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SUCESSÃO ECOLÓGICA

A estratégia de desenvolvimento de comunidades e


ecossistemas

Variação da estrutura de uma comunidade ao longo do tempo

1. Processo aparentemente ordenado de desenvolvimento da


comunidade que envolve alterações da estrutura específica e
dos processos da comunidade com o tempo.
2. Resulta da modificação do ambiente =sico pela comunidade
3. Conclui num ecossistema que mantém a máxima biomassa e
a relação entre os organismos
• COMUNIDADE CLÍMAX

– Comunidade rela:vamente estável que se encontra em equilíbrio com as condições


ambientais envolventes (large-scale vision)

• COMUNIDADE PIONEIRA

– Os primeiros organismos a colonizar ou re-colonizar uma área

• SUCESSÃO PRIMÁRIA

– Sucessão ecológica num habitat nunca antes habitado

• SUCESSÃO SECUNDÁRIA

– Em locais que foram já habitados

§ O processo “sucessional” foi interrompido ou fortemente modificado, quer por


agentes naturais (ex. pragas, inundações, deslizamento de terras, incêndios),
que por ação directa ou indirecta do Homem (ex. desflorestação, fogo,
agricultura, pastoreio em excesso, contaminação)
Tempo e direção da sucessão
• As componentes física e biológica alteram-se no tempo,
atravessando um conjunto de fases (seres). Estas alterações são
ordenadas e as perturbações naturais ou antropogénicas levam a
um reaparecimento de uma comunidade semelhante à que
ocupava o lugar. Verifica-se uma aparente direção ao longo do
tempo, atingindo um eventual equilíbrio (comunidade estável)

Reconhece apenas uma comunidade clímax para


Comunidade clímax uma região, cujas características são
segundo Clements, 1916 determinadas apenas pelo clima
Os processos da sucessão e modificações do
ambiente superam os efeitos das diferenças
existentes na topografia, geologia, litologia e
outros fatores.
Com o tempo a paisagem de uma determinada
região será colonizada por uma comunidade
uniforme de plantas
FASES

ECESIS SERE CLIMAX

Fixação de pioneiros Alteração na diversidade e “Estabilidade” na


abundância das populações composição das
comunidades
SUCESSÃO

Otília Correia (1998)


Plantas aquáticas

Lago
Pântano
Ex: Nymphoides peltata

Ex: Iris pseudacorus


Typha latifolia
Bosque

Zona húmida

Salgueiros/Amieiros

Ex: Mentha aquatica


http://www.countrys Rana temporaria
ideinfo.co.uk/succes
sn/hydro.htm
Ex: Carex sp.
SUCESSÃO PRIMÁRIA

• Sucessão dunar
– Anteduna Salsola kali L.

Cakile maritima (Scop.)


Euphorbia paralias L.; E.
peplis L. A.
Elymus farctus

Otanthus maritimus (L.)

Duna 1ª
Duna 1ª
Calystegia soldanella (L.) R. BR

Eryngium maritimum L.

Ammophila arenaria (L.) LINK


Euphorbia paralias L.
Crucianella maritima L.

Pancratium maritimum L.

Leontodon
taraxacoides
Duna 2ª

Anthemis maritima L.

Artemisia
campestris L.
Medicago marina L.
Sedum sediforme

Thymus carnosus BOISS

Anagallis monelli L.

Armeria maritima Willd


Pinus pinaster Aiton Os últimos estádios na sucessão
Salgueiro anão (Salix
Corema album arenaria L.)

Urze-branca (Erica Uva-de-cão (Tamus


arborea L.), communis L.) Gilbardeira (Ruscus
aculeatus L.)
COMUNIDADE “CLIMÁCICA”

• Floresta de Quercus

Carvalho-alvarinho (Quercus robur L.)


Bosque (Coimbra)
Quercus suber
Arbutus unedo L. Quercus robur

Lavandula pedunculata
Viburnum tinus
Quercus pyrenaica
“Clímax” Manutenção, por unidade de
corrente de energia disponível,
a máxima biomassa e a
relação entre os organismos

Comunidade estável Atributos médios do


conjunto de mosaicos na
paisagem/comunidade

Modelo de mosaicos estabilizado


Padrões ecológicos e características das comunidades
em diferentes fases da sucessão ecológica
Sucessão ecológica e estratégias de sobrevivência

Ex. Curvas de sobrevivência


Sobreviventes por milhar

Dependentes Reprodutivos Pós-reprodutivos


• Normalmente distinguem-se três estereótipos de curvas de sobrevivência (I, II, III)
(original de Deevey, E.S. 1947 - Life tables for natural populations of animals.
Quarterly Review of Biology 22:283-314)
• O tipo I é tipificado pelos grandes mamíferos, incluindo a população humana,
alguns invertebrados marinhos, excluindo a fase de vida planctónica, e muitas
plantas superiores. A sobrevivência é muito elevada na primeira parte do ciclo de
vida. Verifica-se que uma percentagem muito elevada da população tem uma
longevidade que se aproxima muito da longevidade fisiológica em condições
ideais
• A curva II implica uma taxa de sobrevivência constante, independente da idade, e
é típica da fase pós-juvenil de muitas aves, mamíferos roedores e algumas
plantas
• A curva III é típica de muitas espécies marinhas, insectos e parasitas, com taxas
de sobrevivência baixíssimas nas idades jovens. Na prática, as curvas de
populações reais situaam-se em posições intermédias entre as curvas protótipo e
têm maiores irregularidades do que estas
a) Oportunista b) Prudente ou equilibrada
• Muita descendência • Pouca descendência
• Pouco cuidado parental • Cuidado parental importante
• Sobrevivência tipo III • Sobrevivência tipo I ou II
• Ciclos de vida anuais ou menos • Vive normalmente + de 1 ano

Estratégias de seleção-r Estratégias de seleção-K


• Características das
estratégias de
selecção r e K
SUCESSÃO E PRODUTIVIDADE

– Produção primária

Rendimento da conversão de energia radiante em matéria orgânica

– Produção primária bruta

Velocidade à qual a energia solar é convertida em energia potencial


de biomassa

– Produção primária líquida

Velocidade de armazenamento da matéria orgânica nos tecidos


(deduções da PPB, ex. respiração)
BIOENERGÉTICA DE UMA SUCESSÃO
• Nas fases iniciais da sucessão, a produção primária total (P)
excede a velocidade de respiração da comunidade (R):
Sucessão autotrófica
P/R > 1

• No caso de poluição orgânica acontece o inverso: Sucessão


heterotrófica

• À medida que a sucessão progride a razão P/R tende para 1

• P/R ® Índice funcional de maturidade


Sucessão numa floresta

P bruta
Biomassa

Respiração

20 40 60 80
Anos
• Sucessão de degradação
Mudanças sequenciais na comunidade associada a processos de decomposição
(heterotrófica)

Voss et al.
SUCESSÃO E RIQUEZA ESPECÍFICA

Riqueza específica

Perturbação Tempo

Espécies pioneiras Fase madura


DIVERSIDADE DE ESPÉCIES NUMA SUCESSÃO - FLORESTA
PERTURBAÇÃO E BIODIVERSIDADE
http://www.nature.com/
scitable/knowledge/libra
ry/disturbance-and-
diversity-an-ecological-
chicken-and-13256228

“Assigning causation to the disturbance-diversity relationship


can be challenging, as each factor can influence the other”

Influencia a variação da frequência, intensidade


ou duração da perda real de biomassa

Influencia a coexistência das espécies e a


manutenção da biodiversidade
• Frequência – periodicidade do evento de perturbação
Intensidade - quão forte o evento (grau de mortalidade provocada)
Escala – área que abrange a perturbação

Intermediate
disturbance hypothesis
(IDH)
RESISTÊNCIA E RESILIÊNCIA

Resistência: a capacidade de uma comunidade ou ecossistema para


manter a sua estrutura e/ou função face a uma potencial
perturbação
Resiliência (de uma forma mais abrangente semelhante a estabilidade): a
capacidade de uma comunidade ou ecossistema para voltar às suas
condições iniciais após um fenómeno de perturbação

A diversidade pode afetar a estabilidade da comunidade,


influenciando a sua resposta às perturbações e/ou
flutuações ambientais – teoria diversidade-estabilidade

Ex. ­ diversidade ® ­ atributos funcionais da comunidade ® ­ probabilidade de uma


espécie poder compensar as respostas negativas de outras espécies à perturbação
Resultado positivo
da diversidade
porque parcelas
mais diversificadas
têm maior
probabilidade de
incluir uma espécie
resistente à seca,
compensando a
perda de biomassa
de espécies menos
resistentes
Diversidade genética Brooker et al. 2016. Functional Ecology 30, 98–107
Facilitation and sustainable agriculture: a mechanistic
approach to reconciling crop production and conservation

Além dos efeitos da diversidade de


espécies, a população e a variação
genética dentro das espécies pode
também afetar a perturbação e a
variabilidade ao longo do tempo
Designing agricultural landscapes for biodiversity-based
ecosystem services. Basic and Applied Ecology 18 (2017) 1-12 |
http://dx.doi.org/10.1016/j.baae.2016.07.005

O modelo atual de intensificação agrícola que produz altos


rendimentos resultou igualmente em perda de biodiversidade, funções
ecológicas e serviços dos ecossistemas em paisagens agrícolas.

A simplificação da paisagem (as antigas paisagens heterogéneas


contêm cada vez menos habitats quer para as espécies agrícolas quer
para as espécies selvagens) exacerba as perdas de biodiversidade que
levam a reduções nos serviços dos ecossistemas dos quais a
agricultura depende.

Perde-se capacidade de resiliência


Landis, 2017
Landis, 2017
A diversidade e a estabilidade de uma comunidade estão interligadas.
Os efeitos dos diversos fenómenos de perturbação podem ser amenizados
devido ao elevado número de espécies que interagem entre si, levando a
que as perturbações não provoquem consequências mais drásticas nas
espécies que fazem parte da comunidade quando comparado com os efeitos
nestas espécies isoladamente

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