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Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Ciências Biológicas

FATORES QUE INFLUENCIAM A


DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E
TEMPORAL DAS POPULAÇÕES

Prof. Dr. Selvino Neckel de Oliveira


 A DISTRIBUIÇÃO das populações inclui
todos as áreas (espacial) que a população
ocupa ao longo de seu ciclo de vida
(temporal).

 Assim áreas de desova, recrutamento,


alimentação devem ser incluídas.
Distribuição espacial das espécies

1 - DISTRIBUIÇÃO: Abrangência geográfica e ecológica.

a) Cosmopolita – normalmente várias populações.


 Distribuição de Rhizophora mangle
Distribuição espacial das
espécies/populações
b) Restrita a determinada área/habitat
Limites de distribuição revelam adaptação das espécies a um
certo habitat – que neste caso, pode ser uma população.

Os indivíduos de salmão (Onchorynchus nerka) habitam, quando adultos, o Golfo do


Alasca, depois migram rio acima reproduzir. As áreas de desova incluem o Lago
Stuart, mais de 1000 km rio acima da boca do rio Fraser.
Não confundir Distribuição de uma espécie com:

- Dispersão
– Descreve a maneira pela qual os indivíduos afastam-se uns dos
outros = uma população.

 As plantas crescem onde suas sementes caem, mas estas


podem se deslocar por meio do vento, da água e de animais.

 Os animais se locomovem à procura de recurso e abrigo,


mesmo se esse deslocamento significa mover-se a 1 cm em
uma folha

- Migração
– Refere-se ao movimento direcional em massa pelo qual os
indivíduos se dirigem de um local ao outro = uma ou mais
populações
 Desde um enxame de gafanhotos até o movimento de
manadas de elefantes.
A distribuição Espacial de uma população pode
ser:

- Agregada/agrupada;
- Aleatória ou ao acaso;
- Regular, uniforme ou homogênea.
Agregada Aleatória Homogênea
Padrões Espaciais - Escala
 Porém, o tipo de distribuição espacial é determinado pela escala a
qual se esta trabalhando.

 Exemplo:
– Em escala ampla, os insetos afídeos pareceriam estar
segregados em manchas florestais e inexistentes em áreas mais
aberta.

– Amostragem focando somente áreas florestais, os afídeos seriam


agregados somente em torno de sua própria planta hospedeira
Padrões Espaciais - agregada
A distribuição agregada é a mais comum. Ela é devida a variações
freqüentemente pequenas, mas importantes para os animais, nas
características do ambiente ou então é devida ao comportamento
desses animais.

É importante ressaltar que as modificações na densidade das


populações podem causar modificações no tipo de distribuição
espacial.
Padrões Espaciais - agregada
A reprodução vegetativa
faz surgir distribuições
agrupadas. Coconino
National Forest, Arizona,
mostra muitos clones
diferentes de árvores de
Aspen, que são
distinguidas pelo
momento da queda das
folhas. Dentro de cada
clone, cada caule
individual (“árvore”)
cresceu de um sistema
radicular comum que se
desenvolveu de uma
única plântula.
Exemplo Dist. Uniforme
A distribuição uniforme ocorre devido à intensa
competição entre os indivíduos – associado a indivíduos
territorialistas.

Os peixe-donzela que escolhem um território e


apresentam um caráter muito individualista, parecem ter
uma distribuição espacial uniforme.
Exemplo Dist. Uniforme
Um dos melhores exemplos de distribuição
uniforme é o gastrópoda Tellina tenuis, que vive na
areia das praias do Canal da Mancha.
A distribuição ao acaso só se encontra nos meios
homogêneos e nas espécies que não têm
nenhuma tendência à agregação.

Ex. onças, algumas espécies plantas pioneiras


Padrões Temporais

 As formas de distribuição temporal representam o


modo de ocorrência dos indivíduos de uma população,
em relação ao tempo – e raramente da espécie.

 Podem ser considerados dois tipos de padrões:


– Padrão circadiano - Mudanças da forma de distribuição entre o
dia e a noite. Ex. migração vertical do plâncton.

– Padrão sazonal mudanças na distribuição ao longo do ano. Ex.


agrupamentos reprodutivos de aves ou mamíferos.
Padrões Temporais

Padrão circadiano - flutuação regular (cíclica) da migração vertical do


zooplâncton lacustre, cuja movimentação está relacionada com a quantidade de
luz que incide sobre o lago (modificado de Whittaker, 1970)
Fatores abióticos que influenciam a
distribuição das
especies/populações
Ecologia
 Estudo da distribuição e abundância dos
organismos

 Para compreender a distribuição e


abundância, é preciso conhecer os limites
impostos pelas condições ambientais
Condição Ambiental
 influencia no funcionamento dos organismos
vivos, logo na sua distribuição
– Temperatura
– Umidade relativa
– pH
– Salinidade
– Concentração de poluentes
– ...
 Condições não são consumidas ou esgotadas
Fatores Limitantes
 sucesso ecológico e suas conseqüências
– crescimento, reprodução, fotossíntese,
tamanho da população
 muitas vezes regulados pela
disponibilidade de poucos fatores ou
necessidades pouco abundantes
 “lei do mínimo de Liebig”
“o sucesso de um organismo em um meio ambiente depende de que nenhum fator de
sobrevivência exceda seu limite de tolerância”.
 Em climas áridos a produção primária está
fortemente correlacionada com a precipitação
 nestes ambientes a água é o fator limitante
predominante

Justus von Liebig (1803-1873)


Quais são estes fatores limitantes?
 Nutrientes
 Água
 Temperatura
 Em nível populacional muitas vezes os
fatores limitantes podem ser, por
exemplo:
– o próprio clima
Limite de tolerância de Shelford

 tanto a escassez como a demasia de um


determinado fator podem ser prejudiciais a um
organismo

Rio Negro, Amazonas. Floresta de igapó.


Victor Ernest Shelford (1877-1968)
lagarto em um ambiente  temperatura pode ser um fator
desértico
limitante
 limite de tolerância restrito a
algumas poucas horas do dia
– durante a noite e no início da manhã a
temperatura do deserto é
demasiadamente baixa
– na maior parte do dia a temperatura é
muito alta
 O lagarto compensa estas
variações de temperatura passando
as primeiras horas da manhã em
lugares ensolarados, e mais tarde a
maior parte de suas atividades terá
lugar à sombra.

Aporosaurus anchietae,
Deserto da Namibia  = distribuição temporal
(www.nigeldennis.com)
(circadiano)
Curvas de rendimento

 curvas de rendimento ou de tolerância


 tipicamente têm forma de sino e são
unimodais
– os picos representam as condições ótimas
para determinado processo fisiológico
Níveis ótimos
 Para algumas condições, há um nível ótimo no
qual um organismo pode exibir o seu
desempenho máximo
Curva ilustrando uma condição
ambiental sobre sobrevivência
(S), crescimento (G) e reprodução
(R) de um indivíduo.
As condições extremas são
letais, as condições menos
extremas impedem o
crescimento, apenas as
condições ótimas possibilitam
a reprodução.
Condições “ótimas”
 Evolutivamente, são aquelas sob as quais
os indivíduos deixam mais descendentes
– São os mais aptos
 Na prática: difícil determinar: necessita de
observações por várias gerações
 A forma exata da curva de resposta de
uma espécie varia de condição para
condição
Temperatura
 A maioria dos processos vivos ocorre na
faixa de temperatura em que a água é
líquida
 0 a 100o C, na superfície terrestre
 Poucas plantas e animais podem
sobreviver a temperaturas maiores que
45oC
 Taxa de consumo de
oxigênio do besouro-da-
batata (Leptinotarsa
decemineata), que duplica
para cada elevação de 10o
C acima de 20o C, mas
aumenta menos
rapidamente em
temperaturas mais altas
pH
 Acidez e alcalinidade são
medidas numa escala de
pH que corresponde ao
negativo do log da
concentração do íon
hidrogênio, em moles por
litro
– pH da água pura, definido
como neutro, é de 7
– Significa que a
concentração de íons de
hidrogênio é de 10-7
(0,0000001) moles por litro
– Íons de H são altamente reativos
 Podem afetar atividades enzimáticas
 Podem dissolver minerais das rochas e solo
 efeito importante no balanço dos íons Cálcio
 maior em ambientes mais alcalinos

– Sangue humano: pH entre 7,3 e 7,5


 Maior parte dos
organismos vivos não
tolera pH abaixo de 3
ou acima de 9

 Algumas bactérias,
por outro lado, têm
seus limites de
tolerância em
extremos de pH
Lago Natron, Tanzania, com pH
variando entre 9 e 10,5
Cianobactéria Spirulina platensis
ocorre em lagos alcalinos com
pH até 11

Thiobacillus ferroxidans ocorre em


resíduos de processos industriais e
tolera pH 1, podendo crecer em pH 0
Salinidade
 Efeito sobre a regulação osmótica
 Absorção de água
 Importante em locais onde há gradientes bem definidos
– transição marinha/água doce
– Transição terrestre/aquática

Conocarpus erecta
Oxigênio dissolvido
 Em ecossistemas aquáticos
 Relação entre oxigênio e temperatura
Estratificação nos lagos
afeta os níveis de oxigênio
na água

O oxigênio se torna
deplecionado no
hipolímnio

Em lagos temperados: estratificação térmica


condiciona a estratificação química
Em lagos tropicais: uma independe da outra
Árvores mortas da Represa de Balbina, AM

Fitomassa inundada em represas consome grande parte do


oxigênio, causando déficit no hipolímnio e não raro em toda
a coluna d’água
Fatores bióticos serão discutidos
nas próximas aulas – interações
biológicas

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