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TESTE DE AVALIAÇÃO – 12º ANO

ESCOLA______________________________________________________ DATA ___/ ___/ 20__

NOME_______________________________________________________ N.O____ TURMA_____

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

PARTE A

Leia o poema.

POBRE VELHA MÚSICA!


Não sei por que agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.

5 Recordo outro ouvir-te.


Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.

Com que ânsia tão raiva


10 Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.

Fernando Pessoa, Poesia do Eu – Obra Essencial de Fernando Pessoa


(ed. Richard Zenith), 3.ª ed., Lisboa, Assírio & Alvim, 2014, p. 169.

1. Demonstre a coexistência de tempos distintos no poema, destacando as marcas


linguísticas que a comprovam.

2. Explicite o papel da música no estado de alma do sujeito poético.

3. Refira dois efeitos de sentido produzidos pela pontuação na última quadra.

4. Explique o paradoxo presente no último verso.

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PARTE B

Leia um excerto do poema “O sentimento dum ocidental”.

Nas nossas ruas, ao anoitecer,


Há tal soturnidade1, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício2, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

[…]
5 Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.

Voltam os calafates3, aos magotes,


10 De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

E evoco, então, as crónicas navais:


Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
15 Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

Cesário Verde, Cânticos do Realismo. O livro de Cesário Verde


(coord. Carlos Reis), Lisboa, INCM, 2015, pp. 122-123.

Notas:
1
soturnidade: caráter sombrio;
2
bulício: agitação;
3
calafates: operários navais.

Escreva uma breve exposição, onde desenvolva os seguintes aspetos observáveis nas
estrofes apresentadas:
− a visão da cidade e dos tipos sociais;
− o imaginário épico.

A sua exposição deve incluir:

− uma introdução ao(s) tema(s);


− um desenvolvimento no qual explicite devidamente as temáticas, fundamentando a
sua resposta com citações textuais pertinentes;
− uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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GRUPO II

A música também tem fins terapêuticos


Ter a música presente do princípio ao fim da vida só pode fazer bem. Se houver
necessidades especiais, mais ainda. E não se está a falar em criar músicos virtuosos, como
explica a musicoterapeuta Marisa Raposo: “Não há objetivos de aprendizagem musical nem
de performance musical para um ouvinte, mas sim terapêuticos.” E descreve: “Nas sessões de
5 musicoterapia, o utente participa ativamente com os instrumentos musicais para desenvolver
diversas competências neuropsicológicas.”
Convidada pelo Festival de Música de Setúbal, que organiza o encontro no Instituto
Politécnico da cidade, a especialista açoriana esteve no domingo, na Casa da Avenida, na
companhia do musicoterapeuta britânico Simon Procter, a dar conta do que será discutido
10 nesta segunda-feira por académicos britânicos e portugueses. “O simpósio ‘Música, Saúde e
Bem-Estar’ reúne profissionais de três áreas que utilizam a música para fins diferentes, mas
que se aproximam (educadores musicais que fazem ensino adaptado para pessoas com
necessidades especiais, músicos que fazem performances em contextos de saúde para
promoção de bem-estar e musicoterapeutas, que utilizam a música como mediação
15 terapêutica).”
Em Portugal, há cerca de 80 musicoterapeutas a exercer a profissão, que tem de ser
reconhecida pela Confederação Europeia de Musicoterapia. E já é, nomeadamente o
mestrado na Universidade Lusíada, como nos conta Marisa Raposo: “É a confederação que
nos incentiva a continuar na luta; o reconhecimento não é feito pelas entidades competentes
20 em Portugal (para termos um código profissional na Classificação Portuguesa das Profissões)
e podermos ter empregos com contratações, inclusive públicas, tal como acontece noutros
países.”
Quisemos saber, na prática, o que faz um musicoterapeuta. Resposta: “No contexto da
saúde, o musicoterapeuta é o profissional que utiliza a música como veículo para ajudar o
25 utente a manter, melhorar e/ou restabelecer funções cognitivas, comunicativas, emocionais
e sociais, utilizando as experiências musicais como uma forma de mediação e não como a
finalidade da intervenção.”
Não há um momento certo e único para se iniciar uma terapia desta natureza, já que
“a musicoterapia é uma terapia complementar que integra o ser humano na sua amplitude,
30 ou seja, nas dimensões biopsicossocial”. Assim sendo, “pode intervir em todo o ciclo de vida”.
A doutoranda em Ciências da Cognição e da Linguagem pela Universidade Católica
Portuguesa dá alguns exemplos relevantes e comprovados por estudos científicos já
desenvolvidos.
https://www.publico.pt/2018/05/27/sociedade/noticia/a-musica-tambem-tem-fins-terapeuticos-1832316
(texto adaptado, acedido em setembro de 2018).

1. A musicoterapia é uma atividade


(A) integrada na área do lazer e do entretenimento, mas sem expressão em Portugal.
(B) que, embora eficaz, é muito dispendiosa, o que a inviabiliza.
(C) que implica o domínio de vários instrumentos musicais por parte do utente.
(D) desenvolvida por especialistas e que visa auxiliar doentes no seu processo de cura.

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2. A atividade do musicoterapeuta,
(A) apesar de reconhecida e integrada a nível europeu, carece de regulação em Portugal.
(B) embora desempenhada em condições bastante favoráveis, não oferece estatuto
social.
(C) não obstante o seu reconhecimento terapêutico, só pode ser desempenhada numa
escola de música.
(D) embora possa ter uma componente terapêutica, é desenvolvida em contexto de
saúde e bem-estar.

3. A musicoterapia pretende auxiliar


(A) crianças que revelem dificuldades no seu processo de aquisição da linguagem.
(B) idosos com problemas de integração social, originados por doenças neurológicas.
(C) todo o ser humano que revele carências a nível psicológico ou social, entre outros.
(D) todo o ser humano que revele dificuldades de integração a nível social.

4. Ao longo do texto, as aspas são utilizadas para destacar frases


(A) em discurso indireto.
(B) em discurso indireto livre.
(C) que correspondem a citações.
(D) consideradas fundamentais.

5. A oração “Se houver necessidades especiais” (ll. 1-2) classifica-se como subordinada
adverbial
(A) concessiva.
(B) condicional.
(C) consecutiva.
(D) comparativa.

6. O termo “neuropsicológicas” (l. 6) é uma palavra


(A) derivada por prefixação.
(B) composta por radical + palavra (composição morfológica).
(C) composta por palavra + palavra (composição morfossintática).
(D) derivada por parassíntese.

7. A função sintática desempenhada pelo pronome relativo na frase “que tem de ser
reconhecida pela Confederação Europeia de Musicoterapia.” (ll. 16-17) é de
(A) sujeito.
(B) complemento direto.
(C) complemento indireto.
(D) complemento do nome.

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8. Classifique a oração “que organiza o encontro no Instituto Politécnico da cidade” (ll. 7-8).

9. Transcreva o referente do pronome da frase “que utilizam a música para fins diferentes”
(l. 11).

10. Indique a função sintática do constituinte sublinhado em “como nos conta Marisa
Raposo” (l. 18).

GRUPO III

A música pode ter variadas funções; não está, portanto, confinada ao entretenimento.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de


trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre o poder da música na
vida humana.

No seu texto:
− explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista fundamentando-o em dois
argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
− utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

COTAÇÕES

GRUPO
I 1 2 3 4 5
20 20 20 20 20 100
II 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 50
III Item único 50
Total 200

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Proposta de correção
GRUPO I

PARTE A

1. Ao longo do poema, percebe-se a coexistência do presente e do passado, ainda que este seja
vivenciado pelo “eu” lírico através do recurso à memória quando ouve “a música”. Tal é percetível
pela utilização das formas verbais no presente do indicativo (“sei”; “enche-se” e “recordo”, entre
outras) e pretérito perfeito e imperfeito do indicativo (“ouvi”; “era”) assim como das formas
adverbiais “outrora” e “agora” que marcam as referências temporais.

2. A música tem um papel antagónico no estado de espírito do “eu” lírico. Por um lado, quando é
ouvida, causa uma espécie de “agrado”, apesar de provocar “lágrimas”, talvez motivadas pela
“saudade” do tempo do passado, a infância, em que o sujeito poético pensa ter ouvido a mesma
música. Por outro lado, o “eu” lírico refere que, ao ouvir a música, tem vontade de regressar a esse
tempo, pois recorda-o como um tempo de felicidade.

3. A utilização expressiva da exclamação, reforçada pela forma verbal “quero”, confere intensidade,
veemência e mesmo urgência à vontade e necessidade de o “eu” poético regressar a um tempo
que ele recorda como feliz. Contudo, através da interrogação retórica, é lançada a dúvida sobre
essa certeza, o que origina a afirmação-resposta “Não sei”.

4. Na sequência da constatação de que não sabe se realmente foi feliz na infância, no último verso, o
sujeito poético afirma que, ao ouvir a “pobre velha música”, viveu, agora, no presente, enquanto
adulto, momentos felizes provocados pela ideia de que, na infância, esta “pobre velha música” lhe
proporcionou felicidade.

PARTE B
5. O aluno deverá referir os seguintes aspetos:
− a cidade e os tipos sociais – a cidade triste, soturna que provoca abatimento no “eu” lírico (1ª
estrofe); o trabalho difícil dos carpinteiros e dos calafates (2ª e 3ª estrofes);
− o imaginário épico presente na evocação do passado glorioso de Portugal e dos portugueses
(última estrofe).

GRUPO II

1 – D; 2 – A; 3 – C; 4 – C; 5 – B; 6 – B; 7 – A
8. Subordinada adjetiva relativa explicativa
9. “profissionais de três áreas”
10. Complemento indireto

GRUPO III
Proposta de texto

Desde a ancestralidade que a música acompanha o Homem. Ela é um meio de comunicação eficaz na
transmissão dos sentimentos – de alegria, de esperança, de satisfação, de bem-estar e de libertação,
mas também de tristeza, de repúdio e de revolta contra algumas atitudes e comportamentos.

O Homem tem por hábito festejar acontecimentos ou situações em que participa: nascimentos,
casamentos, festas de aniversário, vitórias e sucessos alcançados. A música é uma forma de criar ou de
reforçar laços e sentimentos entre familiares, amigos e comunidade, nestas e em outras celebrações, já
que, pela música, se exterioriza a alegria, a felicidade e a comunhão de interesses.

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Por outro lado, a música está presente em momentos de tristeza, por exemplo na morte, vista na
sociedade ocidental como um tempo de luto e de dor. Os tons e as melodias manifestam-se em
conformidade com o sentimento de tristeza que marca esses momentos, apesar de, em algumas
culturas, a celebração da morte poder ser feita através de danças, rituais e cânticos que marcam uma
nova etapa. É frequente, pois, associarmos a música a momentos de tristeza ou de desgosto, servindo
como forma de exteriorização desse tipo de sentimentos. Nos momentos mais marcantes da História
Universal, a música desempenhou também um papel libertador. Por exemplo, nos campos de
concentração, durante a Segunda Guerra Mundial, os prisioneiros judeus compunham e entoavam
canções como forma de mitigar a dor e de transmitir esperança. No caso português, lembremo-nos de
Zeca Afonso que, até à revolução de 25 de abril, utilizava as canções, logo a música, como arma de
propaganda política contra a ditadura.

Conclui-se, portanto, que a música é poderosa. A melodia que transmite veicula sentimentos, de
alegria ou de tristeza, de acordo com o estado de espírito de quem a compõe e é interiorizada, por
quem a ouve, proporcionando sensações de satisfação, de bem-estar, de libertação e de esperança.

[311 palavras]

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