-de-colónia.
122
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
Silvas e roseiras-bravas
As silvas e as roseiras-bravas, mais frequentes nas
sebes, mas também bastante vulgares em locais
cobertos de arvoredo mais ou menos denso, cons-
tituem emaranhados que nos surpreendem desa-
gradavelmente quando lhes tocamos sem querer.
Agarram-nos firmemente e raramente nos largam
sem dor. Poderíamos chamar a esses encontros,
muito a propósito, “ligações perigosas”.
123
A
PORTUGAL NATURAL I
Acúleo (roseira)
Espinho (pilriteiro)
124
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
125
A
PORTUGAL NATURAL I
A longo prazo, o nível do solo acaba por apanhar o nível das águas
e mesmo sobrepor-se a ele. Aí poderão vir a estabelecer-se plan-
tas de alguma envergadura, o que inclui arbustos e até algumas
árvores, formando uma mata ribeirinha.
126
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
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PORTUGAL NATURAL I
Ranúnculos,
venenosos para
o gado
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A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
• O lírio-amarelo-dos-pântanos
aparece por todo o país, nas
margens de rios, pântanos e char-
cos. É uma planta discreta, mas
só até ao momento da floração. Lírio-amarelo-
-dos-pântanos
As folhas, em forma de espada
(e cortantes, também!), brotam diretamente do caule subterrâneo
(rizoma). Medem cerca de um metro e adquirem uma tonalidade
verde-azulada quando atingem a maturidade. Parecem-se com
as folhas dos lírios e dos gladíolos dos jardins, que pertencem à
mesma família (as Iridáceas). As flores são amarelas e enormes,
podendo atingir dez centímetros de diâmetro! Por todas estas
razões é uma planta que, no seu habitat específico, dificilmente
se pode confundir com outras. Encontra-se muitas vezes junto
aos caniçais.
• O caniço é uma das plantas mais imponentes das zonas húmidas e
cobre grandes superfícies, formando os caniçais. Estes constituem
129
A
PORTUGAL NATURAL I
130
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
Nenúfares a flutuar
à tona da água
Plantas carnívoras
Não são grandes nem monstruosas, como as que vemos nos filmes
de ficção e nos livros de banda desenhada, mas não deixam de
ser capazes de nos impressionar: são as plantas carnívoras ou
insetívoras, que, ao contrário do que muita gente pensa, também
131
A
PORTUGAL NATURAL I
132
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
Orvalhinha, uma
devoradora de insetos
133
A
PORTUGAL NATURAL I
Plantas trepadeiras
Consideram-se trepadeiras todas as plantas que se elevam agar-
rando-se a um suporte, que pode ser uma árvore, um arbusto,
uma escarpa, uma parede, etc. A videira, de que falámos no capí-
tulo anterior, é talvez a mais conhecida, mas também a hera e a
madressilva, por exemplo, fazem parte das plantas trepadeiras
que nos são familiares.
• A hera é uma planta lenhosa. Pode viver muito tempo e, nesse
caso, o caule pode adquirir a espessura do tronco de uma árvore.
Com a ajuda das pequenas raízes que surgem ao longo do caule, a
planta agarra-se aos mais diversos suportes e vai subindo por eles.
Pode ter mais de dez metros de comprimento. Estas raízes aéreas
não absorvem humidade nem quaisquer elementos nutritivos,
servindo apenas para fixar a planta. Portanto, a hera não é uma
parasita, mas isso não quer dizer que não faça dano às árvores
que lhe servem de suporte: os caules, por vezes com mais de cinco
centímetros de diâmetro, podem deformar o tronco da árvore e,
a longo prazo, sufocá-la, privando-a da luz. Isso acontece, sobre-
tudo, porque a hera é uma planta cujas folhas se mantêm sempre
verdes, mesmo no inverno.
134
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
135
A
PORTUGAL NATURAL I
Madressilva em flor
136
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
137
A
PORTUGAL NATURAL I
A Ophrys
tenthredinifera
Orquídeas
Quando se fala de orquídeas, a maioria das pes-
soas pensa imediatamente em floristas e em belos
ramalhetes de flores. Mas essas orquídeas, que
são cultivadas em estufas, não são as únicas que
podemos encontrar no nosso país. Apesar de as
áreas onde temos possibilidade de as encontrar
serem cada vez mais reduzidas, devido à deterio-
ração de muitos dos seus habitats, existem muitas
orquídeas que crescem espontaneamente na natu-
reza, nos mais variados locais. Em todo o mundo
existem cerca de 20 mil espécies desta família
de flores, mas, no nosso país, apenas podemos
encontrar um pouco mais de 40. Os locais onde
é mais fácil encontrá-las são as zonas calcárias do
Centro e Sul do país, com destaque para as ser-
ras de Aire e Candeeiros, Sintra, Arrábida e todo
o Algarve. Resolvemos dar-lhes, neste livro, um
destaque particular, porque elas também ocupam
um lugar destacado na natureza. Alguns autores
defendem, inclusive, que as orquídeas são de tal
modo evoluídas que representam, para o reino
vegetal, aquilo que o homem é no reino animal.
Ou seja, ambos se encontram no topo da respetiva
escala evolutiva.
138
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
a estratégia de fecundação
das orquídeas
A grande profusão de orquídeas com nomes de insetos, tanto cá
como noutras partes do mundo, deve-se, principalmente, ao género
Ophrys, nas quais a forma, o aroma ou a textura dos labelos são
semelhantes aos insetos que deram origem a esse nome. Por
incrível que pareça, tais semelhanças não são mera coincidência,
nem se devem a imperscrutáveis caprichos da natureza! Há, para
isso, uma razão objetiva e muito importante, que tem a ver com
uma estratégia de fecundação: atraídos pelas cores ou pelo aroma
dessas flores, que confundem com as cores e aroma das fêmeas,
os machos da espécie imitada (vespas, por exemplo) tentam
copular com elas; depois de algumas tentativas (infrutíferas, claro!),
resolvem ir-se embora, mas levam consigo o pólen, que irá fecundar
a próxima orquídea em que pousarem! Este fenómeno é ainda mais
admirável se tivermos em conta que algumas destas orquídeas
apenas abrem as suas flores na altura em que os insetos que imitam
estão em fase de reprodução!
139
A
PORTUGAL NATURAL I
140
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
orquídeas afrodisíacas?
Foi o género Orchis, ao qual esta
espécie pertence, que deu o nome
a toda a família das orquídeas. Essa
palavra de origem grega, que em
português significa “testículo”,
faz alusão aos dois tubérculos
redondos que constituem a parte
subterrânea de grande parte destas
plantas. Este facto levou a que,
durante muito tempo, fossem vistas
como afrodisíacas e alimentassem
inúmeras lendas e superstições. Na
Antiga Grécia, por exemplo, dizia-se
que o tubérculo maior, tomado
com leite de cabra, aumentava a
potência sexual. Além disso, dizia-se
também que se o homem comesse
o tubérculo grande era certo que
nasceriam rapazes; se fosse a
mulher a comer o mais pequeno,
nasceriam raparigas. Atualmente tais
superstições estão ultrapassadas. Orquídea-piramidal
141
A
PORTUGAL NATURAL I
Em que época?
As plantas não florescem nem frutificam todas ao mesmo tempo.
Por isso, qualquer altura é boa para ir ao seu encontro. Mas não
há dúvida de que a primavera e o verão são épocas especialmente
propícias para isso.
142
A
AS PEQUENAS PLANTAS E FLORES SILVESTRES
143
CAPÍTULO 5
Os cogumelos
A
PORTUGAL NATURAL I
A vida de um cogumelo
Se desenterrarmos um cogumelo com cuidado, o mais provável é que,
agarrado ao pé, venha um emaranhado de filamentos. Muitas pessoas
pensam que se trata das raízes, mas não é verdade: na realidade,
esses filamentos são a origem do cogumelo, a que se chama micélio
(veja Um pouco de vocabulário, na página anterior).
147
A
PORTUGAL NATURAL I
148
A
OS COGUMELOS
A estrutura de um cogumelo
Para se familiarizar com a forma e com a estrutura habituais num
cogumelo, o melhor é comprar uma pequena caixa de tortulhos-da-
-terra, que são fáceis de encontrar. Desse modo, poderá observá-los
à vontade. Ao fazê-lo, notará, imediatamente, a presença de um
chapéu e de um pé: o chapéu é seco e sem verrugas; o pé, muito
curto e carnudo.
149
A
PORTUGAL NATURAL I
10 cm
25 cm
Fenda
Orifício
para observação Lanterna
150
A
OS COGUMELOS
Cogumelos sem pé
151
A
PORTUGAL NATURAL I
1. Chapéu
2. Lâminas
3. Véu interno; 1
no adulto, anel
4. Pé
2
5. Cortina que envolve
o pé (véu externo);
no adulto, volva
5
1
2 5
4
3
Os grupos de cogumelos
Os dois grupos de fungos que produzem cogumelos — basidio-
micetes e ascomicetes — distinguem-se, sobretudo, pela forma
como, neles, se originam os esporos. Nas descrições que se seguem
apenas se incluem os cogumelos mais abundantes ou típicos, ou
seja, aqueles que poderá encontrar mais facilmente durante um
passeio pelo bosque.
Os basidiomicetes
Recebem este nome os cogumelos em que os esporos são formados
por células especializadas denominadas basídios. Pertencem a este
152
A
OS COGUMELOS
não à colheita-massacre!
Se apanharmos um cogumelo com cuidado, apanha intensiva de cogumelos para fins
não danificaremos o micélio e, portanto, comerciais, muitas vezes sem obedecer a
não poremos em perigo a sobrevivência quaisquer regras ou cuidados. Mais cedo ou
da espécie. Mas, mesmo assim, convém mais tarde, estas ações terão consequências
evitar os excessos e, sobretudo, as colheitas negativas, que podem chegar, inclusive, ao
sistemáticas, que podem contribuir para desaparecimento de espécies. Quem sabe
uma diminuição da quantidade de esporos se, um dia, não ficaremos privados da beleza
que possam disseminar e originar novos de muitos cogumelos (tal como o temos sido
micélios. As zonas naturais propícias ao de algumas espécies vegetais e animais)?
desenvolvimento dos cogumelos vão sendo Por isso, adote as seguintes medidas
raras. Nas matas e nos bosques que têm de prevenção:
escapado à desflorestação e à urbanização – só apanhe um cogumelo quando vir
crescentes, a passagem de pessoas e/ reunidos, pelo menos, dez exemplares
/ou de animais leva a que o chão seja da mesma espécie;
regularmente espezinhado. Isso acontece – nunca apanhe mais cogumelos do que
até nos espaços bem próximos das árvores os necessários;
– que constituem o local mais propício ao – se se aperceber de que, na sua zona,
brotar dos cogumelos –, o que impede o alguém anda a apanhar, de forma intensiva
desenvolvimento dos micélios nascentes. e sistemática, cogumelos silvestres, informe
Além disso, em determinadas zonas do o Instituto de Conservação da Natureza
país, tem-se registado, recentemente, uma e das Florestas.
Género Agaricus
Possuem esporos escuros, entre o castanho e o violeta. O pé é bul-
boso e, geralmente, não tem volva (cogumelos sem véu externo).
As lâminas encontram-se próximas umas das outras e possuem
uma coloração entre o branco e o cor-de-rosa quando são jovens,
e entre o castanho e o violeta em fase mais madura.
153
A
PORTUGAL NATURAL I
Género Amanita
Possuem esporos brancos. Algumas espécies são bastante grandes.
O chapéu é frequentemente salpicado de escamas e o pé central
é muitas vezes munido de anel e volva.
154
A
OS COGUMELOS
155
A
PORTUGAL NATURAL I
Género Armillariella
Se tivermos em conta que a palavra portuguesa armila significa
“anel, bracelete”, perceberemos que o nome atribuído a este género
chama a atenção para uma das principais características dos cogu-
melos que a ele pertencem: o anel, que é espesso e facilmente
visível. Além disso, a maioria das espécies cresce sobre madeira.
Género Cantharellus
Nas espécies típicas deste género, como a cantarela ou crista-de-galo,
as lâminas encontram-se deformadas e têm o aspeto de espessas
pregas, que descem pelo pé. O chapéu é côncavo, semelhante a
um funil. Os esporos são brancos. A cantarela surge no outono,
normalmente sob árvores que se encontram em terrenos arenosos
ou argilosos, e é comestível. Na maioria das vezes, estes cogumelos
crescem em grupo.
Género Clitocybe
Possuem esporos brancos. O chapéu é frequentemente côncavo,
em forma de funil. As lâminas descem pelo pé. O melhor exem-
plo deste grupo é o Clitocybe nebularis, que, no outono, costuma
156
A
OS COGUMELOS
Género Coprinus
Possuem esporos negros. Umas vezes pequenos, outras grandes,
geralmente acinzentados ou acastanhados. Possuem lâminas soltas,
mas cerradas; quando envelhecem, digerem a sua própria matéria
orgânica e liquefazem-se, transformando-se numa substância negra
semelhante a tinta (e que, inclusivamente, é utilizada como tal). Cogumelo do género
Os esporos vão embebidos nesse Coprinus
líquido e são por ele transporta-
dos, ao contrário do que acontece
com a maioria das espécies, em
que a dispersão dos esporos é
feita pelo vento. Quando jovens,
o chapéu mantém-se fechado, for-
mando uma espécie de invólucro
em redor do pé, mas depois abre-
-se. Encontram-se, geralmente, em
solos ricos em matérias orgânicas
(jardins, bermas de estradas e
caminhos, aterros). Alguns são
comestíveis.
Género Lactarius
Os esporos são brancos. O chapéu tem, geralmente, forma de
funil ou de taça. Além disso, há duas características que permitem
identificar, com algum rigor, este género de cogumelos:
— quando as lâminas sofrem algum tipo de golpe, sobretudo se
os cogumelos forem frescos, deixam escorrer um líquido de con-
sistência leitosa (no entanto, há outros cogumelos que também
apresentam esta característica);
— a carne parte-se facilmente e é fácil de dividir em pequenos
pedaços (enquanto, na maioria dos outros cogumelos, a carne é
dura, fibrosa e elástica).
157
A
PORTUGAL NATURAL I
Género Lepiota
Geralmente, possuem esporos brancos. Existem espécies de dimen-
sões muito diversas. O chapéu é normalmente escamoso e separa-se
facilmente do pé, que é fino e munido de anel.
Género Paxillus
Os esporos são castanhos. As lâminas descem ao longo do pé e
separam-se facilmente do chapéu. São espécies de grandes dimensões.
158
A
OS COGUMELOS
Género Russula
Possuem esporos brancos ou amarelados. O chapéu, o pé e as
lâminas quebram-se facilmente. Por vezes, o chapéu possui cores
muito vivas. Não possuem anel nem volva.
Género Boletus
Neste género, as lâminas deram lugar a uma espécie de tubos
paralelos entre si, cujo conjunto de aberturas, visto por baixo,
faz lembrar uma esponja. Dependendo da espécie, esses poros
têm uma abertura pequena ou grande, redonda ou angulosa,
etc. A descoloração que se produz, quando se exerce pressão
nos poros ou quando se belisca o pé, é uma característica típica
dos cogumelos deste género e constitui a melhor forma de os
identificar.
159
A
PORTUGAL NATURAL I
Os gastromicetes
Constituem um subgrupo algo original dentro dos basidiomice-
tes, já que produzem os esporos dentro do corpo de frutificação
(veja Um pouco de vocabulário, na página 146), que se abre apenas
quando aqueles estão maduros. A maioria abre-se de forma muito
variada, expelindo os esporos ao mínimo contacto do exterior. Até
uma gota de chuva pode desencadear o mecanismo de expulsão
dos esporos. Não têm chapéu nem lâminas.
160
A
OS COGUMELOS
Os cogumelos gelatinosos
Estes cogumelos desenvolvem-se normalmente sobre madeira
viva ou morta e podem ter formas muito variadas. Reúnem-se
sob esta designação corrente devido ao facto de todos terem uma
consistência gelatinosa.
161
A
PORTUGAL NATURAL I
162
A
OS COGUMELOS
Os ascomicetes
Neste grupo, os esporos desenvolvem-se no interior de células
em forma de clava — a que se chama ascos. Estas células tanto
podem manter-se no interior do corpo de frutificação como
aparecer à superfície. Estes cogumelos são comestíveis e muito
apreciados. Os mais conhecidos são as pezizas, as morchelas e
as túberas.
Género Peziza
Quando as circunstâncias meteorológicas lhes são favoráveis, as
pezizas assumem, com frequência, a forma de uma taça. Quando os
esporos ficam maduros e o tempo está húmido, os ascos absorvem
água e distendem-se bruscamente. O líquido absorvido é, desse
modo, atirado a uma certa distância, levando consigo os esporos.
Em dias em que haja boa luz, é possível observar esse fenómeno.
Género Morchella
Ao contrário da maioria dos outros cogumelos, que surge durante o
outono, as morchelas ou pantorras aparecem na primavera. É fácil
reconhecer as espécies que pertencem a este género, mas distingui-las
entre si é uma tarefa difícil.
Género Tuber
As espécies pertencentes a este género são normalmente subter-
râneas e vivem em simbiose (veja também Como se alimentam?,
na página seguinte) com algumas árvores, alimentando-se dos
açúcares que estas sintetizam e facilitando-lhes, em troca, a absor-
ção de sais minerais presentes no solo. Esta associação chama-se
micorriza (veja a página 166).
163
A
PORTUGAL NATURAL I
Como se alimentam?
Os cogumelos têm um lugar importante na cadeia ecológica. Como
não possuem clorofila (veja Um pouco de vocabulário, na página 146),
são incapazes de realizar a fotossíntese; portanto, não conseguem
captar a energia solar e utilizá-la para produzir os seus próprios
alimentos; nem conseguem alimentar-se das substâncias minerais
existentes no solo. Para subsistirem, precisam de absorver subs-
tâncias orgânicas elaboradas por outros seres vivos.
comestível ou venenoso?
Abordar, de forma leviana, a questão da pretendem convencer os outros de que
toxicidade dos cogumelos silvestres é um são especialistas em cogumelos que nunca
erro que pode sair muito caro: convém saber experimentaram e, por vezes, nunca viram!…
que, todos os anos, o Centro de Informação
Antivenenos regista alguns casos de Nesta obra, como em muitas outras,
intoxicações alimentares graves, devidas à apresenta-se por vezes o gosto de um
ingestão de cogumelos venenosos! Além determinado cogumelo como um dos
disso, também é bom ter em conta que, critérios de identificação. No entanto, isso
contrariamente à convicção popular, não não quer dizer que se tenha de comer um
existem “truques” que permitam distinguir, pedaço do cogumelo, a fim de saber se é
de forma segura, os cogumelos comestíveis bom ou mau; trata-se, pura e simplesmente,
dos venenosos. Por isso, quando for de colocar um pequeno pedaço na ponta da
apanhar cogumelos, é necessário proceder língua, só para lhe tomar o gosto, e deitá-lo
com muita cautela e, pelo menos de fora a seguir! Na verdade, nem aqueles
início, fazer-se acompanhar de alguém que estudam os cogumelos há muitos
com muita experiência ou mostrar os anos costumam ter a ousadia de garantir,
exemplares colhidos a um entendido a cem por cento, o caráter inofensivo de
na matéria. Mas tenha cuidado com os uma determinada espécie! São esses os
“falsos conhecedores”: são muitos os que verdadeiros conhecedores…
164
A
OS COGUMELOS
Os sapróbios
Os sapróbios são uma espécie de “máquinas de limpeza e de reci-
clagem”, pois decompõem a matéria orgânica morta depositada no
solo, transformando-a em unidades cada vez menores, até deixar
apenas os compostos elementares. Dessa forma, o cogumelo obtém
os nutrientes de que necessita e restitui ao solo os componen-
tes essenciais, que voltam a ser reutilizados pelas plantas verdes
durante o crescimento. Sem este processo natural de decomposição
e restituição, o solo acabaria por esgotar os seus recursos. São dos
mais abundantes na natureza, permitindo o bom funcionamento
do ecossistema graças ao seu papel reciclador de nutrientes.
Os parasitas
Os parasitas extraem o seu alimento de organismos vivos, que
recebem o nome de hospedeiros. Na maioria dos casos, estes
fungos são extremamente específicos e fixam-se exclusivamente
em determinados organismos.
165
A
PORTUGAL NATURAL I
Os simbiontes
Uma simbiose assenta numa relação de dar e receber, em que
os parceiros vivem em conjunto para o bem de ambos. Mas esse
equilíbrio é frágil e pode degenerar em parasitismo. Na simbiose
que une a maior parte dos cogumelos e muitas espécies de árvores,
arbustos e ervas, cria-se uma associação entre o micélio dos fun-
gos e as raízes da planta, a que se chama micorriza. Dessa forma,
o cogumelo recebe do seu hospedeiro açúcares e outros elementos
ricos em energia e vitaminas; em contrapartida, a superfície de
absorção da planta é aumentada, porque o micélio se estende a áreas
bastante grandes, decompondo a matéria orgânica em nutrientes
alimentares que cede ao seu parceiro.
166
A
OS COGUMELOS
Em que época?
Sobretudo no outono, como se sabe. No entanto, algumas espécies
surgem com mais frequência ou mesmo exclusivamente na pri-
mavera, como é o caso das morchelas. Outras, mais impacientes,
não esperam pelo outono e aparecem logo que as condições
atmosféricas se mostram favoráveis.
167
CAPÍTULO 6
O litoral
A
PORTUGAL NATURAL I
Cordeiros-da-praia
171
A
PORTUGAL NATURAL I
• Os chocos veem-se com alguma frequência. Têm pouco que ver
com os “monstros” que alguns imaginam que sejam: pelo contrá-
rio, são belos animais listrados, com cerca de 40 centímetros de
Caravela-portuguesa Alforreca
172
A
O LITORAL
Conchas de choco
Os conhecidos chocos
• O que não falta no mar é o plâncton. Mas, por azar, os seres vivos
que o compõem são tão pequenos que dificilmente se conseguem
ver a olho nu!
173
A
PORTUGAL NATURAL I
1. Corte a parte
do pé a uma meia
de nylon
6. Em casa, separe
o recipiente da peneira,
cubra um dos lados com
papel negro e projete,
através da água,
um feixe de luz
5. Mergulhe a peneira
e arraste-a em várias direções.
Depois, levante-a
174
A
O LITORAL
O plâncton, que é composto por plantas e animais Plâncton, no caso, Coscinodiscus radiatus
microscópicos, desempenha, na natureza, um
papel fundamental. O plâncton vegetal serve de
alimento ao plâncton animal. Este, por sua vez,
faz parte da alimentação de animais maiores,
que acabam por entrar no cardápio de outros
ainda maiores do que eles. O que não impede
que alguns gigantes dos mares, como, por exem-
plo, certas baleias, se alimentem diretamente do
plâncton. Isso mostra até que ponto é necessário
que o plâncton seja abundante. Sublinhemos,
a propósito, que, graças a essa abundância, o
plâncton vegetal é o maior fornecedor de oxigénio
do planeta (e não as florestas, como geralmente
se pensa).
175
A
PORTUGAL NATURAL I
A praia
Nas praias, por incrível que pareça, não há só areia, toldos, cha-
péus de sol e veraneantes. Na verdade, trata-se de um ambiente
cheio de vida animal, embora esta se mantenha escondida sob a
camada superficial da areia. Quando a maré baixa, muitos pequenos
animais, que se encontram em suspensão nas águas, enterram-se
alguns centímetros, aguardando a maré alta. Nessa altura, saem
do esconderijo, para se alimentarem do plâncton, bem como de
alguns resíduos que a água transporta. Alguns também caçam
outros pequenos habitantes das areias. Chegada a maré baixa,
voltam a enfiar-se na areia. Dessa forma, protegem-se das aves.
Essa é a única possibilidade de esconderijo que as superfícies
arenosas oferecem, além de constituir também a única proteção
disponível contra a desidratação, as variações de temperatura
e a ação destruidora das multidões.
• Quando a maré está baixa, são poucos os vestígios que traem essa
vida oculta sob as areias. É o caso, por exemplo, das pequenas
“rodilhas” de areia formadas pelas minhocas da areia. Trata-se
de pequenas minhocas (cerca de 25 centímetros) que aspiram,
ingerem e filtram a areia, para dela extraírem alimento. Como
é lógico, a alguns centímetros dessas “rodilhas” encontram-se,
normalmente, uns pequenos funis, que constituem os vestígios
da referida aspiração.
176
A
O LITORAL
177
A
PORTUGAL NATURAL I
178
A
O LITORAL
A costa rochosa
Como vimos, grande parte da costa portuguesa é composta por
areais, mas esse não é o único tipo de litoral que existe. Há também
zonas onde a rocha domina a paisagem, quase sempre na forma de
arribas, e a que chamamos costa rochosa. As arribas são escarpas
rochosas cujo relevo é fruto do desgaste causado pela água do
mar. Podem ser altas ou baixas, lisas ou rugosas, mais ou menos
escarpadas. O tipo e a cor das rochas também variam bastante.
179
A
PORTUGAL NATURAL I
O maravilhoso e diversificado
litoral português
180
A
O LITORAL
181
A
PORTUGAL NATURAL I
Os sapais
As praias e as arribas do litoral estão expostas, como é evidente,
aos movimentos das marés. Mas existe um terceiro biótopo que
também sofre as consequências desse movimento. São os locais
de encontro calmo e não turbulento da água do mar com a água
doce dos rios, onde existe um permanente depositar de sedimentos
finos e lodosos. Perto desses locais encontramos áreas mais ou
menos planas, cobertas por uma vegetação muito típica: os sapais.
182
A
O LITORAL
• No entanto, tal como acontece nas praias, a vida nos sapais está
frequentemente dissimulada, permanecendo escondida sob o lodo
da superfície. Cada animal que aí habita encontra o seu cantinho
próprio: de acordo com a duração da imersão, a proporção areia/
/lodo, etc., encontram-se aí organismos muito variados. Muitas
vezes, são microscópicos, mas também há animais maiores, como
as poliquetas, membros da família das minhocas terrestres que gos-
tam dos ambientes salgados. Abrem caminho através do lodo, que
aspiram, a fim de extraírem os elementos consumíveis. São muito
utilizadas como isco para a pesca e constituem também um dos
alimentos preferidos de muitas aves.
Vista aérea
de um sapal
183
A
PORTUGAL NATURAL I
Maçarico-
Perna- -de-bico- Maçarico-
Tarambola Pilrito -vermelha Ostraceiro -direito -real Alfaiate
15 cm
184
A
O LITORAL
185
A
PORTUGAL NATURAL I
As dunas
As dunas são abundantes no nosso litoral, ocorrendo ao longo de
cerca de 450 quilómetros da nossa linha de costa. Lamentavelmente,
o nosso cordão de dunas tem estado, nos últimos anos, sujeito a
uma destruição quase sistemática, devida à construção clandestina
ou ao contínuo pisoteamento levado a cabo por pessoas, carros
e motas.
Poucas pessoas têm uma ideia clara sobre o que são realmente as
dunas. Estas são zonas de transição entre o continente e o mar,
onde a deposição de sedimentos provoca enorme instabilidade
e, portanto, constante mudança. Este constitui um dos principais
fatores a que as plantas têm de responder, para além de outros
como a escassez de água e nutrientes, a elevada luminosidade e
salinidade e os ventos fortes e constantes. Na verdade, os mon-
tes móveis de areia, cobertos de vegetação rala, são apenas um
dos aspetos. As verdadeiras zonas de dunas englobam superfícies
húmidas, pequenos pântanos e até pequenas lagoas. Para que as
dunas se formem, é necessário que intervenham três elementos:
a areia, o vento e as plantas.
186
A
O LITORAL
Cardo-marítimo
Na linha de vasa, situada na linha da preia-mar,
onde se verifica a acumulação de detritos orgânicos
transportados pela maré, encontram-se plantas
anuais suculentas que suportam a salinidade ele-
vada e a perturbação das marés, como a barrilha
-espinhosa ou soda e a eruca-marítima. Um pouco
mais longe, fora da ação das marés, verifica-se
maior acumulação de areia com plantas vivazes
como o feno-das-areias, a morganheira-das-praias
e o cardo-marítimo ou cardo-rolador, que, quando
seco, rola pela praia sob a ação do vento: é a
chamada duna embrionária. Quando a salinidade
diminui um pouco mais com a distância do mar,
as dunas são colonizadas por uma gramínea muito
importante na fixação e consolidação das dunas —
o estorno. Outras espécies como o cordeirinho-
-da-praia, a couve-marítima, a granza-marítima,
o tomilho-carnudo e o narciso-das-areias também
contribuem para esta consolidação — estamos na
duna primária.
187
A
PORTUGAL NATURAL I
“Pérolas”
da camarinha Pinheiro nas dunas
188
A
O LITORAL
… à instabilidade do meio?
— Crescimento subterrâneo especializado – rizomas com cresci-
mento vertical;
— sistema radicular profundo – para evitar o desenterramento com
a erosão;
— ciclo de vida curto – para evitar o período do ano de maior
instabilidade.
189
A
PORTUGAL NATURAL I
Em que época?
Uma visita ao litoral durante o outono e o inverno
é sempre boa ideia. Como há muito menos gente,
poderá desfrutar, muito mais facilmente, das praias
e dunas. Nessa altura também há muitas aves
particularmente interessantes que se reúnem à
beira-mar.
190
A
O LITORAL
191
CAPÍTULO 7
A influência
das estações
A
PORTUGAL NATURAL I
Campo florido
Na Lua, o dia sucede à noite de forma brusca, sem que haja qual-
quer transição. Não é isso, felizmente, que acontece na Terra,
onde a penumbra se vai espalhando progressivamente. A luz
é refletida pela camada atmosférica, e o céu mantém-se claro
durante algum tempo, mesmo após o pôr do Sol. Da mesma
Na página anterior: movimento de rotação da Terra
captado pela objetiva do fotógrafo
194
A
A INFLUÊNCIA DAS ESTAÇÕES
21 de março
(início da primavera:
o dia é igual à noite)
21 de junho
(início do verão) era inverno
primav
195
A
PORTUGAL NATURAL I
Silhueta de carvalho
no inverno Carvalho no verão
196
A
A INFLUÊNCIA DAS ESTAÇÕES
Onde é que essas frágeis plantas vão buscar a energia que lhes
permite nascer e crescer, numa mata ainda fria e com tão poucas
horas diárias de sol? A resposta é simples: possuem mecanismos
de desenvolvimento especiais. Algumas, por exemplo, constituem
reservas alimentares que ficam disponíveis logo que acaba o inverno.
197
A
PORTUGAL NATURAL I
A influência do vento
Durante o inverno, em muitas árvores caducifólias, os primórdios das
pequenas folhas, muito sensíveis ao frio, mantêm-se numa cavidade
estreita e abrigada com muitas brácteas protetoras, os gomos ou
gemas de renovo. Aos primeiros raios de sol da primavera, os gomos
abrem-se, e as folhas, de um verde suave e luminoso, saem em
pouco tempo.
198
A
A INFLUÊNCIA DAS ESTAÇÕES
AS ESTAÇÕES NO BOSQUE
primavera
verão
199
A
PORTUGAL NATURAL I
200
A
A INFLUÊNCIA DAS ESTAÇÕES
A lebre não tem domicílio fixo. Dorme onde lhe agrada, em “covis”
precários que utiliza pouco mais de uma vez. Mesmo quando toma
conta das crias, a lebre vive aqui e acolá, sempre seguida pela prole.
O verão
De acordo com o calendário, no fim de maio ainda é primavera.
Mas, se dermos um passeio pelos campos, veremos que os reben-
tos das árvores se transformaram em ramos fortes e que as crias
dos animais já estão bem crescidas. A vegetação tornou-se mais
exuberante, as bermas dos caminhos estão cheias de flores, os
campos transformaram-se em tapetes de flores de cores variadas, o
sol inunda plantas e animais, as cigarras enchem os ares com o seu
201
A
PORTUGAL NATURAL I
alegre canto, a chuva está ausente durante dias e dias. Tudo isto
nos diz que, para a natureza, o verão já chegou.
Um pequeno passeio
No nosso pequeno país, as plantas e os animais não encontram
facilmente um local para viver. Na maioria das vezes, têm de se
contentar com os restos: bosques exíguos, pequenas ruas arbori-
zadas, declives dos caminhos, bermas estreitas…
202
A
A INFLUÊNCIA DAS ESTAÇÕES
Plantas e borboletas
Todos os insetos gostam de campos floridos, mas talvez as bor-
boletas os apreciem mais do que quaisquer outros. Umas pre-
ferem uma determinada espécie de planta, outras gostam mais
de outra ou apreciam, até, duas ou três espécies diferentes, mas
raramente mais do que isso. Assim, a Gonepteryx rhamni, que é
uma pequena borboleta branco-amarelada, está estreitamente
ligada ao sanguinho-de-água. Os campos que foram abandonados
rapidamente voltam a ser invadidos por ervas altas e resisten-
tes. Quem ganha com isso são, por um lado, os nossos olhos e,
203
A
PORTUGAL NATURAL I
204
A
A INFLUÊNCIA DAS ESTAÇÕES
Sob a vegetação
Quando o calor “aperta”, começa a apetecer ficar à sombra das
árvores. Isto acontece porque os bosques usufruem de um micro-
clima especial: no inverno, as geadas noturnas formam-se neles
com menos facilidade, porque se trata de um meio relativamente
fechado; no verão, a folhagem das árvores impede que os raios de
sol penetrem em força. A vegetação sob as árvores fica privada de Feto aproveitando
luz, o que — como explicámos no a sombra
início — tem as suas consequên-
cias. No verão, a maioria das
flores já deu o que tinha a dar,
e as sementes, escondidas sob a
verdura, esperam pacientemente
a próxima primavera.
205
A
PORTUGAL NATURAL I
Ajuntamento
de andorinhas perto
da migração
206
A
A INFLUÊNCIA DAS ESTAÇÕES
a anilhagem
A anilhagem permite controlar as idas e morta no Zaire e saber as coordenadas do
vindas das aves e, portanto, estudar o seu seu ponto de partida, alguns meses antes,
tempo médio de vida, os seus hábitos, num determinado local do nosso país.
os locais que frequentam e a percentagem
de aves que partem e regressam ao nosso Como é evidente, as aves mais pequenas
país. apenas suportam anilhas de tamanho
reduzido e, para as identificar, é necessário
Os especialistas – denominados capturá-las novamente (ou encontrá-las
ornitólogos – capturam as aves (com uma quando morrerem). Os carateres inscritos
rede ou no ninho), colocam-lhes uma sobre as anilhas maiores dos patos ou
anilha numa pata e libertam-nas. Anotam dos gansos podem ser decifrados em
os dados importantes, como espécie, pleno voo, com o auxílio de uns potentes
família, peso e idade da ave e data e local binóculos ou, eventualmente, de um
de anilhagem; depois, inscrevem na anilha telescópio. No entanto, hoje também já se
um código de identificação. Dessa forma, usam anilhas de várias cores, o que facilita
torna-se possível identificar uma ave a identificação.
207
A
PORTUGAL NATURAL I
208
A
A INFLUÊNCIA DAS ESTAÇÕES
a verdura no inverno
Em Portugal existem árvores e arbustos que conservam as suas
folhas durante o inverno. Já sabemos que as coníferas (pinheiros,
cedros, ciprestes…) se mantêm sempre verdes, mas não são os
únicos. Há também, apenas a título de exemplo, o loureiro ou o
azevinho, cujas cores sobressaem, com um belo efeito, nos bosques
acastanhados; a azinheira, o sobreiro, o carrasco, o medronheiro,
o folhado, a murta e as urzes, que enchem de verde os montes e
as serras do Sul do país (não fossem espécies características do
Mediterrâneo); algumas lianas, como a salsaparrilha e a hera, que
abraçam o seu hospedeiro de tal forma que este parece manter,
também, as suas folhas; e os musgos, que parecem tingir de verde
os troncos das árvores e até pedras e rochas!
Musgos em pormenor
209
A
PORTUGAL NATURAL I
À procura de abrigo
Os insetos (que são o grupo mais numeroso do reino animal e o
mais espalhado pelo mundo inteiro) resistem às condições mais
inverosímeis: geada, seca, humidade extrema, calor intenso…
E mesmo que, por vezes, não pareça, eles continuam connosco
durante o inverno. Em menor número, talvez, mas isso não quer
Manta morta
dizer que corram o risco de desaparecer…
da floresta
Os insetos não têm um sistema circulatório
“fechado”, como o do homem; por isso — e
também por outras razões, que não vale a pena
abordar aqui — a sua temperatura corporal adapta-
-se facilmente à do meio ambiente (a expressão
“animal de sangue frio” é, neste caso, incorreta)
e, portanto, pode descer bastante.
210
A
A INFLUÊNCIA DAS ESTAÇÕES
As roupagens de inverno
Tal como algumas árvores e alguns arbustos, também há animais
que mudam de aspeto quando o inverno chega. Muitos sabem,
por exemplo, que o pelo das vacas e dos cavalos, embora não
mude de cor, fica mais espesso no inverno. E o mesmo acontece
com outros mamíferos. Além disso, muitas aves também se trans-
formam de acordo com as estações. Os machos, por exemplo,
enfeitam-se de cores garridas na altura da primavera, para sedu-
zirem as fêmeas. Repare no tentilhão: o desenho característico
que possui sobre a cabeça, que é castanho e cinzento no verão,
fica mais suave e escuro no inverno. Ou na garça-boieira, que
perde o tom alaranjado e fica completamente branca. Ou, ainda,
nas gaivotas, que adquirem penas suplementares logo que surgem
os primeiros dias de frio.
211
A
PORTUGAL NATURAL I
Em tom menor
Alguns animais restringem as suas atividades durante o inverno.
A toupeira continua a fazer os seus montículos de terra, mas com
muito menos entusiasmo e apenas num raio de 30 a 50 metros, em
vez dos 150 do período de plena atividade. O ouriço acorda apenas
uma ou duas vezes. Enrola-se num abrigo cheio de folhas, ervas e
musgo, que cobre ainda com uma espessa camada de feno… tudo
isto dentro de uma toca de coelho. Mesmo assim, quando o inverno
Joaninhas a hibernar acaba, ele terá perdido cerca de
um terço do peso inicial. E se
for incomodado, se tiver de sair
várias vezes do abrigo, perderá
uma tal dose de energia que a sua
sobrevivência ficará em perigo.
Nesse caso, ficar-lhe-á grato se o
socorrer com uma tigela de leite.
212
A
A INFLUÊNCIA DAS ESTAÇÕES
213
A
PORTUGAL NATURAL I
Bibliografia aconselhada
Farinha, J. C. (coord. da edição, ICN), Percursos, paisagens & habi-
tats de Portugal, Assírio & Alvim, 2000.
214
A
BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA
215
PORTUGAL NATURAL I
Índice remissivo
A andorinha�������������195, 200, 205-206
abelha��������������������������������185, 202-203 andorinha-do-mar����������������������������175
abelhão ���������������������������������������������������202 anémona������������������������������181-182, 197
abetarda ������������������������������������������� 22, 38 armilária-cor-de-mel����������������������156
abeto-branco������������������������������������������96 Armillariella��������������������������������������������156
abeto-do-norte������������������������������������96 aroeira������������������������������ 43, 46, 53, 188
abetos������������������������������ 56-58, 96, 167 arroz���������������������������������� 33, 39-40, 107
abrótea������������������������������������������������������125 arrozal��������������������������������������(veja arroz)
abrunheiro-bravo���������� 86, 124-125 artemísia���������������������������������������������������112
abrunheiros����������������������������������� 86, 123 ascomicetes�������������������������������163-164
acácia ������������������������������������������������������� 189 atanásia������������������������� (veja tanaceto)
��������������� (veja também falsa-acácia) Auricularia����������������������������������������������162
acasalamento �������������������������� 200, 213 auroques�����������������������10-11, 18, 20, 27
Aceras��������������������������������������������������������139 aveia�����������������������������������������������������������107
Aceras anthropophorum �����������(veja aveleira������������������������������������ 68-69, 198
���������� erva-do-homem-enforcado) azeda������������������������������������(veja labaçol)
ácer-de-montpellier������������������������� 43 azevinho����������������������������������������84, 209
Aglais urticae�������������������������������������� 204 azinhal�����������������������������(veja azinheira)
agrião��������������������������������������������������������127 azinheira ���������� 21, 33, 42, 44, 58-60
alecrim����������������������������������������������53, 122 ����������������������������������������������� 63, 82, 90, 209
alface����������������������������������������������������������� 40 azinho�����������������������������(veja azinheira)
alface-do-mar ���������������������������179, 181
alfaiate ����������������������������������������������������� 184 B
alfarroba ����������������� (veja alfarrobeira) baracejo����������������������������������������������������107
alfarrobeira�������������� 41, 58-59, 67-68 barrilha-espinhosa����������������������������187
alfazema�������������������������������������������15, 122 basidiomicetes �������������������������152-160
alfenheiro����������������������������������������������� 188 batata��������������������������������������� 34, 40, 197
alforreca �����������������������������������������172, 177 batitestas���������������������(veja dedaleira)
algas������������������ 177-179, 181-182, 190 berbigão ���������������������������������������� 170, 177
alvarinho����������������������� (veja carvalho- bexiga-de-lobo �����������������������������������161
���������������������������������������������������������-alvarinho) bivalves��������������������������������������������171, 177
Amanita bodelha ����������������������������������������� 178-179
rubescens�������������������(veja golmota) bole-bole ������������������������������������������������107
spissa ����������������������������������������������������155 boleto-bom����������������� (veja míscaros)
amanita-dos-césares ��������������������156 boleto-satanás���������������147, 159-160
amanitas�������������������151-152, 154-156 boletos����������������������������������147, 159-161
amarela-de-ovo������������������������������(veja Boletus
���������������������������amanita-dos-césares) erythropus����� (veja pé-vermelho)
amêijoa�������������������������������������������� 170, 177 satanas��������(veja boleto-satanás)
ameixoeira����������������������������������������������� 86 bolota
ameixoeira-brava ���������������������������(veja da carvalhiça����������������������������������������63
�������������������������������������� abrunheiro-bravo) do carrasco�������������������������������������������63
ameixoeira-silvestre���������������������(veja do carvalho�������������������������������������17, 59
������������������������������������������������������� ameixoeira) do sobreiro��������������������������������������������62
amendoeira������������������������������ 41, 67, 68 bolsa-de-pastor����������������������������������111
amieiro������������������ 39, 69-70, 125, 198 bons-dias�������������������������� 126, 135-136
Ammophila arenaria �������������168-169 borboletas����������������������������17, 135, 175,
amor-de-hortelão�����������������136-137 �������������������������������������������������� 185, 202-204
amor-perfeito-bravo������������������������111 bordo-comum����������������(veja bordos)
216
ÍNDICES ÚTEIS
bordos��������������������������������������������������������� 88 cavalinha��������������������������������������������������126
borrelho��������������������������������������������������� 184 cebola������������������������������������������������40, 197
branca-ursina �����������(veja canabrás) cedro-de-espanha�������������������������(veja
bufa-de-lobo�������������������������������������(veja �������������������������������������������������������������� oxicedro)
������������������������������������������� bexiga-de-lobo) cedro-do-atlas��������������������������������������95
bugalho ����������������������������������������������������� 64 cedro-do-buçaco���������������������� 94-95
bunho������������������������������������������������������� 130 cedro-do-líbano������������������������������������95
burri������������������������������������� 177, 181-182 cedros����������������������������� 34, 94-97, 209
cegonha����������������������������������������� 8-9, 24,
C ������������������������������������������������������������������� 39, 180
cabeça-negra ��������������������������������������147 celidónia-menor ������������(veja ficária)
calta������������������������������������������������������������129 centeio������������������������������������������������������107
camarinha ��������������������������������������������� 188 Ceratonia siliqua�������������������������������(veja
camomila ������������������������������������ 108-109 ������������������������������������������������������ alfarrobeira)
Canabiáceas������������������������������������������135 cerejeira-brava ��������(veja cerejeiras)
canabrás�����������������������������������������112-113 cerejeiras����������������������������������������� 86, 123
cana-de-açúcar����������������������������������107 cerejeira-silvestre������������������������������� 86
caniço���������������������������������� 126, 129-130 cervum������������������������������������������������������107
canivete����������������������������������������������������178 cervunal����������������������������������������������������107
cantarela��������������������������������������������������156 cevada ������������������������������������������������������107
Cantharellus������������������������������������������156 chapim-real���������������������������������������������211
caranguejo��������������������������173, 181-182 choco�������������������������������������172-173, 177
caranguejo-mouro������������������177, 183 chorão���������������������������������������������� 110, 189
caranguejo-violinista ��������������������� 185 �� (veja também salgueiro-chorão)
caravela-portuguesa ����������������������172 choupo-branco��������������������������������������73
cardo-marítimo ���������������������������51, 187 choupo-comum������������������������������������73
cardo-rolador�������������������������������������(veja choupo-negro����������������������������������������73
������������������������������������������� cardo-marítimo) choupos��������������������54, 69, 70, 72-73,
cardos������������������������������������������16, 51, 187 ����������������������������������������������������������������� 125, 198
carnívoras���������������������������(veja plantas cicuta-verde������������������������������������������155
���������������������������������������������������������carnívoras) cipreste-comum��������������������������������� 94
carqueja������������������������������������������121-122 cipreste-dos-cemitérios ��������������� 94
carrascal������������������������(veja carrasco) ciprestes��������������������������������58, 94, 209
carrasco������������������ 43, 46, 53, 59-60, Cistáceas �������������������������������������������������119
�������������������������������������������������������� 63-64, 209 Clavaria����������������������������������������������������162
carvalhal�����������������������(veja carvalhos) Clitocybe nebularis�����������������156-157
carvalhiça���������������46, 60, 63-64, 119 cochonilha����������������������������������������������� 64
carvalho-alvarinho����������������������������� 60 coelho���������������������������29, 188, 201, 212
carvalho-cerquinho������������43, 61, 64 cogumelo-de-leite����������������������������157
carvalho-das-canárias ������������������� 60 cogumelos���������������������������55, 144-167
carvalho-negral ������������������� 53, 60-61 colhereiro ������������������������������������������������� 54
carvalho-português�����������������������(veja Coprinus��������������������������������������������������157
��������������������������������� carvalho-cerquinho) cordeirinhos-da-praia �����������������(veja
carvalho-roble��������������53, 58, 60-61, �����������������������������������cordeiros-da-praia)
�������������������������������������������������������������������� 606 69 cordeiros-da-praia������������51, 171, 187
carvalhos������������������18, 35, 43-44, 53, Corema album������� (veja camarinha)
�����������������������58-61, 63-64, 69, 77, 79, corno-da-abundância��������������������147
��������� 82, 90, 105, 166, 196-198, 208 Cortinarius��������������������������������������������� 149
carvoeira��������������������������������������������������159 coruja-das-torres���������������������������������18
castanheiro-da-índia������������������������66 corvo-marinho�����������������175, 180, 211
castanheiros�����������������33, 58, 64-66, Coscinodiscus radiatus ���������������(veja
���������������������������������������� 166, 197-198, 208 ������������������������������������������������������������� plâncton)
217
PORTUGAL NATURAL I
couve-marítima������������������������187, 189
cracas��������������������������������������������� 180-181
F
falo impudico��������������������������������147, 161
crista-de-galo�����������(veja cantarela)
falsa-acácia�������������������������������������86-87
cuco���������������������������������������������������������� 200
falso abeto���(veja abeto-do-norte)
D fazer um herbário���� (veja herbário)
feijão ����������������������������������������������������������� 40
dedaleira�����������������������������������������114-115
dentebrura��������������������������������������������� 105 feijoeiro����������������������������������������������������� 109
dente-de-leão �������������������������������������114 feno-das-areias����������������������������������187
digitalina �����������������������(veja dedaleira) feto-dos-morangos ����������������������� 104
Digitalis purpurea�����������������������������(veja feto-fêmea-das-boticas�����������(veja
������������������������������������������������������������ dedaleira) �������������������������������� feto-dos-morangos)
drósera�������������������������������������������132-133 feto-macho������������ (veja dentebrura)
Drosophyllum lusitanicum���������(veja feto-morangueiro����������������������������� 105
�������������������� erva-pinheira-orvalhada) feto-ordinário ����������������������(veja feto-
drupa�������������������������� (veja zambujeiro) ��������������������������������������� --dos-morangos)
fetos������������������������������������� 102-106, 205
E ficária�����������������������������������������������128-129
enguia���������������������������������� 48, 206-207 fidalguinho��������������������������������������������� 108
eruca-marítima ����������������������������������187 figueira����������������������������������������41, 79-80
erva-abelha��������������������������������������������139 flamingo�������������������������������������������� 53-54
erva-aranha ������������������������������������������139 flor-dos-macaquinhos-
erva-borboleta������������������������������������139 -pendurados��������������������������������������139
erva-das-hemorroidas���������������(veja flor-dos-passarinhos����������������������139
�������������������������������������������������������������������� ficária) folhado��������������������������� 43, 53, 85, 209
erva-das-verrugas������(veja ficária) Fomes fomentarius��������������������������166
erva-da-trindade ���������� (veja amor- forragem��������������������������������������������������107
����������������������������������������������-perfeito-bravo) frade-de-sapo ���� 147, 151, 154-155,
erva-de-são-roberto�����������������������115 ����������������������������������������������������������������������������� 167
erva-do-homem- fradelho��������������������������������������������������� 158
-enforcado������������������������������ 139-140 freixo������������ 54, 69, 77, 125, 197, 208
erva-lanar ����������������������������������������������107
erva-mosca�������������������������������������������139 G
erva-perceveja������������������������������������139 gafanhoto����������������������������������������������� 194
erva-pinheira-orvalhada�����132-133 gaio�����������������������������������������������������������������17
erva-vespa��������������������������������������������139 gaivota���������������������������������� 29, 175, 180,
ervilhaca������������������������������������������������� 109 ������������������������������������������������������������������ 188, 211
ervilhas-de-cheiro��������������������������� 109 galha ��������������������������������� (veja bugalho)
ervilheira������������������������������������������������� 109 garça������������������������������������39, 54, 71, 211
escalo��������������������������������������������������������� 48 garça-boieira ���������������������������������� 71, 211
escaravelho��������������������������������� 113, 202 gastromicetes���������������������������160-162
esfondílio������������������������ (ver canabrás) geneta ����������������������������������������������27, 180
espata���������������������������������������(veja jarro) giesta ��������������������������������������46, 121-122
espinheiro-preto������������������������������� 188 giestal������������������������������������(veja giesta)
espruce����������������������������������(veja pícea) giesta-vulgar����������������������������������������122
esteva����������������������15, 46, 53, 119-120 giesteira-branca����������������������������������122
esteval �������������������������������� (veja esteva) giesteira-das-sebes������������������������122
estêvão �����������������������������������������������������119 gilbardeira������������������������������������������������123
estorno ������������������������51, 107-108, 187 gladíolo��������������������������������������������129, 197
eucaliptal�����������������������(veja eucalipto) golfinho roaz-corvineiro�������171-172
eucalipto�������������������������44-45, 58, 79, golfões������������������������������(veja nenúfar)
������������������������������������������������ 89-90, 92, 124 golmota����������������������������������������������������155
218
ÍNDICES ÚTEIS
219
PORTUGAL NATURAL I
nemátode-da-madeira- pervinca�����������������������������������������������������115
-do-pinheiro���������������������(veja NMP) pé-vermelho�����������������������������159-160
nenúfar����������������������������������125, 130-131 peziza-encarnada���������������������������(veja
Neottia nidus Avis�������������������������������������� ���������������������������������������������������������������� pezizas)
������������������������������������� (veja ninho de ave) pezizas������������������������������������������������������163
ninho de ave����������������������������������������� 140 Phallus impudicus����������������� (veja falo
NMP��������������������������������������������������������������92 ������������������������������������������������������������ impudico)
nogueira-comum ��������������������������������67 pica-pau-malhado-grande����������211
nogueira-preta��������������������������������������67 pícea�������������������������������������������������������������96
nogueiras�����������������������������������������66-67 pilriteiro ���83-84, 119, 124, 188, 208
norça-preta�������������������������43, 137-138 pilrito��������������������������������������������������������� 184
noz���������������������������������(veja nogueiras) pinguícolas�����������������������������������133-134
pinhal�������������������������������(veja pinheiros)
O pinheira�� �� (veja cogumelo-de-leite)
olival��������������������������������������(veja oliveira) pinheiro-baboso �����������������������������(veja
oliveira�������37, 41, 44, 50, 58, 78-79, �������������������� erva-pinheira-orvalhada)
������������������������������������������������������� 90, 165-166 pinheiro-bravo�� �� 36, 43-44, 54, 59,
Ophrys ���������������������������������������������������������� 91-93, 188
lutea�����������������������(veja erva-vespa) pinheiro-de-alepo ������������������������������93
tenthredinifera��������������������������������� 138 pinheiro-manso����������������� 91-93, 188
Orchis���������������������������������������������������������141 pinheiros���������36, 42-44, 54, 59, 87,
orégãos������������������������������������������� 46, 122 ����������������������� 91-93, 154, 167, 188, 209
orelha-de-judas����������������������������������162 pinheiro-silvestre ������������������������93, 97
orquídea-piramidal�����������������������������141 piorno-branco������������������������������������� 188
orquídeas��������������������������������������138-141 piorno-dos-tintureiros��������������������122
orvalhinha�������������������������������������132-134 piornos����������������������������������121-122, 188
orvalho�������������������������������������������������������������� pirilampo������������������������������������������������ 204
������ (veja erva-pinheira-orvalhada) pisco-de-peito-ruivo�����������������������211
orvalho-do-sol�������������������������������������������� plâncton������������������������������� 170, 173-176
������ (veja erva-pinheira-orvalhada) plantas
ostraceiro����������������������������������������������� 184 carnívoras����������������������������������131-134
ouriço-do-mar�������������������������������������181 trepadeiras������������������������������ 134-138
ouriços������������������������������������������������������212 umbelíferas �������������������������������112-113
����������������� (veja também castanheiro) plátano-bastardo ������������������������������� 88
ovo do diabo�������������������������������������������161 plátanos����������������������������������87, 89, 208
oxicedro������������������������������������������������������97 poejo����������������������������������������������������������127
P poliquetas������������������������������������ 183-184
primaveras����������������������������������������������197
palmeira-das-vassouras��������90-91 pútega���������������������������������������������������������119
panasco����������������������������������������������������107
pantera������������������������������������������������������155 Q
pantorra������������������������ (veja morchela) queiró ����������������������������������������(veja urze)
pão-de-ló�����������������������(veja míscaro)
papoila ���������������������������������100-101, 108 R
para-sol���������������������������(veja fradelho) rabo-de-zorra-macio ��������������������107
pato ������������������������������������������54, 207, 211 Ranunculáceas������������������������������������129
Paxillus involutus������������������������������� 158 ranúnculo-mata-boi������������������������128
peneireiro-das-torres ����������������������39 ranúnculos�������������������������128-129, 197
pereira������������������������������������������������ 85-86 Ranunculus sceleratus�����������������(veja
pereira-brava����������������������������������������� 86 �������������������������������ranúnculo-mata-boi)
perna-vermelha�������������������������������� 184 rapazinhos�������������������������������������������(veja
perpétua-das-areias��������������������� 188 ���������� erva-do-homem-enforcado)
220
ÍNDICES ÚTEIS
S T
sabina-da-praia��������������������������97, 188 tabuas��������������������������������������������� 126, 130
sabugueiro��������� 84-85, 119, 162, 197 talha-dente��������������������������������������������107
salamandra����������������������������������������������23 tanaceto ���������������������������������������������������112
salgadeira����������������������������������������������� 185 tarambolas��������������������������������������������� 184
salgueirinha���������������������������������127-128 tartaranhão-caçador�������������������������39
salgueiro������� 39, 54, 58, 70-73, 125, teixo�����������������������������������������������������97-98
����������������������������������������������������������������� 128, 198 tentilhão�����������������������������������������������������211
salgueiro-branco���������������������������71-72 testículo-de-cão��������������������������������139
salgueiro-chorão���������������������������71-72 texugo ���������������������������������������������� 18, 188
salgueiro-de-casca-roxa�����������������71 tília�������������������������������������������������������� 88-89
salgueiro-frágil�������������������������������71-72 tintulho�������������������������������������������� 151, 165
salgueiro-vimeiro���������������������������������71 tojal����������������������������������������������� (veja tojo)
Salicornia ���������������������������������������54, 185 tojo������������������������ 46, 119, 121-122, 188
Salix���������������������������������(veja salgueiro) tojo-arnal����������������������������������������������� 188
salmão�����������������������������������������������������207 tomate������������������������������������������������������� 40
salsaparrilha-bastarda �������� 43, 126, tomilho-carnudo��������������������������������187
���������������������������������������������������������������� 137, 209 tomilhos�������������������������� 15, 46, 122, 187
salva������������������������������������������������������������� 46 torga��������������������������������������������������120-121
sancha���� (veja cogumelo-de-leite) torga-comum�����������������������(veja urze)
sanguinho-das-sebes��������������������� 84 tortulhos-da-terra������ 149, 153-154
sanguinho-de-água����84, 125, 203 toupeira����������������������������������������������������212
sanguinhos ������������������������84, 125, 203 toupeira-de-água������������������������������� 48
sapal ���������������� 49, 183-185, 190, 206 tramazeira �������������������������������������� 82-83
sapo-comum����������������������������������������212 Tremellea ������������������������������������������������162
sapos���������������������������������������������� 200, 212 trepadeira-das-sebes�����������������(veja
sapróbios ����������������140, 156, 164-165 ��������������������������������������������������������� bons-dias)
221
PORTUGAL NATURAL I
222
ÍNDICES ÚTEIS
Parques naturais
e outros locais de interesse
Aire�������������� (veja Parque Natural das Estuário
������������� Serras de Aire e Candeeiros) do Mira ��������������������������������������������������� 54
Alentejo�����������(veja Costa Vicentina) do Sado ������21, 32, 49, 54, 171-172,
Alvão�������������(veja Parque Natural do ������������������������������������������������������� 175, 190, 211
��������������������������������������������������������������������� Alvão) do Tejo����������������49, 54, 175, 190, 211
Área de Paisagem Protegida Formosa������������(veja Parque Natural
da Arrábida���������������� (veja Arrábida) ��������������������������������������������da Ria Formosa)
da Arriba Fóssil da Costa de Freixo de Espada à Cinta������������������67
Caparica����������������������������51-52, 190 Jacinto��������������� (veja Reserva Natural
do Litoral de Esposende������� 51, 54, �������������������das Dunas de São Jacinto)
����������������������������������������������������������������� 170, 190 Malcata������������ (veja Reserva Natural
do Sudoeste Alentejano e Costa ���������������������������������da Serra da Malcata)
Vicentina ������������������������ (veja Costa Mamede ���������������� (veja Serra de São
������������������������������������������������������������ Vicentina) �������������������������������������������������������������Mamede)
Arrábida�������������������32, 42-43, 46, 53, Mata do Solitário ������������������������ 42-43
����������������� 61, 63, 88, 93, 138, 179-180 Mira�������������������(veja Estuário do Mira)
Barragem do Maranhão������������������� 50 Monchique�����������������������������(veja Serra
Berlenga��������� (veja Reserva Natural ����������������������������������������������� de Monchique)
����������������������������������������������������� da Berlenga) Mondego�� �� (veja Vale do Mondego)
Boquilobo������� (veja Reserva Natural Monfurado���������������������� (veja Serra de
������������������������������ do Paul do Boquilobo) ��������������������������������������������������������Monfurado)
Caldeirão���������������������������������(veja Serra Ossa����������������������(veja Serra de Ossa)
���������������������������������������������������� do Caldeirão) Parque Nacional
Candeeiros��������(veja Parque Natural da Peneda-Gerês������������������������������53
�� �das Serras de Aire e Candeeiros) Parque Natural
Caparica������ (veja Área de Paisagem da Arrábida���������������� (veja Arrábida)
���������������������Protegida da Arriba Fóssil da Ria Formosa������ 49, 54, 170, 211
������������������������������ da Costa de Caparica) da Serra da Estrela���������� 36, 47, 54,
Castro Marim�����������������������(veja Sapal ��������������������������������������������������������������������� 69, 85
��������� de Castro Marim e de Vila Real das Serras de Aire e Candeeiros����
���������������������������������������� de Santo António) ��������������������������������������������������41, 46, 93, 138
Castro Verde�����������������������(veja ZPEA) do Alvão������������������������������������������������� 54
Costa de Caparica���������������(veja Área do Montesinho����������������������������������� 54
�� de Paisagem Protegida da Arriba Paul do Boquilobo�������(veja Reserva
�������������� Fóssil da Costa de Caparica) ���������� Natural do Paul do Boquilobo)
Costa Vicentina����������51, 54, 170, 190 Reserva Natural
Douro ������������������������������������������(veja Vale da Berlenga��������������������������������� 29, 54
������������������������������������������������������������ do Douro) da Ria Formosa����������� (veja Parque
Dunas de São Jacinto(veja Reserva ������������������������ Natural da Ria Formosa)
���������������������������������������Natural das Dunas da Serra da Malcata ��������������� 29, 54
����������������������������������������������� de São Jacinto) das Dunas de São Jacinto 54, 170,
Esposende�������������������������������(veja Área ���������������������������������������������������������������������������� 190
���������������������������de Paisagem Protegida do Paul do Boquilobo�����29, 49, 54
���������������������� do Litoral de Esposende) Sado���������������(veja Estuário do Sado)
Estrela�����������(veja Parque Natural da São Jacinto����� (veja Reserva Natural
������������������������������������������� Serra da Estrela) �������������������das Dunas de São Jacinto)
223
PORTUGAL NATURAL I
São Mamede ������ (veja Serra de São Terra Quente Transmontana�������� 44,
�������������������������������������������������������������Mamede) ���������������������������������������������������������������������� 62, 67
Sapal de Castro Marim Trás-os-Montes����������������� (veja Terra
e de Vila Real �������������������������� Quente Transmontana)
de Santo António ����������������������������� 49 Vale
Serra do Douro ��������������������������������21, 38, 44
de Monchique���������������������38, 60, 82 do Mondego �������32, 39, 44, 60-61
de Monfurado���������������������������������������61 do Vouga���������������������������������������39, 44
de Ossa����������������������������������������������������61 Vila Real de Santo António���������(veja
de São Mamede��������������������������������47 ���������������� Sapal de Castro Marim e de
de Sintra����������������������34, 61, 104, 138 ����������������� Vila Real de Santo António)
do Caldeirão������������������������������������������82 Vouga������������������(veja Vale do Vouga)
Sintra������������������(veja Serra de Sintra) Zona de Proteção Especial
Solitário������������������������������������(veja Mata para Aves
������������������������������������������������������� do Solitário) de Castro Verde�������������(veja ZPEA)
Tejo��������������������(veja Estuário do Tejo) ZPEA������������������������������������������������������������39
Associações e instituições
CBA���������������������������������������������������������������23 do Território e Ambiente ��������������������
Centro de Biologia Ambiental ���������������������������������������������������� (veja GEOTA)
da Faculdade de Ciências da ICNF������������������������28-29, 55, 142, 153
Universidade de Lisboa �����������(veja Instituto da Conservação
������������������������������������������������������������������������ CBA) da Natureza e das Florestas ������������
cE3c��������������������������������������������������������������23 ���������������������������������������������������������� (veja ICNF)
Centro de Ecologia, Evolução Liga para a Proteção
e Alterações Ambientais. . . . . (veja da Natureza������������������������������������������������
cE3c) ����������������������������������������������������������� (veja LPN)
Centro de Informação LPN����������������������������������������������������� 39, 213
Antivenenos ���������������������(veja CIAV) Quercus����������������������������������������������������213
CIAV��������������������������������������� 138, 164, 167 Sociedade Portuguesa
Espaço de Visitação e Observação de Botânica ������������������ 142-143, 213
de Aves������������������������������ (veja EVOA) Sociedade Portuguesa
EVOA����������������������������������������������������������213 para o Estudo das Aves ����������������������
GEOTA ������������������������������������������������������213 ������������������������������������������������������� (veja SPEA)
Grupo de Estudos de Ordenamento SPEA����������������������������������������������������������213
224
No segundo volume descubra mais
sobre a fauna do nosso país.
Também em versão digital.
225