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NOVO PLURAL 12 – LIVRO DO PROFESSOR

Português • 12.º Ano • Ensino Secundário


TESTES SUMATIVOS
NOME: ________________________________________________________________________ ANO: ______ TURMA: ______ N.º ______

TESTE 2 Bernardo Soares, Livro do Desassossego + poesia do heterónimo Álvaro de Campos Unidade 1

Texto B
Leia o texto.
1 Acordo de noite, muito de noite, no silêncio todo.
São – tictac visível – quatro horas de tardar o dia.
Abro a janela diretamente, no desespero da insónia.
E, de repente, humano,
5 O quadrado com cruz de uma janela iluminada!
Fraternidade na noite!
Fraternidade involuntária, incógnita, na noite!
Estamos ambos despertos e a humanidade é alheia.
Dorme. Nós temos luz.
10 Quem serás? Doente, moedeiro falso, insone simples como eu?
Não importa. A noite eterna, informe, infinita,
Só tem, neste lugar, a humanidade das nossas duas janelas,
O coração latente das nossas duas luzes,
Neste momento e lugar, ignorando-nos, somos toda a vida.
15 Sobre o parapeito da janela da traseira da casa,
Sentindo húmida da noite a madeira onde agarro,
Debruço-me para o infinito e, um pouco, para mim.
Nem galos gritando ainda no silêncio definitivo!
Que fazes, camarada, da janela com luz?
20 Sonho, falta de sono, vida?
Tom amarelo cheio da tua janela incógnita...
Tem graça: não tens luz elétrica.
Ó candeeiros de petróleo da minha infância perdida!
25-11-1931
Álvaro de Campos – Poesia, ed. de Teresa Rita Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002.

4. Indique três sentimentos desencadeados no sujeito poético pelas diversas sensações experimentadas ao acordar, sozinho, na
noite e revelados nas estrofes um a quatro.

5. Interprete a apóstrofe final do poema, integrando-a na poética de Álvaro de Campos.

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4. Ao acordar, sozinho, na noite, o sujeito poético experimenta diversas sensações (auditivas: o
silêncio, o tictac; visuais: a janela iluminada do vizinho e a luz da sua própria janela; e tácteis: a
humidade da noite), que desencadeiam os seguintes sentimentos:
– «desespero» pela «insónia» que o despertou;
– surpresa, júbilo e depois curiosidade, face à luz de uma janela, que assinala a presença de
outro ser humano em vigília como ele;
– «fraternidade» e comunhão com esse outro ser, acordado como ele, naquela hora de solidão
noturna.

5. O poema termina com a apóstrofe «Ó candeeiros de petróleo da minha infância perdida!»,


que remete, de imediato, para um sentimento de nostalgia da infância irremediavelmente
perdida pelo sujeito poético. Esta nostalgia, desencadeada pela visão da luz de um candeeiro
de petróleo como os da sua infância, é um tema que Álvaro de Campos partilha com
Fernando Pessoa ortónimo.

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