Você está na página 1de 159

Percursos de evasão

Alentejo
e
Algarve

DECO PROTESTE DIGITAL


INSTRUÇÕES DE NAVEGAÇÃO

ÍNDICE GERAL

A ÍNDICE REMISSIVO

VER A PÁGINA VER A PÁGINA


ANTERIOR SEGUINTE
Percursos de evasão

Alentejo
e
Algarve
Percursos de evasão
ALENTEJO E ALGARVE

Pesquisa e redação: Inês Lourinho, João Mendes,


Paula Silva e Paulo de Oliveira
Coordenação editorial: João Mendes
Capa, projeto gráfico e paginação: Alexandra Lemos
Fotografia da capa: Corbis/VMI
Fotografias dos percursos: Inês Lourinho, João Alexandre,
João Mendes, Paula Silva
Colaboraram nesta versão digital: Alda Mota, Isabel Espírito Santo

© 2011 DECO PROTESTE, Lda.


Todos os direitos reservados por:
DECO PROTESTE, Editores, Lda.
Av. Eng.º Arantes e Oliveira, 13, 1.º
1900-221 LISBOA
Tel. 218 410 800

Correio eletrónico: guias@deco.proteste.pt


Internet: www.deco.proteste.pt/guiaspraticos

1.ª edição: junho de 2011


Versão digital: junho de 2018

Depósito legal n.º 326754/11


ISBN 978-989-8045-66-9

Impressão:
PERES-SOCTIP, Indústrias Gráficas, SA
Estrada Nacional 10, km 108,3
Porto Alto
2135-114 SAMORA CORREIA

Esta edição respeita as normas


do novo Acordo Ortográfico.

Esta publicação, no seu todo ou em parte,


não pode ser reproduzida ou transmitida
por qualquer forma ou processo, eletrónico,
mecânico ou fotográfico, incluindo fotocópia,
xerocópia ou gravação, sem autorização prévia
e escrita da editora.
DECO PROTESTE DIGITAL
A

Prefácio
Quando lançámos a primeira edição do livro Percursos de Evasão, dissemos
que a nossa principal intenção era proporcionar aos leitores a possibilidade de,
por uns tempos, largarem a azáfama normal do dia-a-dia e ajudá-los a evitar,
tanto quanto possível, os eternos problemas de trânsito, as intermináveis filas de
gente e o feroz bulício citadino. Essa intenção mantém-se. Nos percursos que
compõem esta edição encontrará muitos locais onde ainda é possível respirar
a calma e a tranquilidade de campos cultivados a perder de vista – ou escutar
serenamente o suave bater das ondas nos extensos areais…

Mas, por outro lado, também o convidamos a descobrir, caso ainda não tenha
podido fazê-lo, que o Algarve não é apenas praia e que o Alentejo é muito mais
do que extensas searas. O Algarve também é serra agreste e castelos antigos;
e  o Alentejo, parques refrescantes e pequenos açudes escondidos. É por isso
que procurámos que cada percurso fosse tão variado quanto possível. A si, resta-
-lhe selecionar os que melhor se adaptem às suas preferências.

Também desejámos que o livro fosse útil a públicos diferentes e que pudesse
ser adotado tanto por pessoas que viajam sozinhas, como por aquelas que o
fazem com amigos ou em família. Nesse sentido, procurámos incluir, nos diver-
sos percursos, sugestões que pudessem satisfazer as necessidades de um leque
suficientemente alargado de pessoas.

Pretendemos ainda que este guia seja o equivalente a um bom companheiro


de viagem. Lembre-se sempre de que não deve ver as propostas que lhe faze-
mos como se não houvesse alternativa. Pelo contrário, sinta-se completamente à
vontade para alterar cada percurso de acordo com os seus interesses pessoais.
Poderá, inclusivamente, descobrir, nas zonas que sugerimos, muitos outros pon-
tos dignos de atenção. Em última instância, como referimos, o nosso objetivo é
ajudá-lo a fugir ao stresse e não contribuir para que tenha um ataque de nervos!
Por isso, relaxe e aproveite bem os seus percursos de evasão!
A

Como usar este livro


O guia que tem nas suas mãos está divi- para assinalar os pontos que lhe pareçam
dido em duas partes. Para cada uma, apre- mais interessantes, fazendo, desde logo,
sentamos um pequeno texto introdutório, uma espécie de “viagem mental” pelo
contendo algumas observações sobre as percurso sugerido. Tenha sempre em
principais características da região abran- conta os seus gostos pessoais (e os dos
gida. No início de cada percurso, damos seus eventuais acompanhantes), de modo
informação sobre a extensão aproximada a poder retirar o maior prazer do passeio.
(em quilómetros) e as localidades mais
importantes – ou seja, fazemos uma espé- • Também é importante programar ade-
cie de sumário do que irá encontrar nas quadamente a ocasião da viagem. Como
páginas seguintes. A seguir, apresenta- é evidente, o interesse de alguns dos
mos um curto resumo do itinerário, antes pontos propostos está um pouco depen-
de começarmos a descrevê-lo. Sempre dente do clima da região e da estação do
que achámos útil, incluímos pormenores ano em que decidir deslocar-se. Portanto,
sobre a direção a tomar ou o caminho a não se esqueça de ponderar os fatores
seguir, de forma a facilitar o acompanha- meteorológicos antes de se aventurar
mento dos trajetos que sugerimos. por um determinado percurso. Por exem-
plo, se o trajeto incluir estradas de terra
• Os pictogramas e fotografias poderão batida, é muito provável que, depois de
ajudá-lo a identificar mais rapidamente chuvas intensas, estas estejam comple-
alguns dos diferentes pontos de interesse, tamente enlameadas ou, nalguns casos,
funcionando como uma espécie de “di- até intransitáveis (esburacadas, com
cionário ilustrado”, para que possa fazer troncos caídos…).
mais facilmente as suas escolhas (veja
a Legenda dos Pictogramas na página • Não se esqueça, também, de preparar
seguinte). Normalmente, esses pontos tudo o que considere útil, necessário ou
aparecem destacados a cor, tal como a aconselhável ao percurso. Naturalmente,
indicação das direções a tomar. Por outro este ponto está (muito) dependente da
lado, nas caixas identificadas com o picto- leitura prévia do mesmo. Algum equipa-
grama Tome nota…, o leitor terá acesso mento (de uma simples lanterna de bolso
a curiosidades sobre o percurso. Poderão a bicicletas ou canoas…) permitir-lhe-á
incluir, entre outras coisas, dados históri- aproveitar ao máximo alguns dos passeios
cos, determinados aspetos da biografia sugeridos, embora estes também possam
de uma personalidade ou chamar a aten- ser efetuados de forma mais minimalista.
ção para outro tipo de curiosidade. Novamente, cabe-lhe a si fazer a distinção
entre o que poderá ser simplesmente útil
• Antes de decidir efetuar um percurso, e o que é indispensável. Mas pensamos
sugerimos, antes de tudo, que o leia aten- que uma câmara fotográfica e um mapa
tamente. Dessa forma, ficará com uma detalhado da região farão parte de qual-
boa noção daquilo que o espera e poderá quer bagagem…
preparar-se adequadamente. Além de
útil, esse procedimento poderá ajudá-lo a • De igual forma, preste atenção à forma
evitar surpresas eventualmente desagra- como pretende deslocar-se. Como é evi-
dáveis. De igual modo, aproveite a leitura dente, o melhor é verificar atempada-
A

mente se o seu automóvel está em boas para serem realizados, integralmente,


condições e se estará preparado para num único dia. O que significa que, se
determinado tipo de percurso. Natural- quiser seguir à risca as sugestões incluídas
mente, há alguns caminhos que só pode- em cada percurso, deverá estar preparado
rão ser percorridos por quem disponha para dispor, em média, de dois ou três
de um veículo com tração às quatro rodas. dias. Embora não incluamos sugestões de
Mas, se não for o seu caso, também não alojamento, esse é um aspeto importante
é preciso preocupar-se, pois, regra geral, a ter em conta. Além disso, sobretudo em
são indicadas alternativas. zonas menos povoadas ou quando fizer
O mesmo é válido para as caminhadas. longas caminhadas, tenha em mente a
Ao sugeri-las, pressupomos que o leitor e hora a que anoitece e considere se é mais
eventuais acompanhantes estão em con- prudente continuar ou voltar para trás.
dições físicas normais e vão convenien-
temente equipados. Por isso, quando lhe • Lembramos ainda que tentámos ser tão
parecer que assim não é, não corra riscos abrangentes quanto possível, de forma
desnecessários. Mais uma vez, lembra- que é muito provável que haja pontos que
mos que, neste caso, o objetivo não é pôr não lhe interessam, dependendo tam-
à prova os seus limites, mas sim descon- bém, como é óbvio, da “riqueza” da zona.
trair das tensões do dia-a-dia, enquanto Há percursos mais históricos e culturais,
aproveita para conhecer melhor o nosso outros mais naturalistas e desportivos,
(ainda) belo país. uns que se salientam pela abundância de
zonas de lazer, outros onde abundam os
• Como facilmente constatará, a informa- monumentos e museus. Como é evidente,
ção que damos sobre os diferentes pontos serão as suas preferências pessoais a ditar
de interesse é, em muitos casos, extre- o verdadeiro traçado do percurso.
mamente resumida, devido, sobretudo, a
questões de espaço. Se gosta de informa- • Finalmente, tenha em atenção que,
ções mais detalhadas, procure contactar os apesar dos nossos esforços, não é impos-
postos de turismo das localidades a visitar. sível que ocorram algumas mudanças em
certas características dos percursos. Não
• Note também que, apesar de a descri- podemos prever o futuro… Esperamos,
ção do trajeto ser feita de forma ininter- contudo, que as eventuais mudanças
rupta, os percursos não foram concebidos sejam de pouca monta.

LEGENDA DOS PICTOGRAMAS

Artesanato e gastronomia Outras curiosidades


Espaços verdes e vida animal Passeios pedestres


Miradouros Tome nota…


Vias em mau estado


Monumentos e zonas históricas ou para todo-o-terreno

Museus Zonas de lazer



A
Índice
ALENTEJO
16 1 Nisa
Castelo de Vide, Portagem, São Salvador
da Aramenha, Portalegre, Crato,
Flor da Rosa, Alpalhão
28 2 Ponte de Sor
Alter do Chão, Cabeço de Vide, Fronteira,
Ervedal, Avis
36 3 Montemor-o-Novo
Santiago do Escoural, Arraiolos, Vimieiro,
Pavia, Cabeção, Mora, Brotas, Ciborro
46 4 Estremoz 
Aldeia da Serra, Redondo,
Alandroal, Vila Viçosa, Borba
56 5 Évora 
Viana do Alentejo, Alvito, Vidigueira, Portel
66 6 Monsaraz 
São Pedro do Corval,
Reguengos de Monsaraz
72 7 Alcácer do Sal 
76 8 Grândola 
Azinheira dos Barros,
São Bartolomeu da Serra,
Santiago do Cacém, Melides, Grândola
82 9 Beja 
Ervidel, Ferreira do Alentejo
88 10 Sines 
São Torpes, Porto Covo,
Barragem de Morgável, Cercal,
Barragem de Fonte Cerne, São Domingos
94 11 Vila Nova de Milfontes 
Zambujeira do Mar, São Teotónio,
Odemira, São Luís
102 12 Almodôvar 
Ourique, Castro Verde,
Santa Bárbara de Padrões
A

ALGARVE
112 13 Monchique
Pico de Fóia, Barranco de Pisões,
Maria Vinagre, Aljezur, Marmelete
120 14 Lagos
Bordeira, Carrapateira, Vila do Bispo,
Sagres, Cabo de São Vicente,
Barão de São João
126 15 Silves
Alcalar, Portimão, Lagoa, Porches,
Armação de Pêra, Guia, Algoz
136 16 Albufeira
Paderne, Alte, Rocha da Pena, Salir,
Fonte de Benémola, Querença,
Loulé, Vilamoura
144 17 Faro
Ruínas de Milreu, São Brás de Alportel,
Tavira, Quelfes, Olhão

152 Índice remissivo


Alentejo
O suave encanto das planícies
Ocupando praticamente um terço do território portu-
guês continental, esta região destaca-se sobretudo pela
imensidão dos seus campos e planícies, que quase pare-
cem não ter fim. Este é um lugar em que ainda é bem
percetível o domínio da Natureza sobre o homem: quem
olha para o horizonte alentejano depressa compreende
a diferença entre a magnitude da Terra e a pequenez
dos seus ocupantes.

O Alentejo é o local ideal para aqueles que pretendem


descansar e relaxar. Contudo, desenganem-se os que
têm a ideia preconcebida de que a região pouco mais
tem para oferecer. Encantos não faltam nas terras alen-
tejanas, pois há múltiplos oásis no meio daquilo a que
podemos chamar “o deserto das planícies”. Além disso,
as paisagens, mesmo que em grande parte minimalis-
tas e quase monocromáticas, não são, de forma alguma,
sinónimo de monotonia.

Aprecie, por exemplo, a construção de muitas casi-


nhas típicas, com a sua combinação de azul ou ocre e
branco, contrastando com o amarelo seco dos campos
de trigo no verão. Na primavera, os campos cobrem-
-se de flores e o amarelo dá lugar ao verde vivo. As habi-
tações encerram ainda um tesouro precioso: as simpáti-
cas e afáveis gentes da terra.

Este imponente território, quase sempre soalheiro,


sobretudo durante os meses de verão, convida ainda a
que se visitem as águas e barragens fluviais, no interior,
e as belas praias costeiras, no recatado litoral. Apela
também a agradáveis passeios (não esquecendo as
necessárias precauções), de forma a desfrutar de tudo
o que a região põe ao dispor dos visitantes.
Alentejo
Percursos

1 Nisa •Castelo de Vide •Portagem •São Salvador da Aramenha • Portalegre 


• Crato • Flor da Rosa • Alpalhão • Nisa
(Barragem da Póvoa, Senhora da Penha, Marvão, Barragem da Apartadura)

2 Ponte de Sor • Alter do Chão • Cabeço de Vide • Fronteira • Ervedal 


• Avis • Ponte de Sor
(Tramaga, Alter Pedroso, Barragem do Maranhão)

3 Montemor-o-Novo • Santiago do Escoural • Arraiolos • Vimieiro • Pavia 
• Cabeção • Mora • Brotas • Ciborro • Montemor-o-Novo
(Igrejinha, Evoramonte)

4 Estremoz • Aldeia
(Terena)
da Serra • Redondo • Alandroal • Vila Viçosa • Borba • Estremoz

5 (Valverde,
Évora • Viana do Alentejo • Alvito • Vidigueira • Portel • Évora
Alcáçovas, São Cucufate, São Manços)

6 (Outeiro,
Monsaraz • São Pedro do Corval • Reguengos de Monsaraz • Monsaraz
Esporão, Mourão)

7 (Carrasqueira,
Alcácer do Sal • Alcácer do Sal
Tróia, Barragem de Pego do Altar, Barragem de Vale de Gaio, Torrão)

8 Grândola • Azinheira dos Barros • São Bartolomeu da Serra 


• Santiago do Cacém • Melides • Grândola
(Lousal, Lagoa de Santo André, Lagoa de Melides)

9 Beja • Ervidel • Ferreira do Alentejo • Beja
(Mina Juliana, Aljustrel, Messejana, Peroguarda)

10 Sines • São Torpes • Porto Covo • Barragem de Morgável • Cercal 


• Barragem de Fonte Cerne • São Domingos • Sines
(Ilha do Pessegueiro, Barragem de Campilhas)

11 Vila Nova de Milfontes • Zambujeira do Mar • São Teotónio • Odemira 


• São Luís • Vila Nova de Milfontes
(Furnas, Almograve, Cabo Sardão, Boavista dos Pinheiros)

12 Almodôvar • Ourique • Castro Verde • Santa Bárbara de Padrões • Almodôvar


(Santa Clara-a-Nova, Fernão Vaz, Cola, Monte da Rocha, São Pedro das Cabeças)
A Alentejo

O
EXTENSÃO: 120 km Alentejo que lhe mostramos neste
percurso pouco ou nada tem que ver
Nisa
com vastas planícies pontilhadas de
Barragem da Póvoa
sobreiros solitários e céu azul a perder
Senhora da Penha de vista. Para aceitar as nossas propostas e descobrir
Castelo de Vide os recantos mais pitorescos, vai precisar de todo
Portagem o fôlego que os seus pulmões conseguirem reunir
Marvão e, bem entendido, calçado confortável. Basta uma
subida ao castelo de Castelo de Vide, a partir do
São Salvador de Aramenha
largo onde se situa a Fonte da Vila, para perceber
Barragem da Apartadura
nas pernas aquilo de que estamos a falar. Mas come-
Portalegre cemos por baixo. O nosso itinerário tem partida na
Crato vila de Nisa.
Flor da Rosa
Nisa
Alpalhão Barragem da Póvoa

Nisa

Castelo de Vide
Alpalhão
Sra. da Penha Marvão
São Salvador Portagem
de Aramenha
Barragem
da Apartadura

Flor da Rosa
Portalegre
Crato

Nisa principal da vila, poderá adquirir estes


objetos tradicionais. Se desejar alguma
O queijo, os bordados e a cerâmica são os peça por medida ou com alguma caracte-
principais estandartes desta vila fundada
por colonos franceses. Curado, de pasta
semidura, tonalidade entre o branco e o
amarelo, obtido a partir de leite de ove-
lha, o queijo de Nisa é a companhia ideal
para um bom tinto. Os bordados, em fel-
tro, têm padrões tão complexos que, sob
um olhar menos atento, se confundem
com verdadeiras peças de renda. Já a
louça de barro é famosa pelas graciosas
decorações realizadas com centenas de
pedrinhas de calcário. No quiosque de
artesanato ou no posto de turismo, ambos
situados na Praça da República, o largo Olaria típica de Nisa

16
A Percurso 1

Barragem da Póvoa

rística especial, também aqui lhe podem das árvores. Se preferir, atravesse de novo
indicar a oficina de algum artesão. a praça e deixe as crianças divertirem­‑se
na aranha elástica gigante próxima do
Para visitar o centro histórico de Nisa, posto de turismo.
atravesse a praça, em direção ao jar-
dim público. Vire à esquerda e depois
à direita, chegando ao Largo António Barragem da Póvoa
Granja, onde se situa a Porta da Vila, que
data do século XIII. Do castelo, mandado Para retemperar energias, propomos­‑lhe
erigir por D. Dinis, já pouco resta. um pequeno desvio até à Barragem da
Póvoa, a 10 quilómetros de Nisa. Basta
Passando a Porta da Vila, entrará no cen- seguir as indicações. Depois de passar
tro histórico. O silêncio é a nota predomi- pelo paredão, encontrará um espaço
nante. Algumas casas conservam a traça para estacionar. Se pretender ficar algum
medieval. Deixe­‑se perder pelas ruas tempo, poderá ser necessário um chapéu­
estreitas. Se virar à esquerda, encontrará ‑de­‑sol, uma vez que não existem sombras
a Igreja do Espírito Santo, cujas torres as junto da zona de banhos.
cegonhas escolheram para alcandorar
os seus ninhos. Com um pouco de sorte,
poderá observar mesmo alguns espé- Castelo de Vide
cimes. Mais à frente, poderá admirar a
curiosa fachada da Capela do Calvário. Se Depois de recarregar as baterias, dirija­‑se
for descendo, chegará facilmente à Porta para Castelo de Vide. Terá de voltar pelo
de Montalvão, ao lado da qual se situa a mesmo caminho, virando à esquerda no
antiga cadeia. primeiro cruzamento. Depois, é só seguir
as placas.
De volta ao centro da vila, aproveite para
descansar no jardim público, junto à Miradouro da Senhora da Penha
biblioteca municipal, um espaço renovado Um pouco antes de chegar a Castelo de
onde poderá fazer uma pausa à sombra Vide, verá uma placa à direita, a indicar o

17
A Alentejo

Miradouro da Senhora da Penha. Se qui-


ser uma vista ampla sobre a vila e região
circundante, este é um local de exceção,
arborizado e fresco. Estacione junto a
um fontanário e prepare­‑se para subir
uma escadaria considerável. O esforço
será recompensado, pois o panorama é
soberbo. Nos dias mais límpidos, avista­
‑se Castelo de Vide, em frente; Marvão, à
direita; as Portas de Ródão, duas forma-
ções rochosas situadas em Vila Velha de
Ródão, em ambas as margens do Tejo; e,
ainda mais para Norte, as serras da Gar-
dunha, Estrela e Açor.

Desça em direção a Castelo de Vide.


No centro, encontrará um jardim bas-
tante denso, com um parque infantil.
Aconselhamo­‑lo a conjurar todas as forças
Castelo de Vide, vista da judiaria
que conseguir antes de se aventurar pelas
ruas desta vila medieval a que D. Pedro V
chamava a Sintra do Alentejo. Os declives apresentam curiosas inscrições e símbo-
são de respeito e as calçadas em pedra, los. De resto, a vila possui o mais impor-
bem polidas pelo tempo. Sapatos con- tante conjunto de portas ogivais do país.
fortáveis e aderentes são, pois, condição Se, a toda esta História, acrescentarmos
essencial para ultrapassar a prova. os vasos floridos nas fachadas e as deli-
cadas cortinas brancas, bordadas e/ou
Judiaria rendadas, obteremos o típico postal ilus-
Desça a pé até à Fonte da Vila, cons- trado da vila.
truída por volta de 1500 pela comunidade
judaica e onde figuram as armas de Por- Em 1492, os Reis Católicos expulsaram
tugal e Castelo de Vide. No cimo, figura os judeus do território espanhol. Muitos
uma tulipa suportada por duas crianças. escolheram, então, recomeçar as suas
Nas colunas, estão gravadas cruzes, que vidas nas cidades fronteiriças do Norte
representam os batismos forçados a que Alentejano. Castelo de Vide foi uma das
milhares de judeus foram submetidos. Se mais importantes comunidades da altura.
tiver sede, não hesite… No largo, encon- Os judeus foram remetidos para a parte
trará ainda uma pequena loja de artesa- mais íngreme, húmida e escura da vila,
nato e artes plásticas. fora da proteção das muralhas.
Um dos vestígios mais importantes da pre-
Prepare­‑se, então, para escalar os Hima- sença judaica é a sinagoga medieval, situ-
laias. Suba a Rua da Fonte, prestando ada na Rua da Judiaria, que irá encontrar
atenção à arquitetura. Os edifícios à direita, ao subir a Rua da Fonte. Trata­‑se
encontram­‑se bem conservados, sobre- de um edifício de pequenas dimensões,
tudo as ombreiras das portas, em arco recentemente restaurado, com duas por-
ogival. Algumas têm mais de 500 anos e tas ogivais e duas divisões distintas.

18
A Percurso 1

Castelo e burgo medieval desta construção, poderá visitar a igreja


Continue em direção ao castelo. Além de com o mesmo nome, que fica no interior.
estar bem assinalado, é impossível não Aconselhamo­‑lo, no entanto, a fazer uma
o ver, dada a sua presença imponente. pausa para café. Existem várias esplana-
Dentro da muralha, suba à torre de mena- das no centro da vila, bastante agradá-
gem, a partir da qual, através de três veis, onde poderá inclusive experimentar
grandes janelas, pode apreciar a Ermida os doces regionais. As ruas que levam
da Senhora da Penha, a vila e Marvão e ao forte nada devem, em inclinação, às
o Norte, em direção ao Tejo. Não deixe, da judiaria…
ainda, de visitar o burgo. Casas bem con-
servadas, calçadas de pedras bem polidas Quem percorre o Norte Alentejano não
e, de novo, vista desafogada sobre hortas pode deixar de reparar na paisagem
e quintais e toda a região circundante é repleta de pedras, sobretudo granito,
a proposta. Seguindo pela Rua Direita, que se elevam e equilibram, bordejam as
poderá apreciar mais portas ogivais, estradas, servem de esteio a muitas casas,
alguns edifícios brasonados e, ao fundo, ornamentam portas e janelas. A paixão
a  desaguar num pequeno largo, a Igreja pelas pedras é, na verdade, de longuís-
de Nossa Senhora da Alegria, cujo inte- sima data, sendo esta região uma das que
rior é revestido por azulejos policromáti- mais monumentos megalíticos ostentam,
cos do século XVII. não só no país, como também na Europa.
Se é apaixonado por antas e menires, não
Com o tempo, o burgo tornou­‑se pequeno poderá dispensar uma visita à Igreja de
e a população acabou por escorrer, São Salvador do Mundo, a mais antiga
encosta abaixo, no sentido oposto ao da de Castelo de Vide, a Norte da vila. Aqui
judiaria, até ao Forte de São Roque. Além funcionou o Centro de Interpretação do
Megalitismo, atualmente encerrado. No
entanto, na praça de armas, poderá visitar
FRANCESES NO ALENTEJO uma exposição permanente dedicada à
mesma temática.
Em finais do século XII, D. Sancho I
doou a Herdade da Açafa à Ordem
Informações: 245 901 361
do Templo, um vasto território onde
(posto de turismo).
os cavaleiros monges edificaram for‑
tificações. Entretanto, o mesmo rei
anunciou a vinda de colonos fran‑
ceses. Estes fundaram aglomerados
Portagem
populacionais que batizaram com
Saia de Castelo de Vide em direção a
o nome das suas terras de origem.
Marvão. A estrada está bem assinalada.
Nisa, ou Nisa­‑a­‑Nova, torna­‑se a cor‑
Recomendamos uma pausa relaxante
respondente portuguesa de Nice.
antes de subir (de carro, bem entendido)
Assim, terão nascido Arez (Arles),
os cerca de 850 metros a que se eleva esta
Montalvão (Montauban) e Tolosa
pérola medieval. Portagem, junto ao Rio
(Toulouse). De resto, em língua d’oc,
Sever, tem excelentes sugestões. Pode
falada no Sul de França, onde todas
experimentar as frias águas da piscina
estas cidades se situam, Nice diz­‑se
fluvial ou prescindir da coragem e ficar­‑se
Nisa e Toulouse é Tolosa.
pelo parque de lazer. No primeiro caso,

19
A Alentejo

A apetecível praia fluvial de Portagem

tem à sua disposição um espaço aprazí- Olivença, um pouco adiante. Toda a vila
vel, com sombras e escadas de acesso à se situa intramuros. Tal poderá dever­
água. A profundidade da piscina aumenta ‑se ao decréscimo populacional repen-
gradualmente. No segundo, encontrará tino que se verificou a partir de finais do
piscina artificial, parque infantil e parque séc.  XVI, não tendo havido necessidade
de jogos. Tanto num caso como noutro, de expandi­‑la para fora das muralhas.
os  restaurantes não faltam. Ao fundo,
poderá apreciar uma ponte romana e, No século IX, Abd Al­‑Rahman Ibn Muham-
à direita, uma torre militar. No séc.  XV, mad Ibn Marwan Ibn Yunus, líder de um
os judeus expulsos de Espanha paga- movimento sufista (corrente mística do
vam portagem no local para passarem Islão), estava em guerra com os emires
para o lado português. Daí o nome da de Córdova e criou uma espécie de ter-
localidade. Nessa mesma torre, foi colo- ritório independente com sede numa
cada uma placa evocativa da passagem cidade por si fundada: Batalyaws, hoje
dos judeus. Badajoz. Conhecido como Ibn Marwan,
estabeleceu­‑se entretanto num promon-
tório com vista sobre a região e deixou a
Marvão sua impressão digital no nome da locali-
dade. Assim se explica a ligação entre
Quando se sentir devidamente recupe- Marvão e Badajoz, celebrada no festival
rado, sente­‑se ao volante e serpenteie anual Al­‑Mossassa (em árabe, “a funda-
com as estradas que sobem até Marvão. ção”), que se tem realizado no mês de
Pode deixar o carro no exterior da mura- novembro. As ruas da vila enchem­‑se com
lha ou entrar e estacionar no Largo de as bancas do soukh (mercado árabe) e as

20
A Percurso 1

demonstrações de aves de rapina e pas-


seios de burro fazem as delícias de peque-
nos e grandes. A Festa da Castanha, no
outono, é outra das atrações da vila.

A melhor forma de conhecer Marvão é,


sem dúvida, a pé. O esforço não será de
tirar o fôlego: embora algumas ruas sejam
íngremes, a vila é bastante pequena.
Dirija­‑se à Praça do Pelourinho, acima e à
esquerda do Largo de Olivença. Subindo
depois as Rua do Espírito Santo e Cas-
telo, observe os edifícios, dos séculos XV
e XVI, com os seus portais góticos e belas
sacadas em ferro forjado.
Jardim e Castelo de Marvão
Castelo
A fortaleza, que foi tomada por D. Afonso
Henriques em 1166 e, já no reinado de Logo à entrada, à direita, uma porta dá
D. Dinis, ampliada e reforçada, está per- acesso à cisterna, que pode visitar, des-
feitamente encaixada no alto de um cendo as escadas com cuidado. O espaço
penhasco, de onde se podem mesmo interior é amplo, com teto abobadado:
“ver os pássaros pelas costas”. Não deixe a capacidade de armazenamento de água
de subir aos pontos mais elevados, para era muito importante em caso de guerra.
apreciar uma vista deslumbrante e respi- Os cercos podiam durar meses ou mesmo
rar um ar que enche os pulmões. anos. A água e os víveres podiam, assim,
decidir o curso de uma batalha.

Continue a explorar o castelo, que está


dividido em dois recintos. No primeiro,
encontrará, à direita, uma olaria: o Forno
do Assento. No segundo, suba à torre de
menagem. Existem outras duas cister-
nas, mais pequenas, mas estão fechadas
ao público.

Saindo do castelo, do lado direito, há um


pequeno jardim, muito bem cuidado, com
uma fonte central. É uma boa opção para
descansar, à sombra das árvores, depois
desta visita.

Museu municipal
Mesmo em frente ao jardim, encontrará
a Igreja de Santa Maria, construída entre
Igreja de Santa Maria, Marvão os séculos XIII e XIV, e que alberga o

21
A Alentejo

Museu Municipal de Marvão. O espaço é nalados, na Serra de São Mamede. Mas


pequeno, dispondo de uma coleção de também pode informar­‑se junto do posto
arte sacra, vestígios arqueológicos (com de turismo, que fica mesmo ao lado do
destaque para o menir do Corregedor) e museu municipal. A partir de Marvão, tem
peças etnográficas. Este último espólio é a possibilidade de iniciar um deles. Saia
composto por vestuário antigo, típico da das muralhas, em direção à Santa Casa da
zona, e outros objetos relacionados com Misericórdia, junto à última (e apertada)
as tradições da região, como, por exem- curva antes de chegar a Marvão. Ao fundo,
plo, os bordados com casca de castanha. existe uma calçada medieval que desce
De destacar, são também as lápides fune- até à povoação de Portagem, mesmo por
rárias medievais de origem judaica, deco- detrás do parque de lazer. Terá o prazer
radas com a menorah (candelabro de sete de passear por entre um denso arvoredo,
braços), raras em Portugal e encontradas num percurso de cerca de 4 quilómetros,
no cemitério de Marvão. muito acessível. Mas, se depois não quiser
subir tudo de novo, o ideal é fazer o pas-
Local: Largo de Santa Maria. seio com, pelo menos, mais uma pessoa
e o apoio de dois automóveis, deixando
Continuando pela Rua Dr. Matos Maga- um na Portagem e subindo com o outro
lhães, encontrará mais um agradável jar- até Marvão.
dim, com um pequeno parque infantil,
mesmo junto à muralha. Uma fonte com
uma queda de água dá uma nota rela- São Salvador da Aramenha
xante ao local. Parta, então, à descoberta
do emaranhado de ruas da vila. Deixe Marvão em direção a Portalegre.
Chegará a São Salvador da Aramenha,
Se lhe agradam os passeios pedestres em junto ao Rio Sever, povoação conhecida
plena Natureza, existem vários, bem assi- pelas ruínas romanas de Ammaia.

Ruínas de Ammaia

22
A Percurso 1

Museu monográfico e ruínas Nesta zona central, poderá dar um salto


A qualidade do museu surpreende. Num ao posto de turismo e inteirar­‑se das pro-
espaço amplo, poderá apreciar cerâmica postas mais atrativas. Outra opção, mas,
utilitária, moedas, lápides e um interes- nesse caso, já precisa do carro, é visitar
sante moinho de cereais, de grandes a Região de Turismo de São Mamede,
dimensões. A maioria das peças está em que fica no n.º 1 A da Av. da Estremadura
ótimo estado de conservação. Fora do Espanhola (na Estrada de Circunvalação).
museu, visite as ruínas desta importante Aqui, encontrará desde informações
cidade romana, nomeadamente, as por- sobre os famosos percursos pedestres na
tas da cidade, o fórum e as termas, ao serra a itinerários megalíticos.
longo de um trajeto bem assinalado.

Local: Estrada da Calçadinha, 4,


São Salvador da Aramenha.
Contacto: 245 919 089.

Portalegre

Volte à estrada principal, de novo no sen-


tido de Portalegre. Para descansar um
pouco, recomendamos um desvio até à
Barragem da Apartadura. Basta seguir
as placas. Pode parar o carro antes ou
depois do paredão. Em ambos os lados
existe zona para banhos. Embora não haja
propriamente estruturas de apoio, é uma
excelente opção em dias de calor. Tenha
O grande plátano, na praça principal de Portalegre
em atenção que a profundidade aumenta
com rapidez. Também aconselhamos
sandálias de borracha, dado o fundo
ser coberto por pedras irregulares que Mosteiro de São Bernardo
podem magoar os pés. Uma vez refeito, Subindo, a partir do Rossio, em direção à
volte à estrada em direção a Portalegre. Escola Industrial e Comercial, encontrará
o Jardim da Corredoura, com bastante
No Rossio, praça principal desta cidade vegetação e um parque infantil razoável.
recentemente requalificada pelo Pro- Bem perto, à esquerda da escola, situa­
grama Polis, poderá abrigar­‑se à sombra ‑se o Mosteiro de São Bernardo, outrora
do gigantesco plátano, classificado como a mais importante abadia da Ordem de
árvore de interesse público. Foi plantado Cister a Sul do Tejo, com exemplos de
em 1848 e as suas medidas surpreendem: arquitetura renascentista, manuelina e
30 metros de altura, copa com 46 metros barroca. Destaca­‑se o sumptuoso túmulo
de diâmetro e tronco com secção de renascentista de D. Jorge de Melo, Bispo
5,6 metros. Os ramos são tão extensos da Guarda, que retrata as várias fases da
e pesados que, para não se quebrarem, vida do religioso. Espaço polivalente e
estão apoiados em vigas de ferro. amplo, aqui se realizam reuniões, expo-

23
A Alentejo

sições e outro tipo de eventos. Alberga Fábrica­‑Museu Robinson


ainda o Centro de Instrução de Praças da Para cima, fica o Museu da Robinson, cor-
Guarda Nacional Republicana. ticeira que remonta à primeira metade do
século XIX. Instalada no Convento de São
Manufactura de Tapeçaria Francisco (1272­‑1835), a fábrica tornou­‑se
de Portalegre emblemática para esta pequena cidade
Dirija­‑se de carro à parte mais antiga do interior, pela dinâmica empresarial do
da cidade e procure estacionar junto à seu segundo proprietário. Ao introdu-
Praça da República. Admire a fachada zir várias novidades tecnológicas, como
da famosa Manufactura de Tapeçaria de a máquina a vapor e o gerador elétrico,
Portalegre, fundada em 1946. O trabalho o inglês George Wheelhouse Robinson
consiste numa reprodução artística de expandiu o negócio, ficando para sem-
motivos criados por pintores, com base pre associado à História industrial e social
num sistema de nós e na escolha crite- de Portalegre.
riosa das cores. Existem mais de 7 mil
lãs de tonalidades diferentes. O pintor Contacto para marcações: 245 301 680.
Guilherme Camarinha criou os primei-
ros motivos, designados por cartões. No Casa­‑Museu José Régio
final dos anos 50 do século passado, as Para baixo, na mesma rua, mas do lado
tapeçarias integraram várias exposições oposto, fica a Casa-Museu José Régio,
nacionais, onde suscitaram interesse e onde o poeta de Vila do Conde passou
curiosidade. Pouco tempo depois, che- 34 anos da sua vida. Colocado no Liceu
gou o reconhecimento internacional. Mouzinho da Silveira, em Portalegre,
Artistas como Almada Negreiros, Menez, como professor de Português e Francês,
Nadir Afonso, Manuel Cargaleiro, José hospedou­‑se no edifício, à época uma
de Guimarães, Júlio Pomar e Júlio pensão. A princípio instalado num quarto
Resende fizeram cartões para as tapeça- humilde, foi alugando outras dependên-
rias de Portalegre. A fábrica dispõe ainda cias à medida que a sua coleção aumen-
de uma galeria de arte, onde são realiza- tava, até que se tornou hóspede único.
das exposições. Os visitantes podem apreciar os seus obje-
tos pessoais, entre os quais um espólio de
arte religiosa popular, de que fazem parte
centenas de cristos. Dispõe ainda de um
acervo literário e um centro de estudos.

Local: Rua José Régio, Boavista.


Contacto: 245 307 535.

Sé Catedral
Suba de novo até à Praça da República.
Atravessando na direção da Porta de Ale-
grete, começará a descer até ao famoso
Café Alentejano, um ponto de encontro
dos portalegrenses. A partir daqui, a rua
começa a subir e vai dar à Praça do Muni-
Casa-Museu José Régio, Portalegre cípio, onde se encontra a Sé.

24
A Percurso 1

Esta começou a construir­‑se em 1556 no famoso foi D. António, pretendente ao


local onde se situava a Igreja de Santa trono na crise de 1580 e, segundo alguns
Maria do Castelo. No interior, admire historiadores, rei de Portugal durante um
os retábulos do século XVI e XVII, que breve lapso de tempo.
constituem o maior conjunto de pinturas
maneiristas do país. A fachada barroca Um dos elementos arquitetónicos mais
terá resultado de alterações realizadas no conhecidos é a chamada varanda do
século XVIII. Grão­‑Prior, com a sua janela, que se
encontra na Praça do Município. Supor-
Museu municipal tada por três arcos, fazia parte do palácio
De frente para a Sé, vire à direita. Um do Grão­‑Prior, mandado construir pelo
pouco mais adiante, está o museu muni- Infante D. Luís, pai de D. António e filho
cipal. Criado em 1918, dentro do espírito do rei D. Manuel, também ele prior da
reformista da Primeira República, dis- ordem. Terá, provavelmente, sido des-
punha à época de uma pequena cole- truído durante a guerra da Restauração,
ção de arte sacra, que hoje se encontra a partir de 1640.
ampliada e constitui o espólio mais rico
do museu. Mobiliário, pintura, cerâmica,
faiança portuguesa, ourivesaria e por-
celana são outras das coleções expos-
tas. Existem ainda mais de 700 peças
correspondentes a representações de
Santo António, doadas pela viúva de um
colecionador particular.

Local: Rua José Maria da Rosa.


Contacto: 245 307 525. No momento
em que recolhemos estas informações,
o museu estava fechado para obras.

Crato

Saia de Portalegre em direção ao Crato,


seguindo a direção de Ponte de Sôr. Ao
chegar, estacione perto do Largo Dr. Belo
Morais, que fica perto da entrada da vila, Crato, Praça do Município
e explore as ruelas a pé.

Além dos edifícios tipicamente alente- Museu municipal


janos, caiados de branco e com barra Está instalado num palácio setecentista
amarela, poderá admirar as fachadas de que, pela sua beleza, só por si valia uma
alguns palácios, que atestam o passado visita. Apresenta uma exposição perma-
nobre da vila, associado aos Hospitalários. nente sobre a história da região, desde
O título de Prior do Crato era atribuído ao a pré­‑história até sensivelmente ao bar-
superior da ordem em Portugal. O mais roco. Os vestígios megalíticos, a presença

25
A Alentejo

Anta de São Gens

romana e a construção do Mosteiro de Posto de turismo/olaria


Flor da Rosa (veja a seguir) são alguns Comece por fazer uma visita ao posto de
dos temas explorados. De destacar turismo, que agora fica a meio da estrada
ainda a reconstituição de uma casa típica principal, do lado direito de quem vem
alentejana a partir de peças oferecidas do Crato. Se chegar à aldeia a partir do
pelos habitantes. sentido inverso (de Alpalhão), é natural
que fique baralhado, dado que as anti-
Local: Rua do Arco, 3. gas placas indicativas ainda se encontram
Contacto: 245 990 115. no “ativo”… Enfim, no posto de turismo,
além das habituais informações sobre as
O castelo, caiado de branco, seria outro propostas da região, pode comprar peças
ponto a recomendar, mas, na latura em barro e, inclusive, visitar os fornos da
do fecho desta edição, encontrava­‑se olaria, instalada no edifício.
fechado para obras. Em idêntica situação
encontrava-se a Casa do Forno Comuni- Mosteiro
tário, construção de origem medieval, de Virando numa das ruas à esquerda do
apenas um piso, uma grande chaminé e posto de turismo, encontrará o mosteiro:
sem janelas. Aqui se fazia o fumeiro, o é impossível perder­‑se, dadas as dimen-
que atesta a importância dos enchidos na sões do edifício, omnipresente numa
economia da região. povoação tão pequena. O mosteiro foi
mandado construir no século XIV pelo
Prior da Ordem dos Hospitalários (ou
Flor da Rosa Malta) D. Álvaro Gonçalves Pereira, pai
do Condestável D. Nuno Álvares Pereira.
Quase colada ao Crato, encontra­‑se a Para quem já se esqueceu das aulas de
povoação de Flor da Rosa, conhecida História, este teve um papel fundamen-
pelo seu mosteiro. tal durante a crise de 1383­‑1385, ao lado

26
A Percurso 1

do futuro rei D. João I. A igreja alberga o japonês, em que os habitantes deixaram


túmulo do fundador. objetos pessoais e que deve ser aberta
O edifício sofreu várias alterações. A par- dentro de uns 100 anos. Se estiver inte-
tir do século XVII, altura em que deixou ressado em percorrer a vila através destas
de ser habitado, iniciou um longo período obras de arte, peça informações na junta
de deterioração, que culminou com a der- de freguesia.
rocada da igreja, em finais do século XIX.
A população conseguiu retirar o recheio Local: Largo António T. Sequeira.
a tempo, que se encontra no Museu Contacto: 245 742 154.
Municipal do Crato. No século  XX, foi
restaurado, aí funcionando uma pousada.
Mesmo assim, parte do edifício pode Nisa
ser visitada.
Regresse a Nisa e aproveite para des-
cansar da viagem num dos vários restau-
Alpalhão rantes, provando o maravilhoso queijo
de aroma forte e os saborosos enchi-
Tomando a estrada em direção a Nisa, dos, acompanhados por um bom vinho
chegará a Alpalhão. Outrora perten- da região.
cente à Ordem dos Templários, a vila
tinha um castelo, referenciado no Livro
de Fortalezas de Duarte de Armas, no
século XVI. Atualmente, existem poucos
vestígios, mas a Torre do Relógio é uma
interessante construção. A vila é conhe-
cida pelos queijos, enchidos, bordados
e granitos. Tem ainda uma anta relativa-
mente bem conservada, que se localiza
a pequena distância (tomar caminho das
Termas da Fadagosa).

Até há pouco tempo, realizava­‑se a Bie-


nal da Pedra, um curioso evento, sobre-
tudo para uma pacata e remota povoação
alentejana, que trazia à localidade escul-
tores de todo o mundo. Estes trabalha-
vam as pedras da região, por vezes ao ar
livre e com os visitantes a assistirem. Des-
ses eventos, ficaram inúmeras esculturas,
espalhadas pela vila. O adro da igreja
matriz, por exemplo, exibe um intrigante
dedo a apontar o céu e uma cruz que
parece ter vida. Junto à Ermida de Nossa
Senhora da Redonda, um pouco afastada
da vila, poderá admirar uma monumental
arca em granito, da autoria de um escultor Bienal da Pedra, dedo no adro da igreja de Alpalhão

27
A Alentejo

A
EXTENSÃO: 140 km través de uma paisagem heterogénea, que
Ponte de Sor se estende entre a planície alentejana e os
campos férteis do Ribatejo, propomos­‑lhe
Tramaga
visitar vilas históricas como Alter do Chão
Alter do Chão
e Avis. Como as ofertas de museus são escassas, neste
Alter Pedroso percurso conta sobretudo a riqueza arquitetónica
Cabeço de Vide e paisagística.
Fronteira
Ponte de Sor
Ervedal
Tramaga
Avis Alter do Chão
Alter Pedroso
Barragem do Maranhão
Ponte de Sôr Cabeço de Vide

Ervedal Fronteira
Barragem Avis
do Maranhão

Ponte de Sor infantil e um jardim fresco e arborizado


são razões mais do que suficientes para
Os maiores atrativos desta cidade são, fazer afluir os visitantes na época de calor.
sem dúvida, os espaços de lazer junto à É de notar o cuidado posto na manuten-
magnífica zona ribeirinha. Um complexo ção deste espaço semeado de bancos de
de piscinas, condições para desportos pedra e bebedouros. Um bar com espla-
náuticos, um campo de ténis, um parque nada remata o conjunto. Ao fundo, pode
admirar a ponte romana, um pouco des-
caracterizada devido às obras de recons-
trução no século XIX.

Passando por debaixo dos arcos da ponte


e virando à direita, encontra a Fonte da
Vila, decorada com as armas de Portu-
gal. Infelizmente, está muito degradada
devido a atos de vandalismo. Vire depois
à esquerda e siga pela Rua da Fonte, até
encontrar, numa esquina, a Capela de São
Pedro, que remonta ao século XVII.

Na principal via da cidade, a Avenida da


Liberdade, situa­‑se a igreja matriz, rodeada
por um pequeno jardim. Mais à frente,
Zona ribeirinha, Ponte de Sor fica o jardim municipal, outro espaço bem

28
A Percurso 2

cuidado, ideal para uma pausa ao fresco. tactar a câmara municipal (245 610 000).
Um pouco mais adiante, no mesmo largo, Ao lado, existe um pequeno espaço ajar-
atente na bela fachada do cineteatro. dinado, com esplanadas. É ainda junto
ao castelo, um pouco escondida, que
Museu Silvestre se encontra a mais bela e antiga fonte,
À esquerda do cineteatro, no n.º 8, uma totalmente feita em mármore branco de
curiosidade: o Museu Silvestre. Trata­‑se Estremoz. Remonta ao século XVI e foi
de uma sala de exposições organizada mandada construir por D. Teodósio I,
por um particular, dedicada à vida e obra Duque de Bragança. Ostenta o escudo
de um autodidata da cidade, António nacional e as armas de Alter. Um pouco
Silvestre, que se desdobrou por várias ati- abaixo, localiza­‑se a igreja matriz, caiada
vidades artísticas, como a pintura, a escul- de branco e bordejada a azul, construída
tura e a poesia. no século XX ao estilo do Estado Novo.

Local: Av. Manuel Pires Filipe, 8. Palácio do Álamo


Contacto: 242 209 228. Um dos mais importantes edifícios bar-
rocos da vila é o magnífico Palácio
Moinho de água da Pontinha do Álamo, no Largo Barreto Caldeira.
Antes de seguir para Alter do Chão, Comece por apreciar a fachada. No inte-
sugerimos um pequeno desvio até à loca- rior, nota para a escadaria e o mobiliário.
lidade da Tramaga. Um pouco antes de Igualmente a não perder é o jardim, con-
chegar à povoação, encontrará, sobre o cebido ao gosto setecentista, onde se
rio, um moinho ainda a funcionar. Aprecie destaca um painel de azulejos, retratando
a repousante paisagem circundante, de cenas de caça.
solo bastante pedregoso, com a água a
cair pelo açude. Local: Largo Barreto Caldeira.
Contacto: 245 610 004 (posto de turismo)
ou 245 610 000 (câmara municipal).
Alter do Chão

Volte a Ponte de Sor e tome a direção de


Alter. Pelo caminho, passará pela ponte
romana de Vila Formosa, sobre a Ribeira
de Seda. Para observar a construção de
perto, pare o carro depois de atravessar.
Esta estrutura extraordinária, que fazia
parte da via militar entre Lisboa e Mérida,
tem mais de 100 metros de comprimento
e 8 de altura. Apresenta seis arcos de volta
perfeita e uma solidez notável, sobretudo
ao fim de dois mil anos.

Chegando a Alter do Chão, o castelo, eri-


gido no século XIV sobre uma edificação
de origem muçulmana, não passa des-
percebido. Para visitar, o melhor é con- Palácio do Álamo, Alter do Chão

29
A Alentejo

Coudelaria de Alter O circuito da coudelaria inicia­‑se nas


Antes de sair de Alter, uma visita à coude- Casas Altas, onde os visitantes são aco-
laria, a cerca de 2,5 quilómetros, é abso- lhidos e convidados a ver a exposição
lutamente aconselhável. Mas prepare­‑se, sobre a História do local. Em seguida,
pois, para conhecer o espaço, pode ter podem passar pelas cavalariças e apreciar
de gastar um dia inteiro. Fundada em alguns exemplares da raça lusitana. No
1748 por D. João V, com o objetivo de picadeiro, é  possível assistir ao desem-
melhorar a produção nacional de cava- penho dos alunos da escola equestre
los através do aperfeiçoamento do Lusi- em período letivo. Outra opção é a gale-
tano Alter Real, a região onde se insere ria, que desde 2000 acolhe a exposição
tem vestígios de presença humana que O  Cavalo e o Homem – Uma Relação
remontam a sete mil anos. Milenar, com peças da coleção particu-
lar de Rainer Daehnhardt, algumas com
Recentemente, o local começou a ser cerca de três mil anos.
escavado por uma equipa da Universi-
dade de Évora, tendo sido descoberto Às terças, quintas e sábados, a coudelaria
um denso conjunto de arqueossítios oferece um programa especial, composto
de diferentes períodos, sobretudo do por demonstrações de desbaste (domesti-
Neolítico, Calcolítico, Alto Medieval e cação) dos cavalos, falcoaria e atrelagem.
Moderno. Destacam­‑se, pelo número e De terça a sexta­‑feira, às 15h00, ocorre a
arquitetura, os testemunhos megalíticos. saída das éguas, que, juntamente com as
Até ao momento, foram identificados crias, são largadas no campo. Os espetá-
diversas antas, habitats e um santuário da culos tauromáquicos são outra atração,
Pré­‑História, bem como sepulturas antro- mas funcionam por marcação.
pomórficas e estruturas de habitat e reli-
giosas medievais. O objetivo é, a breve O complexo dispõe também de cafetaria,
trecho, dotar a coudelaria de um percurso restaurante, lagar e enoteca, para as delí-
arqueológico para os turistas, mas tam- cias gastronómicas e vinícolas da região.
bém para os estudiosos.
Local: Tapada do Arneiro.
Contacto: 245 610 060/074 (marcações
de visitas guiadas).

Alter Pedroso

Na estrada para Cabeço de Vide, faça um


pequeno desvio à esquerda e visite Alter
Pedroso. Pelo caminho, encontra uma anta,
devidamente assinalada, que, no entanto,
já não possui a pedra superior (chapéu). Se
não é um verdadeiro apreciador de mega-
litismo, poderá ficar algo dececionado.
Siga até Alter Pedroso, tomando a direção
do miradouro. Do alto do penhasco, onde
Coudelaria de Alter do Chão se situam as ruínas de um castelo do século

30
A Percurso 2

às árvores. Ao fundo, mais para o lado


direito, verá nova porteira, que dá acesso
à Serra das Penas, onde existe uma necró-
pole megalítica. Uma das antas está des-
truída, mas a outra, mais embrenhada no
meio das árvores, é uma surpresa para os
olhos. Os percursos estão bem indicados
com a sinalética dos escuteiros, amarela e
vermelha. Além de contactar com a Histó-
ria, ficará bem perto da Natureza.
Anta, perto de Alter Pedroso
Rossio e Igreja do Espírito Santo
De volta à estrada, entrará em Cabeço de
XIII, aviste Alter do Chão e aprecie toda a Vide, cujo primeiro impacto é o extenso
região circundante. Esta construção fazia rossio, o maior do Sul do país. À direita,
parte, durante a Reconquista Cristã, da fica a Igreja do Espírito Santo e o cruzeiro,
linha defensiva do Alentejo. Acabou por ambos do século XVI.
ser destruída durante a Guerra da Restau-
ração, no século XVII, por uma guarnição Centro histórico
espanhola. Da estrutura primitiva resta um Se a sua condição física o permitir, atreva­
portal em estilo gótico, partes da muralha ‑se a subir a pé as ruas íngremes até ao
e a porta da Capela de São Bento. centro histórico, onde fica a igreja matriz
e o castelo, que, no entanto, não está
A vila, que parece parada no tempo, foi aberto ao público. A partir do miradouro,
sede de concelho até ao Liberalismo, no
século XIX. Entretanto, passou a integrar
o município de Alter do Chão. Motivo de
orgulho para a reduzida população é a
Igreja de Nossa Senhora das Neves, que
data do século XV e possui alguns ele-
mentos barrocos, como o altar­‑mor.

Cabeço de Vide

Regresse pelo mesmo caminho e retome


a estrada em direção a Cabeço de Vide.
A determinada altura, uma placa diz­‑lhe
para virar à esquerda.

Necrópole da Serra das Penas


Mais à frente e junto a uma ponte, pare o
carro na berma. Abra a porteira de acesso,
tendo o cuidado de deixá­‑la fechada, para
os animais não fugirem. Já do outro lado,
comece a subir do lado esquerdo, junto Antiga câmara e cadeia de Cabeço de Vide

31
A Alentejo

emoldurado pelos antigos edifícios da restaurante, sombras e relva. Também é


câmara municipal e cadeia, poderá apre- possível andar de gaivota ou canoa ou,
ciar a paisagem. se preferir, fazer um circuito pedestre
(indicado no local).
Termas da Sulfúrea
Volte ao Rossio e, já de carro, siga a indi- Pouco antes de chegar a Fronteira,
cação das termas. Cerca de um quilóme- encontra, no lado esquerdo e no cimo
tro depois, aparecem perante os seus de um monte, a Igreja de Nossa Senhora
olhos uma piscina natural, um parque de da Vila Velha, templo tipicamente alente-
merendas, restaurantes e esplanadas. jano, caiado de branco e debruado a azul.
Pode fazer um piquenique à sombra, No exuberante interior, destacam­‑se os
pois existem várias mesas e bancos de frescos que decoram o teto.
pedra sob o arvoredo. Mas atenção que
o local é muito concorrido no Verão. Em Fronteira, estacione perto da igreja
matriz, que surge do lado direito da
estrada, e percorra a pé as ruas da vila.
Fronteira Na Praça do Município, por exemplo, há
vários pontos de interesse, como o pelou-
Tome a direção de Fronteira a partir das rinho, a Torre do Relógio (século XVI), com
indicações em Cabeço de Vide. um curioso telhado revestido a azulejos, e
a Capela do Arco dos Santos. Construída
Praia fluvial da Ribeira Grande sobre uma passagem em arco, graças à
Pelo caminho, a dado momento, vai posição elevada, permitia aos presos, na
aparecer­‑lhe uma ponte sobre o rio. cadeia em frente, assistir às missas.
Assim que a atravessar, vire à direita e
estacione no parque. Trata­‑se de mais um Nesta vila, saltam à vista as inúmeras
espaço aprazível, com zona de banhos, casas solarengas, com especial destaque

Praia fluvial da Ribeira Grande

32
A Percurso 2

RESISTIU AO TARRAFAL, MORREU DE PNEUMONIA

Um dos mais ilustres filhos de Fronteira é Cândido de Oliveira, jogador e capitão


da primeira selecção nacional de futebol, seleccionador nacional, treinador do
Belenenses, do Sporting dos “violinos”, do Porto e da Académica e fundador,
com Ribeiro dos Reis e Vicente de Melo, do jornal A Bola. Nascido em 1896,
entrou para a Casa Pia de Lisboa em 1905, após ter ficado órfão. Cedo se tornou
um dos mais famosos jogadores do seu tempo. Como curiosidade, fica o facto de
ter capitaneado a selecção no primeiro Portugal­‑Espanha.
Mas a vida de Cândido de Oliveira não se resumiu ao futebol. Tirou o curso
comercial e empregou­‑se nos correios como aspirante, onde chegou a chefe de
divisão. Quando já era inspector, em plena II Guerra Mundial, trabalhou como
agente secreto dos ingleses. Tinha por missão organizar a resistência em caso
de invasão nazi. Foi preso em 1942 e deportado para o Tarrafal, em Cabo Verde.
Regressou a Portugal em 1944. Impossibilitado de continuar na função pública,
fundou o jornal A Bola.
O livro Tarrafal, o Pântano da Morte, onde conta a sua experiência, só foi publi‑
cado em 1974. Escreveu ainda vários livros sobre desporto e táctica no futebol.
Quando cobria o Campeonato do Mundo de 1958, na Suécia, teve uma pneumo‑
nia e faleceu. A Supertaça de Portugal tem o seu nome.

para as da Rua dos Trigueiros, que parte


da Praça do Município.

Não deixe Fronteira sem visitar a antiga


estação dos caminhos­‑de­‑ferro. Para lá
chegar, siga pela Rua dos Trigueiros em
direção ao Sul e depois pela Avenida
Heróis dos Atoleiros. A antiga estação,
embora já não se encontre nas melhores
condições, ostenta vários painéis de azu-
lejos, em bom estado de conservação.

Avis

Para seguir até Avis, tem de voltar atrás, Fronteira

virar à esquerda no primeiro cruzamento,


para a Rua João Francisco Curvelo, dedicado à vida e obra do escritor Mário
e novamente à esquerda para a EN 245. Saa (1893­‑1971). Nascido nas Caldas da
Rainha, Mário Paes da Cunha e Sá adotou
Museu da Fundação Arquivo Paes Telles a forma arcaizante Saa, em homenagem
A caminho de Avis, faça uma pausa em aos seus antepassados mais remotos.
Ervedal, para visitar o Arquivo Paes Telles, Além de poesia, realizou estudos históri-

33
A Alentejo

cos e genealógicos e ensaios filosóficos, Igreja do convento


inserindo­‑se no Modernismo Português. Siga em direção ao centro histórico, entre
O  espólio, composto sobretudo por pela Porta do Anjo ou da Vila e tente
documentos, foi legado pelo próprio à estacionar no Largo Cândido dos Reis.
Junta de Freguesia de Ervedal e pode Trata­‑se de uma das mais imponentes
ser apreciado na casa onde viveu. zonas de Avis, junto à entrada da igreja
do convento.
Local: Rua Dr. Emídio Mendes.
Contacto: 242 465 162 O templo, assim como a Torre da Rai-
242 465 423 (junta de freguesia). nha, está fechado. Para visitar, dirija­‑se
ao posto de turismo, na Rua Serpa Pinto,
Ao longe, Avis recorta­‑se no horizonte, perto da igreja matriz. Na igreja, destaca­
com as ruínas do Convento de São Bento, ‑se o altar em madeira, sem revestimento,
do século XIII. as molduras das janelas, a belíssima
Durante a Reconquista Cristã e princípio sacristia e o cadeiral duplo do coro alto,
da nacionalidade, entre as ordens ibéri- em pau­‑santo.
cas, destacaram­‑se as de Santiago, Alcân-
tara e Calatrava. Esta, fundada em 1158 Museu
com o apoio do rei Sancho III de Castela, À esquerda da igreja, passando por
adotou a Regra de São Bento e a Cons- debaixo da arcada, admire os antigos
tituição da Ordem de Cister. Da Ordem claustros do convento, com a curiosa
de Calatrava, viria a nascer, como braço boca de cisterna em forma de estrela de
autónomo em Portugal, a Ordem de São oito pontas. Em frente, fica a entrada para
Bento de Avis. a antiga sala do capítulo e refeitório, onde

Ao longe, Avis

34
A Percurso 2

funciona o museu. Do acervo, fazem parte do espaço de lazer junto à albufeira, vire
peças de etnografia e arqueologia. sempre à direita. Depois de passar por
Pisão, volte novamente à direita e siga
Local: Convento de São Bento. a indicação Barragem. Atravessará uma
Contacto: 242 412 024 paisagem muito bonita, mas pedregosa,
(posto de turismo). que dificilmente é associada ao Alentejo.
Ao atravessar o paredão, estacione à
Ao lado do convento, ergue­‑se o antigo sombra das árvores.
Paço do Prior­‑Mor, onde atualmente fun-
cionam os serviços da câmara municipal. À beira da estrada, está indicado um per-
Na Praça Serpa Pinto, encontra a igreja curso pedestre. O circuito, com 17 quiló-
matriz e um curioso pelourinho, encimado metros, é difícil e exige uma manhã ou
por uma águia de asas abertas, símbolo tarde. Atravessa uma zona de montado
da vila. Para descansar um pouco, desça e segue ao longo do vale da Ribeira de
pela Rua das Portas de Évora até che- Seda. Se tem boa condição física e gosta
gar ao Passeio do Mestre de Avis, um do contacto com a Natureza, é uma hipó-
pequeno jardim com miradouro. tese a considerar.

Não saia da vila sem experimentar as


famosas migas de espargos com entre-
costo. Mas, se o seu intento for dar um
mergulho na Albufeira do Maranhão, terá
de deixar esse projeto para depois…

Albufeira do Maranhão
Em dias de calor, será grande a tentação
de fazer um desvio até à albufeira do
Maranhão, junto à qual está instalado o
parque de campismo, que dispõe de pis-
cina, e o clube náutico. A estrada está bem
sinalizada. Este espaço de lazer é usado,
não só pelos habitantes, como também
por turistas e alentejanos de outras para-
gens. Pesca, natação e canoagem são
algumas atividades desportivas que aqui
se podem desenvolver. As  crianças têm
Zona de lazer junto à albufeira do Maranhão
ainda a possibilidade de dar largas às suas
brincadeiras no magnífico parque infantil
ribeirinho. Para tomar uma refeição, pode
optar pelas mesas e bancos à sombra ou, Ponte de Sor
se não lhe agradarem os piqueniques,
pelo restaurante com esplanada. Para completar o itinerário, regresse a
Avis e tome a estrada de Ponte de Sor.
Barragem do Maranhão Independentemente da hora do dia,
Para desfrutar de uma paisagem mais pode aproveitar para relaxar junto à zona
selvagem, dirija­‑se ao paredão. Saindo ribeirinha.

35
A Alentejo

O
EXTENSÃO: 190 km nosso passeio começa em Montemor­‑o­‑Novo,
Montemor-o-Novo onde, em 1496, o rei D. Manuel decidiu empre-
ender a descoberta do caminho marítimo para
Santiago do Escoural
a Índia. Foi também aqui que, um ano antes,
Arraiolos
nasceu João Cidade, o aventureiro que ficaria conhecido
Igrejinha como São João de Deus pelo seu trabalho junto dos mais
Evoramonte desfavorecidos e pela fundação de um hospital em Gra-
Vimieiro nada. Já em 1808, a cidade seria saqueada pelas tropas do
Pavia General Loison, aquele que ainda hoje evocamos quando
usamos a expressão “vai tudo para o Maneta” e que se
Cabeção
destacou durante as invasões francesas pela brutalidade e
Mora
pilhagem. Alguns anos depois, Montemor viria de novo a
Brotas enfrentar a guerra, sendo palco das Lutas Liberais.
Ciborro Portanto, temos muita
Montemor-o-Novo História pela frente, Mora Cabeção

num longo percurso Pavia


Brotas
de 190 km, que, Vimieiro
para melhor ser Ciborro Evoramonte
desfrutado, é Igrejinha
Arraiolos
preferível ser
Barragem
dividido por Montemor-o-Novo do Divor

mais do que
dois dias. Santiago do Escoural

Montemor­‑o­‑Novo

Chegando a Montemor, o melhor é


estacionar perto do Largo Calouste Gul-
benkian e visitar a cidade a pé. Uma boa
dica é dirigir­‑se ao posto de turismo, que
fica no mesmo largo, e pedir um mapa dos
locais a visitar. Mesmo ao lado, poderá
observar uma curiosa loja de artesanato,
com os seus cabedais e cobres expostos
sobre o passeio.

Já com todas as indicações na mão, pre-


pare­‑se para calcorrear a zona mais antiga,
onde casas senhoriais convivem pacifi-
Caminho em torno do Castelo de Montemor­‑o­‑Novo camente com habitações de traça mais

36
A Percurso 3

Castelo
Chegando ao topo, aprecie a magnífica
vista de Montemor e arredores. Também
é possível fazer agradáveis passeios a pé
em torno do castelo. Se tiver tempo e dis-
posição, não deixe de explorar todos os
recantos e edifícios em ruínas. Existe uma
zona arborizada para fazer uma pausa à
sombra e respirar ar fresco.

Como muitos outros castelos, o de Mon-


temor é uma antiga fortaleza conquistada
aos mouros, embora se pense que tenha
origem ainda mais antiga. Da muralha
que, em tempos, circundava todas as
construções, pouco resta.

Um pouco à frente da Porta da Vila,


abre­‑se um largo onde se encontra o
Fachada de solar em Montemor­‑o­‑Novo
Convento da Saudação, do século XVI,
considerado o monumento de maior
popular. No n.º 54 da Rua 5 de Outubro, valor artístico do concelho, com os seus
por exemplo, admire a fachada do solar belos claustros e azulejaria. Aqui têm
dos Mouzinhos da Silveira Almadanins, do funcionado algumas iniciativas culturais
século XVII. No Largo Alexandre Herculano, desenvolvidas pela associação O Espaço
ficam os solares onde viveram o conde de do Tempo e, no verão, uma bela espla-
Safira e o visconde da Amoreira da Torre. nada que fica aberta noite dentro fazem
as delícias dos visitantes. Por vezes, há
Virando à esquerda, em direção ao largo concertos e cinema ao ar livre.
dos paços do concelho, irá deparar com
mais alguns pontos de interesse, como Informações: 266 899 856.
as fontes de Nossa Senhora da Concei-
ção e do Besugo. Pode ainda apreciar Para a esquerda do convento, situa­‑se a
uma curiosa lápide de mármore, com ele- Igreja de Santiago, do século XIV, com
mentos que se pensa serem de origem os seus frescos restaurados. Algumas
romana e visigótica. árvores, bancos e mesas enquadram o
adro. Na igreja, funciona o Centro Inter-
No Terreiro São João de Deus, visite a pretativo do Castelo, com uma exposição
Biblioteca Municipal Almeida Faria, se sobre a história da vila.
estiver interessado, por exemplo, em
documentação sobre Montemor. Informações e marcação de visitas
guiadas: 266 898 103 (posto de turismo).
Sempre a subir, encontra as ruelas do
núcleo antigo, onde se destaca a arquite- Atrás do convento, pode apreciar mais
tura popular, com algumas casas ainda a alguns edifícios em ruínas, mas de grande
ostentar robustos portais de granito. peso histórico. O Paço dos Alcaides, por

37
A Alentejo

exemplo, era o local onde D. Manuel se


alojava quando ficava em Montemor e
foi aqui que decidiu a viagem marítima
para a Índia. Lembremos que este rei
passava largas temporadas em Évora e
que Montemor, localidade vizinha, aca-
bou por beneficiar da proximidade da
corte. Os séculos XV e XVI marcam, de
resto, o apogeu de Montemor­‑o­‑Novo,
com a população crescente a instalar­
‑se cada vez mais para lá das muralhas
do castelo.

A Igreja de Santa Maria do Bispo, antiga


matriz e também em ruínas, é outro local
a explorar. Desça, agora, as ruas íngremes
que partem do castelo.
Cineteatro Curvo Semedo, Montemor­‑o­‑Novo
Museu de Arqueologia
Instalado no antigo Convento de São lejo. Um pouco adiante, aprecie a arqui-
Domingos, do século XVII, o museu vai tetura do Cineteatro Curvo Semedo, pro-
além da arqueologia, contando com jeto de Raul Lino que substituiu o antigo
vários núcleos, desde a olaria à reconstitui- Teatro Montemorense.
ção de profissões antigas, passando pelo
brinquedo, a arte sacra e a tauromaquia. Descendo a partir do jardim em direção ao
Na sala dedicada à arqueologia, admire centro, encontra o belo edifício do Círculo
alguns exemplos do espólio pré­‑histórico, Montemorense, fundado no século  XIX
testemunho da fixação de habitantes na com o objetivo de criar uma nova banda
região. Parte dos objetos encontrados filarmónica. Mas acabou por ir mais longe.
na gruta do Escoural encontra­‑se aqui Aqui se liam jornais, faziam jogos e troca-
exposta. Não deixe ainda de visitar a igreja vam ideias, realizavam bailes, represen-
e os seus belos azulejos policromáticos. tações e palestras. Possui salão de baile,
biblioteca e esplanada no verão.
Local: Largo Prof. Dr. Banha de Andrade.
Contacto: 266 890 235.
Caeiras
Aproveite para fazer uma pausa no jar-
dim público, que fica entre as ruas do Saia de Montemor pela Rua de São
Calvário e Olivença. Espaço agradável, Domingos. Chegando ao rio Almansor,
com buxos esculpidos, tem ainda dois poderá sentir­‑se numa prova de todo­‑o­
pequenos lagos artificiais. As sombras ‑terreno, pois terá de atravessar pela água.
são ideais para recuperar o fôlego per- Quando chegar a um entroncamento com
dido nas encostas do castelo. Aqui perto, sinal de STOP, vire à esquerda.
encontra­‑se a Igreja do Calvário, com um
retábulo quinhentista alusivo a São Pedro Se quiser saber como era um forno onde
e a sacristia setecentista revestida a azu- se cozia a cal (caeira), terá de fazer um

38
A Percurso 3

pequeno desvio. Quando vir uma placa Recinto megalítico


indicando Caeiras, siga o caminho de da Portela de Mogos
terra batida. Terá de ir bastante devagar,
pois a via está em mau estado. Quando A partir da gruta do Escoural, continue
encontrar uns pilares com barra amarela, em direção a Arraiolos, pela EN370. Passe
pare o carro. O forno fica à esquerda. por São Sebastião da Giesteira e, mais à
Trata­‑se de uma construção circular, em frente, no cruzamento que indica Évora,
tijolo­‑burro, onde era cozida a calcite vire à direita e logo depois à esquerda,
extraída nas proximidades. O forno era mantendo­‑se na EN370. Assim que entrar
depois coberto por uma tampa com bura- na estrada, ponha o contador a zeros. Cir-
cos, por onde saía o fumo. O lume era cule com toda a atenção, pois o recinto
aceso na base. O trabalho, que ocupava megalítico não está assinalado. Mais ou
seis a oito homens a trabalharem por tur- menos ao fim de quatro quilómetros, pro-
nos, para manterem o fogo aceso, demo- cure uma placa de proibição de ultrapassa-
rava cerca de uma semana. Até há uns 30 gem e pare o carro na berma. Encontra um
anos, Caeiras era um dos mais importan- pequeno carreiro que sobe, por onde deve
tes centros produtores e distribuidores de seguir a pé. Cerca de 200 metros depois,
cal da região. os menires começam a aparecer no hori-
zonte. Embora seja mais pequeno do que
o dos Almendres (veja o percurso 5), este
Santiago do Escoural cromeleque vale mesmo a pena. A pai-
sagem é tranquila e permite um estreito
Regresse à estrada principal fazendo contacto com a Natureza. Composto por
o caminho inverso. Chegando ao cru- vários monólitos de pequena e grande
zamento, vire à direita no sentido dimensão, o conjunto mantém um impo-
de Santiago de Escoural, localidade nente menir central. Por ser pouco conhe-
famosa devido à gruta. Para lá che- cido dos turistas, o local costuma estar
gar, basta seguir as placas indicativas. deserto, pelo que desfrutará ainda melhor
A gruta foi usada há 50 mil anos como da energia deste lugar especial.
abrigo. Durante o período Neolítico,
transformou­‑se em cemitério (necró-
pole). No interior, pode apreciar as pri-
meiras gravuras rupestres encontradas
em Portugal. A  maioria representa ani-
mais, mas também existem figuras de
interpretação complexa, que podem
estar relacionadas com rituais mágico­
‑religiosos. As formações rochosas,
estalactites, estalagmites e veios deixa-
dos pelo escorrer das águas são ainda
um espetáculo digno de registo. Infeliz-
mente, o local tem estado fechado, sem
data para reabrir. Por isso, antes de viajar,
aconselhamo­‑lo a contactar a Direção-
-Geral do Património Cultural, a fim de
pedir informações (213 614 200). Recinto megalítico da Portela de Mogos

39
A Alentejo

Arraiolos Visite a Sala­‑Museu Sub­‑Tenente Piteira,


com coleções de mobiliário, arte sacra e
Pequena vila, de casinhas brancas debru- pintura de Dórdio Gomes, um dos mais
adas a azul, Arraiolos é sobretudo conhe- ilustres filhos da terra.
cida pela tapeçaria. Ao entrar na loca-
lidade, siga a indicação do centro até Contacto: 266 490 240.
chegar à câmara municipal. A Praça Lima
e Brito, onde o edifício se situa, é um No extremo oposto da praça, seguindo
espaço muito agradável, onde apetece para a Rua Alexandre Herculano, não
parar. Aprecie ao fundo o belo pelouri- ficará indiferente à invulgar fachada da
nho manuelino, junto ao antigo Hospital Igreja da Misericórdia. Se estiver aberta,
do Espírito Santo. Atualmente ocupado entre e aprecie os magníficos painéis
pela GNR, conserva o portal em ogiva de azulejos, que ilustram as obras da
do século XVI e o painel de azulejos na Misericórdia.
fachada. Mesmo ao lado do pelourinho,
repare na bonita fachada da capela dedi- Castelo
cada a Nossa Senhora de Fátima. Seguindo até ao topo da colina, encon-
tra o castelo, com a sua invulgar muralha
Ainda na praça, detenha­‑se no edifício em círculo. No interior, reconhecem­‑se
onde está instalado o Café Diana, que as ruínas do Paço dos Alcaides, junto
mantém vários arcos ogivais do século XVI. à Porta da Vila. O conjunto é rematado
Se tiver tempo, prove um petisco alente- pela Igreja do Salvador, do século XVI,
jano. Pretendendo algo mais substancial, a construção intramuros em melhor
não perca a típica sopa de poejo. estado. Suba ao caminho de ronda e per-
corra toda a extensão da muralha, para
Ao lado, encontra­‑se o elegante edifício da contemplar uma vista desafogada da vila
câmara municipal, que data do século XIX. e região circundante.

Câmara Municipal de Arraiolos engalanada com os famosos tapetes

40
A Percurso 3

Saindo do castelo e virando à esquerda,


para a Rua dos Arcos, repare na fachada
da Casa dos Arcos, construção do
século  XVI, considerada um dos mais
interessantes exemplos de arquitetura
civil da vila.

Barragem do Divor

Saia de Arraiolos, tomando a direção de


Estremoz. Pouco depois, vire à direita,
no sentido de Igrejinha. Existem dois
caminhos para chegar à Barragem do
Divor: um à entrada da povoação e outro
já no meio do casario, ambos indicados Barragem do Divor
por placas.

Depois de passar um restaurante e ainda RUAS FLORIDAS DE TAPETES


antes de chegar ao paredão, encontra,
Ao longo de séculos, as mãos das
do lado esquerdo, um espaço arborizado,
bordadeiras de Arraiolos têm coberto
ideal para piqueniques. Para lá do pare-
os melhores salões com as tapeça‑
dão, verá mais um local agradável, com
rias da terra. Fabricadas a partir de
algum arvoredo. Embora não seja indi-
lã branca fiada, escavações arqueo‑
cado para banhos, pode pescar à linha
lógicas recentes apontam para que
ou apenas descansar. Como a zona envol-
remontem a uma época anterior ao
vente é aprazível, com a presença das
século XV.
elegantes cegonhas, tem ainda a possibi-
No tingimento das lãs, eram usadas
lidade de fazer belos passeios a pé.
plantas colhidas nos campos. Por
exemplo, o amarelo era obtido a
Após esta pausa revigorante, regresse a
partir dos lírios triturados e fervidos.
Igrejinha, que pode visitar, se tiver inte-
Já com as cascas do pau­‑brasil, fazia­
resse por pequenas povoações tipica-
‑se o vermelho. Para fixar as cores,
mente alentejanas. Saia, então, pela rua
usavam­‑se produtos naturais, como
principal, para Azaruja. Depois, siga as
o vinagre e, no caso do azul, a urina
indicações de Estremoz e Evoramonte.
humana.
Todos os anos, em maio ou junho,
a  Câmara Municipal de Arraiolos
Evoramonte organiza o evento O Tapete Está na
Rua, uma excelente oportunidade
Ao chegar, tome a direção do centro his-
para admirar estas obras de arte,
tórico. Na subida, à esquerda, encontra
que, durante alguns dias, pendem
uma estrada que dá acesso às ermidas de
das janelas e fachadas. Organizam­‑se
São Brás, Santa Margarida e São Sebas-
ainda exposições de rua, espetáculos
tião, a primeira das quais a mais antiga
e debates.
de Evoramonte e que poderá ter perten-

41
A Alentejo

cido aos cavaleiros templários. Voltando faz supor que tenha sido sujeito à devas-
à estrada principal, continue a subir. Esta- tação daquele sismo. Entre 1934 e 1986,
cione do lado de fora da muralha e entre foi totalmente restaurado.
pela Porta do Sol ou da Vila.
Contacto: 268 950 025.
A muralha forma um triângulo isósceles e
mantém as suas quatro portas de acesso Para finalizar a visita, percorra as ruelas
com elementos góticos, bem como um do centro histórico, reparando nas portas
postigo, que permitia à população maior ogivais em pedra. Aprecie a fachada do
facilidade de circulação. A Porta do Sol n.º 41 da Rua da Convenção, onde uma
está virada a oeste, a do Freixo a sul e as pequena placa faz alusão à Convenção de
de São Brás e São Sebastião no sentido Evoramonte, que, em 1834, pôs termo à
das respetivas ermidas. guerra civil entre liberais e absolutistas.

O edifício do paço, exemplo da arquite-


tura militar renascentista, é composto por Vimieiro
uma zona central, de planta quadrangular,
com um torreão circular em cada vértice. Saindo da vila, volte atrás, até ao cruza-
Está dividido em três pisos, que se distin- mento onde está indicado o Vimieiro.
guem perfeitamente a partir do exterior, Aqui, poderá parar para visitar a magnífica
graças aos invulgares cordões e laços de e invulgar igreja matriz e o que resta do
pedras que o envolvem. Subindo ao ter- antigo Palácio dos Condes de Vimieiro,
raço, no topo do edifício, desfruta­‑se de ponto de encontro dos poetas da Nova
uma paisagem magnífica. O imóvel terá Arcádia. O edifício apresenta um avan-
sido construído antes do terramoto de çado e vergonhoso estado de degrada-
1531, já que a sua ruína avançada em 1758 ção. Quanto aos jardins, mantêm alguma
imponência, realçada pelo obelisco em
mármore, mas estão como que sitiados
pela Santa Casa da Misericórdia.

Pavia

Chegando a Pavia, dirija­‑se ao centro.


No Largo dos Combatentes da Grande
Guerra, à direita, irá deparar com uma
invulgar construção.

Anta­‑Capela de São Dinis


O monumento mais interessante da vila é,
sem dúvida, a Anta­‑Capela de São Dinis.
A cristianização de cultos pagãos não é,
de resto, incomum no Alentejo, tal como
atesta, entre outros, a anta­‑capela de São
Brissos ou Nossa Senhora do Livramento
Burgo medieval e fortaleza de Evoramonte (veja o percurso 5). Nesta adaptação, foi

42
A Percurso 3

deixado o aspeto bruto da pedra, apenas


tendo sido tapadas as brechas entre os
esteios e acrescentado o portal e a torre
com o sino. Trata­‑se de uma das maiores
antas do país, cuja visita constitui uma
experiência quase mágica.

Casa­‑Museu Manuel Ribeiro de Pavia


Perto da anta­‑capela, visite um núcleo
museológico que acolhe uma interessante
exposição permanente de pinturas e
desenhos originais, algumas reproduções Anta­‑capela de São Dinis
e livros ilustrados por este artista natu-
ral da terra e que teve o Alentejo como Pesca Desportiva. Pouco depois, perto
inspiração. Estão ainda expostas algu- da ponte que atravessa a Ribeira do Raia,
mas peças de artesanato local. A entrada chegará a uma pequena, mas agradá-
é  gratuita. Para mais informações, con- vel, praia fluvial. Aqui se realizam provas,
tacte a junta de freguesia (266 450 110). inclusive internacionais, de pesca em água
doce. O espaço está bem arranjado, com
Um pouco abaixo, do lado esquerdo, piso de areia, mesas, bancos e zonas arbo-
fica a Ermida de São Sebastião ou Igreja rizadas. É um bom local para um banho
de São Francisco, com imponentes con- refrescante ou para passear de barco.
trafortes e em cuja fachada figura a cruz
da Ordem de Avis. Fluviário e Parque Ecológico
do Açude do Gameiro
Suba ao Largo José Manuel Casimiro. Retemperadas as forças, atravesse Cabe-
Mesmo em frente à junta de freguesia, ção, seguindo as placas indicativas do fluvi-
observe o coreto de planta hexagonal. ário. Pouco depois, à esquerda, aparece o
À esquerda, fica a Torre do Relógio, que cruzamento para o Fluviário e Parque Eco-
conserva o sino quinhentista. O edifício de lógico do Açude do Gameiro. No fim da
gaveto onde assenta, embora não possua estrada, encontra um edifício branco onde
características arquitetónicas de desta- funciona o Fluviário de Mora. Achigãs, car-
que, foi uma pousada dos cavaleiros da pas, bogas, mas também lontras, piranhas
Ordem de Avis. À direita, ergue­‑se a Igreja vermelhas e uma anaconda, são algumas
da Misericórdia. Com elementos manei- das atrações deste espaço, pequeno, se
ristas, barrocos e neoclássicos, é provável comparado com o Oceanário de Lisboa,
que tenha sido construída no século XVI e mas que faz as delícias de miúdos de
sofrido obras de remodelação profundas todas as idades. O complexo conta ainda
no século XVII. com restaurante, bar e estacionamento.

Contacto: 266 448 130.


Mora
Mesmo junto ao fluviário, desfrute de
Praia Fluvial uma paisagem singular. O Parque Ecoló-
Saia de Pavia em direção a Mora. Volte à gico do Açude do Gameiro, onde os pas-
direita quando vir a indicação Cabeção e seios pedestres são a sugestão principal,

43
A Alentejo

dispõe de parque de campismo, parque fia, poesia e jornalismo, uma escola de


infantil, clube náutico e bar. música e um posto de acesso à Internet.
Está também instalada a piscina munici-
Regresse pela mesma estrada e vá até pal, a biblioteca e o posto de turismo.
Mora. Chegando à vila, tome a direção do
centro. As ruas calcetadas bem merecem Local: Rua de São Pedro.
ser percorridas a pé. Quando se sentir can- Contacto: 266 439 079 (posto de turismo).
sado, recupere as forças no jardim público.
Basta descer até ao Largo do Mercado
Novo. Encontra um espaço muito arbori- Brotas
zado e bem cuidado. Além de poder des-
cansar ao som do marulhar das águas do Saindo de Mora na direção de Montemor,
pequeno lago, as crianças têm um parque pare nas Brotas para visitar a Igreja de
infantil para brincarem à vontade. Nossa Senhora.

Subindo um pouco, na Praça Conselheiro Igreja de Nossa Senhora das Brotas


Fernando de Sousa, encontra a igreja Fica num vale apertado onde corre a
matriz, dedicada à Senhora da Graça. No Ribeira de Brotas, que, ao lado do templo,
interior, aprecie o retábulo neoclássico se encontra canalizada. Preste atenção à
e a pia batismal de finais do século XVI. fachada, revestida de azulejos policromá-
Em frente, fica a Torre do Relógio. ticos e com um pequeno altar debaixo da
varanda, onde chegaram a ser celebra-
Se os mais novos começarem a mostrar das missas. Para visitar, informe­‑se junto
sinais de impaciência, desça até à Casa da vizinhança para saber quem tem a
da Cultura, que funciona no antigo Hos- chave. Segundo a lenda, o santuário está
pital de São Nicolau Tolentino. Além de relacionado com um milagre ocorrido no
exposições temporárias, inclui a Oficina século  XV. Uma vaca que pastava teria
da Criança, com várias atividades de caído no barranco onde hoje se situa a
expressão plástica para os mais peque- igreja. Um pastor, pensando que o ani-
nos. Aqui funcionam ainda outras inicia- mal estava morto, começou a esfolá­‑lo
tivas culturais, como clubes de fotogra- quando lhe surgiu a Virgem com o Menino
e lhe disse para construir um templo no
local. E, afinal, a vaca estava viva e de boa
saúde. O  milagre levou ao local muitos
peregrinos e o nome de Brotas atravessou
o Atlântico, sendo cultuado no Brasil.

Torre das Águias


O monumento mais conhecido e enigmá-
tico desta terra é, provavelmente, a Torre
das Águias, na antiga vila de Águias. Para
lá chegar, siga as placas que levam a um
caminho de terra batida. Não se encontra
em grandes condições, pelo que deverá
circular com cuidado. O edifício, bas-
Açude do Gameiro, perto de Mora tante degradado, é semelhante à Torre

44
A Percurso 3

Torre das Águias

da Herdade do Esporão, em Reguengos uma paragem no Ciborro. Na rua prin-


de Monsaraz. Em estilo manuelino, apre- cipal, vire à esquerda, após um casario
senta planta quadrangular, quatro pisos e branco debruado a azul. Ao fim da rua,
paredes com dois metros de espessura. vire à direita e, em seguida, na segunda à
As agulhas cónicas no topo serviam de esquerda (Rua das Bicas). Seguirá por um
guaritas. As questões da funcionalidade e caminho de terra batida até à barragem
época desta torre ainda não estão perfei- da Atabueira.
tamente resolvidas. No geral, é associada
a rotas de tráfego viário. Neste contexto, Antes de chegar, poderá fazer um pique-
teria funcionado como abrigo de cava- nique no pinhal. Junto à barragem, do
leiros. Mas há também quem a ligue ao lado direito, existem vários espaços para
culto de Nossa Senhora das Brotas. De dar um mergulho ou pescar. Atravessando
qualquer modo, o local está impregnado o paredão, encontra as instalações do Ski
de uma energia forte e vale uma visita. Clube do Alentejo, uma escola de esqui
aquático e wakeboard.
Mais ao fundo e aflorando uma pequena
colina, ergue­‑se a Ermida de São Sebas- Contacto para informações: 932 529 841.
tião, o único edifício religioso da antiga
vila. São Pedro terá sido o primeiro
padroeiro do templo, que ruiu e, no Montemor­‑o­‑Novo
século XVII, foi reconstruído, passando
a ser dedicado a São Sebastião. Depois das águas da Atabueira, regresse
a Montemor, aproveitando para recupe-
Barragem da Atabueira rar as energias com uma refeição típica.
Volte à estrada principal, retomando o As migas ou umas perninhas de rã são
caminho de Montemor. Faça, no entanto, mesmo a não perder.

45
A Alentejo

C
EXTENSÃO: 90 km om início em Estremoz, cidade em que faleceu
a Rainha Santa Isabel, este percurso leva­‑nos
Estremoz
até à Serra d’Ossa, onde D. Sebastião se deteve
Aldeia da Serra
antes de seguir para Alcácer Quibir, e vai até ao
Redondo Redondo e ao Alandroal, povoações com fortes vestígios
Alandroal medievais. Em Vila Viçosa,
Terena terra da poetisa Florbela Estremoz

Vila Viçosa Espanca e do matemático


Borba
e dirigente antifascista
Borba
Bento de Jesus Caraça, Vila Viçosa
Estremoz
tem um dos seus pontos
mais altos. Após uma Aldeia
passagem pela Borba dos da Serra
Alandroal
bons vinhos, regressa à
Cidade Branca.
Redondo Terena

Estremoz ao Rossio Marquês de Pombal, com o


seu grande parque de estacionamento.
Esta é uma das mais cativantes cidades Em redor, concentram­‑se algumas ban-
alentejanas. A zona antiga, talvez por cas de vendedores, assim como os prin-
causa da muralha que a cerca, exerce cipais estabelecimentos comerciais e os
fascínio imediato sobre os visitantes. Mas mais importantes edifícios administrativos
convidamo­‑lo a resistir e a deixar para o da cidade.
fim a cereja que coroa o bolo. Dirija­‑se
primeiro à zona baixa, mais propriamente Lago do Gadanha
Quem entra por baixo, vindo da Rua
Serpa Pinto, vê primeiro o jardim público,
à esquerda. À direita, fica a Fonte das
Bicas. Um pouco mais acima, é possível
observar o Lago do Gadanha. A estátua
ao centro representa Saturno, conside-
rado pelos romanos o Senhor do Tempo.
O nome do lago advém da foice que o
deus segura e que, segundo a mitologia,
se destinava a ceifar a vida dos homens.

Igreja de São Francisco


A seguir, entrará no Largo dos Combaten-
tes da Grande Guerra, com uma escultura
evocativa ao centro e que, antigamente,
era conhecido como Rossio de São Brás.
Lago do Gadanha, Estremoz Em frente, fica a Igreja de São Francisco,

46
A Percurso 4

uma das mais importantes da cidade.


No interior, o mármore é omnipresente.

Centro Ciência Viva


Também os edifícios em torno do Rossio
Marquês de Pombal, como o Convento
das Maltesas, estão repletos de már-
more. Aqui funciona o Centro Ciência
Viva. A Terra e a sua evolução são o tema
da exposição permanente. Uma ampu-
lheta gigante ajuda a contar o tempo em
milhões de anos. O espaço dispõe tam-
bém de um ponto de acesso à Internet. Claustros do Convento das Maltesas, Estremoz

Contacto: 268 334 285. celebra­‑se missa, fazem­‑se conferências


e organizam­‑se espetáculos musicais.
Igreja dos Congregados
Ainda no mesmo largo, em frente ao Contacto: 268 333 541 (posto de turismo).
coreto, situa­‑se a Igreja dos Congrega-
dos, onde está instalado um museu com Museu rural
uma coleção de arte sacra. É possível Até há alguns anos instalado no Con-
subir às torres dos sinos e apreciar uma vento das Maltesas, o museu rural reabriu
bela vista sobre a cidade. No auditório, em 2007, no Centro Cultural e Recreativo
inevitavelmente concebido em mármore, Dr. José Lourenço Marques Crespo, antigo
Centro Cultural Tomás Alcaide. Para lá
chegar, siga para as Portas de Santo Antó-
nio a partir do Rossio Marquês de Pombal,
tomando a rua que fica precisamente no
vértice esquerdo da praça, se estiver virado
para a Igreja dos Congregados. Passando
as portas, corte na primeira à direita, a Rua
Bento de Jesus Caraça. O  museu, que
exibe coleções de arte popular dos últi-
mos 50 anos, conta agora com exposições
temáticas de longa duração, como uma
mostra sobre as cerâmicas de Estremoz.

Contacto: 963 004 179


(Casa do Povo de Santa Maria);
939 192 233 (museu municipal).

Portas da cidade
Um aspeto muito interessante de Estre-
moz reside nas portas da cidade. Para
conhecê­‑las, o melhor é ir de carro, pois
Igreja dos Congregados, Estremoz ficam afastadas umas das outras. Não terá

47
A Alentejo

dificuldade em encontrá­‑las, sobretudo se lha, o que permite encontrar a Igreja de


tiver a ajuda de um mapa. Perto do Ros- Santiago. Em frente, existe um largo com
sio, fica a de Santo António. No sentido um miradouro. Do outro lado da igreja,
oposto, como quem vai para a praça de parte uma das vias mais típicas de Estre-
touros, encontra a de Santa Catarina, uma moz, a Rua Direita, que vai dar ao Arco de
das mais bonitas. Estando no Rossio, se Santarém, o qual dá acesso à zona do cas-
tomar a direção de Elvas, dará com a dos telo. Continuando a contornar a muralha,
Currais. Já a Porta de Évora é a entrada e irá deparar com a Porta de Évora.
saída mais importante da zona alta.
Passando o Arco de Santarém, chega ao
recinto do castelo e ao Largo D. Dinis.
À esquerda, fica o palácio real, transfor-
mado em pousada, com a sua torre de
menagem de 27 metros de altura. É pos-
sível subir a partir do interior da pousada.
Do alto, a vista revela­‑se grandiosa.
Também vale a pena visitar a pousada,
nem que seja para tomar um café no bar.
A decoração é sumptuosa e, apesar das
modificações a que o edifício foi sujeito,
conserva uma solidez impressionante.
As espessas paredes transpiram História.
Aqui, morreu a Rainha Santa Isabel, em
Porta de Santa Catarina, Estremoz
1336. Na crise de 1383­‑85, o Alcaide­‑Mor
tomou partido por Castela e foi expulso
pela população, que entregou a fortifica-
Castelo ção aos partidários do Mestre de Avis. Em
Mas, para aceder ao castelo, aconselha- 1384, D. Nuno Álvares Pereira instalou no
mos outro caminho. No Largo dos Com- castelo o seu quartel­‑general, de onde as
batentes da Grande Guerra, siga pelo forças portuguesas partiram para a Bata-
Rossio Marquês de Pombal e vire à direita. lha dos Atoleiros, vencendo os castelha-
Passará junto ao Restaurante Alentejano nos. O castelo foi ainda testemunha da
e ao Café Águia d’Ouro, bem típicos. crise sucessória de 1580, que culminou na
No final da rua, há um cruzamento, onde anexação de Portugal por Castela.
deverá virar à direita, seguindo a placa
que indica a Pousada. Chegará à Praça Junto à pousada, encontra­‑se a Igreja de
Luís de Camões, onde pode observar um Santa Maria, atual matriz de Estremoz.
pelourinho manuelino. Um pouco adiante, O templo original foi construído a pedido
ergue­‑se a Torre das Couraças, antiga de D. Sebastião, na segunda metade do
estrutura militar cuja função principal era século  XVI, sendo um bom exemplo do
proteger o poço que abastecia o castelo. estilo renascentista. Ao lado, fica a Galeria
de Desenho, instalada nos antigos Paços
Mais à frente, a seguir a uma pequena de Audiência do rei D. Dinis e que fun-
subida, fica a zona velha da cidade. ciona atualmente como espaço de exposi-
Porém, não deverá virar logo à esquerda, ções temporárias. Ao lado, pode apreciar
na direção do castelo. Contorne a mura- uma bela estátua da rainha Santa Isabel.

48
A Percurso 4

Ainda no Largo D. Dinis, visite o Museu Roquevale, um dos maiores produtores


Municipal Prof. Joaquim Vermelho, com- de vinho da região. Para o efeito, contacte
posto por salas com coleções diversas, previamente a herdade (266 989 290).
desde a barrística à etnologia, passando
pela arqueologia.
Redondo
Contacto: 268 339 219.
No Redondo, dirija­‑se ao Largo D. Dinis,
onde se situa a igreja matriz, dedicada a
Serra d’Ossa Nossa Senhora da Anunciação.

Saia da zona velha de Estremoz pela Porta Igreja matriz e Museu de Arte Sacra
de Évora. Chegando à rotunda, tome Templo de linhas sóbrias, apresenta
a direção de Elvas. Siga pela EN4 até alguns painéis de azulejos, seis capelas
ao cruzamento de ligação ao Redondo. laterais e um altar­‑mor em talha dou-
Alguns quilómetros serão suficientes para rada. Inclui ainda um pequeno museu de
começar a sentir os primeiros sinais da arte sacra.
serra: um intenso aroma a flores e ervas
campestres. Pouco depois, estará em Contacto: 266 909 144.
plena Serra d’Ossa, conhecida na Anti-
guidade como Monte de Vénus. Muralhas
Ao lado da igreja, observe o Postigo
Ao chegar ao alto da serra, estacione. Irá do Relógio, uma das antigas portas de
desfrutar de uma fantástica vista sobre entrada na cerca medieval, que remonta
a região, avistando­‑se perfeitamente o ao tempo do Rei Lavrador. O campaná-
Redondo, o Alandroal, Borba e Vila Viçosa. rio ostenta três sinos de bronze, fundidos
Pouco depois de iniciar a descida, verá, em Estremoz.
um pouco escondida do lado esquerdo,
a entrada para o antigo Convento de São
Paulo, do século XIV, hoje transformado
em hotel. Segundo rezam as crónicas,
aqui terão pernoitado monarcas e figuras
ilustres, como D. Sebastião a caminho do
Norte de África, D. João IV, D. Catarina de
Bragança e D. Carlos. O edifício apresenta
uma das maiores coleções privadas de
azulejos do país, bem como duas fontes
florentinas e agradáveis jardins. O espaço
pode ser visitado. Basta contactar a rece-
ção do hotel (266 989 160).

A três quilómetros, fica a Aldeia da Serra.


Mais à frente, situa­‑se a Candieira, local
onde se encontraram alguns vestígios
arqueológicos. Antes de chegar ao
Redondo, à direita, visite a Herdade de Vista sobre a Serra d’Ossa

49
A Alentejo

50
A Percurso 4

Passando a Porta do Postigo do Reló- sem visitar uma das inúmeras lojas e, quem
gio, siga pela pitoresca Rua do Castelo, sabe, comprar peças bem interessantes.
ladeada por casas brancas. Logo à
esquerda encontra a enoteca, insta-
lada no antigo Celeiro do Povo. Prove Alandroal
os vinhos alentejanos, acompanhados
pelos inevitáveis queijos, enchidos e pão Regresse ao local onde deixou o carro
(266 989 210 – câmara municipal). e rume ao Alandroal, cujo nome parece
advir de uma importante mata de alan-
A meio, do lado esquerdo, abre­‑se um dros ou aloendros.
largo onde se situa o antigo hospital e a
Igreja da Misericórdia. Ao fundo, ergue­‑se Castelo
a figura imponente da torre de menagem. É uma localidade relativamente pequena,
No n.º 36 da mesma rua, existe uma olaria onde sobressai o castelo medieval. Forta-
que dá acesso direto à muralha medieval. leza do século XIII, foi mandada erigir por
Poderá, desta forma, fazer um pequeno um mestre da Ordem de Avis. Possui qua-
passeio até à Porta da Ravessa, afamada tro torres, incluindo a de menagem, com
devido ao vinho com o mesmo nome, mais de 20 metros de altura. Dentro das
produzido pela Adega Cooperativa do muralhas, encontra­‑se a igreja matriz.
Redondo. Está ladeada por duas pequenas
torres e, à esquerda de quem sai, é possí- Fonte
vel observar marcações na pedra que indi- Na praça em frente ao castelo, eleva­‑se
cam as varas e os côvados, unidades que uma fonte em mármore, em estilo bar-
serviam para medir os panos vendidos nas roco. Possui seis bicas com os nomes de
feiras que se realizavam nas imediações. Feiticeiras, Santo António, São Pedro, São
João, Namorados e Reis. No topo, podem
Convento de Santo António da Piedade ver­‑se dois bustos com inscrições. O da
Desça a calçada, até uma igreja caiada de esquerda diz: “Aqui chora Tétis: Para que
branco com barras azuis, ao lado da qual te lastimas, viandante sitibundo? Ela, que
existe um cemitério. O templo foi cons- te ama, verte lágrimas para que te rias.
truído no século  XVII para albergar uma Bebe.” Já o da direita reza o seguinte:
comunidade de frades franciscanos. “Aqui o Deus que reina sobre as águas

Museu do Vinho
Situado no largo da câmara municipal
(Praça da República), é um importante
instrumento de divulgação da cultura e
tradições alentejanas. O museu exibe ins-
trumentos agrícolas e objetos, imagens e
textos associados ao fabrico do vinho.

Contacto: 266 989 100 (posto de turismo).

O Redondo é terra de oleiros, e as suas lou-


ças de barro, artisticamente decoradas, são Fonte monumental, em mármore,
bem conhecidas. Por isso, não saia da vila largo do castelo do Alandroal

51
< Torre de menagem, Redondo
A Alentejo

52
A Percurso 4

abriu as bocas do mar, para que fuja do


PROFESSOR E ANTIFASCISTA
peito a cruel sede de Tântalo.”
Matemático, professor e dirigente
Por terras do Endovélico antifascista, Bento de Jesus Caraça
Se gosta de passeios pedestres, visite o nasceu a 18 de Abril de 1901. Instituiu
posto de turismo (268 440 045), que fun- o Núcleo de Matemática, Física e Quí‑
ciona junto à entrada do castelo, e reco- mica, promoveu os estudos de Econo‑
lha os folhetos com as diversas propostas metria e criou, com Mira Fernandes e
da região. Relativamente fáceis, levam­‑no Caetano Beirão da Veiga, o Centro de
por caminhos onde pode desfrutar da Estudos de Matemáticas Aplicadas à
Natureza em toda a sua plenitude e con- Economia. Fez parte do núcleo funda‑
tactar com a flora e a fauna locais. Junto a dor da Gazeta da Matemática e impul‑
Terena, visite as ruínas do Santuário de São sionou a Revista de Economia. Criou
Miguel da Mota, onde se cultuava uma uma biblioteca para a edição de livros
divindade lusitana depois adotada pelos científicos e culturais, publicou obras,
romanos: o Endovélico. Pensa-se que o ganhou reconhecimento internacio‑
santuário remonte ao século I. Cerca de nal. A partir de 1944, destacou­‑se na
400 anos depois, foi cristianizado, com a política, integrando o Movimento de
edificação de um templo dedicado a São Unidade Nacional Anti­ ‑Fascista e o
Miguel Arcanjo. O espólio escavado por Movimento de Unidade Democrá‑
Leite de Vasconcellos em 1890 encontra­ tica. Resistente contra a ditadura, foi
‑se no Museu Nacional de Arqueologia, preso pela PIDE e, em 1946, demitido
em Lisboa. Recentemente, novas esca- do cargo de professor catedrático.
vações revelaram seis esculturas romanas Morreu dois anos depois.
em mármore.

til bem equipado, um bom restaurante e


Vila Viçosa arruamentos atrativos completam o qua-
dro. Quando achar que é o momento,
Tome a direção de Vila Viçosa. À saída do pegue no carro e dirija­‑se à antiga estação
Alandroal, há uma capela rodeada por um da CP para visitar o Museu do Mármore.
espaço ajardinado e algumas mesas. Trata­ No caminho, passará pela Igreja da Lapa,
‑se de um recanto agradável, que convida de meados do século  XVIII. Em frente,
a uma pequena paragem, sobretudo nos situa­‑se o curioso Cruzeiro da Serpente.
dias de maior calor. No caminho para a Originalmente, pertencia ao Convento
terra de Florbela Espanca, verá, de ambos de Santo Agostinho, tendo para aqui sido
os lados da estrada, enormes pedreiras transferido em meados do século  XIX.
onde é extraído o mármore. A exploração A serpente alada representa o dragão das
data, pelo menos, da época romana. Infe- armas dos Duques de Bragança.
lizmente, a extração intensiva das últimas
décadas tem degradado a paisagem. Por detrás do cruzeiro, há um parque de
jogos e um complexo de piscinas.
Em Vila Viçosa, sugerimos que comece
pela mata municipal, um jardim agradável, Museu do Mármore
com denso arvoredo, um autêntico tesouro Com exposição ao ar livre de maquina-
nos verões alentejanos. Um parque infan- ria de transformação do mármore, este

53
< Rua junto à Porta do Arrabalde, Alandroal
A Alentejo

museu permite­‑lhe apreciar diferentes Siga, agora, pela Rua Florbela Espanca.
variedades da pedra extraída na região e Aqui, numa estreita casa de dois andares,
perceber as fases do trabalho. Os painéis terá vivido a poetisa. Ainda próximo, na
de azulejos que forram as fachadas da igreja do antigo Convento de Santa Cruz,
estação também merecem a sua atenção. está instalado um pequeno museu de arte
Estão relacionados com a história de Vila sacra, reunindo peças oriundas de diver-
Viçosa, do Alentejo e do próprio país. sos templos da região, com núcleos de
ourivesaria, pintura, escultura, mobiliário
Contacto: 268 889 310 (câmara municipal). e paramentaria. Para obter informações,
sobre horários e exposições, contacte o
Regresse à rua da Igreja da Lapa e, junto posto de turismo (268 881 101).
às piscinas municipais, vire à esquerda, na
direção da Praça da República, o centro de Continuando até ao fim da rua, chegará
Vila Viçosa. Para quem vem da Alameda ao imenso Terreiro do Paço, onde ponti-
Henrique Pousão, logo à entrada, do lado fica a estátua equestre do rei D. João IV,
direito, ergue­‑se a Igreja de São Bartolo- fundador da Dinastia de Bragança.
meu, com a sua fachada revestida de már- É uma obra do escultor Francisco Franco.
more. Estacione e percorra a zona a pé. À esquerda, onde atualmente está insta-
lada a Pousada D. João IV, era o antigo
Mais abaixo, também à direita, encon- Convento das Chagas de Cristo. A igreja
trará o posto de turismo. Continuando do convento tem sido usada como pan-
do mesmo lado, irá deparar com uma teão das duquesas de Bragança.
estátua de Bento de Jesus Caraça e, um
pouco adiante, com a Igreja da Misericór- Paço Ducal
dia, do século XVI. Atravesse piscando o O monumento mais proeminente do
olho ao castelo, que se perfila ao fundo. terreiro é, evidentemente, o paço ducal,
Mais tarde, passaremos por lá. de onde o rei D. Carlos partiu para ser
assassinado, em Lisboa, em 1908. Este
extraordinário edifício comporta quatro
coleções museológicas. Uma é composta
pelas próprias salas e recheio do palácio.
Os restantes núcleos incluem o Museu de
Armaria, o Museu dos Coches e o Tesouro
do Paço. Para uma visita completa a esta
que é uma das maravilhas de Portugal,
necessita, pelo menos, de duas horas.

Contacto: 268 980 659.

Sai-se do palácio pelos jardins, também


eles uma pérola. No final, o visitante
passa pela Porta dos Nós, decorada com
cordas entrelaçadas. À esquerda, verá um
recanto ajardinado, com uma construção
encimada por uma cúpula. À direita desse
Casa do burgo medieval, Vila Viçosa espaço, existe uma rampa que conduz à

54
A Percurso 4

Tapada Real, onde os nobres, e sobretudo


o rei D. Carlos, se dedicavam à caça. Não
muito longe da entrada, fica o Alto de São
Bento e um miradouro, conhecido como
a Varanda dos Namorados. Daqui, tem­‑se
uma perspetiva sobre boa parte da vila.

Voltando ao Terreiro do Paço no sentido


do castelo, passará pelo antigo Convento
de Santo Agostinho. Desde o século XVI
que a igreja, uma das maiores de
Portugal, tem sido usada como panteão
dos duques de Bragança. Contornando o
Terreiro do Paço, Vila Viçosa
convento, chega à Praça Martim Afonso
de Sousa, adornada com uma bonita
fonte em mármore. facilidade. Chamamos a atenção para o
castelo, do qual apenas restam a torre de
Suba a Avenida dos Duques de Bragança. menagem e as portas de Estremoz e do
Ao virar na primeira à esquerda, chega ao Celeiro. A torre do relógio foi acrescen-
lado norte da muralha. Entre pela Porta tada após o terramoto de 1755.
de Estremoz e aprecie as casas do burgo
medieval. A seguir, abre­‑se o adro da igreja Na Rua Maria de Borba, que dá acesso
matriz, dedicada a Nossa Senhora da Con- à Porta de Estremoz, fica uma admirável
ceição. No cemitério ao lado, jazem os res- estação da Via Sacra, os chamados Passos.
tos mortais de Florbela Espanca. Existem várias destas estações espalhadas
pela vila. Digna de menção é ainda a Fonte
Dentro do recinto do castelo, visite o das Bicas, uma majestosa construção em
Museu de Caça e o Museu de Arqueolo- mármore branco, por alguns considerada
gia, ambos da Fundação da Casa de Bra- o monumento mais relevante de Borba.
gança (268 980 659). O de Caça é conside- Edificada no século XVIII, ostenta na parte
rado um dos melhores do Mundo. Após central os bustos dos monarcas de então:
a visita, saia pela Porta de Évora, que vai D. Maria I e seu tio e marido, D. Pedro III.
desembocar na Praça da República. A cornija apresenta também o escudo
coroado da Casa Real Portuguesa. Por
detrás da fonte, fica o jardim municipal, um
Borba espaço agradável, com um bonito coreto.

Saia de Vila Viçosa em direção a Borba,


derradeira etapa do percurso. Esta vila Estremoz
não tem, há que dizê­‑lo, a sumptuosidade
de Vila Viçosa nem a imponência de Estre- Regresse a Estremoz. Considere a hipó-
moz, mas vale uma visita atenta. A melhor tese de rematar o percurso com um enso-
forma de ficar a conhecê­‑la é através de pado de borrego ou um lombo de porco,
um passeio a pé. O centro histórico é rela- acompanhado por um tinto da região.
tivamente pequeno, pelo que se aperce- O  bolo rançoso ou a encharcada serão
berá dos pontos de interesse com alguma um doce ponto final a 90 km de Alentejo.

55
A Alentejo

T
EXTENSÃO: 120 km endo como ponto de partida a cidade­­‑museu,
este percurso estende­­‑se por 160 quilóme-
Évora
tros. O ponto mais a sul é a vila da Vidigueira,
Valverde
conhecida sobretudo pelo excelente vinho.
Alcáçovas As sugestões são múltiplas, desde os interesses quase
Viana do Alentejo inesgotáveis de Évora, até à paisagem da Serra de Portel,
Alvito passando por sumptuosos monumentos megalíticos e
São Cucufate pelas ruínas da villa de São
Cucufate. Exploração agrí- Évora
Vidigueira
cola ao tempo romano, foi Valverde
Portel
doada aos monges agos-
São Manços tinhos de São Vicente São Manços

Évora de Fora (Lisboa) no Alcáçovas

século XIII, que trans- Viana do Alentejo


formaram o local num Portel
Alvito
convento.
Vidigueira
São Cucufate

Évora Jardim público


Espaço verde muito bem cuidado, tem
A cidade tem várias possibilidades de agradáveis retiros, onde poderá sentar­­‑se
estacionamento. O Rossio de São Brás, calmamente. Dispõe inclusive de espla-
não longe da praça de touros, é uma nada, a partir da qual poderá apreciar os
delas. Mesmo próximo, fica um belo pavões que por ali passeiam.
espaço ajardinado.
Dentro do recinto, ergue­­‑se o magnífico
Palácio de D. Manuel, também conhecido
como Convento Real de São Francisco.
Segundo os cronistas, foi aqui que Vasco
da Gama terá sido investido no comando
da esquadra que se lançou à descoberta
do caminho marítimo para a Índia. Junto a
uma das entradas do jardim, de resto, fica
uma estátua do navegador.

Na Galeria das Damas, tudo o que resta


do imóvel quinhentista, gravemente dani-
ficado por um incêndio no século  XIX,
ainda são visíveis alguns elementos arqui-
tetónicos resultantes da mistura dos esti-
Jardim e miradouro. Ao fundo, o palácio dos duques de Cadaval los gótico­­‑manuelino­­‑mudéjar e renascen-

56
A Percurso 5

tista. Aqui trabalharam grandes mestres,


como Francisco Arruda, Nicolau Chante-
rene e Diogo de Torralva. O palácio aco-
lhe, esporadicamente, exposições  tem-
porárias.

Mais ou menos a meio do jardim, existem


caminhos que, atravessando a muralha
que delimita o perímetro sul, vão dar a
um parque infantil de boa qualidade. No
mesmo local, fica o Museu do Brinquedo.

Igreja de São Francisco


e Capela dos Ossos
Praça do Giraldo, Évora
Saindo do jardim pelo lado oposto, irá
dar a um largo muito agradável, onde se
situa o mercado. Poderá comprar algu- ‑se numa esplanada e experimentar as
mas das iguarias que fazem do Alentejo famosas queijadas de Évora, percorrer as
um local famoso: queijo, enchidos, mel, arcadas dos edifícios ou entrar na Igreja
doces e compotas, bolos tradicionais, de Santo Antão, antiga Ermida de Santo
entre outros. Antoninho. No posto de turismo (Praça
do Giraldo, 73), peça um mapa dos pon-
Em frente, fica o antigo Convento e a tos de interesse, para ficar a par de tudo
Igreja de São Francisco. Segundo a tradi- o que a cidade tem para oferecer, pois
ção, trata­­‑se da primeira casa da ordem não seria possível enumerá­­‑los a todos no
em Portugal. O conjunto arquitetónico nosso guia.
primitivo remonta ao século  XII, tendo Subindo por uma rua bordejada de
sido renovado no século XV. Mas o local é lojas de artesanato, chega ao Templo
sobretudo conhecido devido à capela em de Diana, provavelmente construído no
cujo pórtico está inscrita a perturbante século  I em homenagem ao imperador
frase: “Nós ossos que aqui estamos pelos romano Augusto, venerado como um
vossos esperamos.” Construído entre os deus ainda em vida. Liberalitas Julia era
séculos XVI e XVII, o espaço está forrado então o nome da cidade.
com milhares de ossos humanos, pro-
venientes de cemitérios locais. O obje- Sé Catedral
tivo dos três monges que conceberam a Dedicada a Nossa Senhora da Assun-
capela foi o de convidar à reflexão sobre ção, a Sé de Évora inclui três espaços
a morte e a efemeridade da vida. que podem ser visitados: o Museu de
Arte Sacra, os claustros e a igreja. Após
Centro histórico a missa da manhã, o local é fechado e
Depois de deixar o lusco­­‑fusco da Capela os turistas entram mediante pagamento.
dos Ossos, suba a pé até à Praça do Iniciada no século XII, a catedral só ficou
Giraldo, o luminoso centro da cidade, pronta em 1250, à época da conquista
classificado Património da Humanidade total do Algarve por D. Afonso III. Teve,
pela UNESCO, onde é habitual ver gru- no entanto, vários melhoramentos nos
pos de pessoas à conversa. Poderá sentar­­ séculos posteriores.

57
A Alentejo

O museu está instalado numa das torres, Recolha à igreja e aprecie a sucessão de
pelo que, se resolver subir, não deixe de pilares, o altar­­‑mor e o órgão. À saída, não
apreciar a vista. Esculturas, paramentos deixe de reparar nas curiosas inscrições
bordados a ouro, pinturas, relíquias de nos degraus que dão para a rua.
santos, joias: é muito rico e variado o
espólio desta pequena unidade museoló-
gica. Mas o maior ponto de interesse é a Anta Grande do Zambujeiro
cruz­­‑relicário coberta por pedras precio-
sas que a tradição diz conter um pedaço Inicie agora o passeio pela região a sul de
do Santo Lenho, ou seja, da cruz de Cristo. Évora. Passando a praça de touros, siga
Terá sido trazido da Terra Santa pelo cava- até à rotunda da Porta do Raimundo e
leiro hospitalário Afonso Pires Farinha. tome a direção de Alcáçovas. Alguns qui-

Descendo aos claustros, terá a sensação


de fazer uma viagem no tempo, sobre- GERALDO GERALDES,
tudo se visitar o local já mais para o fim do O SEM PAVOR
dia, quando a luz rasante do crepúsculo
Caudilho militar, em nome de
penetra as rosáceas e desenha capricho-
D.  Afonso Henriques, conquistou
sas sombras nas paredes. As gárgulas e
diversas praças no Alentejo (entre
outros pormenores arquitetónicos pare-
as quais Évora) e no atual territó‑
cem ganhar vida.
rio espanhol. Ibn Sahib al­‑Salah, cro‑
nista muçulmano contemporâneo,
chamou­‑lhe cão e traidor, devido aos
seus métodos nada convencionais,
entre os quais, ataques à noite e no
inverno e o recurso a armadilhas.
Mesmo assim, Ibn Sahib deixa trans‑
parecer admiração pela sua cora‑
gem. Geraldo (ou Giraldo) acompa‑
nhou o rei na célebre expedição a
Badajoz, em 1169, quando aquele,
já sexagenário, partiu a perna direita
e foi feito prisioneiro pelas forças de
Fernando II de Leão. Poucos anos
após este desastre militar, que impli‑
cou a entrega de muitos castelos a
título de resgate dos dois compa‑
nheiros de armas, pôs­‑se ao serviço
do califa almóada. Mas o muçul‑
mano, ao fim de algum tempo, des‑
confiou de espionagem e mandou
decapitar Geraldo, personagem que
é hoje um símbolo de Évora, figu‑
rando no seu brasão de armas de
espada em punho.
Claustros da sé catedral de Évora

58
A Percurso 5

Cromeleque dos Almendres

lómetros adiante, vire para Valverde e São guardado no Museu de Évora (Largo
Brissos. Um pouco mais à frente, junto ao Conde de Vila Flor; tel. 266 702 604).
polo agrícola da Universidade de Évora,
volte para Guadalupe e Valverde. Passe
por debaixo de um aqueduto com um Cromeleque dos Almendres
bonito portal encimado por um escudo e
repare na indicação para a Anta do Zam- Regresse à estrada de alcatrão e siga
bujeiro, à direita. Depois das instalações para Valverde, bonita vila de casinhas
universitárias, abre­­‑se uma estrada de tipicamente alentejanas. Percorra a rua
terra batida que leva a um largo à beira principal. Mais ou menos a meio, encon-
de um regato. Estacione e siga a pé, pela tra, à direita, uma placa a indicar o Cro-
ponte de madeira. meleque dos Almendres. A estrada é
boa, embora de terra batida. Com tempo
A mamoa desta anta tem mais de 50 seco, espere um generoso rasto de pó.
metros de diâmetro. A câmara é poligo- Entre Valverde e o cromeleque, ida e
nal e o corredor longo. Embora o aspeto volta, somam­­‑se 13 quilómetros. Em con-
revele um certo descuido, trata­­‑se de junto com a Anta do Zambujeiro, pode
uma das maiores construções megalíticas constituir um excelente itinerário para um
europeias do género. O templo funcio- passeio pedestre ou mesmo de bicicleta.
nou como local de culto e enterramento
de mortos, associado à estela­­‑menir de Depois de atravessar a vila de Guadalupe,
grandes proporções, coberta por peque- vire à esquerda e siga as placas. Sensivel-
nos orifícios, que se encontra tombada mente a meio, a estrada alarga um pouco,
a sudoeste. O vasto espólio encontrado havendo espaço para estacionar. Terá
quando das escavações dos anos 60 está a oportunidade de visitar o Menir dos

59
A Alentejo

Almendres, monólito bastante interes- cês) ou martedi (italiano), ou seja, o “dia


sante, sobretudo se recortado pela luz da de Marte”.
manhã. Só é pena que esteja espartilhado
por uma vedação, que lhe corta a ampli- O Grupo de Estudos do Megalitismo
dão de paisagem que qualquer menir Alentejano (GEMA), de que faz parte o
merece. arqueólogo e professor Manuel Calado,
defende que o cromeleque está relacio-
Siga até ao fim do percurso. Irá depa- nado com outros dois nas proximidades,
rar com um espetacular conjunto de Portela de Mogos (veja o percurso 3) e
menires, implantados numa elevação Vale Maria do Meio, bem como vários
e formando dois recintos vagamente menires dispersos pela região, entre os
elípticos. No total, são 95 monólitos de quais o dos Almendres.
diferentes formatos e dimensões, desde
pequenos blocos rudemente talhados a Se puder, visite o local pela manhã,
menires cilíndricos, fálicos ou de aspeto quando os raios de sol destacam as ins-
estelar. Persistem muitas dúvidas sobre a crições talhadas na superfície de alguns
funcionalidade destes monumentos, mas monólitos pela mão dos homens pré­­
algumas teorias associam­­‑nos à observa- ‑históricos.
ção dos astros. Aliás, já no século VI, São
Martinho de Dume, na obra a Instrução
dos Rústicos, destinada a erradicar os Anta­­‑capela de São Brissos
cultos pagãos, associa os monumen-
tos megalíticos a ritos solares. Como Regressando a Valverde, vire à direita, na
curiosidade, foi este santo, que viveu direção de Santiago do Escoural. À saída,
na região de Braga, quem rebatizou os repare no cemitério, com uma arquite-
dias da semana, até então ligados aos tura invulgar. Até São Brissos, a paisagem
deuses romanos. Daí a especificidade é lindíssima, mas não se distraia, pois a
da língua portuguesa face às demais estrada é algo estreita… Passando o cru-
latinas, que, por exemplo, diz terça­­‑feira zamento para a vila, encontra um pouco
em vez de martes (espanhol), mardi (fran- mais à frente, do lado esquerdo, uma
pequena construção caiada de branco,
rematada pela inevitável barra azul.
Estes monumentos são o testemunho
vivo do modo como o Cristianismo, no
mundo rural, foi assimilando diversas tra-
dições populares. As antas permanece-
ram ou foram sendo integradas no ima-
ginário popular de várias formas, desde
a divisão de propriedades à toponímia.
A anta­­‑capela de Nossa Senhora do Livra-
mento é disso exemplo. Durante muito
tempo, depois das colheitas, as popu-
lações de São Brissos, Escoural e Casa
Branca juntavam­­‑se aqui para merendar.
Na segunda­­‑feira de Páscoa, levavam o
Anta-capela de São Brissos borrego assado. Até há pouco tempo,

60
A Percurso 5

ção que deve tomar. Alguns quilómetros


ARQUITETURA FUNERÁRIA
depois, à direita, aparece uma placa a
Quase sempre implantadas num indicar Água de Elvirinha e Courela.
relevo proeminente e junto a cursos Pondere se pretende fazer um desvio
de água, as antas eram templos fune‑ ainda relativamente longo. A Herdade
rários de uso coletivo, construídos e da Courela, outrora uma exploração
utilizados pelas comunidades de pas‑ agrícola florescente, está algo aban-
tores e agricultores dos IV e III milé‑ donada, muito embora continue a ati-
nios a.C. Originalmente, apenas se via vidade pecuária. O casario encontra­­
a mamoa, um monte artificial de terra ‑se muito bem cuidado. O pequeno
e pedras. O interior assemelhava­‑se museu agrícola tem algumas peças
a uma gruta construída com grandes antigamente usadas na lavoura. Se tudo
lajes de pedra: os esteios (na verti‑ lhe parecer fechado, bata na primeira
cal) e o chapéu (no topo), a fechar o porta à esquerda, logo após o portal de
conjunto. O acesso era feito por um entrada no recinto.
corredor estreito e baixo. Com a ero‑
são e a ação dos elementos, a terra
e as pedras foram desaparecendo. Alcáçovas
Aquilo que hoje vemos é apenas a
estrutura em pedra, o esqueleto, De regresso à estrada principal, siga para
dessas construções onde os mortos a vila que, em 1479, assistiu à assinatura
eram depositados junto da Natureza, de um tratado de paz entre Afonso V e os
a Grande Deusa Mãe da Fertilidade. Reis Católicos. Pelo mesmo, o rei de Por-
É por isso muito comum encontrar­‑se tugal, casado com a filha única do falecido
nestes túmulos placas de xisto repre‑ Henrique IV de Castela, desistia das suas
sentando a deusa grávida. pretensões ao trono vizinho. Por morte
do monarca castelhano, tinha subido ao
poder Isabel, sua irmã, entretanto casada
realizavam procissões, de natureza mar- com Fernando de Aragão. Ambos pas-
cadamente pagã, a pedir chuva. O monu-
mento está fechado. Para marcar uma
visita, contacte o 266 857 637.

Se quiser dar um saltinho à barragem que


se avista do local, terá de percorrer uma
estradinha de terra batida, num percurso
de ida e volta com cerca de dois quiló-
metros. A paisagem é perfeita para uma
refeição ligeira e, de sobremesa, uma
sesta à sombra.

Herdade da Courela

De volta à estrada principal, irá encon-


trar o cruzamento para Alcáçovas, dire- Ruínas da Capela das Conchas, Alcáçovas

61
A Alentejo

saram à História através do designativo podem ser organizadas visitas guiadas


de Reis Católicos. Mas as cláusulas mais por marcação (266 769 450).
interessantes respeitavam às descobertas
marítimas. A Portugal, era reconhecido Recomendamos, de seguida, uma visita
o domínio sobre a Madeira, os Açores, ao Santuário de Nossa Senhora de Aires,
Cabo Verde e a costa da Guiné. Castela a cerca de dois quilómetros, à saída da
recebia as Canárias, renunciando a nave- vila. Ainda na estrada, assim que avistar
gar ao Sul do Cabo Bojador. o templo, ficará boquiaberto e interrogar­­
‑se­­‑á sobre o que faz algo de tão gran-
Atravesse a vila até ao centro, não sem dioso praticamente no meio do nada. O
antes admirar a imponente igreja matriz, conjunto arquitetónico, do século XVIII,
do século XVI, e dar um pulinho às curio- deve­­‑se, ao que parece, a uma promessa
sas ruínas da Capela de Nossa Senhora da de alguns comerciantes face a uma epi-
Conceição, mais conhecida por Capela demia que grassava na região. Ainda hoje
das Conchas. Pergunte depois a direção é cenário de uma importante romaria.
do Museu do Chocalho do Mestre João Entre e aprecie o belíssimo altar em talha
Penetra. Fica nos números 154 a 156 da dourada, que se eleva para uma abóbada
Rua da Esperança. A produção de choca- pintada. Dirija­­‑se, então, à porta situada
lhos é, de resto, a principal indústria da do lado direito do altar, onde encontra
povoação de Alcáçovas, que os fabrica dois corredores circulares. As suas pare-
desde o século XVIII. des estão repletas de fotografias afixadas
por fiéis em busca de proteção para fami-
João Penetra consagrou toda a vida ao liares ou amigos ou como agradecimento.
fabrico e coleção de chocalhos. As pare-
des do museu estão forradas com milha-
res de peças. Quando se recompuser
desta visão insólita, a visita ainda nem
terá começado. Ficará surpreendido com
a complexidade de todo o processo de
fabrico. De preferência, telefone de vés-
pera, a avisar o mestre que pretende visi-
tar o espaço (266 954 131).

Viana do Alentejo

Em Viana do Alentejo, destaca­­‑se o cas-


telo, obra iniciada ao tempo de D. Dinis.
A par com o do Alvito, é um dos mais
interessantes exemplos de fortificações
do gótico final. Da construção primitiva,
restam cinco torres. As muralhas encer-
ram ainda a igreja matriz, um exemplar do
manuelino, concebido pelos arquitetos
Francisco e Diogo Arruda. O recinto está
aberto para efeitos de culto. No entanto, Nossa Senhora de Aires, Viana do Alentejo

62
A Percurso 5

Antes de partir, repare na fonte de três


bicas, junto da igreja.

Alvito

Próxima paragem: Alvito, vila tipicamente


manuelina. O castelo, do século  XV,
depois de ter estado em ruínas, foi
reconstruído e adotado como residência
dos marqueses locais. Nos nossos dias, é
mais um edifício histórico transformado
em pousada. Apesar de a actual cons-
trução pouco ter a ver com a original, as Castelo do Alvito
janelas do torreão da fonte e o pelouri-
nho, que se encontra em frente, podem
justificar uma visita. a carpa e o chanchito são as iguarias com
escamas que aqui terá a oportunidade
A igreja matriz, dedicada a Nossa Senhora de caçar.
da Assunção, faz parte da Rota do Fresco.
Se se embrenhar nas ruelas estreitas da Se for da Barragem do Alvito para Vila
vila, irá deparar com a câmara municipal, Ruiva, passará por Albergaria dos Fusos,
instalada num edifício com torre sineira. topónimo que advém de uma antiga indús-
tria de linho. Repare na pequena escola,
No fim do largo da feira, ficam outros dois que parece saída de um conto de fadas.
locais interessantes: a curiosa Ermida de Vire, então, à direita. Percorridos escassos
São Sebastião, uma construção fortificada, quilómetros, passará por uma linda ponte
e a pequena Gruta do Rossio. Qualquer sobre a ribeira de Odivelas. Embora seja
pessoa da terra lhe dirá como visitar. da época romana, sofreu modificações no
período visigótico e muçulmano. É consti-
Aqui, todas as construções têm um aspeto tuída por 26 arcos intervalados por olhais
maciço, apresentando contrafortes e tor- de volta perfeita, contando 120 metros
reões, lembrando bem o papel da região de comprimento. Entre os blocos que
na guerra de Reconquista. Esta foi, de formam alguns dos pegões, encontram­­
resto, uma das praças conquistadas por ‑se lápides funerárias romanas. A partir
Geraldo Sempavor (veja a página 58). de Vila Ruiva, também está bem indicada
a estrada que dá acesso a esta ponte e à
Perto da vila, existem duas barragens que Barragem do Alvito.
justificam uma visita mais demorada: a do
Alvito e a de Odivelas, que comunicam
através da ribeira com o mesmo nome. Vila Ruiva
Ambas têm água muito limpa e várias
ilhas, algumas com casario em ruínas. Se Nesta povoação, impõe­­‑se uma visita ao
dispõe de barco, não hesite em explorar Insectozoo, próximo da igreja matriz, cujo
todos estes recantos. Também pode fazer orago é Nossa Senhora da Encarnação.
ótimas caminhadas ou pescar. O achigã, Propriedade de João Pedro Cappas, este

63
A Alentejo

insetário vivo sob a forma de laboratório­­ talado na Igreja da Santa Casa da Mise-
‑museu acolhe várias colónias de insetos ricórdia e na Igreja do Senhor Jesus dos
sociais, como formigas, abelhas, térmitas Passos, que comunicam entre si. Apre-
e vespas. cie os diversos achados pré­­‑históricos e
românicos, bem como as pedras tumula-
Cappas construiu vários ambientes natu- res medievais. Ainda encontrará um inte-
rais, para que o visitante possa observar a ressante conjunto de peças de arte sacra,
organização social e o quotidiano destes como pinturas, paramentos e ourivesaria.
animais: alimentação, rituais de acasala-
mento e morte, hierarquia, etc. Um dos
formigueiros, que esteve 12 anos exposto São Cucufate
no Centro Artístico Infantil da Fundação
Calouste Gulbenkian, em Lisboa, tem Voltando à estrada principal, um pouco
milhões de espécimes. adiante, ficam as ruínas da villa de São
As visitas, marcadas à segunda­­‑feira pelo Cucufate. Exploração agrícola romana,
284 495 136, são guiadas pelo proprie- as respetivas áreas de habitação, lazer,
tário, que sabe como ninguém captar a trabalho e templo ainda são facilmen-
atenção, descrevendo todos os porme- te identificáveis. A maior originalidade
nores com entusiasmo. As melhores altu- desta construção é a de ser a única de
ras para visitar, por corresponderem ao dois pisos visíveis conhecida na Península
período de maior atividade dos insetos, Ibérica. No século XIII, o conjunto arqui-
são a primavera e o início do verão. tetónico foi doado ao mosteiro lisboeta
de São Vicente de Fora pela diocese
de Évora.

Depois, passando por Vila de Frades,


prove o delicioso vinho da região, numa
das vendas ou adegas tradicionais. Aqui
nasceu e viveu Fialho de Almeida, ilustre
escritor de finais do século XIX, autor da
obra Os Gatos. Redigida em três volu-
mes, apresenta a forma de crónicas que
criticavam sobretudo os costumes da
sociedade lisboeta da época.

Vidigueira
Igreja da Misericórdia, Vidigueira

Comece por procurar a Torre do Reló-


gio, bem visível a partir de muitos pon-
Vila Alva tos da vila. O sino terá sido oferecido em
1520 por Vasco da Gama, pouco depois
Continuando na direção da Vidigueira, de receber o título de primeiro conde
chega ao cruzamento de Vila Alva. Se da Vidigueira. O túmulo do navegador
fizer um pequeno desvio, poderá visitar o manteve­­‑se na vila até ao século XIX,
Museu de Arte Sacra e Arqueologia, ins- momento em que os ossos foram tras-

64
A Percurso 5

ladados para o Mosteiro dos Jerónimos. resto, seria de esperar num castelo estra-
Visitado este elemento arquitetónico, tegicamente construído na serra.
passe pela Cascata Armoreada, fontaná- A cerca de quatro quilómetros de Portel,
rio ornamentado com rochas marinhas e visite a Ermida de São Pedro, no topo de
encimado por um obelisco. Por fim, suba um cabeço de xisto. Também daqui se des-
à torre de menagem, estrutura integrante fruta de uma panorâmica desimpedida.
do antigo Paço dos Gamas, residência do
descobridor do caminho marítimo para
a Índia. Não longe, e um pouco afas- São Manços
tada da vila, está a Igreja de Santa Clara,
antiga matriz da Vidigueira. Para explo- Voltando ao IP2, já perto de Évora,
rar melhor esta região, contacte o Grupo aproveite para conhecer São Manços e
de Amigos da Serra do Mendro (GAMA) retemperar forças com uma refeição no
pelo 284 436 073. restaurante­­‑bar Moagem. Como o nome
indica, trata­­‑se de uma antiga moagem de
farinha, cuja maquinaria e utensílios foram
Portel mantidos. Poderá apreciar muitos artefac-
tos, outrora comuns na região, que fazem
De regresso à estrada para Évora, faça do espaço um autêntico restaurante­­
um desvio para conhecer Portel, uma ‑museu. A comida e o vinho são ótimos,
linda vila coroada por um castelo. Pode de resto, como em todo o Alentejo.
estacionar no Parque da Matriz, por
detrás da igreja, um agradável jardim Se ainda tiver fôlego, pouco antes de
com esplanadas e equipamento para os chegar ao fim da linha, vire para Torre de
mais pequenos. Se não estiver para andar Coelheiros e admire esta notável cons-
a pé, outra solução é subir na direção do trução medieval. Como vê, propostas
castelo e deixar a viatura num pequeno não faltam. A dificuldade será porven-
largo junto à Igreja da Misericórdia. Pode tura escolher entre as maravilhas de uma
apreciar uma vista desafogada, como, de região fascinante.

Portel

65
A Alentejo

O
EXTENSÃO: 70 km passeio à volta de Monsaraz, que agora
Monsaraz lhe propomos, não é longo. Porém, está
recheado de sugestões que o levarão a uma
Outeiro
viagem por tempos remotos. A paisagem,
São Pedro do Corval
transformada pela barragem de Alqueva, está salpicada
Reguengos de Monsaraz de monumentos megalíticos, que nos enchem o espí-
Esporão rito de interrogações sobre os motivos que terão levado
Mourão os nossos antepassados a elegerem esta região. Ainda
Monsaraz assim, incluímos alguns museus, pequenos, mas interes-
santes. Na Herdade do Esporão, próxima de Reguengos
de Monsaraz, ficará a conhecer um dos maiores centros
enoturísticos do País.
Motrinos Outeiro Antes de voltar ao
São Pedro
do Corval ponto de partida, terá
Monsaraz ainda a oportunidade
Reguengos de subir ao castelo
de Monsaraz
de Mourão, agora
com vista sobre as
Esporão águas de Alqueva,
Mourão ou passear de barco
na barragem.

Monsaraz sensação de estar num lugar aprisionado


no tempo. As ruas, atapetadas de pedra,
Quem visita Monsaraz pela primeira vez, são estreitas e, por vezes, sinuosas, escor-
sobretudo se chegar ao entardecer, tem a rendo do alto do monte pelas encostas.
Raramente se ouve a buzina de um carro,
as pessoas não têm pressa, não existem
anúncios luminosos a agredirem­‑nos o
olhar. Tudo está imerso numa espessa
tranquilidade. Tirando alguns grupos de
turistas mais ruidosos, a maioria das pes-
soas fala baixo e caminha tranquilamente
nas calçadas de xisto, como se de um
local sagrado se tratasse. Neste sentido,
talvez não seja assim tão estranho que
a região esteja repleta de monumentos
megalíticos, edificações religiosas dos
homens pré­‑históricos. Seja como for, e
independentemente das crenças pes-
Centro de Monsaraz soais, Monsaraz é um retiro ideal para

66
A Percurso 6

quem pretende fugir, durante algum


tempo, à agitação das grandes cidades.

Um pequeno passeio de uma hora é sufi-


ciente para fazer o reconhecimento dos
pontos de interesse. Entrando pela Porta
da Vila, onde se destaca a Torre do Reló-
gio, vire na primeira ruela à esquerda.
Depois, desça a Rua Direita. Chegará
à Praça D. Nuno Álvares Pereira, domi-
nada pela Igreja Matriz de Santa Maria
da Lagoa, templo de estrutura renascen-
tista. No interior, encontra­‑se o túmulo,
em mármore de Estremoz, de Gomes
Alqueva visto do castelo de Monsaraz
Martins Silvestre, cavaleiro da Ordem do
Templo e povoador de Monsaraz. Os tem-
plários ajudaram Sancho II a conquistar de Monsaraz irá perder as referências na
definitivamente a praça, em 1232. Este rei paisagem. As águas da barragem engo-
mal-amado, acusado de rex inutilis pelo liram as estradas e deram origem a uma
partido do seu irmão, futuro Afonso III, e moldura estranha, mas bela. Dentro do
deposto pelo Papa, teve, no entanto, uma castelo, suba a escada de ferro e admire
importante ação de conquista. a antiga praça de armas, onde ainda hoje
se fazem as vacadas. A magia é tanta
No centro da praça, ergue­‑se o inevitá- que, ao pôr­do Sol, podemos imaginar
vel pelourinho e, no lado oposto, a Igreja sem esforço os antigos vigias a fazerem
da Misericórdia, que não está aberta ao o caminho de ronda, perscrutando o hori-
público. De frente para a matriz fica a zonte em busca de inimigos.
antiga escola primária, um verdadeiro
mimo, que parece ter saído de um livro Saindo do castelo, faça o caminho
de histórias infantis. À esquerda, pon- inverso, desta vez pela Rua de Santiago.
tificam os antigos Paços da Audiência, Quase ao fim, num pequeníssimo largo
agora transformados em Museu de Arte com uma esplanada, encontrar a igreja
Sacra. Entre outros, ostenta um curioso dedicada a este santo, apóstolo de Cristo
fresco do século XV representando o apropriado de modo muito especial
bom e o mau juiz. O primeiro brande, pelos povos peninsulares. Transformado
com determinação, a vara reta da Justiça. em Santiago Matamouros, foi presença
Já o segundo tem rosto duplo e empunha mágica nas guerras de Reconquista con-
uma vara quebrada. O posto de turismo tra os muçulmanos. Atualmente, o edifí-
situa-se junto à entrada principal da vila. cio da igreja é um espaço cultural onde
se fazem exposições, debates e coló-
Vá até ao extremo da Rua Direita e che- quios. Continue pela Rua de Santiago
gará ao castelo, que impressiona pelo e saia do burgo amuralhado, passando
tom castanho­‑alaranjado da pedra. novamente pela Porta da Vila. Avistará
A envolvente sofreu alterações. Quem, há uma pequena ermida em ruínas, dedi-
alguns anos, estava habituado a admirar cada a São Bento, santo que, com a sua
o seco e amarelado território em torno regra da vida em comunidade monás-

67
A Alentejo

tica, influenciou ordens religiosas deter- desta edição, o espaço encontrava-se


minantes para a cultura medieval euro- fechado ao público, sem data prevista
peia, como Cluny e Cister. Mesmo assim, para reabrir. Para mais informações, con-
a ermida vale uma visita. Desça a estrada tacte o posto de turismo de Reguengos
que passa pela antiga judiaria. O seu de Monsaraz (266 508 052).
esforço será premiado com uma vista
magnífica sobre Monsaraz e arredores. Cromeleque do Xarez
Nas traseiras do Convento da Orada,
erguem­‑se os 50 menires do Cromeleque
do Xarez. Se estava habituado a vê­‑los
à direita, na estrada entre Monsaraz e
Mourão, saiba que, com a barragem de
Alqueva, foram trasladados para este
local, à semelhança de peças de um jogo
de crianças, e fielmente montados. À par-
tida, a deslocação pode parecer cho-
cante, uma vez que nenhum monumento
megalítico vale apenas pelas pedras que
o compõem. A paisagem envolvente faz
Cromeleque do Xarez parte do todo. Mudar as pedras de lugar
é quebrar a magia do conjunto. Mas
uma reflexão mais aprofundada leva­‑nos
Convento de Nossa Senhora da Orada a concluir que é preferível os visitantes
Saia de Monsaraz, tomando, na rotunda, poderem apreciar um monumento em
a direção de Telheiro. Ao iniciar a descida, contacto com a Natureza, em vez de um
repare, ao fundo, numa torre de forma amontoado de monólitos numa sala de
bastante peculiar. É a Ermida de Santa museu. O recinto megalítico continua
Catarina, que visitará mais tarde. Um quadrangular, como o original. Ao centro,
pouco adiante, ainda na descida, vê­‑se aprecie o bloco de configuração fálica
um enorme edifício branco: o Convento com quase quatro metros de altura e sete
de Nossa Senhora da Orada. Ao che- toneladas de peso.
gar a uma segunda rotunda, antes de
entrar no Telheiro, siga a indicação para Ermida de Santa Catarina
o convento. Regresse ao carro e, à saída do parque
de estacionamento do convento, siga por
Inicialmente, apenas haveria no local uma uma estrada à esquerda. Quando chegar
orada, onde, segundo a tradição, D. Nuno a um entroncamento com uma via em mau
Álvares Pereira se recolhia para rezar antes estado, vire de novo à esquerda e siga
das batalhas contra os vizinhos exércitos em frente. Encontra, à direita, a Ermida
castelhanos. Já no século XVII, os monges de Santa Catarina, torre hexagonal a que
Agostinhos Descalços começaram a erigir foi acrescentada uma capela. Há alguns
um convento, que só ficou concluído em anos, a porta estava sempre aberta e a
meados do século seguinte. Nos nossos entrada era possível a qualquer pessoa (ou
dias, o edifício pertence à Fundação Con- animal), o que já não acontece. Perdeu­‑
vento da Orada, que procedeu a diversas ­‑se a possibilidade de subir ao terraço e
obras de beneficiação. À data de fecho avistar a paisagem circundante. Em con-

68
A Percurso 6

trapartida, evita­‑se o vandalismo. O edi-


fício apresenta elementos da tradição
templária associada ao culto e memória
da mártir Santa Catarina. Alguns histo-
riadores defendem que, na Idade Média,
terá sido utilizado como reduto defen-
sivo para os peregrinos a caminho de
Santiago de Compostela. Trata-se de um
templo classificado como monumento
nacional.

Menir da Bulhoa
Voltando à rotunda junto à entrada do
Telheiro, siga em frente, passando pela Ermida de Santa Catarina
aldeia. Cerca de 500 metros depois,
repare na bonita fonte à direita, caiada de culino, apresenta uma fenda no vértice,
branco e debruada a azul. No entronca- que faz lembrar o meato urinário. Na linha
mento seguinte, tome a via da direita, na do horizonte, a nascente, é bem visível
direção do restaurante Sem­‑fim. Passados o recorte de Monsaraz.
alguns metros, vire de novo à direita, na
Rua do Outeiro. Siga em frente até apa-
recer a indicação do menir. Estacione São Pedro do Corval
no parqueamento à esquerda. Algumas
dezenas de metros mais à frente, encontra Regresse a Barrada, entre na povoação e
o Menir da Bulhoa, monólito com cerca siga sempre em frente até chegar a uma
de quatro metros, que ostenta interes- pequena praça. Vire, então, à esquerda,
santes símbolos gravados (por exemplo, na direção de Reguengos e Telheiro.
um Sol e um bastão curvo). Quando foi Cerca de três quilómetros depois, alcan-
encontrado, estava tombado e não tinha çará o cruzamento da estrada principal.
a base, posteriormente acrescentada. Vire à direita, para Reguengos.

Menir do Outeiro Ermida de Nossa Senhora do Rosário


Voltando ao carro, siga pela mesma Quando tiver percorrido uns 3,5 quiló-
estrada, atravessando toda a povoação metros, surge a placa do Santuário de
de Outeiro. Chegará a um cruzamento, Nossa Senhora do Rosário. A ermida fica
onde deve virar à esquerda, em direção numa propriedade privada, a cerca de
a Barrada. Logo à entrada desta aldeia, 500 metros da estrada. É um templo do
aparece a indicação para este monó- século XVI, simples, mas muito bonito.
lito. Vá por uma estrada de terra batida: Caiado de branco, ostenta o tradicional
percorridos uns 800 metros, alcançará o debruado azul. Para visitar, basta pedir a
Menir do Outeiro. Trata­‑se de um bloco chave numa das casas da quinta, mesmo
de pedra com quase seis metros de altura ao lado.
e oito toneladas de peso. De forma niti-
damente fálica, é designado pelas gentes Menir da Rocha dos Namorados
locais por “penedo comprido”. A reforçar Saindo dos terrenos da quinta, conti-
as semelhanças com o órgão sexual mas- nue em direção a São Pedro do Corval.

69
A Alentejo

Menos de um quilómetro depois, à


QUANTO TEMPO
direita, aparece a indicação deste bloco
ME FALTA PARA CASAR?
granítico, que parece estar agora acos-
sado pela estrada moderna. Com mais A parte superior da Rocha dos Namo‑
de dois metros de altura, a sua forma rados está coberta por pequenas
faz lembrar um cogumelo e, segundo pedras soltas. Cumprindo um anti‑
alguns, também um útero. Este menir quíssimo ritual de fertilidade, muitas
tem testemunhado, ao longo dos sécu- raparigas da região fazem “consul‑
los, um interessante ritual de fertilidade tas” ao penedo. De acordo com a
(veja a caixa ao lado). tradição, na segunda­ ‑feira de Pás‑
coa, ou seja, na primavera, época de
Regressando à estrada, alcançará São fertilidade por excelência, as moças
Pedro do Corval, considerado o maior casadoiras lançam pedras para cima
centro oleiro do País. Uma placa de boas­ do menir. Cada lançamento falhado
‑vindas atesta isso mesmo. Se gosta de significa mais um ano à espera. Como
cerâmica tradicional alentejana, aproveite é óbvio, este é mais um ritual pagão
para visitar algumas olarias, já que dificil- assimilado pelo Cristianismo. Uma
mente encontra tão grande diversidade cruz latina esculpida em alto­‑relevo
noutros locais. no topo da rocha é prova disso.
O menir chegou, inclusive, a ser um
ponto de paragem da procissão que,
Reguengos de Monsaraz em tempos, se realizava entre São
Pedro do Corval e a ermida de Nossa
Ao sair de São Pedro do Corval na direção Senhora do Rosário.
de Reguengos, surgem, alguns quilóme-
tros depois, as instalações da TEAR, asso-
ciação de artesãos e mestres de ofícios
tradicionais da região, fundada em 1984.
As artes representadas são muito diversas
e vão da cerâmica à tecelagem (as man-
tas de Reguengos são famosas em todo
o País), passando pela olaria, curtumes
e trabalhos em ferro forjado.

Local: Estrada de Monsaraz, km 0,8.

Siga depois para o centro de Reguengos.


Igreja Matriz de Reguengos de Monsaraz
Chegará à Praça da Liberdade, onde se
encontra a igreja matriz, de que Santo
António é orago. Templo neogótico, de Herdade do Esporão
finais do século XIX, teve como arquiteto Ainda na Praça da Liberdade, de costas
o autor da Praça de Touros do Campo para a matriz, vire na primeira à esquerda.
Pequeno, em Lisboa: António José Dias Se seguir as indicações, chegará sem
da Silva. Logo a seguir à praça, na Rua dificuldade à Herdade do Esporão.
1.º de Maio, fica o posto de turismo Será acolhido por mais de 500 hectares
(266 508 052). de vinha.

70
A Percurso 6

No centro da vila, encontra o jardim muni-


cipal, fresco refúgio nos quentes dias de
verão. Poderá dirigir­‑se, em seguida, ao
fabuloso castelo, passando pela Ermida
de São Bento, templo do século  XVIII.
A igreja matriz, dedicada a Nossa Senhora
das Candeias, parece uma joia engastada
na muralha do castelo. Suba ao caminho
de ronda e aproveite para fazer o reconhe-
cimento do horizonte. Avistará Monsaraz
Herdade do Esporão e parte da albufeira de Alqueva. As estrei-
tas ruas do centro de Mourão ostentam
Na herdade, visite a Torre do Esporão, ainda bonitos passos da Via Sacra.
antigo solar com aspeto de fortaleza, que,
atualmente, alberga um pequeno museu
arqueológico. Junto à torre, conhecida Monsaraz
por integrar o logótipo do vinho aqui
produzido, ergue­‑se a Ermida de Nossa De regresso, contemple da estrada a
Senhora dos Remédios. Ambos os edifí- colina onde se ergue Monsaraz, reduto
cios são do século XVI. templário perdido no tempo. Ainda antes
de chegar à vila, pode fazer um desvio
Chegando à casa do Enoturismo, faça para a albufeira da Barragem de Alqueva.
uma visita guiada às caves, seguida, se Tem à sua disposição diversas propostas
assim o desejar, de uma prova de vinhos. de passeios de barco, para explorar a
Da casa, há uma ótima vista sobre a bar- região de uma perspetiva diferente.
ragem, também propriedade da herdade.
Dispõe igualmente de um restaurante Terminada esta aventura, sugerimos um
regional, onde pode almoçar. Para jantar, jantar num dos ótimos restaurantes que se
tem de fazer marcação. encontram dentro das muralhas da vila. Se
chegar ao entardecer, poderá desfrutar de
Contacto: 266 509 280. uma encantadora luminosidade dourada.

Mourão

Volte na direção de Reguengos e, quando


vir a placa a indicar Mourão, siga por aí.
Entrará numa estrada tipicamente alente-
jana, rodeada de campos de cultivo, por
cima dos quais, ao fim da tarde e nos dias
quentes, muitas cegonhas esvoaçam à
procura de alimento. Se possível, vá deva-
gar, para absorver a mansidão alente-
jana. Mourão sofreu grandes mudanças,
sobretudo ao nível das estradas, mercê
da construção da barragem de Alqueva. Castelo de Mourão

71
A Alentejo

A
EXTENSÃO: 140 km lcácer do Sal é o ponto de partida.
Alcácer do Sal Mas não lhe propomos o habitual
circuito. Desta vez, sugerimos vários
Carrasqueira
trajetos que irradiam a partir desta
Tróia
cidade do Sado. Pode visitar apenas vestígios
Alcácer do Sal de culturas pretéritas, uma zona de lazer aprazí-
Barragem de Pego do Altar vel junto a uma barragem ou experimentar tudo
Barragem de Vale de Gaio o que reservámos para esta região do Alentejo.
Torrão
Alcácer do Sal Tróia

Carrasqueira
Alcácer Barragem
do Sal de Pego do Altar

Barragem de Vale de Gaio


Torrão

Alcácer dada poderá levá­‑lo numa viagem fasci-


nante por culturas que se sobrepõem.
Quem admira esta pacata cidade alente-
jana a partir da margem oposta do Sado Aproveite as primeiras horas da manhã
pressente toda a História que tem para para um passeio pela zona histórica da
contar. Mas uma pesquisa mais aprofun- cidade. Preste atenção ao rendilhado
das sacadas em ferro forjado. Junto à
câmara municipal, eleva­‑se a estátua
de Pedro Nunes, grande matemático e
astrónomo, natural de Alcácer. Inventor
do nónio, instrumento matemático usado
mais tarde nos astrolábios, teve um papel
muito importante no desenvolvimento
das técnicas de navegação à época dos
Descobrimentos.

Na zona ribeirinha, encontra ainda agra-


dáveis esplanadas e pastelarias com mag-
níficos doces da região. Atreva­‑se a expe-
rimentar, por exemplo, uma pinhoada
sobre folha de laranjeira. A vista para o rio
Estátua de Pedro Nunes, junto à Câmara Municipal de Alcácer e o monte do castelo é muito acolhedora.

72
A Percurso 7

Museu Municipal Pedro Nunes


Para ficar a conhecer melhor o patrimó-
nio da região, o melhor é uma visita a este
espaço. As civilizações que passaram por
Alcácer deixaram as suas marcas, pelo que
o acervo é muito rico, destacando­‑se o
espólio do período romano. No momento
em que visitámos Alcácer, o museu,
instalado na Igreja do Espírito Santo,
encontrava­‑se fechado para escavações
arqueológicas e obras de recuperação,
sem data para reabrir. Por isso, telefone
primeiro para a câmara municipal e ave-
rigue se já está disponível (265 610 040). Vista do castelo de Alcácer

De qualquer modo, se lhe interessam as


escavações, também pode contactar o Entre o castelo e a igreja matriz, localiza­
posto de turismo (265 610 070), para assis- ‑se um sítio arqueológico com vestígios
tir ao trabalho dos arqueólogos. da Idade do Ferro e do período romano,
ponto de reunião de dezenas de gatos das
Castelo e cripta redondezas. Um pouco mais abaixo, visite
Suba ao castelo e aprecie a vista sobre a igreja do Convento de Santo António,
as sinuosidades do Sado, ladeado pelas monumento do século XVI com influência
riscas dos arrozais. A encosta do monte é da arquitetura renascentista italiana. Entre
revestida pelo branco do casario. O cas- e aprecie a Capela das Onze Mil Virgens,
telo foi transformado em Pousada de Por- em especial a cúpula de jaspe translúcido,
tugal e batizado com o nome do rei que, que reflete a luz em jogos de cor.
em 1217, logrou a conquista definitiva da
praça: Afonso II. Mas, se pedir na rece- Sempre no sentido do rio, ergue­‑se a
ção, com certeza que o deixam visitar o imponente Igreja de Santiago, com duas
claustro e o jardim, onde pode percorrer torres sineiras ocupadas por ninhos de
o caminho de ronda, junto à muralha. cegonhas e uma magnífica escadaria.
Um painel de azulejos evoca Francisco
Nos anos 90, a grande intervenção de Magalhães, missionário alcacerense
sobre o  Convento de Nossa Senhora de no Brasil. A ermida medieval sofreu res-
Aracoeli, localizado no monte do cas- truturações profundas no século XVIII,
telo, trouxe à luz do dia grande espólio por ordem de D. João V, na qualidade de
arqueológico. Foi ainda descoberto um grão­‑mestre da Ordem de Santiago.
subterrâneo, a cripta, onde estão expos-
tas as peças encontradas. Poderá visitar Local: Rua Manuel Augusto de Matos,
este espaço onde se cruzam 26 séculos Rua do Outeiro e Rua Dr. Nobre.
de História, marcado por todos os povos
que habitaram a colina.
Carrasqueira
Local: Pousada D. Afonso II,
castelo de Alcácer do Sal. Pegue no carro e saia da cidade pela
Contacto: 265 612 058. ponte de ferro sobre o Sado. Na rotunda,

73
A Alentejo

vire à direita, quando surgirem as indica- nos pelo garum, condimento à base de
ções Comporta e Tróia (EN253). Come- sangue, vísceras e outras partes do atum
çará a rolar em direção à foz do Sado. ou cavala, misturadas com peixes peque-
A  estrada atravessa uma paisagem nos, crustáceos e moluscos esmagados e
agradável, constituída sobretudo por ervas aromáticas. O composto era, em
matas de pinheiros mansos e sobreiros. seguida, sujeito a salmoura. Quando
Para descansar um pouco ou fazer uma exportado, ia acondicionado em ânforas.
refeição ligeira, pode abrigar­‑se à som- A forma destes recipientes destinava­‑se
bra generosa das árvores. Preferindo um a facilitar o armazenamento nos navios.
repasto de faca e garfo, volte à direita, As camadas encaixavam umas nas outras
quando vir a indicação Cachopos. Pro- e formavam uma carga muito estável,
cure pela escola primária. Encerrada em mesmo com mar turbulento. Tróia fazia
1982 por falta de alunos, passou a restau- parte de uma rede comercial que se
rante com pratos típicos em 1996. Conta­ estendia pelo mare nostrum, nome que
‑se que a abertura do estabelecimento os romanos davam ao Mediterrâneo.
foi adiada largos meses devido a um
ninho de cegonha na chaminé. Fecha à Ainda é possível admirar os enormes tan-
segunda­‑feira. ques da salga ou cetárias. O complexo
também incluía termas, zonas de enter-
Com as energias repostas, volte à estrada ramento, um templo e núcleos habitacio-
principal. Quando surgir a placa a indicar nais, o que atesta bem a sua importância.
Carrasqueira, não a perca. Trata­‑se de No mesmo espaço, encontra­‑se igual-
uma pequena aldeia piscatória que ter- mente uma basílica paleocristã.
mina num interessante porto palafítico
em pleno sapal. Repare ainda nas casas Campo e praia
típicas com paredes em caniço e telhados Continue até ao cais de embarque para
de bracejo, espécie de mato que cresce Setúbal e estacione o carro. A partir deste
no sapal. ponto, se lhe agradam as caminhadas,
pode explorar a costa ou a margem do
rio. O piso é plano e a paisagem, bonita.
Tróia
Regresse ao carro e comece a fazer o
Retome a estrada no sentido de Tróia. caminho de volta, em direção a Alcácer.
Observe a rica vegetação dunar que Os amantes da praia podem aproveitar
cresce mesmo junto até à estrada. No para dar um mergulho no Atlântico. A da
horizonte, começa a elevar­‑se a silhueta Comporta é  uma boa opção na época
escura da Serra da Arrábida, do outro baixa (mas a evitar na época alta!).
lado do estuário.
De novo na estrada, a povoação de Com-
Ruínas romanas porta aparece um pouco mais à frente.
Vire à direita, quando avistar a placa Ruí- No caso de já ter fome, pode experimen-
nas Romanas. O que hoje conhecemos tar o restaurante Museu do Arroz, junto
como Península de Tróia era, à época, à estrada. Instalado numa antiga fábrica
uma ilha. A indústria de pesca e a pro- de arroz, foi decorado com a respetiva
dução de conservas eram prósperas. maquinaria. Serve pratos típicos de peixe
Lembremos o finíssimo gosto dos roma- e carne. Encerra à segunda­‑feira.

74
A Percurso 7

Chegado a Alcácer, siga as indicações


Montemor e Barragem de Pego do Altar.
Ao sair da cidade, irá atravessar uma
paisagem totalmente diferente do que
encontra no resto do percurso, mas tam-
bém muito bonita. Quando vir a placa a
indicar Barragem, vire à direita e siga até
ao paredão. Siga, então, pela esquerda
e contorne uma pequena baía que dá
acesso à praia fluvial. Se tiver trazido um
barco ou canoa, pode usá­‑lo sem proble-
mas. Também é possível explorar a paisa-
gem envolvente a pé ou de bicicleta. Praia da Comporta

Barragem de Vale de Gaio

Permanecendo no registo aquático, a


região oferece mais uma proposta, perto
do Torrão. Tome a estrada por onde veio
e siga no sentido de Alcácer até encon-
trar, à esquerda, a indicação Barragem de
Vale de Gaio. As cegonhas estão presen-
tes em quase todas as estruturas mais ele-
vadas, sejam naturais ou artificiais. Antes
de chegar ao paredão, vire à esquerda
para usufruir de mais uma bela paisagem.
Se quiser aceder às zonas mais afastadas, Barragem de Vale do Gaio
só de barco ou a pé, junto à água.
do Calcolítico), o Torrão é conhecido pelos
doces. Na Rua das Torres, fica o museu
Torrão etnográfico, que recupera o ciclo do pão,
alimento fundamental na dieta alentejana.
Siga agora para esta vila, às margens do
rio Xarrama, terra do escritor renascen- Local: Rua das Torres.
tista Bernardim Ribeiro, autor da novela Contacto: 265 669 203.
Saudades. A obra é, no entanto, mais
conhecida como Menina e Moça, por
começar com a frase “Menina e moça me Alcácer do Sal
levaram de casa de minha mãe para muito
longe”. A novela está presente no Can‑ Ao regressar à cidade, se ainda não expe-
cioneiro Geral de Garcia de Resende. rimentou as iguarias do Torrão, assente
arraiais numa esplanada e delicie­‑se com
Além de património arquitetónico, como a os petiscos locais. Se a noite já tiver caído,
Ermida de Nossa Senhora do Bom Sucesso percorra a marginal num agradável pas-
e o Monte da Tumba (povoado fortificado seio pedestre, aspirando a brisa fresca.

75
A Alentejo

O
EXTENSÃO: 130 km percurso começa na célebre vila de
Grândola, que, na música de José Afonso,
Grândola
ganhou o epíteto de “terra da fraterni-
Azinheira dos Barros
dade”. O que talvez não saiba é que o
Lousal cantor fez um trocadilho a partir do nome da Socie-
São Bartolomeu da Serra dade Musical Fraternidade Operária Grandolense,
Santiago do Cacém coletividade ainda existente. Nos anos 60, José Afonso
Lagoa de Santo André cantou aqui, num espetáculo em que também atuou
o mestre da guitarra portuguesa Carlos Paredes. Terá
Lagoa de Melides
ficado encantado com Grândola e os seus habitantes
Melides
e dedicou­‑lhes um poema. A arquitetura e a paisa-
Grândola gem não enganam ninguém: estamos no Alentejo.
A alternar com aldeias típicas, surgem sítios arqueo-
lógicos, como as ruínas romanas de Miróbriga, em
Santiago do Cacém, e o antigo complexo mineiro do
Lousal. De regresso a Grândola, o itinerário leva­‑o à
tranquilidade das lagoas de Santo André e Melides.

Grândola

Melides

Lagoa de Melides
Lagoa de Santo André

Azinheira dos Barros

Lousal
São Bartolomeu
da Serra

Santiago do Cacém

Grândola

Perto da entrada norte desta vila que per-


tenceu à Ordem de Santiago de Espada,
repare no memorial aos 25 anos do 25 de
Abril, enorme painel de azulejos com a
letra e a música de Grândola, Vila Morena,
a emblemática canção usada como a
segunda senha para os militares iniciarem
as operações da Revolução dos Cravos.

Jardim municipal e centro


Depois, visite o jardim municipal, entre a
Casario típico de Grândola Avenida António Inácio da Cruz e a Rua

76
A Percurso 8

D. Ana Luísa da Cruz Costa. Pode dar um


passeio à sombra do arvoredo frondoso
ou junto ao lago. Espaço agradável e
bem cuidado, possui um bom retiro para
merendas. Ao fundo, as crianças podem
divertir­‑se no parque infantil ou ver as
aves numa enorme gaiola.
Nas laterais do jardim, tome uma bebida
ou petisque numa esplanada. Dê uma
volta pelo centro da vila, apreciando o
casario baixo, de paredes caiadas e roda-
pés em ocre ou azul. Na zona mais antiga,
visite a igreja matriz, onde se destaca o
retábulo­‑mor, revestido a talha dourada e
azulejos.

Estação romana
do Cerrado do Castelo
Volte ao topo do jardim municipal. De
frente para a faixa retangular que o com- Igreja matriz de Grândola
põe, siga pela sua direita. Mais à frente,
fica a Rua da Ponte, onde está localizada em frente e desça a colina. Em alguns
a escola primária. No recreio, protegida locais, surgem junto à estrada maciços
por uma vedação, situa­‑se a estação rochosos de pedra escura facetada. Será
romana, onde foram encontrados vestí- acompanhado, por vezes bem de perto,
gios de umas termas que se pensa serem pelas sinuosidades de uma ribeira. Volte
do século I. Provavelmente, existiu aqui à esquerda quando vir a indicação de
uma povoação importante, que deu Azinheira dos Barros.
origem a Grândola. Trata­‑se de uma pequena povoação tipi-
camente alentejana. Nas horas de maior
calor, o branco das casas até custa a
Lousal encarar. Se aprecia este tipo de arquite-
tura, pare e dê uma volta pela aldeia. Volte
Para sair de Grândola, tem duas alterna- depois ao IC1 e vire à direita, ao avistar
tivas: uma mais rápida, que vai por estra- a placa de Ermidas e Lousal.
das principais, e outra que atravessa uma
paisagem de relevo moderado e arbori- Museu Mineiro
zação farta. Se preferir a primeira, tome a Nesta localidade, houve exploração
direção de Ferreira do Alentejo. Depois mineira entre 1900 e 1988, num raio de
de passar por Canal Caveira e ainda 200 hectares. Inseria­‑se na chamada faixa
antes do viaduto da autoestrada, vá piritosa ibérica, 250 quilómetros entre
com atenção, pois terá de virar para sul, os vales do Sado e Guadalquivir, junto a
tomando o IC1. Pouco depois, à direita, Sevilha. Extraía­‑se sobretudo pirite com
surge a placa para Azinheira dos Barros, alto teor de enxofre, usada na produção
onde deve virar. Querendo apreciar a de ácido sulfúrico, destinado aos adubos
Natureza, logo na Rua da Ponte, siga agrícolas. Hoje, a paisagem está ao aban-

77
A Alentejo

Barragem
Suba a rua das lojas de artesanato e siga
as indicações para a barragem, que anti-
gamente abastecia as habitações e a
mina. Embora pequena, está integrada
numa paisagem agradável e consta que é
procurada para a pesca do achigã, peixe
que os alentejanos tão bem sabem pre-
parar. Para lá chegar, terá de passar por
um caminho modesto fechado com uma
porteira, “cancela” em madeira e arame
que impede o gado de escapar. Abra e
Barragem do Lousal feche a porteira, cuidado que também
deve ter no regresso.
dono. As formas geométricas caprichosas,
as texturas, as elevações e depressões
transportam­‑nos para um cenário quase Santiago do Cacém
lunar, muito arenoso e de intensas tona-
lidades vermelhas e castanhas. Está, Ao sair de Lousal, siga para Ermidas do
evidentemente, muito degradado do Sado. Nesta povoação, vire à direita em
ponto de vista ambiental, mas é interes- direção a Santiago do Cacém. Depois
sante ao nível plástico. Para valorizar a do cruzamento para Abela, atravessará
zona outrora florescente, surgiu a ideia de
um museu que aproveitasse as infraestru-
turas da mina e mostrasse como os tra- CAÇADORES DE ABELHAS
balhadores desenvolviam a sua atividade.
Se fizer este percurso na primavera ou
Pode ver maquinaria diversa, assim como
verão, repare numas pequenas aves
maquetas interativas, minuciosamente
com bico curvo, cauda longa e pluma‑
concebidas. Ao experimentá­‑las, ficará a
gem colorida. Os abelharucos gostam
saber como tudo funcionava. Em frente
de empoleirar­‑se nos cabos telefóni‑
ao museu, foi instalada uma locomotiva a
cos e espreitar à passagem de insetos
vapor, que puxava as carruagens usadas
suculentos. As abelhas carregadas de
no complexo. Junto ao museu, existem
pólen são um pitéu. Estes pássaros têm
lojas de artesanato, um restaurante e, um
uma técnica de alimentação especial.
pouco mais afastado, até um hotel.
Antes de engolirem a presa, lançam­
‑na contra uma superfície sólida para
Local: Lousal.
a matarem. Depois, com um movi‑
Contacto: 269 508 455
mento rápido do bico, atiram­‑na ao
(visitas guiadas com marcação).
ar para a apanharem novamente. Os
vistosos abelharucos fazem os ninhos
Centro de Ciência Viva
em barreiras arenosas, onde escavam
Um pouco mais acima do museu, fica o
galerias que podem atingir a profun‑
Centro de Ciência Viva, que oferece per-
didade de 2,5 metros. Ali, bem prote‑
cursos pedestres para conhecer a geolo-
gidas dos predadores, as fêmeas cho‑
gia da região. Terá de telefonar para mar-
cam os ovos e criam os filhotes.
car (269 508 160).

78
A Percurso 8

uma pequena ponte. Deixe o carro logo ainda estão pouco estudadas, mas sabe­
à direita e desça até à margem do rio. ‑se que eram decoradas com frescos e
O local é muito agradável no inverno e na foram construídas ao longo de calçadas.
primavera, quando o caudal é mais abun- O complexo dispunha de um fórum com
dante. No verão, as águas desaparecem e dois templos. Nas imediações, os arqueó-
as algas secas atraem nuvens de moscas logos encontraram duas construções que
incomodativas. Seguindo para Santiago, parecem ser uma cúria e uma basílica.
passará por São Bartolomeu da Serra. Visite Estão também presentes vestígios de
a igreja paroquial, que ostenta um cruza- diversas lojas. As termas são compostas
mento de vários estilos arquitetónicos. por dois edifícios com diversos compar-
timentos: entrada, zonas de banhos frios
Moinho das Cumeadas (frigidarium) e quentes ou mornos (cal‑
Logo à entrada da cidade, surge, à darium e tepidarium). O pavimento era
esquerda, o caminho para o moinho, que revestido a mármore. Um pouco afastado
sofreu obras de restauro e pode ser visi- do centro, fica o hipódromo.
tado. No interior, escondem­‑se as engre-
nagens de madeira e as pedras. Se o vento Local: Herdade dos Chãos Salgados.
soprar, terá a sorte de o ver a funcionar. Contacto: 269 818 460.

Local: Estrada das Cumeadas. Castelo


Contacto: 269 826 696 (posto de turismo). Desça agora para o centro histórico e
Visitas guiadas: 964 174 982. depois suba até ao castelo, onde são
visíveis as marcas da Ordem de San-
Ruínas romanas de Miróbriga tiago. Daqui, avista­‑se a planície até ao
Na mesma estrada, um pouco adiante, mar. À esquerda, elevam­‑se as chaminés
ficam as ruínas romanas, num local habi- do complexo petrolífero de Sines. Para a
tado, pelo menos, desde a Idade do direita, ficam as lagoas de Santo André e
Ferro. O topo da colina permite avistar Melides, que visitaremos mais tarde. Um
toda a região envolvente. As habitações pouco mais ao longe, é ainda possível

Vista do Castelo de Santiago do Cacém

79
A Alentejo

Local: Praça do Município.


Contacto: 269 827 375.

Parque urbano de Rio de Figueira


e piscinas municipais
Já no carro, desça a avenida que passa
em frente ao jardim e atravesse a Praça 5
de Outubro. Na Estrada do Fidalgo, vire
à direita, para aceder ao parque urbano,
espaço recreativo equipado com parque
infantil, instalações sanitárias, piscina,
circuito de manutenção e campos de
Parque urbano de Rio de Figueira jogos. Dispõe ainda de boas áreas ajar-
dinadas, com retiros muito agradáveis.
identificar a serra da Arrábida. O castelo Um bom lugar para tomar contacto com
ocupava, pois, um ponto estratégico na a Natureza. Junto ao parque, encontra as
vigilância da costa, estando fortemente modernas piscinas municipais.
ligado ao de Alcácer. Quando D. Afonso
Henriques conquistou a cidade do Sado Contacto: 269 823 590.
em 1158, Kassim, nome árabe que teria
à época, também caiu. Em 1191, no rei-
nado de Sancho I, o califa almóada Yaqub Safari no Alentejo
al­‑Mansur recuperou Alcácer, pelo que
Kassim voltou para mãos muçulmanas. Para sair de Santiago, tome a direção de
Em 1217, Afonso  II logrou conquistar Lagoa de Santo André. Ao chegar ao cru-
definitivamente Alcácer e, por extensão, zamento com o IP8, vire à esquerda para
Kassim. O castelo, entregue à Ordem de Sines e, já nesta via, corte logo à direita,
Santiago, tomou o nome do apóstolo de onde vir a placa que indica o Badoca Park.
Cristo. Dentro da muralha, pode também Seguindo as indicações, encontra o par-
visitar a igreja matriz, servida por uma bela que de estacionamento. Neste recinto
escadaria e ladeada por um cruzeiro. com cerca de 90 hectares, existe um
parque florestal por onde vagueiam,
Museu municipal em semiliberdade, espécies exóticas
Desça até à Praça do Município, onde como búfalos, lamas, gamos, avestruzes,
fica o museu municipal. Enquadrado pelo zebras, cangurus e girafas. Um safari,
jardim público, está instalado no edifício orientado por guias, permite o contacto
de uma antiga cadeia. Do espólio faz com os animais. O parque oferece tam-
parte uma coleção de moedas entre o bém um espetáculo de aves de rapina,
século III a.C. e a implantação da Repú- com águias, falcões e um peneireiro, um
blica, que acompanha, assim, as várias parque de cangurus e o lago de flamin-
fases da História de Portugal. gos e íbis. No jardim de aves exóticas,
A etnografia está também presente no poderá admirar papagaios, araras, cata-
museu, sempre enriquecido com a doação tuas, tucanos e outros. Se ainda tiverem
de peças por parte dos habitantes. A partir energia, as crianças podem experimentar
delas, foi possível fazer a reconstituição de o parque infantil. Para os mais pequenos,
uma cozinha alentejana e de um quarto. foram igualmente reservadas atividades

80
A Percurso 8

pedagógicas: conhecer o mundo dos no Atlântico. Esta é também uma zona


primatas, alimentar os lémures, passeios privilegiada para passeios pedestres.
na Natureza, etc. Como vê, há muito para
explorar e descobrir. O mais aconselhável
será reservar um dia das suas férias. Lagoa de Melides

Local: Herdade da Badoca, No cruzamento onde virou para a Lagoa


Vila Nova de Santo André. de Santo André, vire à esquerda, em dire-
ção a Tróia e Melides. Tome novamente a
esquerda ao avistar a placa para a Lagoa de
Lagoa de Santo André Melides. Mais pequena do que a primeira,
também é uma boa opção para nadar. A
Ao sair do parque, terá de virar à direita vegetação serve de refúgio a patos, garças,
no IP8 e, rolando um pouco no sentido de mergulhões e maçaricos: não se esqueça
Sines, fazer a inversão de marcha onde for dos binóculos. A praia marítima, muito pró-
mais seguro. Volte à estrada que liga San- xima, é excelente. Vários bares e restauran-
tiago do Cacém à Lagoa de Santo André. tes junto ao estacionamento são opções
A paisagem alterna entre campos de cul- para tomar uma bebida ou uma refeição.
tura, pinhal e eucaliptal.
Chegado à lagoa, estacione no largo
junto aos restaurantes. Já no areal, acon- Grândola
selhamos a zona mais próxima do mar,
onde a água tem sempre melhor quali- Voltando à estrada que segue para Tróia,
dade. Existem algumas baías pouco pro- tome a direção de Melides. No centro da
fundas, ideais para as crianças brincarem aldeia, encontra a placa para Grândola.
em segurança. Na margem oposta, uma Atravessará uma bela paisagem, dominada
grande duna convida os mais aventureiros sobretudo por enormes pinheiros man-
a escorregar. Quando estiver cansado das sos e sobreiros. Retempere forças numa
águas calmas da lagoa, dê um mergulho esplanada junto ao jardim municipal.

Lagoa de Santo André

81
A Alentejo

E
EXTENSÃO: 160 km stamos no coração do Baixo Alentejo, rodea-
Beja dos de planícies sem fim, ora verdejantes, ora
Mina Juliana
douradas pelo sol. Sugerimos que visite, com
toda a tranquilidade, pacatas aldeias caiadas de
Aljustrel
branco. O silêncio e a paisagem convidam ao repouso
Messejana
e à introspeção. Deixe­‑se impregnar por séculos de
Ervidel História, em terras da antiga Ordem de Santiago de
Ferreira do Alentejo Espada. Com a exceção de Beja, as restantes localidades
Peroguarda deste percurso pertenciam aos freires espatários. Encon-
Beja trará aqui e ali o seu sím-
Peroguarda
bolo: uma elegante cruz
Ferreira do Alentejo
em forma de espada.
Beja Figura, por exemplo,
no brasão de armas de
Ervidel
Ferreira do Alentejo e
transporta­‑nos para a
Mina Juliana época da Reconquista.
Aljustrel

Messejana

Beja lha, conhecido pela sua poesia. Também


era originária de Beja a família do filósofo,
O percurso começa e termina em Beja, físico, astrónomo, matemático e poeta
a Pax Julia romana. Ao longo da História, Ibn Bajjah. Nascido em finais do século XI
figuras ilustres ficaram ligadas à cidade. em Saragoça, ficou conhecido no mundo
Aqui nasceu, no século  XI, al­‑Mu’tamid, cristão como Avempace. Outro pacense
último monarca do reino de taifa de Sevi- de renome, Ibn Sahib al­‑Salah, foi, no
século XII, um dos mais proeminentes histo-
riadores do período almóada e documen-
tou muito bem as operações de Geraldo,
o Sem Pavor (veja a caixa da página 58, no
percurso 5). Beja está ainda ligada à monar-
quia portuguesa através de duas figuras
que ascenderam ao trono. A primeira foi
D. Leonor de Lencastre, mulher de D.
João II. Rica e poderosa, era, tal como o
marido, bisneta de D. João I, mestre de
Avis. A segunda foi o irmão da rainha, D.
Manuel. Com o falecimento prematuro
do príncipe herdeiro, o duque de Beja
Sala do Capítulo, Museu Regional Rainha D. Leonor, Beja sucedeu ao cunhado.

82
A Percurso 9

Museu Regional Rainha D. Leonor


Instalado no Convento da Conceição, este
importante núcleo museológico tem uma
grande variedade de peças. A entrada
abre para uma antiga igreja barroca,
ricamente decorada a talha dourada.
Ao passar pelo claustro, aprecie corredo-
res revestidos a azulejos policromos, ao
gosto mudéjar, onde a luz penetra suave-
mente, criando uma atmosfera especial.
A magnífica Sala do Capítulo ostenta ricas
pinturas no teto e, uma vez mais, azule-
jos de inspiração mudéjar, do século XVI.
É neste antigo convento que se encon- Torre de menagem do castelo de Beja
tra a Janela da Mariana, mencionada nas
famosas Cartas Portuguesas, da autoria da lado, ficaria a Casa dos Corvos ou Casa
freira Mariana Alcoforado, que aqui viveu de Aladino, uma das residências dos
67 anos. O museu oferece ainda coleções governadores muçulmanos da cidade.
de arqueologia e pintura portuguesa, A partir de finais do século  XII, com a
espanhola e flamenga. No exterior, admire conquista cristã, o local passou a igreja
as fachadas, ao estilo manuelino. matriz. Repare no curioso aspeto exterior,
que resulta da conjugação de elementos
Para completar a visita, terá de deslocar­ arquitetónicos de diferentes épocas.
‑se ao núcleo visigótico, na Igreja de Uma das atrações da igreja é uma Árvore
Santo Amaro, junto ao castelo. A igreja foi de Jessé com a genealogia de Cristo.
uma basílica paleocristã e assenta sobre Aprecie também um retábulo de Pedro
uma necrópole romana. Acolheu a cole- Alexandrino representando a Última Ceia.
ção de peças do período visigótico que
se encontrava no museu. Mas, por uma Local: Largo de Santa Maria.
questão de método, talvez seja preferível
deixar o núcleo visigótico para depois da Igreja da Misericórdia e pelourinho
visita ao castelo, já que tem outros pontos Na Praça da República, algures entre a
de interesse pelo meio. Igreja de Santa Maria e o castelo, repare
na curiosa arcada manuelina e no pelouri-
Local: Largo da Conceição (museu) e nho no mesmo estilo. Ao fundo, encontra­
Largo de Santo Amaro (núcleo visigótico). ‑se a Igreja da Misericórdia, construída no
Contacto: 284 323 351 (museu) século XVI com o objetivo de albergar os
e 284 321 465 (núcleo). açougues municipais. Mas, devido à sua
qualidade arquitetónica, de transição entre
Igreja de Santa Maria da Feira o Renascimento e o Maneirismo, foi trans-
No Largo de Santa Maria, não longe do formada em templo. Hoje, também acolhe
museu, visite a Igreja de Santa Maria da exposições e venda de produtos regionais.
Feira. Diz­‑se que as fundações remontam
ao período visigótico. Mais tarde, aqui foi Castelo e torre de menagem
edificada a mesquita da cidade, da qual As muralhas, ainda com um ar sólido,
restam as quatro imponentes colunas. Ao foram restauradas por Afonso III em finais

83
A Alentejo

O complexo, ocupado dos séculos I


a.C. a IV d.C., foi acidentalmente desco-
berto em 1967, durante alguns trabalhos
agrícolas. A villa era constituída por uma
habitação com mais de 40 divisões rica-
mente decoradas. A fachada a sul abria
para uma piscina (natatio). Era ainda
dotada de termas e tinha água aquecida.
Na zona dos serviçais, ficavam armazéns,
lagares, celeiros e áreas de transformação
Villa romana de Pisões de produtos agrícolas. A água vinha da
vizinha barragem de Pisões.
do século XIII. Mas, ao tempo romano, já Admire a zona das termas, em bom estado
existia uma fortificação, de que restam as de conservação, que compreendia o ves-
portas de Évora e Avis. Os historiadores tiário, fornalhas, salas para banhos quen-
árabes relatam a conquista da praça pelos tes, tépidos e frios, piscina e latrinas. Mas
cavaleiros de Santarém em 1172, que o mais fascinante é, sem dúvida, o con-
a tiveram de abandonar poucos meses junto de mosaicos, com formas geométri-
depois face à insustentabilidade da sua cas elegantes. Apesar das pilhagens, um
posição: o Alentejo estava quase todo bom número chegou aos nossos dias.
dominado pelos muçulmanos. Antes de
saírem, arrasaram a cidade e as respetivas Local: Herdade de Algramaça, Beja.
muralhas. No início do século XIV, D. Dinis Contacto: 266 769 800.
mandou construir a imponente torre de
menagem, com quase 40 metros de altura.
O inegável interesse arquitetónico está Aljustrel
patente tanto no exterior como nas três
salas. Vale a pena subir os mais de 180 Regresse à estrada principal e siga para
degraus para observar a paisagem circun- Aljustrel. Pelo caminho, à entrada de
dante. Atente no emaranhado de ruas que Santa Vitória, encontra a indicação Mina
se estende a partir do castelo e na planície, Juliana. Esta pequena povoação serviu de
que parece coberta de remendos. Depois, residência aos trabalhadores das minas
não se esqueça do núcleo visigótico. de cobre e ouro, encerradas em 1910.
Quando a Barragem do Roxo foi cons-
Local: Largo Dr. Lima Faleiro. truída, as casas só por pouco escaparam
Contacto: 284 311 913 (posto de turismo). ao avanço das águas. Se aprecia a bran-
cura da arquitetura alentejana, percorra as
Villa romana de Pisões ruas da aldeia, mesmo à beira das águas
Saia de Beja pela EN18, em direção a Aljus- do Roxo, afluente do Sado.
trel. Cerca de quatro quilómetros depois,
encontra, à direita, a indicação Ruínas de Antes de chegar a Aljustrel, já na EN2,
Pisões. Siga as placas para o local. O cami- pode parar na barragem. A albufeira não
nho de terra batida é acessível a qualquer convida a um mergulho, mas é possível
automóvel que circule devagar. Mesmo praticar alguns desportos náuticos não
assim, se não conduzir um todo­‑o­‑terreno, motorizados, como a vela ou o remo.
não se aventure em tempo de chuva. Outra excelente ideia é lançar o isco às

84
A Percurso 9

águas e aproveitar para pescar. Ou pode passagem pela antiga Mina de Algares,
apenas atravessar o paredão para desfru- perto da saída para a Messejana. Ficará a
tar da paisagem. conhecer ainda melhor o passado mineiro
da vila. O complexo foi fechado no prin-
Regresse à estrada e continue a marcha cípio dos anos 90. Poderá admirar parte
para Aljustrel. Já na povoação, dirija­‑se do equipamento usado nas prospeções,
ao centro e procure o Jardim 25 de Abril, orgulhosas construções em metal que
onde fica o posto de turismo (284 601 010). cortam o azul do céu.
Esta zona ajardinada tem muita sombra, Perto da mina, ficava a cidade romana de
para descansar nos apertados dias de Vipasca. Em finais do século  XIX e prin-
calor alentejanos, e um parque infantil. cípios do século XX, durante a remoção
de escória, foram encontradas as célebres
Ermida de Nossa Senhora do Castelo Tábuas de Aljustrel, placas de bronze com
Outro local a visitar é a ermida. Leve o legislação mineira romana.
carro até onde puder e prepare as per- Historicamente ligado à mina está o clube
nas para subir dezenas de degraus. Será de futebol local, a maior coletividade do
recompensado com uma vista desafo- concelho, com 750 sócios. Fundado em
gada sobre a região. Foi construída sobre 1933, o Sport Clube Mineiro Aljustre-
as fundações de um castelo muçulmano. lense, reunia, à época, no antigo Café do
O exterior, dominado por um enorme Espanhol, que veio a ser transformado
cruzeiro, é caiado a branco. No interior, em mercearia. Aqui se faziam coletas para
admire os azulejos do século XVII. comprar bolas, botas e equipamento.
Para conhecer a central de compresso-
Museu municipal res da mina, contacte o museu munici-
Dotada, por um lado, de um grande patri- pal (284 600 170) ou o posto de turismo
mónio arqueológico e, por outro, de uma (284 601 010).
tradição mineira de peso, Aljustrel ofe-
rece ao visitante um espaço para apreciar
um pouco dos vestígios deixados pelos
povos que aqui têm vivido. Da coleção de
arqueologia, fazem parte peças delicadas
como lucernas romanas, jarros e cerâmicas
vidradas. Cobre uma faixa entre o Paleolí-
tico e a Idade Média. Estando numa zona
de forte exploração de minério, o museu
propõe também uma incursão por esta ati-
vidade económica, que remonta ao tempo
dos romanos. Outra sala reúne artefactos
encontrados em antigas necrópoles.

Local: Rua São João de Deus, 19.


Contacto: 284 600 170.

Mina de Algares
Se se interessa pela arqueologia indus-
trial, complete a visita ao museu com uma Mina de Algares

85
A Alentejo

Messejana usados na lavoura, inclui a reconstituição


de um quarto e de uma cozinha tradicional,
A cerca de 12 quilómetros de Aljustrel, com a típica chaminé onde as famílias se
fica a simpática vila de Messejana, aglo- sentavam à lareira. Possui ainda salas dedi-
merado de casinhas brancas rematadas a cadas à apicultura e ao fabrico do pão.
azul, alternando aqui e ali com edifícios de
passado nobre. Entre o património arqui- Local: Rua do Poço, Ervidel.
tetónico, destaca­‑se a matriz, no ponto Contacto: 284 645 247 (depois das 14 h).
mais alto da povoação, e a Igreja de
Nossa Senhora da Assunção, num monte
nas proximidades. Em barroco brasileiro, Ferreira do Alentejo
data do século XVIII e foi mandada cons-
truir pelos emigrantes regressados, como Quem chega pela entrada oeste depara
forma de agradecimento pelo sucesso com um templo tipicamente alentejano:
económico. O edifício assemelha­‑se mais branco riscado a azul. É a Igreja de Nossa
às igrejas de Ouro Preto, no estado bra- Senhora da Conceição, construída no
sileiro de Minas Gerais, do que às que se século XVII. Além de um magnífico painel
veem pelo Alentejo fora. de azulejos da mesma época, alberga uma
Num monte contíguo à matriz, percorra imagem do orago, que Vasco da Gama
as ruínas do castelo, provavelmente edi- levou na viagem para a Índia. Infelizmente,
ficado pelos romanos e reconstruído ao nada disto pode ser admirado, pois a
tempo muçulmano. igreja está fechada. O cruzeiro em frente
data de 1940 e evoca a fundação de Por-
tugal e a Restauração da Independência.
Mas o ex libris da vila é uma capela circu-
lar com uma pequena cúpula, caiada de
branco e debruada a amarelo, com pedras
incrustadas, que simbolizam as que foram
atiradas a Cristo a caminho da cruz. Trata­‑se
da Capela do Calvário ou de Santa Maria
Madalena, conhecida como Igreja das
Pedras. Para lá chegar, continue pela Ave-
nida Gago Coutinho e Sacadura Cabral.
O templo foi inicialmente construído na
Igreja de Nossa Senhora da Assunção, Messejana Rua do Calvário, mas, no século XIX, foi
trasladado para o local atual.

Ervidel Jardim público e piscinas municipais


Seguindo pela Rua Zeca Afonso, chegará
Volte a Aljustrel e siga para Ervidel, mais ao Centro Cultural Manuel da Fonseca,
uma aldeia típica com alguns pontos de onde se realizam exposições, espetácu-
interesse. Na Rua do Poço, funciona um los e sessões de cinema. Em frente, fica
polo do museu municipal de Aljustrel: o o jardim público, ideal para uma pausa
Núcleo Rural de Ervidel. Instalado num depois da refeição, sobretudo em dias de
antigo lagar, pretende preservar a memó- calor. Com um belo arvoredo, possui lago
ria agrícola da região. Além de utensílios e coreto. O anfiteatro ao ar livre é palco

86
A Percurso 9

ocasional de espetáculos. Os fãs dos des-


portos radicais têm uma pista de skate e
BTT à sua disposição. Já os mais novos
podem aventurar­‑se pelo parque infantil.
Mesmo ao lado, fica o mercado municipal.
Para tomar uma bebida que compense os
quentes dias de verão, o bar com espla-
nada é a melhor opção.

Pouco depois do mercado, encontra uma


rotunda. Siga pela Estrada de Ervidel, Igreja das Pedras, Ferreira do Alentejo
no sentido do pavilhão polidespor-
tivo, que fica mais à frente. A seguir, nas perceber como se organizavam as cozinhas
piscinas municipais, pode dar um mergu- romanas, através dos utensílios usados
lho se o calor apertar. O espaço envol- para preparar as refeições. As manifesta-
vente é também muito agradável. ções religiosas também são abordadas.
O museu orgulha­‑se de duas peças em
Galeria de arte e museu municipal especial: um fecho de abóbada com a
Se voltar à rotunda e seguir pela Rua 5 de gravação de um sol e um retábulo de
Outubro, chegará à Praça Comendador António Nogueira, que retrata a vida de
Infante Passanha, o centro da vila. Aqui Cristo. O edifício inclui auditório, galeria
fica a igreja matriz. Data do século XIV e é de arte, espaço de exposições tempo-
dedicada a Nossa Senhora da Assunção. rárias, zona para projetos educacionais,
Ao lado, admire o belo edifício da câmara. pátio interior e esplanada.
Na confluência desta praça com a Rua
da República, encontra uma galeria de Local: Rua Conselheiro Júlio de Vilhena, 2.
arte muito especial. Funciona na antiga Contacto: 284 738 860.
capela de Santo António, recuperada em
finais dos anos 90. Nela, realizam­‑se, entre
outras, exposições de pintura, escultura, Beja
fotografia e etnografia, sobretudo com o
objetivo de promover os artistas locais. Ao Se aprecia a arquitetura alentejana, não
lado da galeria, visite a oficina, onde um regresse a Beja sem fazer um desvio para
artesão faz miniaturas de alfaias agrícolas. Peroguarda, na estrada para Cuba. Con-
siderada uma das mais típicas aldeias da
Local: Rua da República, 92. região, passeie pelas suas ruas estreitas
Contacto: 284 738 700. com as inevitáveis casinhas brancas e visite
a Igreja Paroquial de Santa Margarida,
Por detrás da edilidade, na Rua Conselheiro com um alpendre adornado por três arcos.
Júlio de Vilhena, fica o museu municipal,
edifício de três pisos totalmente remode- Volte à estrada principal e siga para a
lado. A exposição guia­‑o desde a formação capital do Baixo Alentejo, para terminar
do planeta e o big bang, até à Ferreira do o percurso. À sombra do jardim público,
Alentejo dos nossos dias. Pelo caminho, prove a afamada doçaria, inspirada nos
passa pelo Calcolítico, período romano amores de Mariana Alcoforado, como o
e visigótico, entre outros. Pode também toucinho­‑do­‑céu da Soror Mariana.

87
A Alentejo

C
EXTENSÃO: 145 km omeçando o percurso em Sines, procura‑
mos dar a conhecer uma região com um
Sines
certo grau de industrialização, mas onde
São Torpes
também se sente o peso da história e a
Porto Covo beleza da Natureza. Nos últimos dois milénios, foram
Ilha do Pessegueiro vários os povos que por aqui passaram. Os árabes,
Barragem de Morgável por exemplo, que aqui permaneceram durante
Cercal cerca de 500 anos, deixaram uma marca indelével na
arquitetura e nos costumes da zona, como poderá
Barragem de Campilhas
constatar. Depois de revelarmos o que Sines tem de
Barragem de Fonte Cerne
melhor para oferecer, seguimos para sul, percorrendo
São Domingos a agradável linha costeira até Porto Covo. As praias
Sines tornam­‑se, então, as estrelas do roteiro. No interior,
ficará a conhecer mais alguns locais aprazíveis, como
as barragens de Campilhas ou Fonte Cerne.
Sines
São Domingos

São Torpes Barragem


de Morgável
Barragem
de Fonte Cerne

Porto Covo Barragem


de Campilhas
Ilha do Pessegueiro

Cercal

Em Sines

Apesar da proximidade de um complexo


industrial de cheiro frequentemente desa‑
gradável e aspeto estranho, com os seus
tubos contorcidos e gigantescos depó‑
sitos, a cidade conseguiu preservar um
núcleo antigo que vale a pena visitar cal‑
mamente, a pé. Sugerimos que comece
pelo castelo.

Castelo de Sines
De origem medieval, este edifício sofreu
diversas obras de restruturação no rei‑
O porto de Sines, visto do castelo nado de D. Manuel I. Essas alterações à

88
A Percurso 10

traça original são ainda percetíveis, sobre‑


tudo nas torres do lado poente. Repare
também na torre sineira, curiosamente
pintada de branco, por cima da porta de
entrada. Na torre de menagem funcio‑
nam agora a Casa Vasco da Gama, com
uma exposição multimédia dedicada ao
navegador e, no Paço dos Governado‑
res Militares, a sede do Museu de Sines,
onde, entre outras coisas, estão expostas
algumas das peças mais significativas do
património arqueológico do concelho.

Local: Castelo de Sines.


Contacto: 269 632 237.

À esquerda do castelo, de frente para o


mar, poderá apreciar umas curiosas ruí‑
nas romanas do século I, em exposição
ao ar livre, que faziam parte de um antigo Estátua de Vasco da Gama, Sines
complexo de produção de conservas de
peixe. Estas oficinas dispunham de tan‑
ques, onde o peixe ficava a macerar em Siga agora na direção do mar e, depois
sal durante algumas semanas. A salga, de ver a estátua de Vasco da Gama (lem‑
constituída sobretudo por sardinhas e bramos que foi aqui que, em 1469, nasceu
cavalas, era depois embalada em ânforas o navegador), desça a bonita escadaria
e distribuída por todo império. que leva à ampla marginal. Como poderá
verificar, existe aí uma praia excelente,
Sugerimos que siga agora pela Rua Gago com um areal extenso e água límpida e
Coutinho e dê uma vista de olhos na relativamente temperada. A completar o
típica Adega de Sines, uma taberna que cenário, encontrará aí bons restaurantes
parece ter parado no tempo e que é, pro‑ com esplanada.
vavelmente, um dos locais mais frescos
da cidade num dia de verão… Ou talvez
prefira visitá­
‑la demoradamente, mais Porto Covo
tarde, e apreciar um bom tinto da região,
servido num copo de vidro grosso. A seguir, pegue no carro e saia da cidade,
seguindo a marginal para sul, em direção
Esta rua desemboca num largo onde há a Cercal. Quando avistar as enormes cha‑
um excelente parque infantil, recheado de minés da central da EDP, que surgem do
diversões. O local tem instalações sanitá‑ lado esquerdo da estrada, vá com aten‑
rias e algumas mesas e bancos à sombra. ção, já que deverá voltar à direita, quando
Os mais novos (e não só) poderão assim vir indicado São Torpes. Em breve,
tomar uma refeição ligeira entre brinca‑ encontrará uma boa praia, embora aqui o
deiras. O parque é de utilização gratuita e mar seja um pouco mais agitado do que
está aberto a partir das 8 horas. em Sines.

89
A Alentejo

A LENDA DE SÃO TORPES

Conta­ ‑se que, no ano de 67 d.C.,


Torpes, um oficial da casa do Impe‑
rador Nero, considerado culpado da
acusação de ser cristão, foi decapi‑
tado e lançado às águas do Rio Arno.
Algum tempo depois, a cabeça veio
a ser encontrada na costa portu‑
guesa, junto à foz da Ribeira da
Junqueira, velada por um cão e um
galo. Nesse local foi construído um
Dunas junto à praia de São Torpes templo cristão, que se pensa ter sido
um dos primeiros da Europa, entre‑
tanto arrasado em 711. Diz a lenda
Seguindo pela mesma estrada, passará que o corpo do santo andou à deriva
por mais algumas praias, mais pequenas, pela costa francesa, na região de
algumas delas perfeitamente escondi‑ Provence, que ainda hoje se chama
das em apertadas baías, aconchegadas Saint Tropez. A praia onde foi encon‑
entre falésias altas. Por vezes, é preciso trada a cabeça passou a chamar­‑se,
descer por longas escadarias construídas quase de imediato, São  Torpes,
na rocha para ter acesso ao areal. perto da qual ainda existe a cha‑
mada Herdade de Provença.
Observe, do lado esquerdo da estrada, os
restos de um antigo cordão dunar, osten‑
tando uma flora rica, típica destas regiões
arenosas. Depois, repare nos vastos cam‑
pos cerealíferos que vão surgindo entre‑
tanto, onde se avistam frequentemente
aves de rapina a caçar, aproveitando o
vento para pairar sobre a planície.

Pouco depois, entrará em Porto Covo,


uma antiga aldeia piscatória, hoje mais
vocacionada para o turismo. Mesmo
assim, não deixa de ser uma localidade Embarcações no porto de abrigo de Porto Covo
simpática e apetecível, com o seu casa‑
rio baixo e uma boa praia, bem abrigada
numa enseada. Ilha do Pessegueiro
O porto de abrigo está bem protegido, A partir do porto onde agora se encon‑
num canal onde só o mar vindo de oeste tra, poderá fazer, entre 15 de junho e 15
provoca alguma ondulação. Se tiver sorte, de setembro, uma viagem de barco até
poderá observar uma curiosa imagem à Ilha do Pessegueiro, por um preço rela‑
composta por pequenos barcos de cores tivamente acessível. Os principais atrati‑
garridas fundeados no meio do canal vos da ilha são as ruínas de uma fortaleza
apertado e entre falésias altas. do século XVII, um porto romano e uma

90
A Percurso 10

capela quinhentista. É também conside‑ enorme fortaleza que domina a praia


rada pelos “especialistas” na matéria um e de onde é possível ter uma excelente
ótimo local para pescar. panorâmica de toda a costa. No entanto,
esta fortaleza foi recentemente recupe‑
Saia de Porto Covo, na direção de Vila rada pela Câmara Municipal de Sines e,
Nova de Milfontes (poderá ter de per‑ na altura da nossa visita, encontrava­
‑se
guntar, pois, na altura em que visitámos encerrada ao público, não tendo sido
a povoação, não havia indicações). Um possível obter informações sobre a possí‑
pouco adiante, onde a estrada bifurca, vel data de reabertura.
siga a indicação Ilha do Pessegueiro
para a direita e, após alguns quilómetros, Passando por detrás da fortaleza, e
depois de passar uma pequena praia, continuando por uma estrada de terra
muito simpática, vá com atenção para batida, encontrará a Praia do Queimado,
reparar numas proteções de rede que onde desagua um ribeiro, formando
surgirão do lado esquerdo da via (não as uma pequena lagoa, onde as aves das
confunda com as cercas dos campos de redondezas vão “matar a sede”. A praia
pastagem). Estes recintos protegidos pela é pequena, mas muito convidativa. Pode
rede albergam antigos cemitérios, que ser mais uma boa alternativa às praias
se pensa remontarem à época romana. muito frequentadas. O único vestígio de
Para melhor compreender o enquadra‑ civilização é o pequeno estabelecimento
mento histórico, tem à sua disposição um de turismo rural que aí se encontra.
pequeno painel explicativo.

No fim do caminho, encontrará uma Barragem de Morgável


boa praia, a chamada Praia da Ilha, por
se encontrar mesmo em frente à Ilha do Retroceda pela mesma estrada e siga
Pessegueiro. Neste local, ergue­‑se uma em direção a Sines até chegar ao cruza‑

Ilha do Pessegueiro

91
A Alentejo

tudo o que se produz na região em ter‑


mos de artesanato: artigos de cortiça,
badalos, peles, etc. No centro, existe
um espaço verde com alguma sombra e
um pequeno parque infantil, que pode
constituir uma boa opção para parar
um pouco.

Siga a indicação Alvalade e depois Bicos,


para a esquerda. Volte novamente à
esquerda quando vir a indicação Barra‑
gem. Depois de passar duas vezes sobre
o largo canal de irrigação, chegará à tran‑
Gado pastando nas imediações quila Barragem de Campilhas. Atravesse o
da Barragem de Morgável paredão e vire logo à esquerda, seguindo
sempre junto à água, até encontrar um
mento com a estrada que leva ao Cer‑ bom local para parar. Existem espaços
cal e a Odemira (IC4). Atravesse a via e para as crianças brincarem em segurança
entre no caminho de terra batida que e a sombra agradável dos sobreiros e
se encontra mesmo em frente. Pouco eucaliptos nas margens convida a ficar,
depois, chegará à Barragem de Morgá‑ sobretudo nos dias mais quentes.
vel, um enorme espelho de água onde o
vento proporciona excelentes condições Retroceda pelo mesmo caminho, mas vire
para a prática de windsurf. Mesmo junto na primeira à esquerda, depois de atra‑
ao paredão, encontrará uma boa praia de vessar o paredão. Algumas dezenas de
areia, podendo levar o carro até junto à metros depois, existe um caminho que
água. Existem ótimos recantos em que o leva à central e, do outro lado do canal
nível das águas é baixo, onde as crianças de irrigação, irá encontrar duas mesas
podem brincar em relativa segurança. com bancos, sob um bosque cerrado de
É  também um belo local para remar um cedros. O acesso faz­‑se por uma pequena
pouco ou pescar. ponte sobre o canal de irrigação. Embora
esteja longe de ser uma paisagem gran‑
Em frente à praia, existe uma ilhota com as diosa, é um local recolhido, com uma
ruínas de uma casa antiga, que dá ao local beleza muito própria, ideal para quem
um aspeto pitoresco. Para completar este aprecie tomar uma refeição ouvindo ape‑
cenário bucólico, por vezes acercam­ ‑se nas o chilrear dos pássaros.
da água enormes manadas de vacas que
vêm aqui, pacificamente, “matar a sede”.
Barragem de Fonte Cerne

Barragem de Campilhas Recue até ao cruzamento onde viu a indi‑


cação Barragem. Aqui, volte à esquerda
Regresse à estrada principal (IC4) e vire à e siga em frente, virando de novo à
esquerda, em direção ao Cercal e a Ode‑ esquerda onde vir, entre outras, as indi‑
mira. Logo à entrada do Cercal passará cações Fonte Corjo e Chaparral. Depois,
por uma loja que vende praticamente volte à direita no entroncamento onde

92
A Percurso 10

se encontra a placa que diz Caiada, em que quase parece saída de um conto
frente a outra pequena estrada onde se de fadas.
avista a tabuleta de Foros do Chaparral.
Alguns quilómetros depois, tome a Depois de atravessar São Domingos, vire
estrada alcatroada à esquerda com a indi‑ à esquerda na direção de Vale de Água,
cação São Domingos e depois siga sem‑ mas siga sempre em frente até encontrar,
pre em frente, até chegar à Barragem de à direita, uma placa com a indicação Vale
Fonte Cerne. Aqui, vire à esquerda antes das Éguas. Logo à entrada, tome a dire‑
do paredão e procure um bom local junto ção de Sonega, para a esquerda, por uma
à água para estacionar. As margens da estrada com bom piso. Atravessará uma
barragem estão muito arborizadas, pro‑ paisagem agradável, que alterna entre
porcionando boas sombras e um cená‑ montado de sobro, searas e eucaliptais.
rio muito agradável. Se gosta de pescar, Ao chegar ao cruzamento, vire à esquerda
tente enganar os enormes achigãs que e pouco depois, na Tanganheira, volte à
povoam estas águas. Os caminhos em direita em direção a Sines. Chegará ao
redor permitem explorar, a pé ou de bici‑ cruzamento com a estrada que conduz
cleta, a paisagem circundante. à praia de São Torpes, por onde passou
no início do percurso.

Regresso a Sines Regressado a Sines, aproveite o fim do


dia para dar uma volta pela marginal até
Atravessando o paredão, siga sempre ao porto, onde existe um ótimo restau‑
na direção de São Domingos. Ao passar rante com vista panorâmica. À noite, dê
por esta pequena aldeia, repare na igreja, um passeio pela parte antiga da cidade e
de portal atarracado e torre sineira baixa, aprecie os jogos de luz nas ruas estreitas.

Sines à noite

93
A Alentejo

E
EXTENSÃO: 90 km ste percurso parte de Vila Nova de Milfontes
e segue pelo litoral alentejano, à descoberta
Vila Nova de Milfontes
das praias, falésias, flora e fauna locais, numa
Furnas
autêntica “cura de Natureza”. Depois, inflete
Almograve da Zambujeira para o interior, passando por vilas como
Cabo Sardão São Teotónio e Odemira e, finalmente, pelo Pego das
Zambujeira do Mar Pias, um pequeno oásis escondido. Regressa depois,
São Teotónio por São Luís, a Milfontes, para deitar um último olhar
à costa, no privilegiado ponto de observação que é o
Boavista dos Pinheiros
Porto das Barcas.
Odemira
São Luís Vila Nova
de Milfontes
Vila Nova de Milfontes Furnas São Luís

Almograve

Cabo
Sardão Odemira
Boavista
dos Pinheiros

Zambujeira
do Mar
São Teotónio

pescadores onde o apelo da Natureza


ainda se faz sentir, apesar do crescimento
recente e da invasão do turismo maciço
nalgumas alturas do ano. Para quem
não gosta de “amontoados” excessi-
vos, os  meses de julho e agosto são de
evitar. Mas, na primavera e no início do
outono, aí encontrará um ambiente atra-
tivo como poucos.

Milfontes cresceu junto à foz do Rio Mira


e foi, durante muitos anos, um impor-
tante porto de abrigo, ao que parece já
Vila Nova de Milfontes muito procurado no tempo em que as
embarcações fenícias, gregas e cartagi-
nesas sulcavam os mares. A construção
Em Milfontes do Forte da Boca do Rio, também conhe-
cido como Castelo de Milfontes, terá sido
Típica povoação do litoral alentejano, Vila iniciada nos finais do século XVI, após
Nova de Milfontes é uma antiga terra de diversos ataques de piratas que puseram

94
A Percurso 11

Praia de Almograve

a descoberto as fragilidades defensivas Furnas


da vila. Atualmente, o forte é uma pro- Depois, saia de Milfontes, tomando a
priedade privada, utilizada como casa de direção de Lagos. Passará a ponte sobre
turismo de habitação. Da zona do forte o Mira, de onde se tem uma outra pers-
parte uma estrada agradável, a Avenida petiva, igualmente magnífica, do rio, das
Marginal, que segue à beira­‑rio, ao longo praias em ambas as margens e da vila.
das praias da margem direita, e termina Algum tempo depois, há um entronca-
no farol. Daí pode iniciar um passeio a pé mento, à direita, com a indicação Fur-
de cerca de 30 minutos. Também pode nas. Vire nessa direção e chegará à zona
ir pelo areal e, se a temperatura estiver de praias menos frequentadas que se
agradável, talvez até possa experimen- avistava de Milfontes. Antes das praias,
tar a praia, que goza de justa fama. No existe uma área de merendas com muita
largo do farol, terá uma ótima perspetiva, sombra, de ambos os lados da estrada.
tanto de toda a zona da foz do Mira como
do casario da vila. Almograve
Volte à EN393 e continue na direção de
De regresso à zona do forte, sugerimos Lagos. Cerca de oito quilómetros depois,
ainda um pequeno passeio pelas ruas vire à direita, para onde uma placa
estreitas que dele partem, o que lhe per- indica Almograve. Pouco antes de entrar
mitirá ficar a conhecer melhor a vila. Não nesta povoação, a seguir à Longueira,
muito longe, encontrará a igreja matriz encontrará uma nova área de meren-
e, ao longo da rua que aí se inicia (a Rua das, pequena, mas aprazível. Não muito
de Sarmento Beires), existem diversos longe, há também uma pequena fonte.
bares e restaurantes atrativos e lojas de
artesanato. Pela outra rua, que parte, À entrada da vila, encontra uma rotunda.
igualmente, do Largo da Igreja, chega­‑se Para ir para a praia, siga em frente.
à Capela de São Sebastião, um templo Algumas centenas de metros adiante, há
do século XII. uma ligeira subida ladeada por dunas e,

95
Na página seguinte: Praia das Furnas >
A Alentejo

96
A Percurso 11

97
A Alentejo

a seguir, começará a avistar o mar. Ao bujeira do Mar (numa placa pouco visí-
chegar ao parque de estacionamento, vel também está indicado Cabo Sardão).
junto à falésia, verá que existem duas Adiante, encontrará as indicações Cabo
praias, uma pequena e recatada à direita, Sardão e Cavaleiro; alguns metros depois,
e outra, à esquerda, mais extensa. De um vire à direita, na direção oposta às placas
e outro lado, alguns caminhos, a uma dis- São Teotónio e Zambujeira do Mar.
tância prudente das arribas, prometem Siga sempre em frente e ficará defronte do
agradáveis passeios de descoberta da farol. Aí, corte à esquerda e siga por uma
flora do litoral alentejano. estrada de terra batida, que o levará a um
campo de futebol ao lado da casa do farol.
Na praia à esquerda, o areal extenso Estacione e, depois, aproxime­‑se com cui-
deixa adivinhar a possibilidade de passar dado da falésia: nessa altura, estará diante
algumas horas agradáveis à beira­‑mar. de uma das mais paisagens mais selva-
Na do lado direito, nalguns pontos, os gens e, por isso mesmo, mais espetacu-
rochedos formam pequenas enseadas, lares de toda a costa portuguesa! De um
que, na maré cheia, se transformam em lado e do outro, os penhascos escarpados
autênticas piscinas naturais, que farão as sucedem­‑se, habitados apenas por algu-
delícias das crianças. Graças à proteção mas cegonhas­‑brancas que aproveitam os
das dunas e dos rochedos, o vento sopra, pontos mais altos para aí fazerem os seus
quase sempre, de forma moderada. Tudo ninhos. Ao que parece, estas são as únicas
isto leva a que, nos dias mais quentes da cegonhas­‑brancas, em todo o mundo, que
primavera, quando a procura da areia e nidificam em escarpas marítimas. Por isso,
do sol ainda não é excessiva, a praia do não hesite: escolha um sítio adequado,
Almograve se revele bastante apetecível. sente­‑se durante alguns momentos, respire
fundo e aproveite bem esta oportunidade
Cabo Sardão de reforçar os laços com a Natureza…
Mais tarde, quando a vontade de conti-
nuar a explorar as redondezas falar mais
alto, volte à vila e, na rotunda logo à Zambujeira do Mar
entrada, tome a estrada da direita, em
direção ao Cabo Sardão (atenção, não Voltando à povoação de Cavaleiro, siga
está indicado!). No cruzamento seguinte, em frente no cruzamento referido e, nos
siga na direção de São Teotónio e Zam- entroncamentos seguintes, vire sempre
na direção de Zambujeira do Mar.

Se quiser, faça uma pequena paragem no


Porto da Entrada da Barca, um pitoresco
abrigo de embarcações de alguns pes-
cadores da região, onde alguns restau-
rantes têm sempre bom peixe à disposi-
ção. Alguns quilómetros depois, chegará
finalmente à Zambujeira.

Tal como Vila Nova de Milfontes, a Zam-


bujeira do Mar é uma antiga aldeia (agora,
Cabo Sardão vila) de pescadores, alcantilada sobre as

98
A Percurso 11

falésias. E também ela vive hoje mais do


turismo que da faina. Nas ruas principais,
que vão da zona do mercado em direção
ao oceano, sucedem­‑se os restaurantes
onde o cheiro a marisco predomina, tal
como as lojas de artesanato, de gosto
por vezes duvidoso. Mas a povoação é
pacata e acolhedora e, lá de cima, junto
à Capela de Nossa Senhora do Mar, o
espetáculo da vista sobre a praia, as
falésias e o mar interminável é imperdí-
vel. Mesmo que já esteja um bocadinho
farto de vilas de pescadores e de falésias Capela de Nossa Senhora do Mar, Zambujeira do Mar
a pique sobre o mar, não se esqueça de
que a parte seguinte do percurso aban- que caracterizava as vilas de pescadores.
dona a costa. Por isso, detenha­‑se um Sem a aragem marítima, o sol é aqui abra-
pouco mais nesta vila que, quando não sador e, no verão, todas as sombras são
está “a abarrotar de turistas”, transmite aproveitadas. Mesmo assim, ao longo
uma agradável sensação de bem­‑estar. das ruas de São Teotónio, as árvores são
raras. Todos os anos ímpares, o momento
As noites estivais, na Zambujeira, são forte da terra é o Festival dos Mastros, em
especialmente animadas, sobretudo em junho, altura que as ruas são quase todas
agosto, altura em que aí se realiza o já enfeitadas com flores de papel, dando­‑lhe
célebre Festival do Sudoeste. Por isso, se uma beleza que a transfigura.
prefere ambientes mais tranquilos, evite
as datas em que o festival se realiza. Parque das Águas
Voltando à EN120, rume agora em dire-
Se lhe apetecer dar um mergulho, mas ção a Odemira. Passará por alguns típicos
achar que a praia da Zambujeira é dema- montes alentejanos, de perfil ondulado, e
siado concorrida, siga pela estrada de por algumas zonas onde o arvoredo junto
terra batida em bom estado que daí parte. à estrada ameniza a monotonia da paisa-
Encontrará uma alternativa bastante mais gem. Quando vir uma placa a indicar Boa-
sossegada, a Praia do Carvalhal. vista dos Pinheiros, vá com atenção, por-
que, não muito tempo depois, verá um
São Teotónio desvio, para a direita, com a indicação Par-
Saia da Zambujeira em direção ao interior, que das Águas. Vire só na segunda placa
passando por uma discoteca, à esquerda, com essa indicação e vá sempre por essa
que anima as noites de verão do Sudoeste. estrada até chegar a um pequeno largo,
A seguir, passará pelo parque de cam- onde há algum espaço para estacionar o
pismo e, depois, por vários campos cul- automóvel. Verá um portão à direita que
tivados, numa curiosa e rápida transição dá acesso a uma pequena mas frondosa
da paisagem marítima para a agrícola. mata, com algumas zonas de merendas e
A próxima paragem no trajeto é a vila de muita água. Efetivamente, o nome deste
São Teotónio, onde chegará depois de cru- espaço deriva da existência de várias nas-
zar a EN120. É uma povoação que já acusa centes no local, que, em tempos idos,
a interioridade alentejana, sem o pitoresco abasteciam a vila de Odemira.

99
A Alentejo

Existem vários painéis informativos e em frente, até chegar a uma rotunda.


muito didáticos que lhe permitirão ficar Contorne­‑a e vire em direção ao rio. Che-
a saber um pouco mais sobre a fauna gará a um largo, com um pequeno cais,
e a flora que ocupa este espaço. Um um parque de estacionamento e um bar
pequeno passeio pela mata, ao longo de à beira­‑rio. Estacione e desfrute, durante
um caminho cheio de sombra, permite alguns minutos, da calma do lugar. Daí
ainda descobrir, ao fundo, um pinhal e um pode ir até à zona por baixo da ponte,
agradável parque infantil. Na verdade, por uma plataforma de madeira, o que
não há muitos espaços como este no se traduzirá num pequeno passeio ribei-
Alentejo (é uma das maiores zonas verdes rinho muito agradável.
do concelho de Odemira), por isso, não
deixe de o visitar. Já muito perto da ponte, atente no painel
informativo que aí se encontra sobre a
Local: Boavista dos Pinheiros. forma como era feita a travessia, quando
a ponte ainda não existia. Infelizmente, a
barca que era utilizada já não existe, mas,
Odemira em ambas as margens, ainda se conse-
guem ver os locais onde esta parava,
Alguns quilómetros depois, chegará final- para que os passageiros pudessem subir
mente a Odemira. A meio da descida e descer. Como curiosidade, repare no
para a vila, há um pequeno miradouro, à pilar da ponte, onde está indicado o nível
direita, de onde se tem uma ótima vista atingido pelas águas em diversas cheias.
sobre o trajeto sinuoso do Rio Mira, os
campos férteis nas suas margens e o casa- De seguida, suba até à estrada pela
rio da povoação, que parece nascer no rio escadaria junto à ponte e continue pela
e daí invadir as colinas que a rodeiam. Avenida Teófilo da Trindade. Alguns
metros depois, encontrará, à direita,
Depois, desça ao centro da vila, passando um pequeno jardim infantil, bem equi-
pela ponte de ferro sobre o Mira. A seguir pado, onde as crianças poderão brincar
à ponte, vire à esquerda e siga sempre durante algum tempo. A seguir, continue
o passeio pela vila. A subida a pé é um
pouco árdua, sobretudo nos dias mais
quentes, mas permitir­‑lhe­‑á evitar abor-
recidos problemas de circulação nas ruas
estreitas de Odemira e ficar a conhecer
melhor esta interessante povoação alen-
tejana, à qual foi atribuído um dia o epí-
teto de Vila das Flores.

Siga as indicações para a junta de fre-


guesia. Perto, há um ótimo miradouro,
junto à biblioteca, de onde se vê bem a
ponte, toda a zona ribeirinha e uma boa
parte da vila. Como certamente notará,
Odemira é, ao contrário do que acontece
Odemira vista do miradouro noutras zonas do Alentejo, uma vila com

100
A Percurso 11

muitas árvores, onde o verde está por


toda a parte.

Depois, inicie a descida para a zona


baixa, por uma escada do lado oposto
ao da subida. A determinada altura,
verá umas placas com a indicação Fonte
Férrea. Trata­‑se de um jardim razoavel-
mente extenso e bastante agradável.
Um louvável esforço didático determi-
nou ainda que até as muitas espécies
de árvores existentes possuam placas
identificativas. Em suma, um pequeno
oásis, sobretudo nos dias em que o tór-
rido calor alentejano mais se fizer sentir. Zona ribeirinha de Odemira

Pego das Pias sempre sombra. Quando chegar ao pego,


Do jardim, é fácil voltar à zona ribeirinha preste atenção às pedras das lagoas, pois
onde terá deixado o automóvel. Quando são muito escorregadias, e tenha cuidado
estiver pronto para partir, volte à rotunda e com os insetos (sobretudo com as vespas
siga a direção Cercal e São Luís. Cerca de e os mosquitos!).
cinco quilómetros depois, imediatamente
a seguir a uma ponte sobre uma ribeira
(a ribeira de Torgal), existe, à direita, um Milfontes
caminho de terra que acompanha o curso
de água. O trilho de dois  quilómetros vai Regresse agora ao ponto de partida do
dar a uma clareira, onde nos espera um percurso. Quando chegar a São Luís, terá
espaço bastante apetecível: escondidas de virar à esquerda, na direção de Vila
pela vegetação e pelas elevações do ter- Nova de Milfontes. Percorrida a dezena
reno, numa paisagem simultaneamente de quilómetros que separa as duas
agreste e convidativa, encontram­‑se povoações, siga, mais uma vez, até à zona
pequenas lagoas de água límpida, no meio do forte e, alguns metros depois, vire à
de alguns rochedos. Na altura em que o direita, na Rua D. João II. No final dessa
visitámos, o  local estava exemplarmente rua, vire novamente à direita. Chegando
limpo. Não prometemos que o encontre à rotunda, vire agora à esquerda, apa-
no mesmo estado, mas vale a pena tentar. nhando a estrada principal, e siga sempre
Infelizmente, o acesso é bastante mau, em frente, até ao Porto das Barcas. Se aí
pelo que, se não possui um veículo todo­ chegar ao final da tarde, poderá assistir a
‑o­‑terreno, aconselhamo­‑lo a pensar duas um magnífico pôr­do­Sol enquanto a brisa
vezes antes de se fazer à estrada. Junto à lhe acaricia o rosto. Aí  perto, espera­‑o
ponte, do lado direito, existe espaço sufi- uma boa caldeirada de peixe, num res-
ciente para estacionar, pelo que poderá taurante de onde poderá contemplar os
fazer calmamente o percurso a pé (quatro barcos de pescadores que estão fundea-
quilómetros, ida e volta). Como referimos, dos a apenas algumas dezenas de metros
o caminho segue a ribeira, pelo que difi- e as ondas que, ao longe, se abatem
cilmente se poderá enganar, e tem quase sobre os rochedos.

101
A Alentejo

C
EXTENSÃO: 130 km omeçamos em Almodôvar, uma vez mais,
por terras da Ordem de Santiago de
Almodôvar
Espada, que teve um papel muito impor-
Santa Clara-a-Nova
tante na Reconquista Cristã. Este percurso
Fernão Vaz olha de longe a algarvia serra do Caldeirão e continua
Cola pelas douradas paisagens estivais do Baixo Alentejo,
Ourique onde o Homem se fixou há muitos milhares de anos.
Monte da Rocha Testemunhos desta presença são as fabulosas epí-
grafes do Museu da Escrita do Sudoeste, em Almo-
Castro Verde
dôvar. As nossas propostas incluem ainda dois sítios
São Pedro das Cabeças
arqueológicos de peso: Mesas do Castelinho, dirigido
Santa Bárbara de Padrões por Carlos Fabião e Amílcar Guerra, e Castro da Cola,
Almodôvar escavado por Abel Viana há cerca de 50 anos. Dirige­
‑se, em seguida, a Ourique
Monte da Rocha Castro Verde e Castro Verde, onde per-
São Pedro manece uma forte memó-
das Cabeças
Ourique
ria das campanhas milita-
Santa Bárbara
de Padrões res de Afonso Henriques,
e regressa ao ponto inicial.
Fernão Vaz
Cola

Almodôvar

Castelinho
Santa Clara-a-Nova

Almodôvar

A vila não é grande, pelo que pode esta-


cionar o carro e conhecer a pé os pontos
principais. Por exemplo, se deixar a via-
tura perto dos bombeiros voluntários,
desça até ao Convento de São Fran-
cisco e depois até à ribeira de Cobres,
para apreciar a bonita ponte medieval.
No verão, este curso de água é modesto,
mas, na época das chuvas, pode galgar
a estrada e isolar o casario que fica na
margem oposta. Pelo caminho, repare na
monumental escultura, toda em ferro, a
Pormenor do monumento homenagear o trabalho dos bombeiros,
de homenagem aos bombeiros, Almodôvar da autoria do artista Aureliano. Cheia de

102
A Percurso 12

expressão e criatividade, mostra um carro


ASSIM NASCE UM MITO
dos homens da paz a dirigir­‑se, a toda a
pressa, para o local de um sinistro. Pouco antes de Ourique, os muçulmanos
destruíram o castelo de Leiria. José Mattoso
Igreja matriz coloca o evento em 1137. Nestas situações,
Volte para trás e suba agora até à zona da eram comuns as expedições punitivas. Reali‑
imponente igreja matriz, dedicada a Santo zadas por hordas de cavaleiros, podiam atingir
Ildefonso. Com três naves, a construção centenas de quilómetros em território inimigo.
remonta ao século  XVI e tem influências Não se destinavam a conquistar, mas a pilhar
barrocas e maneiristas. Na capela batis- ou castigar. Os fossados (incursões militares no
mal, admire um painel de Severo Portela. território inimigo) eram frequentes, ao passo
No trajeto, não se esqueça de reparar no que as batalhas convencionais, em compara‑
curioso mercado municipal, como manda ção, pouco existiram na Idade Média.
a regra, caiado de branco e debruado a Em 1139, o almorávida Ali b. Yusuf reinava,
azul. Por cima da entrada, figura um pai- a partir de Marraquexe, nos territórios muçul‑
nel de azulejos que evoca ambientes agrí- manos peninsulares e magrebinos. Um ano
colas e campestres. antes, chamou à corte o filho Tashfin, que até
então reinava na Península em seu nome. No
Museu Municipal Severo Portela lugar, ficou um governador. Logo, em 1139,
De frente para a igreja, siga pela rua que não havia cinco reis mouros que, segundo reza
acompanha a fachada da direita e, logo a lenda, Afonso Henriques pudesse derrotar.
depois, vire também à direita, no sentido Com a vitória, adotou o título de rei. Mas não
do museu municipal. Situado na Praça tinha o reconhecimento de Afonso VII, seu
da República, acolheu, em tempos, os suserano, nem do Papa. A legitimação terá
Paços do Concelho. Aqui terá pernoitado sido fabricada no Convento de Santa Cruz de
D. Sebastião a caminho de Alcácer Quibir, Coimbra. Mattoso fala do caráter hiperbó‑
em 1573. O museu acolhe obras do pintor lico das crónicas aí elaboradas. Um fossado
portuense Severo Portela Júnior. Filho do comum transformou­ ‑se na narrativa mítica
escritor Severo Portela e irmão do jorna- de um país em nascimento: o guerreiro des‑
lista Artur Portela, viveu entre 1898 e 1995 temido, que tem uma visão na véspera de
e retratou, entre outros, o modo de vida uma perigosa batalha, deve ascender a rei,
das gentes do Alentejo. pois goza do favor dos céus.

Local: Praça da República.


Contacto: 286 660 600 (câmara municipal) sudoeste ou tartéssica, a mais antiga da
Península Ibérica e que remonta à I Idade
Museu da Escrita do Sudoeste do Ferro. Os tartessos viveram nas atuais
A região de Almodôvar é riquíssima em regiões do Alentejo, Algarve e Andaluzia
achados arqueológicos. Ao longo de anos (Espanha) e sofreram influências culturais
de escavações, foi descoberto um grande dos egípcios e fenícios. Esta escrita, que
número de epígrafes (inscrições em pedra) lembra vagamente os carateres gregos,
que dão conta da presença humana é, segundo o arqueólogo Amílcar Guerra,
desde tempos imemoriais. Foram reuni- muito complexa, diferente das usadas
das no antigo cineteatro, junto à Torre do pelos povos vizinhos e impossível de deci-
Relógio. Estas placas, algumas funerárias, frar. Em setembro de 2008, foi encontrada
exibem carateres da chamada escrita do em Mesas do Castelinho uma estela, até

103
A Alentejo

ao momento, com a maior inscrição tar- arqueológicas, provenientes de Mesas do


téssica da Península Ibérica. Castelinho. Como não há horário certo,
convém telefonar antes de visitar.
Local: Rua do Relógio.
Contacto: 286 665 357. Contacto: 286 474 219 (junta de freguesia).

Sítio arqueológico
Santa Clara­‑a­‑Nova Saia de Santa Clara, seguindo as placas
que indicam a estação arqueológica. Tome
Saia de Almodôvar em direção a Santa a estrada de terra batida, em estado razoá-
Clara­‑a­‑Nova. Cerca de oito quilóme- vel, onde surge uma seta para Almarjão.
tros depois, chegará ao cruzamento para Em época de chuvas fortes e contínuas,
esta povoação, uma das mais antigas da será impossível chegar até Monte do
região. Além da igreja matriz, com uma Castelinho, pois a ribeira galga a estrada,
bonita epígrafe na torre sineira, pode visi- provocando uma enxurrada. Mesmo com
tar o museu etnográfico e arqueológico e, um todo­‑o­‑terreno, será perigoso tentar
nas proximidades da vila, o sítio arqueoló- atravessar. À chegada, irá deparar com
gico de Mesas do Castelinho. um castelo muçulmano e restos da antiga
muralha. Tinha poderosas torres e um
Museu etnográfico e arqueológico largo fosso envolvente e foi construído
É fácil chegar ao museu, pois há placas a sobre as ruínas de um povoado da Idade
indicar o caminho. Mas pode passar por do Ferro, ocupado até ao início da época
este espaço sem se aperceber, pois está romana e abandonado posteriormente.
instalado numa casa térrea semelhante As escavações ainda estão a decorrer, mas
às demais. O espólio, de grande riqueza, os investigadores, Carlos Fabião e Amílcar
remete para as atividades, tradições e Guerra, têm publicado alguns trabalhos.
modo de vida da região. Aprecie a repro- O  local possuía uma densa área arbori-
dução de diversos ambientes, como a cozi- zada com sobreiros e azinheiras e forte
nha alentejana, barbearia, taberna e casa produção cerealífera. Os habitantes tam-
do povo. Encontra ainda algumas peças bém se dedicavam à produção de gado,
mas sem suínos e com pouca expressão
nos bovinos. Os investigadores defendem
que não seriam camponeses fortificados,
mas uma verdadeira guarnição militar.

Circuito arqueológico da Cola

Regresse à EN393 e siga para Gomes


Aires. À entrada da povoação, vire à
esquerda, na direção de Santana da Serra.
Uns catorze quilómetros depois, a EN393
entronca no IC1. Entre na via no sentido
de Ourique. Passados cerca de sete qui-
lómetros, aparece, à esquerda, o cruza-
Castro da Cola mento para o Circuito Arqueológico da

104
A Percurso 12

Cola. Ao longo do caminho, terá expli- imagem da Senhora da Cola, entretanto


cações sobre as propostas arqueológicas roubada. A  Virgem tem um figo numa
da região. Embora possa experimentá­‑las mão e segura o Menino com a outra.
todas, sugerimos apenas a visita ao Castro
da Cola e uma passagem pela aldeia de
Fernão Vaz. No centro de acolhimento e
interpretação, junto ao santuário de Nossa
Senhora da Cola, pode recolher informa-
ção adicional.

Contacto: 286 516 259.

Fernão Vaz
A caminho do castro, repare num des- Ourique
vio, à esquerda, para a aldeia de Fernão
Vaz. A povoação é modesta, mas vale a
pena conhecê­‑la. As chaminés típicas Ourique
da região justificam a visita. Além disso,
mais ou menos a meio da povoação, verá Volte ao IC1 e siga para Ourique. Ao che-
uma indicação para uma anta. Não muito gar, se quiser ir logo ao posto de turismo,
longe – a partir de certa altura, terá de ir para recolher informações, terá de dirigir­
a pé – encontra um destes monumentos ‑se à Praça do Município. Para visitar o
funerários, que data do III milénio a.C. local onde provavelmente estaria o antigo
castelo muçulmano de Orik, entretanto
Castro da Cola desaparecido, siga as indicações Mira-
No topo de uma colina, este povoado douro e Igreja. Terá, naturalmente, de
habitado entre a Pré­‑História e o século XIII subir. Um pouco antes de chegar ao topo
oferece uma magnífica vista sobre o rio da colina, encontra um estacionamento.
Mira. Segundo alguns investigadores, a Deixe o carro e suba ao Miradouro Ramiro
maioria das estruturas data da época islâ- Sobral, também conhecido como Mira-
mica. Pode apreciar a muralha principal, douro do Castelo.
um estábulo, um forno, a cisterna e diver-
sas habitações e arruamentos. O profes- A fortificação de Orik terá sido cons-
sor Abel Viana, em finais dos anos 50 e truída em 711, logo no ano da invasão da
princípios dos 60, foi o primeiro a escavar Península por Musa b. Nusayr e Tariq b.
o local, que tem sido identificado com o Zyad. O historiador cordovês al­‑Razi, no
castelo de Murjiq ou Marachique, referido século X, refere­‑se a este castelo como
nas fontes árabes medievais. um dos mais fortes da região de Beja.
Desaparecido qualquer vestígio desta
Santuário de Nossa Senhora da Cola praça, foi construído um curioso muro
Um dos locais de maior devoção da alto, dotado de torre e arco, a lembrar as
região, aqui acorrem romeiros de todo fortificações medievais. O jardim do mira-
o Baixo Alentejo. Supõe­‑se que já hou- douro é muito acolhedor, com uma vista
vesse uma ermida no século XIII. A atual espetacular. Ao pôr­do Sol, experimente
terá sido construída na centúria de XVII. ficar junto do parapeito, rodeado de
No interior, figura uma réplica da primeira heras e buganvílias, enquanto aproveita

105
A Alentejo

a tranquilidade do entardecer. Como Depois, dirija­‑se à Praça do Município, um


seria de esperar, neste espaço pontifica espaço muito agradável onde se situa a
uma estátua de Afonso Henriques. câmara municipal. Um pouco adiante, fica
a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios
Desça do miradouro pela zona em frente ou das Chagas do Salvador, adornada
à estátua de Ibn al­‑Rink, como chamavam com os óleos do pintor do século XVIII
os muçulmanos ao nosso primeiro rei, Diogo Magina. Nestas obras, está repre-
atravesse uma pequena calçada que corta sentada a visão que, segundo a lenda,
o quarteirão e, ao fundo, à esquerda, Afonso Henriques teve antes da batalha
encontrará a bonita Igreja de Santo Antó- de Ourique e lhe anunciava a vitória.
nio. Construída no século XVII, é a matriz
da vila. Continuando a descer, dirija­‑se à Basílica Real
Torre do Relógio, junto da qual fica uma O tema é retomado nos painéis da Basí-
estátua de D. Dinis, que deu foral a Ouri- lica Real de Nossa Senhora da Conceição,
que em finais do século XIII. Depois, não matriz de Castro Verde, que se encontra
deixe de deambular um pouco pelas ruas. a algumas dezenas de metros. Até lá,
passará por um agradável e bem cuidado
espaço ajardinado com bancos decora-
Castro Verde dos com painéis de azulejos. O impo-
nente templo, mandado construir por
A partir de Ourique, pode fazer um desvio D. João V sobre as fundações de outro
com cerca de 25 quilómetros à Barragem que remontava à época de D.  Sebas-
do Monte da Rocha, ótimo lugar para tião, recebeu o título de “basílica real”
pescar e praticar desportos náuticos. Na em homenagem à vitória do primeiro rei
rotunda à saída da vila, tome a direção sobre as forças muçulmanas. Além do
de Garvão. Se não lhe interessar esta pro- templo, pode visitar o tesouro, coleção
posta, siga logo para Castro Verde, onde de arte sacra com peças interessantes.
chegará rapidamente tomando o IP2. Ao sair, vá até ao miradouro por detrás
Ao entrar na vila, aprecie a curiosa da basílica, que lhe oferece uma perspe-
rotunda, onde os porcos parecem estar à tiva sobre os campos de cultivo.
solta, entretidos a comer erva à sombra
de uma árvore. São esculturas de ferro, Contacto: 286 328 550.
que evocam a paisagem alentejana. Do
outro lado da vila, não longe da câmara Museu da Lucerna
municipal, poderá ver outra com ovelhas. Nos anos 90, foram encontradas em
Santa Bárbara de Padrões milhares de
Dirija­‑se primeiro ao posto de turismo, lucernas romanas dos séculos I a III. Estas
na Rua D. Afonso I (286 328 148). Além de pequenas peças em cerâmica, finamente
recolher informações úteis, terá a oportu- decoradas, destinavam­‑se à iluminação
nidade de comprar peças de artesanato. doméstica. Reunidas nas quatro paredes
Foram organizados alguns roteiros que do museu, podem agora ser admiradas
permitem conhecer melhor a vila, as pelos visitantes. Para aqui chegar, basta
povoações vizinhas e a paisagem envol- descer a rua que sai da basílica.
vente. Se quiser conhecer um moinho de
vento recuperado ou um típico monte Local: Largo Victor Guerreiro Prazeres.
alentejano, informe­‑se aqui. Contacto: 286 327 414.

106
A Percurso 12

São Pedro das Cabeças lucernas agora expostas no museu de


Castro Verde (veja na página anterior).
Se tiver deixado o carro na zona entre a
câmara municipal e a basílica, desça a
via com o nome do primeiro rei de Por- Almodôvar
tugal, e, ao fundo, vire para a pequena
Rua do Poço, que desemboca na de Mér- Siga agora decididamente para o ponto
tola. Irá passar pelas traseiras da basílica. de partida, tomando o caminho de Lom-
Ao fundo, verá um cruzamento. Siga pela bador. Pouco depois desta povoação,
N123, em direção a Santa Bárbara de aparece uma indicação para Semblana,
Padrões e São Marcos da Ataboeira. Um que deverá tomar. Atravessará a linha do
pouco adiante, aparece, à esquerda, o comboio e uma ribeira antes de passar
cruzamento para Geraldos, São Pedro das por Neves da Graça e pelo cruzamento
Cabeças e Santa Bárbara dos Padrões. para Senhora da Graça de Padrões. Em
Passará por uma paisagem tipicamente Semblana, vire à direita para a N267, que
alentejana. É provável avistar rebanhos o levará de regresso a Almodôvar.
de ovelhas a pastar à beira da estrada
ou manadas de bois a olhar pachorren-
tamente para quem passa. Irá atravessar
uma ribeira e, pouco depois, no cimo de
um pequeno planalto, avistará a Ermida
de São Pedro, que, segundo a tradição,
marca o lugar onde terá ocorrido a tão
célebre quanto polémica batalha de
Ourique. Ao lado, encontra­‑se um sítio
arqueológico que deixa a céu aberto um
monumento funerário do Calcolítico.

Santa Bárbara de Padrões

Continue em direção a Santa Bárbara de Ermida de São Pedro, São Pedro das Cabeças
Padrões, que tem uma igreja dedicada
à santa do mesmo nome, padroeira dos
mineiros. Não por acaso, pois as minas de
Neves Corvo ficam muito perto. Para visi-
tar, o melhor é virar à direita na rotunda
antes de chegar à povoação, em direção
a Lombador e Neves Corvo. No cruza-
mento seguinte, vire à esquerda e, logo a
seguir à escola, corte à direita, tomando
a Rua da Igreja. O templo terá sido edifi-
cado no século XIII, provavelmente sobre
as fundações de uma mesquita. No inte-
rior, destacam­‑se pequenas gárgulas.
Foi junto à igreja que se descobriram as Castro Verde

107
Algarve
Praias e algo mais…
A região algarvia é delimitada a norte pela planície alen-
tejana e a sul pelo mar. A paisagem compreende essen-
cialmente o barrocal (extensa zona onde afloram rochas
calcárias e composta por vegetação tipicamente medi-
terrânica) e a praia, com pequenos apontamentos de
serra mais a norte. O Sudeste é dominado pelo Parque
Natural da Ria Formosa, conhecido pela diversidade da
sua fauna e flora, bem como pela variedade de habitats.
A oeste é a Área de Paisagem Protegida da Costa Vicen-
tina que mais costuma atrair a atenção dos visitantes.

Uma das características que distinguem esta de outras


regiões do país é a clara influência mourisca, patente não
só nos vestígios arqueológicos que se podem encontrar
um pouco por todo o Algarve, mas também na arqui-
tetura tradicional, com especial relevo para as chami-
nés rendilhadas e as açoteias (pequenos terraços sobre
as casas).

Até há bem pouco tempo, as populações algarvias viviam


sobretudo da atividade piscatória e da indústria conser-
veira. Com o declínio destas atividades, o turismo tor-
nou-se a principal fonte de rendimento. Contudo, apesar
do que alguns guias turísticos parecem dar a entender, o
Algarve não é apenas uma zona de veraneio dominada
pela praia, onde todos os agostos se juntam milhares
de turistas, portugueses e estrangeiros, como répteis
desesperados em busca de sol e calor. A verdade é que,
embora nem sempre sejam devidamente promovidos,
existem muitos outros pontos de interesse que vão para
além desta visão redutora.
Algarve
Percursos

13 Monchique • Pico de Fóia • Barranco de Pisões • Maria Vinagre • Aljezur 


• Marmelete • Monchique
(Arrifana, Caldas de Monchique, Vale de Boi, Picota)

14 Lagos • Bordeira • Carrapateira • Vila do Bispo • Sagres • Cabo de São Vicente 


• Vila do Bispo • Barão de São João • Lagos
(Barragem da Bravura, Castelejo, Monte dos Amantes, Raposeira)

15 Silves • Alcalar • Portimão • Lagoa • Porches • Armação de Pêra • Guia • Algoz • Silves


(Falacho de Cima, Cruzinha, Sítio das Fontes, Senhora da Rocha,
Lagoa dos Salgados, Lagoa de Viseu)

16 Albufeira • Paderne • Alte • Rocha da Pena • Salir • Fonte de Benémola 


• Querença • Loulé • Vilamoura • Albufeira
(Torre, São Lourenço)

17 Faro • Ruínas de Milreu • São Brás de Alportel • Tavira • Quelfes • Olhão • Faro


(Pego do Inferno, Ilha de Tavira, Santa Luzia, Pedras d’El Rei, Torre de Aires)
A Algarve

D
EXTENSÃO: 130 km os picos mais elevados da Serra de Mon-
chique, e de toda a região a sul do Tejo, às
Monchique
escarpas da Costa Vicentina, este percurso
Pico de Fóia
reforça a ideia de que o Algarve é muito mais
Barranco de Pisões do que sol e praia. Vegetação luxuriante, espaços de
Maria Vinagre lazer agradáveis e paisagens esplêndidas são apenas
Aljezur algumas das atrações que o esperam – alternadas, aqui
Arrifana e ali, por alguns pontos de interesse histórico e cultural
que poderão merecer uma visita.
Marmelete
Caldas de Monchique
Vale de Boi Maria
Vinagre
Picota
Rogil Foz
do Farelo
Monchique

Barranco de Pisões
Pico
Aljezur de Fóia Monchique
Marmelete
Picota
Arrifana Caldas
de Monchique

Vale de Boi

Em Monchique

Esta é a principal povoação da serra com


o mesmo nome. Aqui não faltam lojas
de artesanato, repletas de artigos prove-
nientes de todas as regiões algarvias e de
“especialidades” locais, como as conheci-
das cadeiras de tesoura, cujo design terá
sido herdado dos romanos, embora hoje
se apresente muito simplificado.
A vila é agradável e merece ser conhecida
através de um curto passeio pedestre, que
implicará algum sobe­‑e­‑desce. Chamamos
a atenção, sobretudo, para o agradável
parque central em socalcos, onde uma
grande e centenária araucária­‑de­‑norfolk
domina a paisagem. Passe também pela
igreja matriz e repare no seu original portal
manuelino, com colunas retorcidas prolon-
gadas em forma de estrela. No entanto, Portal manuelino da igreja matriz de Monchique

112
A Percurso 13

Pico de Fóia

se vir a indicação Convento, sugerimos tugal, com os seus 902 metros de alti-
que a ignore. Trata­‑se de uma subida tude. Fóia e toda a Serra de Monchique
íngreme, com mais de dois quilómetros formaram­‑se a partir de uma rocha erup-
de extensão, que vai dar a uma ruína nada tiva que, há milhões de anos, irrompeu
cuidada, num local pouco apresentável e pelo xisto, que é o principal constituinte
sem qualquer vista digna de interesse… da serra algarvia. Em Fóia descobriu­‑se
Gozará de melhor vista, sobre o convento, um afloramento de sienitos de caracterís-
a vila e a área envolvente, subindo ao mira- ticas peculiares, a que foi dado o nome
douro do Largo de São Sebastião, junto ao de foiaíte. Ocorreu outro afloramento
Posto de Turismo. do mesmo tipo no Cerro da Picota.

Em dias sem neblina, a vista do alto de


Pico de Fóia Fóia é fantástica, podendo abranger toda
a costa, desde Albufeira e Cabo de São
Saia de Monchique em direção ao Pico Vicente até à silhueta da Serra da Arrá-
de Fóia. Após quase seis quilómetros de bida, perto de Setúbal! Infelizmente,
subida, encontrará as indicações Fonte e como seria de esperar, o local está com-
Miradouro, no lado esquerdo da estrada. pletamente “infestado” de antenas e
De facto, existe aí um pequeno parque conta também com as instalações de uma
com mesas, bancos e uma fonte com bom base militar.
aspeto, onde algumas pessoas se abaste-
cem da água de Monchique. A paisagem
também merece ser apreciada durante Barranco de Pisões
algum tempo. No entanto, tanto a entrada
como a saída deste miradouro ficam numa Contorne o restaurante e saia pela
curva muito perigosa, pelo que é preciso estrada paralela àquela por onde entrou.
prestar muita atenção ao trânsito. A estrada é boa e a paisagem fantástica,
alternando entre encostas rochosas, cul-
Pouco depois, chegará ao cimo do Pico turas em socalcos e zonas densamente
de Fóia, o ponto mais alto do Sul de Por- arborizadas. Apesar de, também aqui,

113
A Algarve

o eucalipto e o pinheiro estarem a ganhar


terreno, ainda é possível encontrar uma
grande variedade de árvores, como
o castanheiro, o carvalho, o sobreiro
e o medronheiro.

Ao fim de cerca de seis quilómetros, vire à


esquerda na direção de Foz do Farelo. Irá
passar pelo Peso e por Alcaria do Peso.
Logo a seguir, passando uma pequena
ponte, vire à direita e estará em Bar-
ranco de Pisões. Poucos metros abaixo
encontrará outra entrada, junto à tabuleta
que indica Moinho de Água. Trata­‑se do
Moinho do Poucochinho e foi recupe-
rado, embora só seja possível visitá­‑lo
por dentro com marcação prévia na Junta
de Freguesia.
Barranco de Pisões
Barranco de Pisões é o local ideal para um
piquenique ou para descansar à sombra
da densa e variada vegetação, que inclui Maria Vinagre
um plátano classificado com mais de 35
metros de altura. O parque de merendas, Entrando na vila, vire primeiro à esquerda,
devidamente equipado com mesas e na EN120, e logo a seguir à direita na
bancos, é ladeado pela ribeira de Ceixe direção da Baía dos Tiros. Irá ter à costa,
(ou Seixe), o que proporciona uma fres- onde poderá fazer longos percursos a pé
cura adicional ao local. sobre as falésias, desfrutando de paisa-
gens magníficas. A extensão do percurso
Siga depois em direção a Zambujeira de escolhido dependerá apenas da sua pre-
Baixo e Maria Vinagre, passando por Por- paração física e disponibilidade. Evite as
tela da Viúva e continuando em frente. horas de maior calor, já que a vegetação,
Vai continuar a viajar durante mais algum embora densa, é rasteira. Também nunca
tempo numa paisagem idêntica à ante- é demais recomendar prudência na apro-
rior que, a pouco e pouco, se vai trans- ximação da borda das falésias costeiras,
formando em puro barrocal. A estrada que, nesta região, são muitas vezes cons-
acompanha de perto o vale onde corre a tituídas por um xisto muito quebradiço.
ribeira de Ceixe, que desagua em Ode-
ceixe. Cerca de 17 quilómetros depois de Depois, saindo da região de Maria Vina-
passar Portela da Viúva, logo após o cru- gre e seguindo a EN120, na direção de
zamento que separa os caminhos de Alje- Aljezur, vai passar por Rogil, uma sim-
zur e S.  Teotónio, começa um troço de pática aldeia no alto de uma colina.
estrada em terra batida e gravilha que se Verá o Moinho da Arregata, do seu
prolonga por cerca de cinco quilómetros, lado esquerdo, assim que sair do Rogil.
até Zambujeira de Baixo. Este passeio O acesso faz­‑se pelo caminho de estrada
serrano termina na vila de Maria Vinagre. batida a seguir ao cemitério.

114
Baía dos Tiros >
A Percurso 13

115
A Algarve

116
A Percurso 13

Aljezur colítico. Outras peças são ainda mais


antigas, supondo­‑se que pertencem ao
Entre agora na bonita vila de Aljezur, final da Idade Glaciária (7000 a.C.). Tam-
dominada pelo cerro onde está implan- bém aí se encontram depositados diver-
tado o castelo que assegurava, na Anti- sos achados provenientes de escavações
guidade, o controlo do porto fluvial e a no castelo de Aljezur, nomeadamente
defesa da própria vila. Vale a pena dar uma um interessante conjunto de cerâmicas
volta a pé e explorar os recantos. Quando muçulmanas.
subir a Rua João Dias Mendes, na direção
dos museus e do castelo, pare primeiro Local: Largo 5 de Outubro,
no n.º 13, uma loja de traça antiga onde antiga Câmara Municipal de Aljezur.
são moídas farinhas, à vista da clientela,
com antigas mós e maquinaria. Depois, passando em frente à Igreja da
Misericórdia, onde também é possível
Museu municipal visitar um museu de arte sacra (a entrada
Localizado no edifício dos antigos Paços é pelo lado esquerdo, ao fundo), suba a
do Concelho, este museu é constituído calçada inclinada que o levará ao castelo.
por um núcleo de achados arqueológicos,
uma galeria para exposições temporárias e Castelo
uma exposição etnográfica da qual fazem Foi construído no século  X, durante o
parte, entre outros, diversas alfaias agríco- Período Árabe. É constituído, essencial-
las, uma cozinha tradicional e um quarto mente, por um espaço amuralhado, com
de dormir, um tear e um barco­‑chata com uma torre circular e outra quadrangular.
os respetivos acessórios de pesca. No interior há uma cisterna cúbica, com o
teto em abóbada. Para os leigos, o melhor
As peças arqueológicas pertencem, so- deste castelo é sem dúvida a vista sobre
bretudo, ao Período Neolítico Final/Cal- a vila e os arredores que dali se desfruta.

No n.º 2 da Rua do Castelo ainda pode


visitar a Casa­‑Museu José Cercas, que,
além do atelier, espólio e quadros do
pintor, também tem expostas diver-
sas antiguidades por ele colecionadas
ao longo dos anos.

Um pouco abaixo, fica o Museu Antoniano,


uma antiga capela dedicada a Santo Antó-
nio que agora encerra um vasto espólio
de peças sobre este santo. Interessante
para quem gosta da temática.

No inverno, as visitas a estes dois últimos


museus têm como ponto de partida o
museu municipal, que normalmente dis-
ponibiliza um funcionário para acompa-
Tear e manta de trapos, Museu Municipal de Aljezur nhar os visitantes.

117
< Moinho da Arregata
A Algarve

Ponta da Arrifana Caldas de Monchique. Não se admire se,


de repente, constatar que as Caldas de
É um pequeno desvio ao percurso, de Monchique ficam... para trás. De facto,
quase dez quilómetros, na direção da será essa, provavelmente, a primeira sina-
costa. Saia de Aljezur retomando a EN120 lização que verá. A entrada fica pouco
na direção de Lagos e, cerca de um quiló- antes dessa placa, mas é uma apertada
metro depois, vire à direita no cruzamento, curva à direita, pelo que mais vale seguir a
seguindo as indicações para Arrifana. sinalização, contornar a rotunda seguinte
Existe aqui um excelente miradouro, no e voltar para trás, entrando de frente.
topo da falésia, com ruínas, embora par-
cas, de uma fortaleza do século XVII. Mais Aninhada num pequeno vale, por entre o
abaixo, na direção da praia, um pequeno arvoredo, e repleta de edifícios de estilo
porto de pesca e, na linha do horizonte, vitoriano, esta tranquila vila de termas e
erguida no meio do mar, marca presença spa, onde são engarrafadas as águas de
a esguia e alta Pedra da Agulha. Monchique, quase parece uma cidadela
parada no tempo.
Já os romanos frequentavam estas ter-
Caldas de Monchique mas, banhando­‑se nas águas que brotam
da terra a uma temperatura constante de
Volte a Aljezur e depois saia em direção a cerca de 32 ºC. Ainda hoje muitas pes-
Monchique. Ao fim de 15 quilómetros, irá soas recorrem a estas águas medicinais
passar por Marmelete. Antes e depois de na esperança de aliviar doenças respi-
Marmelete existe um parque de merendas ratórias, de pele, reumatismos ou meras
à beira da estrada. Para uma vista pano- indigestões provocadas pela pesada
râmica, em vários tons de verde, opte gastronomia local…
pelo segundo (o Parque de Merendas da
Santinha). Um pouco adiante chegará à Comece por provar as águas borbu-
Nave, no cruzamento com a EN266, onde lhantes de gosto sulfuroso na Buvette,
irá deparar com a visão de uma enorme o pequeno pavilhão envidraçado locali-
pedreira. Aí, vire à direita em direção às zado mesmo por cima da nascente, ou,
se esta estiver fechada, na receção do
Hotel Termal. Depois, sugerimos que dê
uma volta despreocupada pelo bonito
bosque, por onde passam diversos cur-
sos de água e existem várias fontes,
incluindo a sugestivamente denomi-
nada Fonte dos Amores. Aí encontrará
também mesas e bancos de pedra, que
convidam a uma refeição frugal acompa-
nhada pelo canto das aves e o murmúrio
da água a correr. O acesso ao bosque
faz­‑se pelo curto caminho localizado ao
lado do forno do pão.

A pequena Capela de Santa Teresa está


Ponta da Arrifana habitualmente fechada, mas poderá

118
A Percurso 13

visitá­‑la dirigindo­‑se primeiro à receção


do Hotel Central. Lá dentro, os painéis
de azulejo do século XVIII narram a vida
da santa.

Nas lojas de artesanato, onde se mis-


tura uma grande diversidade de artigos,
pode comprar frascos de mel da Serra
de Monchique, garrafas de aguardente
de medronho e todas as suas derivações
licorosas. Mas, atenção: o medronho
feito na região chega a ter 50º de teor
alcoólico, o que pode constituir uma
agressão demasiado forte para os orga-
nismos mais sensíveis! No entanto, talvez
Vista a partir do Pico da Picota
seja a única forma de se livrar do gosto
sulfuroso das águas termais…
Pico da Picota

Parque da Mina Depois, retome a EN266 em direção


a Monchique, passando de novo pela
Vire à direita na saída de Caldas de Mon- Nave. Logo à entrada de Monchique,
chique, na direção de Portimão. Poucos vire à direita, em direção a Alferce. Cerca
quilómetros depois, encontrará um par- de 500 metros depois, vire à direita, para
que temático onde poderá visitar uma onde uma tabuleta indica Picota.
casa abastada do início do século  XVIII,
com todas as divisões devidamente Siga por uma estrada agradável, com uma
mobiladas, incluindo uma casa de banho, paisagem arborizada. Pouco depois, che-
ainda rara na época. Aqui encontrará gará ao fim da estrada e estará a cerca
também uma antiga quinta, com alguns de 100 metros do cume do monte, onde
animais, uma mina de extração de cobre está instalado um posto de vigia de pre-
e ferro desativada, que apenas poderá venção contra incêndios. A vista para sul
espreitar de fora, e a recriação de uma é particularmente bonita, permitindo con-
carvoaria de carvão vegetal, onde são templar, nos melhores dias, grande parte
explicadas em detalhe as várias fases desta costa algarvia. Com os seus 774
de produção. metros de altitude, a Picota é a segunda
Na adega da casa, repare na reconsti- elevação mais alta da Serra de Monchi-
tuição de uma destilaria tradicional de que, a seguir ao Pico de Fóia.
alambique, onde era produzida a aguar-
dente de medronho, bem como nas Resta­‑lhe agora regressar a Monchique e
diversas ferramentas e alfaias que fize- pôr em dia os seus conhecimentos sobre a
ram história no processo de mecaniza- gastronomia da região. Recomendamos­
ção da agricultura. ‑lhe que prove os enchidos, o presunto
curado, o bolo de tacho e o pudim de mel
Local: Vale de Boi. e, para finalizar, um cálice de aguardente
Contacto: 282 911 622/962 079 408. de medronho como digestivo.

119
A Algarve

O
EXTENSÃO: 125 km percurso que propomos começa e termina na
turística cidade de Lagos, com as suas praias
Lagos
e restaurantes de bom peixe. Pelo caminho,
Barragem da Bravura
tomamos contacto com as fabulosas escar-
Bordeira pas, açoitadas pelo vento, que compõem a costa vicen-
Carrapateira tina, de que Sagres é, sem dúvida, o ponto mais mar-
Vila do Bispo cante. Outra forma de contacto com a Natureza podemos
Castelejo encontrá­‑la na Barragem da Bravura ou na Mata Nacional
de Barão de São João.
Monte dos Amantes
Deixamos ainda um alerta. Se viajar por estas estradas de
Sagres
verão, tenha cuidado para não atropelar as cobras. Como
Cabo de São Vicente têm dificuldade em deslocar­‑se pelo asfalto, ao serem
Vila do Bispo surpreendidas por um automóvel, quase sempre fogem
Raposeira de forma atabalhoada, o que, muitas
Barão de São João vezes, lhes é fatal.
Barragem
Carrapateira
Lagos Bordeira
da Bravura

Barão
Castelejo de São João Lagos
Raposeira
Vila do Bispo
Monte
dos Amantes

Cabo
de São Vicente
Sagres

Lagos

Durante quase dois séculos, Lagos foi a


capital do Algarve, de onde as caravelas
partiam para explorar os mares, regres-
sando carregadas de ouro e especiarias
de África e da Índia. Foi daqui que saí-
ram Gil Eanes, para passar o Cabo Boja-
dor, e o Rei D. Sebastião, para a cruzada
no Norte de África que culminou com
o desastre de Alcácer Quibir. O vaivém
das caravelas foi substituído pelos iates
de luxo que entram e saem da moderna
marina. Cidade turística, oferece um
grande leque de bares, restaurantes
Marina de Lagos e lojas, com o centro a pulsar de vida

120
A Percurso 14

a qualquer dia da semana. Perca­‑se pelas


ruas, tendo o mar como referência.

Na Avenida dos Descobrimentos, encon-


tra uma oferta variada de viagens de
barco, visitas às muitas grutas que recor-
tam a costa e dias de pescaria no mar.
Basta escolher. Damos­‑lhe, no entanto,
um conselho: se pretende passear até às
grutas, a manhã será mais adequada, pois
os reflexos de luz são mais espetaculares.

Na mesma avenida, do outro lado da rua,


fica o mercado municipal, um edifício bas-
Mercado de Escravos, em Lagos
tante interessante. O passeio ao longo da
marina é agradável, com algumas som-
bras e bancos de jardim.
JÚLIO DANTAS

No centro da cidade, admire a imponente “Morra o Dantas, morra! Pim!” Eis a


estátua de D. Sebastião, da autoria de João frase mais conhecida do Manifesto
Cutileiro; o Mercado de Escravos, na Praça Anti­‑Dantas, escrito por Almada
Infante D. Henrique; e o museu municipal. Negreiros, “poeta do Orpheu, futu‑
rista e tudo”, como ataque a toda
Mercado de Escravos uma geração de escritores, repre‑
Em 1444, chegaram a Lagos os primeiros sentada pela figura de Júlio Dantas.
escravos trazidos de África e foi criada Almada conseguiu alcançar os seus
a Casa da Guiné. Em 1481, aquele que objetivos, já que, nos nossos dias,
foi o primeiro mercado de escravos da é provavelmente mais conhecido o
Europa mudou­‑se para Lisboa. Como Dantas do manifesto do que o pró‑
curiosidade, estima­‑se que, por volta do prio escritor.
ano de 1541, entrassem na capital entre Nascido em Lagos, em 1876, Júlio
10 e 12 mil nativos por ano. Em finais do Dantas foi sócio efetivo e presidente
século  XVI, representavam um terço da da Academia das Ciências de Lisboa.
população da capital. Durante o período A sua produção literária estende­‑se
das Descobertas, eram capturados no por géneros tão variados como a
continente africano e trazidos para Lagos, poesia, o conto, o romance, a crónica
onde se fazia a sua comercialização. ou o ensaio, embora, no geral, seja
No edifício atual, reconstruído depois destacada a faceta de dramaturgo.
do terramoto e maremoto de 1755, que As críticas que lhe dedicou Almada
afetaram bastante a cidade, existe agora deveram­ ‑se sobretudo à aversão
uma galeria de arte. pela inovação, pois preferia manter­
‑se fiel a um estilo antiquado e a
Museu Municipal Dr. José Formosinho modelos ultrapassados e buscar ins‑
Instalado paredes­‑meias com a Igreja piração na lírica palaciana do Cancio‑
de Santo António, aqui encontra exposi- neiro Geral de Garcia de Resende.
ções de arqueologia, etnografia, história

121
A Algarve

natural, uma sala dedicada a África, uma cie de resina, que humedece a superfície
biblioteca, entre outros. A visita termina das folhas e é altamente inflamável.
na igreja, com a soberba talha dourada
barroca e painéis a óleo representando A dado momento, verá aparecer perante
a vida do santo que nasceu em Lisboa. os seus olhos o espelho de água da albu-
Recomendamos as exposições de arqueo- feira, encaixado entre o relevo coberto
logia e etnografia, mais representativas por mato escuro. Vale a pena parar e
da região. apreciar calmamente a paisagem. Entre-
tanto, vai começar a descer no sentido
Local: Rua General Alberto da Silveira. do paredão. Atravesse e, logo a seguir, à
Contacto: 282 762 301. esquerda, entre por uma estrada de terra,
que o levará até junto da água. Mas tenha
cuidado, pois o piso é inclinado e escor-
Barragem da Bravura regadio e a estrada muito estreita. Se não
quiser arriscar, deixe o carro no paredão e
Saia de Lagos em direção a Aljezur. siga a pé ou de bicicleta. A estrada passa
A cerca de sete quilómetros, tome a dire- perto da água e por entre boas sombras.
ção de Sabrosa e, mais à frente, siga para
a Barragem da Bravura.
Bordeira
Pelo caminho, encontra uma paisagem
essencialmente de barrocal, marcada, Volte pela mesma estrada, até ao cruza-
aqui e ali, por plantações de pinheiros. No mento com a EN120, que faz a ligação
verão, aspire o agradável aroma das este- entre Lagos e Aljezur, e vire à direita,
vas, que crescem até à beira da estrada. no sentido desta última localidade. Mais
O perfume intenso provém de uma espé- à frente, siga para a Bordeira. Logo à

Barragem da Bravura

122
A Percurso 14

entrada da povoação, fica a igreja matriz,


com um pequeno cemitério ao lado. Para
a visitar, informe­‑se sobre quem tem a
chave. No caso de gostar de arte sacra, o
esforço pode valer a pena, sobretudo pelo
altar, decorado em talha dourada. A pia
batismal, em pedra branca, tem uma con-
figuração arredondada, bastante sóbria.

Carrapateira

Continuando no sentido da Carrapateira,


será presenteado com uma paisagem de
barrocal, que de repente dá lugar ao pinhal, Praia do Amado
anunciando a proximidade da costa.

No início da povoação, vire à esquerda, no Vila do Bispo


sentido do mar. Existe um caminho, junto
às falésias, que permite serpentear com a Siga até Vila do Bispo. Será impossível não
costa e seguir até à Praia do Amado. Com reparar no moderno parque eólico, que
o seu extenso e branco areal, rodeada de aparece do lado esquerdo da estrada.
falésias e um pequeno ilhéu ao largo, esta
praia é conhecida pelas ondas versáteis e Escarpa, campo e praia
diversificadas. É, por isso, procurada por Depois de entrar na vila, procure a direção
praticantes de surf e bodyboard de toda do Castelejo. Ao longo desta estrada, tem
a Europa e palco de várias provas e com- três sugestões imperdíveis. A dada altura,
petições, inclusive internacionais. Trata­‑se surge uma placa à esquerda, a indicar
de um local frequentado todo o ano, pois Torre de Aspa, o rochedo mais elevado da
existem escolas destas modalidades. costa algarvia. O local está assinalado por
duas esculturas do artista plástico Mário
Se estiver em boa condição física, siga Miranda. O caminho é pedregoso, mas o
até à Praia do Amado a pé ou de bici- esforço vale a pena. Chegará a uma falé-
cleta. No caminho, pode deliciar­‑se com sia sobre o mar, perfumada pelo aroma da
fantásticas paisagens de altas escarpas e vegetação, que o vento espalha em todos
angras de calhau, onde, muitas vezes, só os sentidos. O pôr­do­Sol é soberbo.
há acesso pelo mar e em dias favoráveis. Voltando à estrada principal, um pouco
Na beira da falésia, aprecie a flora rasteira mais à frente e também do lado esquerdo,
e agreste que se desenvolve nesta linha terá as indicações de um trilho ambiental
de separação entre a terra e o mar. de três quilómetros, que pode fazer
mesmo com crianças, por entre um denso
Já na Carrapateira, suba à fortaleza, para pinhal. À entrada, existe um parque
usufruir da bela paisagem. Se quiser visi- infantil e uma zona de merendas.
tar a Ermida de Nossa Senhora da Con-
ceição, com a sua pia batismal manuelina, Continuando na estrada principal, em
pergunte quem guarda a chave. direção ao mar, chega finalmente à Praia

123
A Algarve

Fortaleza de Sagres

do Castelejo, emoldurada por escarpas e, o dia estiver soalheiro, um chapéu, pois


por isso, muito abrigada. não há sombras.

Percurso Megalítico
do Monte dos Amantes Sagres
De volta a Vila do Bispo, procure a
saída para Sagres. Na rotunda à entrada Volte à EN268, no sentido de Sagres.
dessa via, existe, do lado direito, uma Recomendamos uma visita à fortaleza,
estreita estrada de alcatrão, paralela à uma das maravilhas de Portugal. Os hori-
EN268. A  cerca de dois quilómetros, zontes marítimos e os extremos ociden-
vire à esquerda e passe por debaixo do tais do Continente Europeu são um tema
viaduto. Logo a seguir, encontra um local constante no imaginário português.
para estacionar. Praias, portos, estuários e promontórios
são investidos de uma aura especial, a
Junto ao estacionamento, tem indica- que não são alheios sentimentos de vene-
ções para descobrir vários menires e um ração e medo. A poesia de Fernando Pes-
túmulo. O local é elevado e fustigado soa é disso excelente exemplo. Sagres,
pelo vento. Infelizmente, os menires estão como nenhum outro local, concentra
tombados, o que impede o visitante de todas estas “forças” e exerce fascínio.
apreciá­‑los em toda a sua magnitude.
Perto de cada monólito, existe uma tabu- Fortaleza
leta com a sua identificação e posição no O facto de nunca ter existido uma verda-
percurso. Se quiser saber um pouco mais deira escola de navegantes não diminui
sobre o tema, a junta de freguesia pode em nada a importância e beleza do local.
organizar visitas guiadas (282 639 101). Depois de ver a enorme rosa­ dos­ ventos,
com cerca de 43 metros de diâmetro, a
O circuito tem uma extensão de 1200 Igreja de Nossa Senhora da Graça e o
metros, o que se faz calmamente numa Padrão dos Descobrimentos, contemple
hora. Só precisa de uns bons sapatos e, se a vista a partir das muralhas. A seguir,

124
A Percurso 14

percorra a linha ao longo do promontório ças, é o Parque Zoológico, que fica mais à
que os romanos e outros povos anteriores frente, na estrada para Bensafrim.
consideravam sagrado. Em dias límpidos,
avista­‑se toda a costa, desde o Cabo Criado sob o lema “conservar, educar e
de São Vicente até Lagos. proteger”, o parque é uma delícia. Várias
espécies de macacos, aves das mais
Contacto: 282 620 140. diversas cores, alguns répteis e animais da
quinta compõem o cartaz de um espaço
Cabo de São Vicente bem cuidado, onde a flora e a arquitetura
Siga agora em direção a São Vicente. paisagística também não foram deixadas
Aproveite para ir espreitando alguns ao acaso. Os mais pequenos podem ainda
trilhos que partem do lado esquerdo divertir­‑se no parque infantil ou a fingir
da estrada e proporcionam privilegia- que conduzem o velho trator da quinta.
dos pontos de observação. O Cabo de
São Vicente é o extremo Sudoeste da Embora exista bar e restaurante, se quiser
Europa Continental e o farol um dos levar o farnel, não se acanhe, pois a visita
mais importantes e potentes de toda a pode ser demorada.
Europa. O  respetivo feixe é visível a 90
quilómetros de distância. Pode visitá­‑lo Local: Quinta das Figueiras,
todos os dias, acompanhado por um dos Sítio do Medronhal.
faroleiros, que serve também de guia. Contacto: 282 680 100.
O horário é variável, mas, no geral, o
local está aberto das 10 às 17 horas, com
pausa para almoço. Lagos

Termine o seu percurso em Lagos, onde


Barão de São João lhe sugerimos um jantar no agradável
ambiente da marina, seguido do inevitável
Para usufruir do contacto com Natureza, passeio noturno pelo centro da cidade.
tome a direção de Bensafrim. Antes de
chegar a esta povoação, em Barão de
São João, procure as placas que indicam
a mata nacional.

Mata nacional
Inserida no património natural do Muni-
cípio de Lagos, tem diversas propostas
para o visitante: circuito de manutenção,
percursos pedestres e parque de meren-
das. O carro pode ir mesmo até junto do
parque, caso seja necessário descarregar
um farnel mais pesado.

Parque zoológico
Se ainda tiver fôlego, uma proposta inte-
ressante, sobretudo para quem tem crian- Parque Zoológico de Lagos

125
A Algarve

E
EXTENSÃO: 120 km ste percurso tem como pontos de partida e
Silves de chegada a cidade de Silves. Pelo caminho,
encontrará pontos de interesse extremamente
Falacho de Cima
variados e atividades que poderão interessar
Alcalar
todos os membros da família, crianças incluídas. O mais
Cruzinha difícil talvez seja selecioná­‑los. Por isso, mais ainda do
Portimão que noutros percursos, sugerimos que, antes de se pôr
Sítio das Fontes a caminho, leia o texto de forma atenta.
Lagoa
Porches
Odelouca Falacho de Cima
Senhora da Rocha
Alcalar Silves
Armação de Pêra Lagoa de Viseu
Mexilhoeira Sítio
Guia Grande das Fontes
Algoz
Lagoa dos Salgados
Lagoa
Cruzinha Porches
Algoz Portimão Guia

Lagoa de Viseu
Senhora
Silves da Rocha Armação Lagoa
de Pêra dos
Salgados

Silves durante séculos, a mais opulenta cidade


do Algarve. O castelo e a sé dominam o
Silves é uma cidade interior pacata, topo da colina. Mais abaixo, é o correr
antiga capital de um reino muçulmano e, tranquilo do rio Arade e as suas pontes,
onde se destaca a velha ponte romana,
que convidam a alguns passeios ou sim-
plesmente a apreciar a paisagem de um
dos muitos bancos de jardim existentes.

Parque Biológico da Serra de Silves


Para visitar o Parque Biológico, contorne
o cemitério pelo lado esquerdo e conti-
nue depois, durante cerca de oito quiló-
metros, por uma bonita estrada serrana.
O parque é constituído por uma quinta
pedagógica e um centro cinegético.
Encontrará aqui várias espécies da
fauna da região, como o javali, o gamo,
a raposa, a gineta, a perdiz, etc. Também
Ponte romana de Silves estão expostas algumas espécies exóti-

126
A Percurso 15

lá durante quase cinco séculos. Na zona


norte encontra­‑se uma grande cisterna,
de forma retangular, o Aljibe. Trata­‑se
de uma estrutura abobadada, que abas-
tecia de água grande parte da cidade.
Na muralha a norte, do lado oposto à
entrada, encontra­‑se uma entrada secun-
dária conhecida por Porta da Traição.
Consta que esta porta era utilizada pelos
traidores para deixar entrar o inimigo...
Mais para sul, fica a Cisterna dos Cães,
uma espécie de poço onde foram encon-
trados diversos fragmentos de cerâmicas
medievais, nomeadamente alcatruzes
que datam da ocupação islâmica.

Local: Rua do Castelo.


Contacto: 282 445 624.
D. Sancho I guardando a entrada
do castelo de Silves Sé
Pouco abaixo do castelo, encontra­‑se a
cas, como os pavões e as galinhas­‑do­ sé, também ela construída em grés ver-
‑mato. Trata­‑se de um espaço agradável, melho da região. A sua construção, que
onde sabe bem passear um pouco ou começou entre os séculos  XIII e XIV,
descansar à sombra do arvoredo durante prolongou­‑se por mais de cem anos  e
as horas de maior calor. foi por diversas vezes reconstruída na
sequência de sismos e do grande terra-
Local: Sítio do Falacho de Cima. moto de 1755. Iniciada em estilo gótico,
Contacto: 282 445 765. que ainda predomina, a catedral tem, por
isso, também outras influências, nomea-
Castelo damente a barroca. As naves interiores
De volta a Silves, visite o castelo, no topo são altíssimas (atingem os 18 metros)
da colina, de onde poderá apreciar toda e iluminadas por frestas laterais.
a cidade. É um dos maiores e mais bem
conservados do Algarve. Logo à entrada, Local: Largo da Sé.
repare nas pedras avermelhadas que Contacto: 282 442 472.
compõem as muralhas. Trata­‑se de um
arenito vermelho, o grés de Silves, ao Museu Municipal de Arqueologia
qual a luz amarelada do pôr do­Sol con- Não deixe de visitar este excelente
fere uma coloração quase irreal. A está- museu, encostado a uma das muralhas
tua à entrada representa D. Sancho  I, da cidade, onde se encontram, impeca-
o  monarca que pela primeira vez, em velmente expostos, os principais espólios
1189, conquistou a cidade aos Árabes. arqueológicos deste concelho. É nele que
Pensa­‑se que o local onde se encontra está, por exemplo, toda a vasta coleção
o castelo foi ocupado desde a Idade do de cerâmica muçulmana recolhida nas
Ferro, tendo os Árabes permanecido por escavações efetuadas no castelo.

127
A Algarve

Um dos pontos de maior interesse do


museu reside num poço­‑cisterna árabe
do século XII, descoberto durante esca-
vações realizadas em 1979, que nada
tinham a ver com a construção do museu.
De facto, foi a própria descoberta do
poço que despoletou a ideia de desen-
volver este núcleo museológico. O poço,
em ótimo estado de conservação, tem
um diâmetro de 2,5 metros e 18 metros
de profundidade. Existe uma escada
em caracol, em torno do poço, que dá
acesso ao fundo. Julga­‑se que seja um
exemplar único no mundo.
Museu Municipal de Arqueologia de Silves
Durante as escavações do poço, foram
encontrados diversos artefactos de
OS ÁRABES EM SILVES grande interesse arqueológico, como
peças de cerâmica, moedas quadrangu-
Mais do que com os Romanos, foi com
lares mouras e várias joias. A exposição
os Árabes que Silves, ou Xelb, atingiu
vai da Pré­‑História ao século XVII.
uma grandeza até então desconhecida
e que, uma vez perdida, não voltou a
Local: Rua Portas de Loulé, 14
ser recuperada. Por alturas da con‑
centro histórico de Silves.
quista, em 1189, a cidade tinha cerca
Contacto: 282 440 838.
de 30 mil habitantes, sendo conside‑
rada a capital do Algarve muçulmano
Museu da Cortiça
e a cidade mais forte de toda a Hispâ‑
Instalado numa velha fábrica de cortiça,
nia árabe. Era a preferida de príncipes
o premiado Museu da Cortiça de Silves
e mercadores e habitada por muitas
(Prémio Museu Industrial Europeu 2001)
famílias nobres e figuras importantes,
está integrado num empreendimento
como políticos, historiadores, poetas
turístico­‑cultural chamado Fábrica do
e filósofos. Segundo testemunhos cris‑
Inglês. Este dispõe também de parque
tãos da época, estava mais fortificada
infantil, restaurantes, esplanadas, fontes
do que Lisboa e os seus edifícios eram
com repuxos ornamentais (só nas noites
ainda mais grandiosos. Não admira
de verão) e um parque de estaciona-
por isso que, após a sua conquista,
mento próprio.
D. Sancho I se tenha proclamado “Rei
de Portugal, de Silves e do Algarve”.
A fábrica foi inaugurada em 1894 e viria
Também não surpreende que, pouco
a encerrar em meados dos anos 90 do
depois da conquista, Silves tenha sido
século  XX. No museu, que data do final
recuperada pelos Mouros, que não
dessa década, poderá ver todas as face-
poderiam deixar a sua pérola cair tão
tas da antiga indústria da cortiça, desde
facilmente em mãos cristãs. Só em
a recolha até à sua completa transforma-
1249 é que a cidade foi definitiva‑
ção. Numa área de exposição de 1400 m2
mente conquistada aos Muçulmanos.
encontram­‑se diversos tipos de maqui-

128
A Percurso 15

naria e materiais utilizados nesse trabalho, Inserido na necrópole megalítica de


bem como fotografias de época comen- Alcalar, no concelho de Portimão, o cha-
tadas. Existe também uma sala de audio- mado túmulo n.º 7, construído entre 2000
visuais, com cerca de 60 lugares sentados, e 1600  a.C., é o único que se encontra
onde são projetados filmes e diapositivos em bom estado, embora também o n.º 9
sobre o tema da cortiça. Na altura desta esteja atualmente a ser escavado. Trata­
edição, o Museu da Cortiça encontrava- ‑se de uma sepultura megalítica do tipo
-se encerrado, sem data conhecida para tholo e, como tal, constituída por apenas
reabrir. Para informações, contactar a uma câmara e um corredor. Estes eram os
Câmara Municipal de Silves (282 440 800) túmulos destinados às elites, onde os cor-
pos eram depositados em posição fetal
Se quiser, a partir de Silves pode fazer um e acompanhados de diversos objetos,
desvio de cerca de 12 quilómetros, para como placas de xisto gravadas, colares e
visitar as barragens do Arade e do Fun- setas. Os sepulcros coletivos situavam­‑se
cho, onde encontrará paisagens tranqui- em grutas e criptas artificialmente escava-
las e águas de temperatura amena. Tam- das nas rochas (hipogeus).
bém existem alguns trilhos na margem
das barragens, por onde se podem fazer As relíquias encontradas durante as esca-
boas caminhadas exploratórias. vações deste sítio arqueológico estão
agora no Museu de Lagos e no Museu
de Portimão (veja as páginas 121 e 131,
Túmulo de Alcalar respetivamente).

Se resolver continuar o percurso a partir Local: Sítio de Alcalar.


de Silves, saia em direção a Monchique, Contacto: 282 471 410.
mas não sem antes parar no jardim do
Largo da República, onde apetece ficar a
preguiçar um pouco à sombra. Depois de
passar Odelouca, chegará ao cruzamento
com a estrada que vem de Portimão para
Monchique. Vire à direita, continuando na
direção de Monchique e, ao fim de dois
quilómetros, antes da placa que indica a
entrada em Rasmalho, vire à esquerda,
numa estrada alcatroada a seguir a uma
estação de gasolina. Esta estrada que,
com exceção do primeiro troço, está em
muito bom estado, não tem qualquer
indicação, mas levá­‑lo­‑á a Alcalar através
de uma paisagem agradável.

Vire à esquerda nos três cruzamentos de


estrada alcatroada que irá encontrar pelo
caminho e, no terceiro, de onde verá em
frente um café, estará apenas a 20 metros
da entrada do Túmulo de Alcalar. Túmulo de Alcalar

129
A Algarve

A Rocha fundada por ingleses em 1983, que tem


como principais objetivos promover
Volte ao último cruzamento e vire à o interesse ativo pela conservação da
esquerda. Pouco depois, encontrará natureza, proporcionando instalações
à direita a indicação para Mexilhoeira aos visitantes interessados em estudar
Grande. Siga por aí e passe a Mexilhoeira os ecossistemas do Barlavento algarvio,
Grande, visitando, eventualmente a igreja sobretudo no que concerne à avifauna.
matriz (fica mesmo ao lado do cemitério),
do século  XVI e de estilo renascentista, A sede da associação está inserida num
mas com duas portas laterais manuelinas. terreno com um hectare de área, onde
Depois, continuando para sul, na direção existem pequenas lagoas e vegetação
de Alvor e Portimão, irá desembocar na típica da região. Possui ótimos espaços
EN125. Atravesse com bastante cuidado para a observação de aves nas imediações
esta via e siga por uma estradinha que e existem vários percursos pedestres já
continua a via por onde veio, do outro definidos para o efeito. Podem acolher até
lado da estrada nacional. Ao fim de 1300 12 pessoas, mediante marcação prévia.
metros numa estrada de terra batida, vire
à direita e encontrará A Rocha, um obser- Local: Mexilhoeira Grande, Cruzinha.
vatório de aves do Barlavento algarvio. Contacto: 282 968 380.
Está aberto ao público às quintas­‑feiras,
dia em que é efetuada a anilhagem de
aves, embora, tratando­‑se de um grupo Portimão
grande, seja conveniente fazer um telefo-
nema antes de aparecer. Regresse à EN125 e dirija­‑se a Portimão.
Bastante desfigurada e caótica, a cidade
A Rocha é uma associação internacio- tem também vindo a criar alguns locais
nal de estudos e defesa do ambiente, onde se respira uma atmosfera mais

Paisagem verdejante n’A Rocha

130
A Percurso 15

tranquila, como o novo museu e a


quinta pedagógica.
No geral, parece­‑nos justo dizer que as
melhores coisas de Portimão ficam junto
ao rio: o tentador largo das geladarias,
as esplanadas dos restaurantes com bons
pratos de peixe fresco e a oferta de via-
gens de barco, por exemplo, subindo o
rio Arade até Silves ou visitando as gru-
tas da zona costeira próxima. Encontrará
diversas propostas de passeios de barco
ao longo do agradável passeio pedonal
da zona ribeirinha, entre a Praça Manuel
Teixeira Gomes e o Museu de Portimão.

Museu de Portimão
O museu da cidade situa­‑se junto ao
rio Arade e ao Cais Vasco da Gama, no
renovado edifício de uma antiga fábrica Museu de Portimão
de conservas de peixe. Grande parte da
exposição simula as várias etapas do pro- Quinta pedagógica
cesso industrial ligado à antiga fábrica, Para lá chegar, apanhe a V6 na direção de
mas a exposição de referência do museu Lagos e, na última rotunda, volte para trás.
é dedicada às origens e à evolução da Logo a seguir, vire à direita na rua entre o
comunidade local, desde os vestígios Max Mat e o Pingo Doce. A partir daí, siga
milenares dos túmulos de Alcalar (veja a as indicações para a quinta pedagógica.
página 129) até ao seu mais ilustre mem-
bro: Manuel Teixeira Gomes, Presidente Existem aqui diversos animais de quinta,
da República entre 1923 e 1925. como ovelhas e cabras da região, éguas
e burros, vacas, porcos, gansos e patos e,
Local: Rua Dom Carlos I (zona ribeirinha). um dos grandes favoritos das crianças, o
Contacto: 282 405 230. coelho­‑anão. Além dos animais, a quinta
conta ainda com uma horta e um pomar,
Fortaleza de Santa Catarina um jardim de ervas aromáticas, uma zona
Para uma panorâmica sobre o litoral, dirija­ de compostagem e um forno tradicional.
‑se agora à Fortaleza de Santa Catarina.
Siga as indicações para a Praia da Rocha É possível visitar a quinta em qualquer
e, quando lá chegar, vire à esquerda na altura, dentro do horário de abertura, mas,
longa avenida que acompanha o mar e se quiser também ter a oportunidade de
o areal, percorrendo­‑a até ao final. É  aí interagir com os animais (dar de comer,
que se ergue a fortaleza, construída no escovar, tosquiar, ordenhar, etc.), fazer
século  XVII para defesa da cidade e do pão, semear ou ficar a saber mais sobre
acesso fluvial ao interior algarvio. Atual- o uso das ervas aromáticas, terá de mar-
mente, perdidas as suas funções defen- car previamente, a partir da segunda­‑feira
sivas e dada a sua posição estratégica, anterior ao dia em que pretende realizar
constitui um excelente miradouro. a atividade ou fazer uma visita guiada.

131
A Algarve

As atividades para as famílias são progra- Lagoa


madas para os fins de semana, sendo os
dias úteis vocacionados para as escolas. Retome a direção de Lagoa pela EN125.
A região é especialmente conhecida
Local: Aldeia Nova da Boavista, pelos seus vinhos. Por isso, sugerimos
Rua David Gonçalves Vieira, Portimão. que ateste pessoalmente a sua quali-
Contacto: 282 480 730. dade, provando uma seleção represen-
tativa dos melhores vinhos locais. Mas,
atenção: o teor alcoólico da maioria dos
Sítio das Fontes vinhos da Lagoa ronda os 13%!

Saia de Portimão em direção a Lagoa e, Para quem vem de Portimão, a ÚNICA


depois de passar a ponte nova sobre o – Adega Cooperativa do Algarve fica
rio Arade, vire à direita para Estômbar. do lado direito, antes de chegar a uma
Ali, siga no caminho para Silves e vá com rotunda, e é bastante visível a partir da
atenção às pequenas placas que indicam estrada. Passando o portão, o posto de
Sítio das Fontes. venda e de provas fica do lado direito.

Situado ao longo de um esteiro, na mar- É possível fazer uma visita guiada às ade-
gem esquerda do rio Arade, este agradá- gas, durante a qual se fica a saber quase
vel parque de merendas está integrado tudo sobre a produção e o engarrafa-
numa zona de sapal (terras húmidas sob mento dos cinco tipos de vinho da região,
a influência das marés) e alberga uma em que predominam os tintos. Segue­‑se
grande diversidade de plantas e animais. a prova, que decorre numa sala junto ao
É, sem dúvida, o local perfeito para um posto de venda. Se o desejar, também
suculento piquenique seguido de digesti-
vos passeios a pé.

Quando lá chegar, estacione o carro


e siga o pavimento empedrado, que
passa junto a uma nora e o leva até um
troço da ribeira com as margens conso-
lidadas por muros de pedra sobreposta.
Em frente encontra­‑se um bom parque
infantil e, do seu lado direito, o parque
de merendas, com vista sobre o sapal,
mesas, bancos, caixotes do lixo, assador,
lavabos... enfim, todo o equipamento
necessário para desfrutar plenamente
deste espaço de lazer. Também existe
um anfiteatro ao ar livre, onde, durante
o verão, têm lugar espetáculos diversos.
Para um pouco de exercício físico, faça
o percurso de manutenção ou explore
os trilhos que proporcionam agradáveis
e panorâmicos passeios. Cerâmica de Porches

132
A Percurso 15

pode adquirir os que forem mais do seu


agrado. Os preços são variáveis, mas,
regra geral, acessíveis.

A visita pode incluir a prova de vinhos


acompanhada de frutos secos. Quanto
mais sumptuosos forem os acompanha-
mentos, maior o custo da visita e, tam-
bém, a necessidade de marcação prévia.

Local: EN125, Lagoa.


Contacto: 282 342 181.

Porches Ermida da Senhora da Rocha

Continuando na EN125, siga agora para


Porches, na direção de Faro. Antes de A ermida tem uma estrutura arquitetónica
entrar na povoação, encontrará, do lado interessante e é rematada por uma cúpula
direito da estrada, a Olaria de Porches, octogonal. No século  XV, foi construída
onde, em princípio, poderá observar os uma fortaleza em torno da ermida, para
artesãos pintando potes, pratos e outros defesa da costa, que foi destruída durante
artigos de cerâmica. A loja está repleta de o terramoto de 1755. Ainda podemos
peças da colorida louça típica da região. observar as ruínas daquela antiga cons-
trução, meio escondidas pelos canaviais,
Local: EN125, Porches. no caminho de acesso ao promontório.
Contacto: 282 352 858.
Perto da ermida, existem parques de
Ainda em Porches, se encontrar a igreja estacionamento. Para este e oeste há
matriz aberta, vale a pena deter­‑se na vários trilhos, junto à borda da falésia, que
magnífica abóbada de nervuras revestida convidam a pequenas caminhadas entre
a azulejo. as praias.
Contornando a igreja, repare numa
grande chaminé de dois andares, muito Do lado esquerdo do promontório,
trabalhada, que constitui um autêntico encontra­‑se uma praia simpática que,
ex libris de Porches. como não podia deixar de ser, se chama
da Senhora da Rocha, bem anichada no
meio das falésias e dispondo de diversas
Ermida da Senhora da Rocha estruturas de apoio.

Saia de Porches, abandonando a EN125,


e dirija­‑se à Ermida da Senhora da Rocha, Armação de Pêra
situada num estreito promontório sobre
a falésia e o mar. O desvio vale a pena, Se parar em Armação de Pêra, não deixe
mesmo que seja só para apreciar a paisa- de passar pela igreja matriz, um edifício
gem, e está bem indicado. moderno que, em si, não tem qualquer

133
A Algarve

interesse especial, mas encerra uma ver apresentações com golfinhos, diver-
curiosidade. Entre e dê uma espreitadela sas espécies de focas e leões­‑marinhos,
às duas pias de água benta, colocadas de aves tropicais e de rapina, jacarés, cro-
cada lado da porta de entrada. Trata­‑se de codilos, tartarugas e um aquário com
duas válvulas de uma concha verdadeira, diversas espécies tropicais. Dispõe de
que vive nos recifes coralinos e chega a piscinas (só no verão) e outras zonas
atingir perto de um metro de diâmetro e de entretenimento para toda a famí-
várias dezenas de quilos de peso. Vulgar- lia, bem como vários restaurantes e um
mente chamam­‑lhes conchas assassinas, cinema com um filme de sensibilização
atendendo ao facto de se poderem fechar ambiental sobre aquecimento global,
sobre o pé de quem inadvertidamente as desflorestação e destruição dos ecos-
pise durante a maré vazia, retendo a vítima sistemas marinhos. Da infraestrutura
prisioneira das suas válvulas até a maré faz também parte o Porto d’Abrigo, um
voltar a encher, podendo provocar­‑lhe a centro de reabilitação e reintrodução em
morte por afogamento. Tanto quanto se ambiente selvagem de animais que che-
sabe, isso nunca aconteceu realmente, gam à costa exaustos, doentes, feridos
mas a ideia é suficientemente assustadora ou desorientados.
para manter a lenda… O bilhete inclui todos os divertimentos
(exceto programa de interação com gol-
finhos, para o qual é necessária reserva
Guia prévia) e é válido para o dia inteiro.

Siga em direção a Alcantarilha, onde Local: EN125, km 65, Guia, Albufeira.


poderá entrar na inevitável EN125 e con- Contacto: 289 560 300.
tinuar até à Guia, fazendo uma eventual
paragem no enorme centro de diversão Lagoa dos Salgados
Zoomarine. Chegando à Guia, sugerimos­‑lhe um
desvio de cerca de cinco quilómetros na
Zoomarine direção de um pequeno recanto costeiro
Neste parque temático dedicado à con- chamado Lagoa dos Salgados.
servação e à educação ambiental poderá
Vire para sul, em direção a Vale de Parra.
A Lagoa de Salgados, que se formou na
foz da Ribeira de Espiche, fica no extremo
sul do campo de golfe. Para lá chegar,
poderá seguir as indicações para Salga-
dos Golfe e Praia de Salgados ou entrar
pela Praia Grande. A primeira opção
segue sempre por estrada, passando
pelas muitas urbanizações existentes na
zona, algumas delas ainda em constru-
ção, e desemboca num grande parque de
estacionamento junto à praia e à lagoa.
Se for pela Praia Grande, o último troço
de acesso é em terra batida e terá menos
Lagoa dos Salgados opções de estacionamento. O  melhor

134
A Percurso 15

Krazy World

Regresse à Guia e siga para Algoz. Atra-


vesse a povoação, passando pelo jardim,
e continue em frente na direção de São
Bartolomeu de Messines. Cerca de três
quilómetros depois siga a indicação à
direita para Zoo e Krazy World. Localizado
na Lagoa de Viseu, este parque temá-
tico é uma alternativa interessante. Pos-
sui uma quintinha com diversos animais
Krazy World
(lamas, veados, camelos e dromedários,
entre outros), que podem ser alimentados
pelas próprias crianças, e uma exposição
de diversos tipos de répteis (crocodilos,
iguanas, serpentes, etc.), de entre os
quais a estrela é a maior pitão reticulada
da Europa (candidata ao Guiness Book),
bem como um espetáculo com aves de
rapina e exóticas. Dispõe também de um
percurso de minigolfe, uma pequena pis-
cina e pista de kart cross. Os passeios de
pónei estão incluídos no bilhete. Sucesso
Silves garantido entre os mais pequenos!

Local: Lagoa de Viseu, Algoz.


será fazê­‑lo de bicicleta, deliciando­‑se Contacto: 282 574 134.
com o panorama.
Regresse agora a Silves, passando nova-
A Lagoa dos Salgados é um local tran- mente por Algoz, onde irá entrar atra-
quilo, junto à praia com o mesmo nome. vessando a ponte sobre o Rio Arade.
Mesmo durante o verão, depois de um Mesmo junto à tabuleta que indica a
bom dia de praia e quando tudo já esti- entrada em Silves, existe um miradouro
ver mais sossegado, pode avistar diversas com uma vista fantástica sobre a cidade,
espécies de aves aquáticas. Durante a onde se destacam, na linha do horizonte,
época da reprodução, o local é escolhido o castelo e a sé velha. Depois de passar a
por muitas aves migratórias. No total, ponte, vire logo à direita e, no final dessa
já foram aqui identificadas mais de 170 rua, circunde a rotunda. Verá aí, do seu
espécies de aves! É uma zona agradável lado direito, um cruzeiro protegido por
para passear e existem alguns percursos um pequeno telheiro. Trata­‑se da Cruz
pedestres e de BTT assinalados, contor- de Portugal, um dos mais famosos cru-
nando as dunas ou através dos juncos zeiros quinhentistas portugueses, que
e campos agrícolas. Mesmo que não ficava junto da estrada que estabelecia
siga os percursos, caminhe ou pedale a ligação com o Norte. Numa das faces
pelos trilhos existentes, evitando pisar as tem esculpido um Cristo crucificado e,
zonas adjacentes. na outra, a Mater Dolorosa.

135
A Algarve

A
EXTENSÃO: 110 km zona de Albufeira é uma das mais turísticas do
Algarve – todos os anos, as suas praias e as dos
Albufeira
arredores são invadidas por “hordas” de turistas
Paderne
nacionais e estrangeiros. No entanto, o per-
Alte curso que lhe propomos afasta­‑se dessa abordagem mais
Torre tradicional, com o intuito de lhe mostrar alguns recantos
Rocha da Pena naturais ainda escondidos e locais de interesse histórico
Salir que, acreditamos, vale a pena conhecer.
Fonte de Benémola
Querença Rocha da Pena
Torre
Loulé Salir
Alte

São Lourenço Fonte de Benémola


Vilamoura Querença
Paderne
Albufeira
Loulé

Vilamoura São Lourenço


Albufeira Almancil

Em Albufeira maremoto de 1755, que afetaram con-


sideravelmente a zona, encontramos
A cidade de Albufeira apresenta uma alguns exemplos no morro, onde as
arquitetura relativamente recente. Das águas não chegaram. É o caso da antiga
construções anteriores ao terramoto e ermida e agora Igreja de São Sebastião,
com a sua cúpula de lanternim cego,
semelhante aos que se usam em Marro-
cos, e o seu pórtico manuelino.

Passeie pelas ruas do centro histórico


fechadas ao trânsito e aproveite para
passar pelo arco árabe da Travessa da
Igreja Velha e pelas pequenas ruelas e
pelos miradouros que dão acesso à Praia
dos Pescadores.

Também poderá visitar o Museu Munici-


pal de Arqueologia, e ficar a saber mais
sobre a evolução histórica do concelho,
desde o período Pré­‑Histórico até ao
século XVII. Fica junto à Torre do Relógio,
Travessa típica, a caminho da Praia dos Pescadores com a sua curiosa estrutura em ferro for-

136
A Percurso 16

jado para suporte do sino. Na rua do


ALBUFEIRA: UM PASSADO
museu, espreite ainda o portal gótico da
CONTURBADO
Igreja da Misericórdia (século XV).
Fosse pela ação da Natureza ou
Local: Praça da República, 1. pela mão do Homem, a verdade é
Contacto: 289 570 712. que, ao longo dos tempos, Albu‑
feira foi várias vezes abalada pela
Outra opção é ir até à marina ou descer tragédia. Um dos episódios mais
à Praia dos Pescadores e acertar com um conhecidos aconteceu no fatídico
deles uma viagem de barco às Grutas da dia 1 de novembro de 1755. Durante
Galé, entre Albufeira e Armação de Pêra o terramoto, formou­ ‑se uma vaga
(na praia só de maio a setembro). A  via- gigantesca que inundou totalmente
gem dura cerca de hora e meia. Peça a parte baixa da vila, destruindo
coletes flutuantes para todos os membros praticamente todos os edifícios.
da família e prepare­‑se para uma viagem Quando as águas baixaram, os pou‑
fantástica ao interior das falésias algar- cos sobreviventes refugiaram­ ‑se na
vias. Um conselho: cuidado com a cabeça igreja matriz, antiga mesquita árabe
– é que é bastante fácil dar uma “valente adaptada ao culto cristão, que então
cabeçada” nos tetos baixos e irregulares se situava perto da praia. Contudo,
das grutas, sobretudo na penumbra! um novo abalo fez com que o edifí‑
cio ruísse, sepultando as mais de 200
pessoas que aí se haviam abrigado.
Paderne Já no século  XIX, na época das
lutas liberais, foi o Homem e não a
Saia de Albufeira em direção a Paderne Natureza a trazer a desgraça à vila.
e São Bartolomeu de Messines. Logo A guerrilha miguelista do Remexido,
à saída de Purgatório, ainda antes de um chefe popular absolutista, cercou
entrar em Paderne, encontrará à direita as a vila, já que era aí que se escondiam
indicações Fonte de Paderne e Castelo. alguns militantes da guerrilha liberal.
Ambos os locais são visitáveis de carro O cerco terminou com um incêndio
e estão inseridos em áreas onde é pos- devastador e a execução de quase
sível dar bons passeios pedestres ou de 200 pessoas, sem distinção de idade
BTT, seja nas proximidades da ribeira ou ou condição.
subindo aos pontos mais altos, por entre
a paisagem típica do barrocal algarvio.

Fonte de Paderne de passar por baixo do viaduto, poderá


Seguindo a indicação para Fonte de contornar a pé a Ribeira de Quarteira,
Paderne, irá encontrá­‑la pouco depois, atravessando eventualmente pelo açude
nessa estrada, junto a um pequeno par- e/ou pela pequena ponte romana, ou
que de estacionamento. Aí encontrará subir diretamente pelo caminho íngreme
também um telheiro que cobre vários que o levará ao castelo, situado no cimo
tanques para a lavagem de roupa. Con- do cerro. Em época de chuvas, mesmo
tinuando pela mesma estrada, existe que apanhe uma aberta mais vale evi-
logo a seguir um desvio à direita que dá tar o percurso junto à ribeira, já que as
acesso ao castelo. Mais à frente, depois enxurradas são inesperadas e intensas.

137
A Algarve

Castelo de Paderne resca e bem preservada, encontrará aqui


O castelo, de origem árabe, foi habitado diversas lojas e ateliers de artesanato,
até ao século XIV, mas encontra­‑se agora sobretudo de cerâmica e azulejos.
muito degradado. Dele restam apenas
as ruínas das muralhas e do torreão de Fonte Pequena e Fonte Grande
entrada. Ainda assim, constitui um impor- Siga as indicações para Fontes e, pouco
tante exemplar da arquitetura militar islâ- depois, chegará à Fonte Pequena, que
mica em taipa (argila misturada com areia se encontra num belo parque à beira­‑rio.
e pedra). Embora a proximidade da Via do O rio, pouco profundo, está povoado de
Infante não contribua para uma paisagem peixes que a limpidez da água deixa apre-
agradável e tranquila, poderá esquecê­ ciar facilmente. Numa das extremidades
‑la rapidamente embrenhando­‑se pelos da ponte de madeira, encontrará também
caminhos que rodeiam o castelo. um restaurante.

Contorne a pé o restaurante e continue até


à Fonte Grande. Aqui, as margens do rio
foram consolidadas por muros de pedra
rústica. Embora a profundidade seja baixa
na maior parte do leito do rio, junto da
parede da represa existe um fundão onde
mesmo os adultos não têm pé. Como não
existe qualquer proteção que mantenha
as crianças na zona menos profunda, é
conveniente estar com atenção para que,
se não souberem nadar bem, não sejam
inadvertidamente arrastadas (apesar de a
corrente do rio ser bastante suave) para
“fora de pé”. Tirando este pormenor,
trata­‑se de um local que poderá propor-
Fonte Grande
cionar algumas horas muito agradáveis,
tanto às crianças como aos pais. Ambas as
fontes dispõem de vários bancos, mesas e
Alte boa sombra do arvoredo denso.

Para sair em direção a Lentiscais, com Casa da Memória de Alte


destino a Alte, passe em frente à igreja de É uma mistura curiosa de museu e posto
Paderne e, quando começar a descer, vá de turismo. Aqui encontrará vários arti-
com atenção, porque vai ter de virar numa gos representativos do artesanato típico
ruela à direita que não tem qualquer indi- da região e, como o nome indica, muitas
cação. Em Lentiscais, vire na direção de recordações ligadas à povoação.
Esteval dos Mouros, e, um pouco adiante,
avistará Alte, incrustada no meio da serra. Grande parte da exposição é dedicada à
Uma alternativa, mais direta, mas mais preparação do esparto. Trata­‑se de uma
movimentada, é voltar ao Purgatório planta silvestre que, em tempos, marcou
e continuar na direção de Messines, económica e socialmente toda a fregue-
virando aí à direita para Alte. Aldeia pito- sia. Primeiro, era demolhado nas ribeiras

138
A Percurso 16

e, depois, posto a secar e pisado, durante ras, estacione o carro. No canto oposto
horas a fio, com maços de madeira, nas àquele por onde entrou, existe um cami-
ruas e largos da aldeia. As mulheres nho íngreme. Desça­‑o a pé, até junto ao
torciam­‑no em finas bracinhas, que eram rio (os atalhos que ficam à esquerda são
mais tarde utilizadas para o fabrico de menos íngremes do que o caminho princi-
objetos de uso quotidiano, como sacos pal), deixando­‑se guiar pelo ruído da cas-
de rede, tapetes, cabos, etc. cata, cada vez mais próximo. Irá deparar­
‑se com uma das maiores quedas d’água
Na mesma casa está representada uma do Algarve. A água precipita­‑se sobre uma
cozinha tradicional algarvia e diversos laguna límpida, que convida quem saiba
brinquedos de pinho, bastante interes- nadar bem a um mergulho refrescante.
santes. Se gosta deste tipo de artesanato Quem beneficia da “onda” de frescura
e dispõe de algum tempo, considere a proporcionada pela cascata dificilmente
possibilidade de ir até à Torre, que fica percebe porque é que os turistas teimam
a poucos quilómetros a oeste de Alte. em apinhar­‑se na linha costeira…
Aí poderá ver como se fabricam e até,
se o desejar, adquirir alguns.
Rocha da Pena
Local: Estrada da Ponte, 17.
Contacto: 289 478 666. Saia agora de Alte, em direção a Pena.
Quando chegar a Benafim, vire à esquerda,
Queda d’água do Vigário para Penina, e siga depois para a Rocha
Depois de visitar a Casa da Memória, da Pena, povoação a partir da qual inicia-
continue pela mesma estrada, como remos um excelente percurso pedestre,
quem vai para São Bartolomeu de Messi- que pode atingir uma extensão de cinco
nes, e encontrará o cemitério à esquerda. quilómetros (veja a página seguinte).
Contorne­‑o e, quando chegar às trasei-
A Rocha da Pena é um maciço rochoso
que se destaca de todos os outros da
região. Com uma altitude máxima de 479
metros, é constituído por calcários muito
duros que, ao longo do tempo, foram cor-
roídos por processos físicos e químicos,
dando origem a uma superfície marcada
por sulcos profundos e algumas grutas.
A escarpa, com cerca de 50 metros de
altura, é encimada por um planalto com
dois quilómetros de comprimento, onde
se encontram duas interessantes mura-
lhas em pedra sobreposta, que se pensa
remontarem à Idade do Ferro.

Estas muralhas, construídas para defesa


de povos primitivos, foram mais tarde
utilizadas por mouros que se refugiaram
Queda d’água do Vigário naquele planalto durante a reconquista

139
A Algarve

de Portugal pelo Rei D. Afonso III. A gruta miradouro do lado norte e depois dirija­
onde consta que procuraram refúgio é, ‑se ao planalto, atravessando a muralha e
por isso, ainda hoje conhecida como Algar apreciando a vista sobre o barrocal a par-
dos Mouros (um algar é uma gruta de tir do marco geodésico. Depois, contorne
entrada vertical, semelhante a um poço). o cabeço até à Penina e regresse ao lugar
No entanto, deve evitar explorar esta e da Rocha da Pena, onde existe um agra-
outras cavidades que, provavelmente, dável fontanário que o ajudará a recom-
encontrará pelo caminho. Por dois moti- por as forças após a caminhada.
vos: primeiro, porque a maioria exige Nunca será demais lembrar que, ao efe-
conhecimentos e equipamento de espe- tuar o percurso, não deve sair dos trilhos,
leologia; segundo, porque ali repousam fazer fogueiras, colher plantas ou pertur-
várias espécies de morcegos muito sensí- bar de qualquer forma os animais com
veis à presença humana, como, por exem- a sua presença.
plo, o morcego­‑de­‑peluche e o morcego­
‑rato­‑pequeno, ambos em perigo de
extinção. Salir
Com efeito, além do indiscutível valor pai-
sagístico da elevação, a Rocha da Pena Dirija­‑se agora a Salir. Aqui ainda existem
também apresenta uma grande riqueza alguns vestígios das muralhas em taipa
biológica. Encontram­‑se aí mais de 390 de um castelo muçulmano, por entre o
espécies botânicas, algumas das quais casario branco e florido. Na zona do cas-
endémicas e muitas aromáticas ou medi- telo, há também um miradouro e, do lado
cinais, mais de 120 espécies de aves e oposto, um polo museológico. Sob o
ainda outros animais, como coelhos, java‑ chão envidraçado do museu, conseguirá
lis, raposas e ginetas. ver as ruínas reconstruídas do nível térreo
das habitações árabes, com os silos onde
O percurso pedestre está devidamente se guardavam os cereais (trigo e bolota).
indicado e tem uma duração de cerca de Nas vitrinas, são exibidos vários objetos
três horas. Suba pela escarpa sul até ao provenientes das escavações realizadas
no local, incluindo cerâmicas restauradas
do século XII e frascos com cereais carbo-
nizados encontrados nos silos.

Local: Largo Pedro Dias, Castelo de Salir.


Contacto: 289 489 137.

Fonte de Benémola

Continue o seu caminho em direção a


Loulé. Cerca de cinco quilómetros depois
de Salir, vire à esquerda na direção de
Querença e mantenha­‑se nessa estrada
até encontrar indicada, à esquerda, a
Fonte de Benémola. Existem, nesse local,
Rua florida de Salir espaço para estacionar o carro e algumas

140
A Percurso 16

mendar prudência com as brincadeiras


sobre as pedras. Muitas vezes, estão
cobertas por uma camada de algas muito
escorregadias.

Querença

Mantenha intacto o apetite desperto por


este saudável exercício e, depois de reto-
mar o carro, continue até Querença, onde
encontrará alguns bons restaurantes e
apetecíveis especialidades locais. Tam-
bém já vai sendo tempo de provar uma
boa aguardente de medronho, apanhado
nos matagais da região e destilado nos
tradicionais e insubstituíveis alambiques
Igreja de Nossa Senhora da Assunção, Querença de cobre.

indicações sobre o percurso pedestre, Em Querença, visite a Igreja de Nossa


que é circular e cobre uma distância de Senhora da Assunção, com o seu portal
cerca de cinco quilómetros. manuelino do séulo XVI. Tanto a igreja
como o espaço envolvente foram arranja-
Esta área protegida está inserida num dos e são um ótimo ponto de partida para
magnífico trecho do barrocal algarvio. explorar as pequenas e bem preservadas
Grande parte do trilho pedestre acom- ruas adjacentes. No largo da igreja, existe
panha as margens da Ribeira de Menalva, um cruzeiro assente sobre uma rocha
e toda a zona tem uma densa vegetação. calcária. Para uma amostra dos licores,
Aqui e ali, encontram­‑se antigas estrutu- compotas e aguardentes locais, dirija­‑se
ras agrícolas (levadas, noras e moinhos de à última porta do largo, ao lado do res-
água), ainda que, maioritariamente, em taurante, e suba as escadas que o levam
mau estado de conservação. à Farrobinha.

Perto do açude, fica a Fonte de Bené-


mola, onde um jorro borbulhante de água Loulé
límpida surge junto ao leito da ribeira.
A água é encaminhada para a ribeira atra- Já em Loulé, uma das maiores cidades
vés de uma antiga levada, que outrora a interiores do Algarve, vale a pena dar
transportava até às hortas e pomares do uma vista de olhos ao Museu Municipal
Vale de Benémola. Experimente sentar­‑se de Arqueologia. Apesar de pequeno, está
mesmo por cima da nascente e verá como muito bem apresentado, e aí se encon-
é agradável este jacuzzi verdadeiramente tram expostas algumas pedras tumulares
ecológico. (estelas funerárias) e muitas peças pré­
‑históricas recolhidas nas redondezas.
As crianças também dispõem de bons O  museu localiza‑se no centro histórico
locais para nadar, embora se deva reco- e está instalado na antiga alcaidaria,

141
A Algarve

dourada e o altar de mármore de várias


cores merecem, por si só, uma visita.

Local: Rua da Igreja, São Lourenço.


Contacto: 289 395 451.

Centro Cultural de São Lourenço


Um pouco abaixo, poderá visitar o Centro
Cultural de São Lourenço, onde se reali-
zam, com frequência, exposições tem-
porárias de artistas plásticos nacionais e
estrangeiros, bem como espetáculos e
conferências. Também aí pode adquirir
diversas obras de arte ou passar algum
tempo sob a sombra fresca do pequeno
jardim. Trata­‑se de um empreendimento
Escultura no Centro Cultural de São Lourenço privado, mas de entrada livre.

encostada à muralha. O bilhete de Local: Rua da Igreja, São Lourenço.


entrada permite­‑lhe também visitar a Contacto: 289 395 475.
reconstituição de uma cozinha tradicional
algarvia e as muralhas do castelo.
Vilamoura
Local: Rua Dom Paio Peres Correia, 17.
Contacto: 289 400 600. Depois de um pequeno, mas inevitá-
vel, percurso na EN125 no sentido de
Repare também no centenário edifício do Albufeira, vire à esquerda, na direção
mercado municipal, de estilo árabe. da Quarteira, e fuja ao trânsito pela
chamada Estrada de Quarteira, até
Vilamoura. Depois, siga na direção do
Almancil centro, até encontrar as placas de sinali-
zação que indicam as ruínas romanas.
Cerca de nove quilómetros depois de sair
de Loulé, chegará a Almancil, onde deve Ruínas romanas do Cerro da Vila
procurar a saída para Faro. Chegando à Esta estação arqueológica merece uma
freguesia de São Lourenço, a três qui- visita. No exterior, poderá observar as
lómetros de Almancil, encontrará dois ruínas de uma casa romana nobre, a villa,
polos de interesse. constituída por balneários, tanques de
salga de peixe, fundações de uma torre
Igreja de São Lourenço funerária e uma zona portuária que, em
De arquitetura barroca e construção ante- épocas remotas, se encontrava ligada ao
rior ao século  XVI, esta igreja apresenta mar. Observe atentamente os pavimen-
um interior integralmente revestido de tos de mosaicos policromáticos.
extraordinários painéis de azulejos azuis
e brancos, de 1730, representando cenas Já dentro do edifício do museu, estão
da vida do santo. A capela­‑mor em talha expostos diversos artefactos e outras

142
A Percurso 16

peças arqueológicas recuperadas nas Para o visitar, entre pelos grandes por-
escavações, algumas delas em ótimo tões que dão acesso ao Centro Despor-
estado de conservação. tivo e Hípico ou contorne este centro
por fora e entre diretamente no parque.
A informação disponível é abundante Poderá fazê­‑lo a pé, de bicicleta ou a
e precisa e engloba os vários aspetos cavalo (é possível alugá­‑lo no centro
de ordem geográfica e geológica que hípico). Encontrará aqui um observa-
determinaram, na altura, a localização da tório de aves, de onde terá uma ótima
villa, que hoje parece tão absurdamente perspectiva sobre a lagoa e as várias
longe do mar. espécies de aves que a povoam. Se tiver
sorte, até poderá avistar algumas lontras
Local: Av. do Cerro da Vila, Vilamoura. e cágados. Por aqui abundam também
Contacto: 289 312 153. os terrenos agrícolas e as zonas húmi-
das, onde predomina o caniçal. Dada a
extensão do parque, não se esqueça de
trazer água, chapéu, calçado confortável
e protetor solar.

Contacto: 289 310 900.

Regresse depois a Albufeira evitando o


tráfego da EN125 pela Estrada de Albu-
feira, que segue sempre pela costa. Para
não se perder, lembre­‑se de que tem de
Pormenor dos pavimentos de mosaicos virar junto da discoteca Kadoc.
no Cerro da Vila.

Parque Ambiental de Vilamoura


Saia da estação arqueológica na dire-
ção da EN125 e, antes de lá chegar, vire
à esquerda para a Estrada de Albufeira.
Ao chegar à Estalagem da Cegonha,
encontrará uma indicação è esquerda para
o parque ambiental. O Centro de Estu-
dos da Natureza e do Ambiente (CENA)
funcionava no edifício junto à rotunda,
mas está atualmente desactivado. Ainda
assim, poderá valer a pena passar por lá
para obter um mapa do parque.

O Parque Ambiental de Vilamoura, loca-


lizado nas proximidades da Ribeira de
Quarteira, é uma área protegida com
200 hectares e está classificado como
Reserva Agrícola e Reserva Ecológica
Nacional. Parque Ambiental de Vilamoura

143
A Algarve

E
EXTENSÃO: 85 km sta é uma das zonas mais atrativas de todo
Faro o Algarve. Só pelo paraíso que é a Reserva
Natural da Ria Formosa já valia a pena o pas-
Ruínas de Milreu
seio. Mas este percurso, com cerca de 85 quiló-
São Brás de Alportel
metros, oferece-lhe mais algumas alternativas. Partindo
Pego do Inferno de Faro, onde poderá visitar alguns museus, o itinerário
Tavira cobre uma boa parte da zona a leste desta cidade, até
Ilha de Tavira Tavira, desvendando-lhe algumas atrações naturais de
Santa Luzia rara beleza.
Pedras d’El Rei
Pego do Inferno
Torre de Aires São Brás
de Alportel Sta. Catarina
Quelfes da Fonte do Bispo Tavira

OIhão Santa
Ilha de Tavira
Ruínas Luzia
de Milreu
Faro Pedras
Estói
d’El Rei
Torre
Quelfes de Aires

Olhão
Faro

Em Faro passar alguns momentos agradáveis com


toda a família. A sul deste jardim, localiza-
Na Praça D. Francisco Gomes, junto à doca, -se a mais bela das portas da cidade velha,
existe um jardim com um pequeno parque o Arco da Vila, com uma estátua de São
infantil e várias esplanadas, onde poderá Tomás de Aquino em mármore branco.
A partir deste arco, inicie um pequeno e
agradável passeio a pé pela zona velha
da cidade, designada por Vila Adentro e
rodeada de muralhas medievais. Irá passar,
seguramente, pela sé catedral. Do topo da
torre, subidos os 68 degraus, avista-se uma
bonita paisagem sobre a ria… e sobre os
ninhos das cegonhas nas torres dos sinos.
Depois, volte à doca, onde poderá explo-
rar dois interessantes museus: o Centro
Ciência Viva e o Museu Marítimo.

Centro Ciência Viva do Algarve


Fica junto aos Bombeiros Voluntários,
num edifício onde, até finais dos anos 30
do século passado, funcionou a Central
Torre sineira da sé, com o omnipresente ninho de cegonha Eléctrica de Faro.

144
A Percurso 17

Aqui encontrará uma exposição intera- Não é nada interativo, mas é, sem dúvida,
tiva consagrada ao mar, bem como dois muito educativo.
aquários (um com corais e outro com
fauna submarina local), além de alguns Local: Capitania de Faro,
microscópios para observar o plâncton Rua da Comunidade Lusíada.
e um minilaboratório de aquariologia. Contacto: 289 894 990.
No Apalpário é possível tocar várias espé-
cies de peixes, moluscos, bivalves e algas. Igreja do Carmo
Siga agora para o centro, na direção do
Este museu de conceito moderno inclui Largo do Carmo. Partindo da praça junto
ainda o Espaço Júnior, onde decorrem à doca, suba a Rua 1.º de Maio e depois
diversas atividades para crianças e exis- vire à esquerda quando chegar à Praça
tem computadores ligados à Internet Ferreira de Almeida. Passe pela graciosa
que podem ser usados pelos visitantes. fachada da Igreja de São Pedro e siga
No primeiro andar, durante o dia, poderá depois para a Igreja do Carmo, uma majes-
observar o Sol com o auxílio de potentes tosa construção barroca, que domina, do
telescópios e, nas noites de verão, os res- alto, o largo com o mesmo nome. A sua
tantes corpos celestes. Noutras épocas Capela dos Ossos foi construída em 1816,
do ano, é necessária marcação prévia. utilizando mais de mil ossadas e caveiras,
desenterradas do cemitério da igreja.
Local: Rua Comandante Francisco Manuel. Consta que o bispo considerava que os
Contacto: 289 890 920. ossos eram mais eficazes e baratos do
que o tijolo e a argamassa.
Museu Marítimo
Almirante Ramalho Ortigão Local: Largo do Carmo.
No lado oposto da doca encontrará, Contacto: 289 824 490.
no edifício da Capitania do Porto de Faro,
o Museu Marítimo.

Apesar de o espaço onde está instalado


ser relativamente exíguo, este museu
permite obter um panorama bastante
completo da faina marítima algarvia e
de outras regiões do país. Dispõe de
miniaturas perfeitas de barcos de pesca
e outras embarcações, complementadas
por utensílios e aparelhos em tamanho
real, como, por exemplo, vários modelos
de redes. Ficará ainda a conhecer, entre
outros, a murejona, a adiça e a tarrafa. Nas
paredes, encontram-se diversos quadros
com representações das principais espé-
cies de peixes e marisco de região.

Embora antiquado na forma de apresen-


tação, trata-se de um excelente museu. Capela dos Ossos, na Igreja do Carmo

145
A Algarve

Estoi coloridos. Note que a temática marí-


tima está bem patente na decoração de
Saia de Faro na direção de São Brás de todo o conjunto, em especial no templo,
Alportel (indicado apenas por S. Brás) e dedicado às divindades aquáticas.
Estoi.
Local: Estoi.
Ruínas de Milreu Contacto: 289 997 823.
Passados cerca de oito quilómetros, vire à
direita em direção a Estoi. Pouco depois, Em Estoi são também muito conhecidos
começará a encontrar indicações para as o palácio, de estilo rococó, agora conver-
Ruínas de Milreu. Há um pequeno parque tido em pousada, e os seus jardins, reple-
de estacionamento à entrada, mas o mais tos de estátuas e motivos de azulejaria.
provável é que esteja cheio. Se assim for,
terá de estacionar na beira da estrada.
São Brás de Alportel
Classificadas desde 1910 como Monu-
mento Nacional, as ruínas estão inseridas Chegando a São Brás, cidade pacata que
no Programa dos Itinerários Arqueológi- foi, em tempos, a residência dos bispos
cos do Alentejo e Algarve. As constru- do Algarve e um conhecido centro de
ções da villa romana datam do século  I produção de cortiça, procure a indicação
ao IV d.C. e eram constituídas por instala- Museu Etnográfico.
ções agrícolas, uma residência senhorial,
um templo e instalações termais. O Museu Etnográfico do Trajo Algar-
vio está instalado na Casa da Cultura
Contemple com especial atenção os António Bentes, antiga mansão de um
mosaicos, sobretudo os que ornamentam rico comerciante de cortiça. O próprio
os muros do edifício religioso e as pare- edifício mereceria, por si só, uma visita:
des da banheira, representando peixes repare nos tetos de madeira muito traba-
lhados e nas gelosias de algumas portas
exteriores. Mas o museu expõe também
mais de 15 mil peças representativas dos
trajos de toda a região algarvia, desde o
barrocal e serra até à orla marítima, além
de percorrer todas as classes sociais e
atividades profissionais. Ainda dentro
do museu, não deixe de visitar a cozinha
tradicional algarvia.

Encontrará, na área exterior, uma coleção


constituída por veículos tradicionais, puxa-
dos por animais, como o trem de passeio
das gentes ricas ou o carro aguadeiro.
Nas antigas cavalariças, hoje restaura-
das, estão expostos vários equipamentos
próprios destas instalações, bem como
Ruínas de Milreu diversas alfaias agrícolas e outros acessó-

146
A Percurso 17

rios campestres antigos. Poderá ver uma


exposição e um curto filme que ilustram
todas as fases da exploração da cortiça,
desde a extração feita dos sobreiros até à
produção de rolhas e outros objetos.

Local: Rua Dr. José Dias Sancho, 61.


Contacto: 289 840 100.

Ainda em São Brás, pode fazer uma boa


caminhada de cerca de dois quilóme-
tros, percorrendo dois troços da calçada
romana que, antigamente, fazia a liga-
ção entre Faro e a serra algarvia. Pare o
carro junto à igreja matriz e encontrará,
entre esta e a residência episcopal, uma
viela que dá acesso à referida via, deno-
minada localmente Calçadinha. É preciso
caminhar um pouco até encontrar a des- Calçada romana, São Brás
coberto a antiga calçada, que é possível
seguir até à atual estrada para Faro. O pri- ponte de madeira que atravessa a Ribeira
meiro troço, com cerca de 100 metros, de Alportel, dando acesso a um caminho
vai até à EN125. Pouco depois começa que o levará até uma laguna, ou pego,
o segundo troço, com 500 metros. onde a ribeira se precipita, formando
uma magnífica cascata. A este local para-
disíaco chamam localmente o Pego do
Pego do Inferno Inferno, devido à grande profundidade
da lagoa criada pela cascata. Um pouco
Siga viagem em direção a Tavira. A estrada abaixo, o caudal é engrossado pela
encontra-se em bom estado, com uma Ribeira da Asseca, formando um curso de
paisagem que vai alternando entre a serra água que atravessa Tavira, o Rio Gilão.
muito arborizada e as planícies com char-
necas de mato pouco denso. Se considerar que há condições para
tal, talvez possa aproveitar para fugir ao
Poucos quilómetros depois de passar impiedoso sol do verão algarvio, refres-
Fonte do Bispo, vire à esquerda na direção cando-se nas águas frescas da cascata.
de Asseca e Pego do Inferno. Passados No entanto, preste atenção às crianças,
dois ou três quilómetros, vire novamente ou a quem não saiba nadar bem, já que,
à esquerda, seguindo a indicação para em algumas zonas, a laguna é bastante
Moinhos de Rocha e Pego do Inferno. profunda, ficando-se rapidamente “fora
Cerca de um quilómetro adiante, virando de pé”.
à direita, encontrará um local para estacio-
namento, onde pode deixar o carro. Ao longo do percurso, de densa vegeta-
ção, encontrará vários miradouros e ban-
Após uma caminhada entre laranjais, irá cos onde poderá parar para descansar
encontrar uma esplanada e, a seguir, uma e apreciar a paisagem.

147
A Algarve

Tavira

Tavira dade da ria. Tal como em Faro, os telha-


dos típicos, ainda muito comuns, não
Continue na direção de Tavira, se possí- são as características açoteias algarvias,
vel pela estrada que acompanha o rio. mas sim os telhados de quatro águas (do
Ao  chegar, tente estacionar perto do tesouro ou de tesoura). De inspiração
centro e percorrer a zona histórica da oriental e forma piramidal, estes telhados
cidade a pé. Acompanhe a marginal até permitem aumentar a circulação de ar
ao antigo mercado, agora ocupado por nas habitações, tornando-as mais frescas
restaurantes e pequenas lojas. no verão e isolando o frio no inverno.

Durante séculos, e até ao início dos anos Existem também muitas igrejas interes-
70 do século passado, Tavira viveu depen- santes, mas a maior parte está fechada ao
dente da pesca do atum. Os enormes público. Quando visitámos Tavira, apenas
peixes eram apanhados com aparelhos era possível entrar na Capela de Santa
de rede e depois puxados para bordo Ana e na Igreja da Misericórdia. Esta
dos barcos com ganchos de ferro. Era última é uma construção renascentista, do
um espetáculo impressionante: os peixes século XVI, e fica na Rua da Galeria, junto
agitavam-se na água, cercados pelos bar- ao acesso ao castelo subindo a partir da
cos com a borda cheia de homens ensan- Praça da República. Os azulejos do inte-
guentados que puxavam para bordo, rior representam as obras de misericórdia.
ritmadamente, peixes maiores do que
eles. Compreende-se, por isso, que se Antes de partir, atravesse a ponte romana,
chamasse a esta faina a tourada do mar. apenas para peões, e aprecie a vista sobre
o rio e a cidade. Esta ponte encontra-
Tavira mantém um charme inegável, tanto -se na zona de fronteira entre o Rio Gilão
pela sua arquitetura como pela proximi- e o Séqua.

148
A Percurso 17

Ilha de Tavira vel pela pequena ponte pedestre que, a


cerca de 1,5 quilómetros da praia, a liga a
A partir de Tavira faça um passeio à ilha Pedras d’El Rei. Por via das dúvidas, não
com o mesmo nome, onde existe uma se esqueça de confirmar primeiro o horá-
ótima praia. Os barcos que asseguram a rio do último barco de regresso a Tavira…
travessia, de apenas alguns minutos, par-
tem de Quatro Águas, sensivelmente de
hora a hora, entre as 9h00 e as 12h00 e Santa Luzia
depois a partir das 14h00 e até às 16h45.
No verão, também há barcos a partir do Prossiga a sua viagem na direção de Santa
porto de pesca, no centro. Luzia. Já na povoação, vire na segunda
via à esquerda, onde está indicado lota e
O cais de embarque de Quatro Águas fica praia, entrando na avenida principal, junto
a uns dois quilómetros de Tavira, na dire- à ria, onde pode estacionar o carro.
ção do mar, e o caminho faz-se por uma
estrada que atravessa parte do sapal e das A atividade piscatória desta povoação é
salinas repletas de aves aquáticas, que exclusivamente dedicada à apanha do
podem ser facilmente observadas e foto- polvo, para consumo interno e, sobretudo,
grafadas, estacionando o carro à berma para exportação. Para o efeito, utilizam-se
da estrada. Mas não tente sair para as ver instrumentos de pesca tradicionais, como
melhor – ao mínimo ruído de abertura da os alcatruzes, os covos e as murejonas:
porta, dá-se logo uma debandada geral! – os alcatruzes, pequenos potes de barro,
estão, parece, em declínio, devido ao
Já na ilha, pode instalar-se logo na mar- preço elevado e à escassez. É pena, por-
gem virada para a ria ou andar um pouco que eram justamente as pilhas de alcatru-
até à praia de mar – inevitavelmente, zes à beira da avenida que davam a Santa
a mais concorrida. No entanto, só aí Luzia um aspeto pitoresco único;
encontrará restaurantes, balneários, bares – os covos são armadilhas de rede, agora
e outras estruturas de apoio. plástica, muito mais baratos do que os
alcatruzes. Apesar de feios, parece que
Se aprecia grandes caminhadas, tem um se têm revelado, nos últimos anos, muito
areal imenso para explorar: seis quilóme- eficientes;
tros até à Praia do Barril, também acessí- – as murejonas são armadilhas arredon-
dadas, fabricadas com arame de aço pro-
veniente do desfiamento dos cabos de
velhas amarrações.

Os polvos capturados são descarrega-


dos de manhã e vendidos na lota, que
fica mais ou menos a meio da avenida,
junto ao cais. Poderá visitá-la todos os
dias úteis, entre as 8h00 e as 14h00, mas
a maior animação é a partir das 12h30.
Encontrará por aqui muitos utensílios de
pesca e muitos pescadores que poderão
Covos usados na apanha do polvo explicar-lhe como funcionam.

149
A Algarve

Durante a baixa-mar, repare nos carangue- não quiser caminhar mais um quilómetro
jos que patrulham o lodo, escondendo-se e meio até à praia.
em tocas subterrâneas ao mínimo sinal
de perigo. São os caranguejos-violinistas, Torre de Aires
assim designados porque os machos cha- Retomando o carro e atravessando
mam incessantemente as fêmeas com uma Pedras d’El Rei, chega-se novamente à
das pinças (bocas), que é muito desenvol- EN125. Vire à esquerda em direção a Faro
vida, dando a impressão de estarem a tocar e, à saída de Luz de Tavira, torne a virar à
violino. Na região, costumam apanhá-los esquerda, para onde está indicada a Torre
para lhes retirar esta pinça sobredimen- de Aires. Trata-se de uma torre medieval
sionada, libertando depois o animal que, restaurada, com uma zona de lazer e par-
mais tarde, volta a gerar uma nova pinça. ques de estacionamento anexos. Fica
muito próxima da estrada, mas entre a
Há um caminho à beira-ria, que vai de estrada e a ria há imenso espaço para
Santa Luzia a Pedras d’El Rei, com cerca passear a pé ou de bicicleta.
de dois quilómetros. Assim, o cheiro
intenso do sapal e a paisagem tranquila
da ria podem ser devidamente aprecia- Olhão
dos num longo passeio a pé. Há bancos
ao longo de todo o percurso e candeeiros De regresso à EN125, siga na direção de
de iluminação pública. No final, já junto Faro. Um pouco antes de chegar a Olhão,
ao aldeamento turístico de Pedras d’El vire à esquerda, junto a uma bomba de
Rei, poderá atravessar a pé a pequena gasolina, e vá seguindo as indicações
ponte que o levará até ao Barril. Do lado para o Parque Natural da Ria Formosa,
de lá existe um minicomboio, para quem cuja entrada irá encontrar, do seu lado

PARQUE NATURAL DA RIA FORMOSA

Localizado entre o Ancão e a Manta A importância desta zona é confirmada


Rota e limitado, a sul, por um cordão pela inclusão na lista de zonas húmidas
dunar formado por duas penínsulas e definida pela Convenção sobre Zonas
cinco ilhas-barreira, o Parque Natural Húmidas de Importância Internacio‑
da Ria Formosa extende-se por cerca nal, especialmente como Habitat de
de 18 400 hectares, dos quais 3600 Aves Aquáticas. Aqui buscam abrigo,
estão permanentemente inundados. durante o inverno, várias espécies de
Grande parte do seu interesse deve-se aves provenientes do Norte da Europa.
ao número de habitats que aí coexis‑ É uma importante zona de passagem
tem: sapais, restingas, bancos de areia para as migrações entre o Norte da
e de vasa, dunas, salinas, pisciculturas, Europa e a África e possibilita a nidi‑
lagoas de água doce e salobra, cur‑ ficação de espécies cujos habitats têm
sos de água, vegetação ripícola, áreas vindo a regredir. Além disso, abriga
agrícolas, matas e pinhais. Esta riqueza espécies raras em Portugal, como o
reflete-se, naturalmente, na sua flora caimão-comum ou a galinha-sultana
e fauna. (Porphyrio porphyrio).

150
A Percurso 17

esquerdo, pouco depois de passar a linha


de caminho-de-ferro.

Centro de Educação
Ambiental de Marim
Com cerca de 60 hectares, o centro faz
parte do Parque Natural da Ria Formosa
e dispõe de um trilho de descoberta
da natureza com cerca de três quiló-
metros, que demora, em média, duas
a três horas a  percorrer. O percurso é
realizado com mapa e existem diversas
placas informativas que permitem a qual-
quer leigo explorar bem todo o espaço,
simultaneamente recreativo e educativo. Zona ribeirinha de Olhão
Poderá ver os principais ecossistemas da
ria, ou seja, sapal, dunas, salinas, pinhais, Se passar pela Igreja de Nossa Senhora
charcos de água doce e agricultura do Rosário, junto à Praça da Restaura-
tradicional. ção, dirija-se à parte traseira e dê uma
espreitadela aos ex-votos expostos na
Existe também um observatório de aves, capelinha de Nossa Senhora dos Aflitos,
um canil de cão de água português, constituídos, essencialmente, por peças
ruínas romanas e um centro de recupera- em cera, representando pernas, mãos,
ção de aves. cabeças e outros órgãos, objeto de agra-
decimento por eventual cura divina. Era
No centro interpretativo existe um auditó- aqui que vinham rezar as mulheres dos
rio, meios audiovisuais e área de exposi- pescadores de Olhão pelos seus homens
ção. Aí poderão ser adquiridas várias publi- que se encontravam no mar.
cações e material de divulgação sobre o
parque e a conservação da Natureza. Depois de calcorrear as ruas vedadas ao
trânsito, tome uma bebida numa espla-
Local: Quelfes, Olhão. nada junto ao mercado, com uma desa-
Contacto: 289 700 210. fogada vista para o mar.

Bairro dos Pescadores Junto ao Jardim Patrão Joaquim Lopes,


Chegando a Olhão, siga em direção à do lado do porto, encontrará o cais de
zona ribeirinha, passando pelo porto. embarque dos barcos que fazem a liga-
Estacione perto do mercado, dois gran- ção com as ilhas de Armona, Culatra e
des edifícios de tijolo maciço, e dê um Farol. Considere a possibilidade de fazer
pequeno passeio pelo bairro antigo, um agradável passeio pela ria e, eventual-
conhecido por Bairro dos Pescadores. mente, dar um mergulho numa das praias
Preste especial atenção às casas de forma aí existentes.
cúbica característica, cobertas de terraço
(as açoteias), com as platibandas muito Depois disto, resta regressar a Faro, onde
ornamentadas, mostrando claras influên- as esplanadas da zona das docas mantêm,
cias da arquitetura mourisca. ao fim do dia, toda a sua atração.

151
Índice
remissivo

A Barragem
de Alqueva . . . . . . . . . . . . . . 71
Açude do Gameiro . . . . . . . . . 43-44 da Apartadura . . . . . . . . . . . . 23
Adega Cooperativa da Lagoa . . . . .132 do Arade . . . . . . . . . . . . . . .129
Adega de Sines . . . . . . . . . . . . . 89 da Atabueira . . . . . . . . . . . . . 45
Águias . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 da Bravura . . . . . . . . . . . . . . 122
Alandroal . . . . . . . . . . . . . . . . 51 de Campilhas . . . . . . . . . . . . . 92
Albergaria dos Fusos . . . . . . . . . . 63 do Divor . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Albufeira . . . . . . . . . . . . . . . . 136 de Fonte Cerne . . . . . . . . . . . . 92
Albufeira do Maranhão . . . . . . . . . 35 do Funcho . . . . . . . . . . . . . . 129
Alcácer do Sal . . . . . . . . . . . . . . 72 do Lousal . . . . . . . . . . . . . . . 78
Alcáçovas . . . . . . . . . . . . . . . . 61 do Maranhão . . . . . . . . . . . . . 35
Alcalar . . . . . (veja Túmulo de Alcalar) do Monte da Rocha . . . . . . . . .106
Aldeia da Serra . . . . . . . . . . . . . 49 de Morgável . . . . . . . . . . . . . 91
Algar dos Mouros . . . . . . . . . . . 140 de Odivelas . . . . . . . . . . . . . . 63
Algoz . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 de Pego do Altar . . . . . . . . . . . 75
Aljezur . . . . . . . . . . . . . . . . . .117 da Póvoa . . . . . . . . . . . . . . . 17
Aljustrel . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 do Roxo . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Almancil . . . . . . . . . . . . . . . . .142 de Vale de Gaio . . . . . . . . . . . . 75
Almarjão . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Barranco de Pisões . . . . . . . . . . .113
Almodôvar . . . . . . . . . . . . . . . 102 Barril . . . . . . . . . . . . . . . . 149-150
Almograve . . . . . . . . . . . . . . . . 95 Basílica Real de Nossa Senhora
Alpalhão . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 da Conceição . . . . . . . . . . . . 106
Alte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 Beja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Alter do Chão . . . . . . . . . . . . . . 29 Bienal da Pedra . . . . . . . . . . . . . 27
Alter Pedroso . . . . . . . . . . . . . . 30 Boavista dos Pinheiros . . . . . . . . . 99
Alvito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Borba . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Ammaia . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Bordeira . . . . . . . . . . . . . . . . .122
Anta Grande do Zambujeiro . . . . . . 58 Brotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Anta-capela de Nossa Senhora
do Livramento . . . . (veja Anta-capela
. . . . . . . . . . . . . de São Brissos)
C
Anta-capela de São Brissos . . . . . . 60 Cabeço de Vide . . . . . . . . . . . . . 31
Anta-capela de São Dinis . . . . . . . . 42 Cabo de São Vicente . . . . . . . . . 125
Armação de Pêra . . . . . . . . . . . .133 Cabo Sardão . . . . . . . . . . . . . . 98
Arquivo Paes Telles . . . . . . (veja Museu Caeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
. . . da Fundação Arquivo Paes Telles) Café Alentejano . . . . . . . . . . . . . 24
Arraiolos . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Café Diana . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Arrifana . . . . . . . . . . . . . . . . .118 Caldas de Monchique . . . . . . . . .118
Avis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Candieira . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Azinheira dos Barros . . . . . . . . . . 77 Capela
do Arco dos Santos . . . . . . . . . . 32
B do Calvário (Ferreira do Alentejo) . . .
. . . . . . . . . (veja Igreja das Pedras)
Badoca Park . . . . . . . . . . . . . . . 80 do Calvário (Nisa) . . . . . . . . . . . 17
Baía dos Tiros . . . . . . . . . . . 114-115 das Conchas . . . . . . . . . . . 61-62
Barão de São João . . . . . . . . . . .125 de Nossa Senhora da Conceição . . . .
Barrada . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 . . . . . . . (veja Capela das Conchas)

152
Índice
remissivo

de Nossa Senhora de Fátima . . . . 40 de Montemor-o-Novo . . . . . . . . 37


de Nossa Senhora do Mar . . . . . . 99 de Mourão . . . . . . . . . . . . . . 71
das Onze Mil Virgens . . . . . . . . . 73 de Ourique . . . . . . . . . . . . . .105
dos Ossos (Évora) . . . . . . . . . . . 57 de Paderne . . . . . . . . . . . . . .138
dos Ossos (Faro) . . . . . . . . . . .145 de Portel . . . . . . . . . . . . . . . 65
de Santa Ana . . . . . . . . . . . . .148 de Salir . . . . . . . . . . . . . . . .140
de Santa Teresa . . . . . . . . . . . 118 de Santiago do Cacém . . . . . . 79-80
de São Bento . . . . . . . . . . . . . 31 de Silves . . . . . . . . . . . . . . . 127
de São Pedro . . . . . . . . . . . . . 28 de Sines . . . . . . . . . . . . . . 88-89
de São Sebastião . . . . . . . . . . . 95 de Viana do Alentejo . . . . . . . . . 62
Carrapateira . . . . . . . . . . . . . . 123 de Vila Viçosa . . . . . . . . . . . . . 55
Carrasqueira . . . . . . . . . . . . . . . 73 Castro da Cola . . . . . . . . . . . . .105
Casa Castro Verde . . . . . . . . . . . . . . 106
de Aladino . . . (veja Casa dos Corvos) Centro Ciência Viva
dos Arcos . . . . . . . . . . . . . . . 41 do Algarve . . . . . . . . . . . . . .144
dos Corvos . . . . . . . . . . . . . . 83 Centro Ciência Viva (Estremoz) . . . . 47
da Cultura António Bentes . . . . . 146 Centro Ciência Viva (Lousal) . . . . . . 78
da Cultura de Mora . . . . . . . . . . 44 Centro Cultural
do Forno Comunitário . . . . . . . . 26 Manuel da Fonseca . . . . . . . . . . 86
da Memória de Alte . . . . . . . . .138 e Recreativo Dr. José
do Poeta José Régio . . . . . . . . . 24 Lourenço Marques Crespo . . . . . 47
Vasco da Gama . . . . . . . . . . . . 89 de São Lourenço . . . . . . . . . . .142
Casa-Museu José Cercas . . . . . . . 117 Tomás Alcaide . . . . . . . . . . . . . .
Casa-Museu José Régio . . . . (veja Casa . . . (veja Centro Cultural e Recreativo
. . . . . . . . . . do Poeta José Régio) . . Dr. José Lourenço Marques Crespo)
Casa-Museu Manuel Centro de Educação Ambiental
Ribeiro de Pavia . . . . . . . . . . . 43 de Marim . . . . . . . . . . . . . . .151
Cascata Armoreada . . . . . . . . . . . 65 Centro de Interpretação
Castelejo . . . . . . . . . . . . . 123-124 do Megalitismo . . . . . . . . . . . . 19
Castelo de Vide . . . . . . . . . . . . . 17 Cerrado do Castelo . . . . (veja Estação
Castelo . . . Romana do Cerrado do Castelo)
do Alandroal . . . . . . . . . . . . . 51 Cerro da Vila . . . (veja Ruínas Romanas
de Alcácer do Sal . . . . . . . . . . . 73 . . . . . . . . . . . . do Cerro da Vila)
de Aljezur . . . . . . . . . . . . . . .117 Cineteatro Curvo Semedo . . . . . . . 38
de Alter do Chão . . . . . . . . . . . 29 Circuito Arqueológico da Cola . . . . 104
de Alter Pedroso . . . . . . . . . . . 30 Círculo Montemorense . . . . . . . . . 38
de Arraiolos . . . . . . . . . . . . . . 40 Comporta . . . . . . . . . . . . . . . . 74
de Beja . . . . . . . . . . . . . . 83-84 Convento
de Borba . . . . . . . . . . . . . . . 55 das Chagas de Cristo . . . . . . . . 54
de Cabeço de Vide . . . . . . . . . . 31 das Maltesas . . . . . . . . . . . . . 47
de Castelo de Vide . . . . . . . . . . 19 de Nossa Senhora da Orada . . . . . 68
do Crato . . . . . . . . . . . . . . . . 26 de Nossa Senhora de Aracoeli . . . 73
de Estremoz . . . . . . . . . . . . . . 48 Real de São Francisco . . . . . . . . 56
de Loulé . . . . . . . . . . . . . . . 142 de Santo Agostinho . . . . . . . . . 55
de Marvão . . . . . . . . . . . . . . . 21 de Santo António . . . . . . . . . . . 73
de Messejana . . . . . . . . . . . . 86 de Santo António da Piedade . . . . 51
de Milfontes . . . . . . . . . . . . . . 94 de São Bento . . . . . . . . . . . . . 34
de Monsaraz . . . . . . . . . . . . . 67 de São Domingos . . . . . . . . . . 38

153
Índice
remissivo

de São Francisco (Almodôvar) . . . 102 Flor da Rosa . . . . . . . . . . . . . . . 26


de São Francisco (Évora) . . . . . . . 57 Fluviário de Mora . . . . . . . . . . . . 43
de São Paulo . . . . . . . . . . . . . 49 Fóia . . . . . . . . . . . . . . . . . . .113
da Saudação . . . . . . . . . . . . . 37 Fonte
Coudelaria de Alter do Chão . . . . . 30 dos Amores . . . . . . . . . . . . . 118
Crato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 do Besugo . . . . . . . . . . . . . . 37
Cromeleque dos Almendres . . . . . . 59 das Bicas (Borba) . . . . . . . . . . . 55
Cromeleque do Xarez . . . . . . . . . 68 das Bicas (Estremoz) . . . . . . . . . 46
Cruzeiro da Serpente . . . . . . . . . . 53 de Benémola . . . . . . . . . . . . .140
Férrea . . . . . . . . . . . . . . . . .101
E Grande . . . . . . . . . . . . . . . .138
de Nossa Senhora da Conceição . . 37
Ermida de Paderne . . . . . . . . . . . . . .137
de Nossa Senhora da Conceição . . 123 Pequena . . . . . . . . . . . . . . . 138
de Nossa Senhora da Redonda . . . 27 Fortaleza de Sagres . . . . . . . . . . 124
de Nossa Senhora do Bom Sucesso 75 Fortaleza de Santa Catarina . . . . . .131
de Nossa Senhora do Castelo . . . . 85 Forte da Boca do Rio . . . . . . . . . . 94
de Nossa Senhora do Rosário . . . . 69 Forte de São Roque . . . . . . . . . . 19
de Nossa Senhora dos Remédios . . 71 Fronteira . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
de Santa Catarina . . . . . . . . . . . 68 Furnas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
de Santa Margarida . . . . . . . . . 41
de Santo Antoninho . . . . . . . . . 57
de São Bento (Monsaraz) . . . . . . 67
G
de São Bento (Mourão) . . . . . . . 71 Galeria das Damas . . . . . . . . . . . 56
de São Brás . . . . . . . . . . . . . . 41 Galeria de Desenho . . . . . . . . . . 48
de São Pedro (Portel) . . . . . . . . . 65 Grândola . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
de São Pedro Gruta do Escoural . . . . . . . . . . 38-39
(São Pedro das Cabeças) . . . . .107 Gruta do Rossio . . . . . . . . . . . . . 63
de São Sebastião (Águias) . . . . . . 45 Grutas da Galé . . . . . . . . . . . . .137
de São Sebastião (Alvito) . . . . . . 63 Guia . . . . . . . . . . . . . . . . . . .134
de São Sebastião (Evoramonte) . . . 41
de São Sebastião (Pavia) . . . . . . . 43
da Senhora da Rocha . . . . . . . . 133
H
Ervedal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Herdade da Badoca . . . . . . . . . . 80
Ervidel . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 Herdade da Courela . . . . . . . . . . 61
Estação Romana Herdade do Esporão . . . . . . . . . . 70
do Cerrado do Castelo . . . . . . . . 77 Herdade de Roquevale . . . . . . . . . 49
Estoi . . . . . . . . . . . . . . . . . . .146
Estremoz . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Évora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
I
Evoramonte . . . . . . . . . . . . . . . 41 Igreja
do Calvário . . . . . . . . . . . . . . 38
F do Carmo . . . . . . . . . . . . . . .145
dos Congregados . . . . . . . . . . 47
Fábrica do Inglês . . . . . . . . . . . .128 do Espírito Santo (Cabeço de Vide) 31
Fábrica-Museu Robinson . . . . . . . . 24 do Espírito Santo (Nisa) . . . . . . . 17
Faro . . . . . . . . . . . . . . . . . . .144 da Lapa . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Ferreira do Alentejo . . . . . . . . . . 86 da Misericórdia (Albufeira) . . . . . 137

154
Índice
remissivo

da Misericórdia (Arraiolos) . . . . . . 40
da Misericórdia (Beja) . . . . . . . . 83
J-K
da Misericórdia (Monsaraz) . . . . . 67 Janela da Mariana . . . . . . . . . . . 83
da Misericórdia (Tavira) . . . . . . . 148 Jardim da Corredoura . . . . . . . . . 23
da Misericórdia (Vila Viçosa) . . . . . 54 Krazy World . . . . . . . . . . . . . . .135
de Nossa Senhora da Alegria . . . . 19
de Nossa Senhora da Assunção
(Querença) . . . . . . . . . . . . .141
L
de Nossa Senhora da Assunção Lago do Gadanha . . . . . . . . . . . . 46
(Messejana) . . . . . . . . . . . . . 86 Lagoa . . . . . . . . . . . . . . . . . .132
de Nossa Senhora da Conceição . . 86 Lagoa
de Nossa Senhora da Graça . . . . 124 de Melides . . . . . . . . . . . . . . 81
de Nossa Senhora da Vila Velha . . . 32 dos Salgados . . . . . . . . . . . . .134
de Nossa Senhora das Brotas . . . . 44 de Santo André . . . . . . . . . . . . 81
de Nossa Senhora das Neves . . . . 31 de Viseu . . . . . . . . . . . . . . . 135
de Nossa Senhora do Rosário . . . 151 Lagos . . . . . . . . . . . . . . . . . .120
de Nossa Senhora dos Remédios . 106 Loulé . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
Paroquial de Santa Margarida . . . . 87 Lousal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
das Pedras . . . . . . . . . . . . . . 86
do Salvador . . . . . . . . . . . . . . 40
de Santa Clara . . . . . . . . . . . . 65
M
de Santa Maria (Estremoz) . . . . . . 48 Manufactura de Tapeçaria
de Santa Maria (Marvão) . . . . . . . 21 de Portalegre . . . . . . . . . . . . . 24
de Santa Maria da Feira . . . . . . . 83 Maria Vinagre . . . . . . . . . . . . . .114
de Santa Maria da Lagoa . . . . . . 67 Marvão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
de Santa Maria do Bispo . . . . . . . 38 Mata Nacional de Barão
de Santiago (Alcácer do Sal) . . . . . 73 de São João . . . . . . . . . . . . . 125
de Santiago (Estremoz) . . . . . . . . 48 Menir
de Santiago (Monsaraz) . . . . . . . 67 dos Almendres . . . . . . . . . . 59-60
de Santiago (Montemor-o-Novo) . . 37 da Bulhoa . . . . . . . . . . . . . . . 69
de Santo Amaro . . . . . . . . . . . 83 do Outeiro . . . . . . . . . . . . . . 69
de Santo Antão . . . . . . . . . . . . 57 da Rocha dos Namorados . . . . 69-70
de Santo António (Lagos) . . . . . .121 Mercado de Escravos . . . . . . . . . 121
de Santo António (Ourique) . . . . .106 Mesas do Castelinho . . . . . . . . . .104
de São Bartolomeu . . . . . . . . . . 54 Messejana . . . . . . . . . . . . . . . . 86
de São Francisco (Estremoz) . . . . . 46 Mexilhoeira Grande . . . . . . . . . . 130
de São Francisco (Évora) . . . . . . . 57 Mina de Algares . . . . . . . . . . . . . 85
de São Francisco . . . . . .[veja Ermida Mina Juliana . . . . . . . . . . . . . . . 84
. . . . . . . de São Sebastião (Pavia)] Miradouro da Senhora da Penha . . . 17
de São Lourenço . . . . . . . . . . .142 Miradouro Ramiro Sobral . . . . . . . 105
de São Pedro . . . . . . . . . . . . .145 Miróbriga . . . . . . . . . . . . . . . . 79
de São Roque . . . . . . . . . . . . . 19 Moinho
de São Salvador do Mundo . . . . . 19 de água da Pontinha . . . . . . . . . 29
de São Sebastião . . . . . . . . . . 136 da Arregata . . . . . . . . . . . 114, 116
Igrejinha . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 das Cumeadas . . . . . . . . . . . . 79
Ilha do Pessegueiro . . . . . . . . . . . 90 do Poucochinho . . . . . . . . . . .114
Ilha de Tavira . . . . . . . . . . . . . .149 Monchique . . . . . . . . . . . . . . .112
Insectozoo . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Monsaraz . . . . . . . . . . . . . . . . 66

155
Índice
remissivo

Monte da Tumba . . . . . . . . . . . . 75 Municipal de Marvão . . . . . . . . . 21


Monte dos Amantes . . . . (veja Percurso Municipal Pedro Nunes . . . . . . . 73
Megalítico do Monte dos Amantes) Municipal de Portalegre . . . . . . . 25
Montemor-o-Novo . . . . . . . . . . . 36 Municipal de Santiago do Cacém . . 80
Mora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Municipal Severo Portela
Mosteiro de Flor da Rosa . . . . . . . . 26 (Almodôvar) . . . . . . . . . . . .103
Mosteiro de São Bernardo . . . . . . . 23 de Portimão . . . . . . . . . . . . . 131
Mourão . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 de Sines . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Museu do Vinho . . . . . . . . . . . . . . . 51
Agrícola (Herdade da Courela) . . . 61 Regional Rainha Dona Leonor . . . . 83
Antoniano . . . . . . . . . . . . . . 117 Robinson . . . . . (veja Fábrica-Museu
de Armaria . . . . . . . . . . . . . . 54 . . . . . . . . . . . . . . . . Robinson)
de Arqueologia (Montemor-o-Novo) 38 Rural (Estremoz) . . . . . . . . . . . . 47
de Arqueologia (Vila Viçosa) . . . . . 55 Silvestre . . . . . . . . . . . . . . . . 29
de Arte Sacra (Évora) . . . . . . . . . 57
de Arte Sacra (Monsaraz) . . . . . . 67
de Arte Sacra (Redondo) . . . . . . . 49 N
de Arte Sacra (Vila Viçosa) . . . . . . 54 Necrópole da Serra das Penas . . . . . 31
de Arte Sacra e Arqueologia
Nisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
(Vila Alva) . . . . . . . . . . . . . . 64
Núcleo Rural de Ervidel . . . . . . . . 86
de Avis . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
do Brinquedo . . . . . . . . . . . . . 57
de Caça . . . . . . . . . . . . . . . . 55 O
dos Coches . . . . . . . . . . . . . . 54
Odemira . . . . . . . . . . . . . . . . 100
da Cortiça . . . . . . . . . . . . . . 128
Olaria de Porches . . . . . . . . . . . 133
do Chocalho . . . . . . . . . . . . . 62
Olhão . . . . . . . . . . . . . . . . . .150
da Escrita do Sudoeste . . . . . . . 103
Ourique . . . . . . . . . . . . . . . . .105
Etnográfico (Torrão) . . . . . . . . . 75
Outeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Etnográfico do Trajo Algarvio . . . .146
Etnográfico e Arqueológico
(Santa Clara-a-Nova) . . . . . . . 104 P
de Évora . . . . . . . . . . . . . . . . 59
da Fundação Arquivo Paes Telles . . 33 Paço
da Lucerna . . . . . . . . . . . . . .106 dos Alcaides (Arraiolos) . . . . . . . 40
do Mármore . . . . . . . . . . . . . . 53 dos Alcaides (Montemor-o-Novo) 37-38
Marítimo Almirante Ducal . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Ramalho Ortigão . . . . . . . . . 145 de Evoramonte . . . . . . . . . . . . 42
Mineiro (Lousal) . . . . . . . . . . . . 77 dos Gamas . . . . . . . . . . . . . . 65
Municipal de Aljezur . . . . . . . . .117 dos Governadores Militares . . . . . 89
Municipal de Aljustrel . . . . . . . . 85 do Prior-Mor . . . . . . . . . . . . . 35
Municipal de Arqueologia Paços da Audiência . . . . . . . . . . . 67
(Albufeira) . . . . . . . . . . . . .136 Paderne . . . . . . . . . . . . . . . . .137
Municipal de Arqueologia (Loulé) . 141 Padrão dos Descobrimentos . . . . . 124
Municipal de Arqueologia (Silves) . 127 Palácio
Municipal do Crato . . . . . . . . . . 25 do Álamo . . . . . . . . . . . . . . . 29
Municipal Prof. Joaquim Vermelho . 49 dos Condes de Vimieiro . . . . . . . 42
Municipal Dr. José Formosinho . . . 121 de D. Manuel . . . . . . . . . . . . . 56
Municipal de Ferreira do Alentejo . . 87 de Estoi . . . . . . . . . . . . . . . .146

156
Índice
remissivo

Parque
das Águas . . . . . . . . . . . . . . . 99
Q
Ambiental de Vilamoura . . . . . . .143 Quatro Águas . . . . . . . . . . . . . .149
Biológico da Serra de Silves . . . . 126 Queda d’água do Vigário . . . . . . .139
Ecológico do Açude do Gameiro . . 43 Quelfes . . . . . . . . . . . . . . . . .151
de Merendas da Santinha . . . . . .118 Querença . . . . . . . . . . . . . . . .141
da Mina . . . . . . . . . . . . . . . .119 Quinta pedagógica (Portimão) . . . . 131
Natural da Ria Formosa . . . . 150-151
Zoológico de Lagos . . . . . . . . .125 R
Passeio do Mestre de Avis . . . . . . . 35
Recinto Megalítico
Pavia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
da Portela de Mogos . . . . . . . . . 39
Pedra da Agulha . . . . . . . . . . . .118
Redondo . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Pedras d’El Rei . . . . . . . . . . 149-150
Reguengos de Monsaraz . . . . . . . . 70
Pego do Inferno . . . . . . . . . . . . 147
Ribeira de Brotas . . . . . . . . . . . . 44
Pego das Pias . . . . . . . . . . . . . .101 Ribeira do Raia . . . . . . . . . . . . . 43
Percurso Megalítico do Monte Ribeira de Seda . . . . . . . . . . . . . 29
dos Amantes . . . . . . . . . . . . .124 Rio de Figueira . . . . . . . . . . . . . 80
Peroguarda . . . . . . . . . . . . . . . 87 Rio Sever . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Pico de Fóia . . . . . . . . . . . . . . 113 Rocha da Pena . . . . . . . . . . . . .139
Pico da Picota . . . . . . . . . . . . . 119 Rocha dos Namorados . . . . (veja Menir
Picota . . . . . . . . . . . . . . . . . .119 . . . . . . . da Rocha dos Namorados)
Pisões . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Rocha, A . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Ponta da Arrifana . . . . . . . . . . . .118 Rogil . . . . . . . . . . . . . . . . . . .114
Ponte de Sor . . . . . . . . . . . . . . 28 Ruínas de Milreu . . . . . . . . . . . .146
Porches . . . . . . . . . . . . . . . . .133 Ruínas Romanas de Ammaia . . . . . . 22
Porta da Ravessa . . . . . . . . . . . . 51 Ruínas Romanas do Cerro da Vila . . . 142
Portagem . . . . . . . . . . . . . . 19, 22
Portalegre . . . . . . . . . . . . . . . . 23 S
Portel . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Portimão . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Sagres . . . . . . . . . . . . . . . . . .124
Porto Covo . . . . . . . . . . . . . . . 89 Sala do Capítulo . . . . . . . . . . . . 83
Porto das Barcas . . . . . . . . . . . .101 Sala-Museu Sub-Tenente Piteira . . . . 40
Salir . . . . . . . . . . . . . . . . . . .140
Praça do Giraldo . . . . . . . . . . . . 57
Santa Bárbara de Padrões . . . . . . .107
Praia
Santa Clara-a-Nova . . . . . . . . . . 104
do Almograve . . . . . . . . . . . . . 98
Santa Luzia . . . . . . . . . . . . . . .149
do Amado . . . . . . . . . . . . . . 123
Santiago do Cacém . . . . . . . . . . . 78
do Barril . . . . . . . . . . . . . . . 149
Santiago do Escoural . . . . . . . . . . 39
do Carvalhal . . . . . . . . . . . . . . 99 Santuário
do Castelejo . . . . . . . . . . . . .124 de Nossa Senhora de Aires . . . . . 62
da Comporta . . . . . . . . . . . . . 74 de Nossa Senhora da Cola . . . . .105
fluvial da Ribeira Grande . . . . . . . 32 de São Miguel da Mota . . . . . . . 53
das Furnas . . . . . . . . . . . . . 95-96 São Bartolomeu da Serra . . . . . . . . 79
Grande . . . . . . . . . . . . . . . .134 São Brás de Alportel . . . . . . . . . .146
da Ilha . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 São Cucufate . . . . . . . . . . . . . . 64
da Senhora da Rocha . . . . . . . . 133 São Domingos . . . . . . . . . . . . . 93
do Queimado . . . . . . . . . . . . . 91 São Manços . . . . . . . . . . . . . . . 65

157
Índice
remissivo

São Pedro das Cabeças . . . . . . . .107 de Coelheiros . . . . . . . . . . . . . 65


São Pedro do Corval . . . . . . . . . . 69 das Couraças . . . . . . . . . . . . . 48
São Salvador de Aramenha . . . . . . 22 do Esporão . . . . . . . . . . . . . . 71
São Teotónio . . . . . . . . . . . . . . 99 da Rainha . . . . . . . . . . . . . . . 34
São Torpes . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Tramaga . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
São Vicente . . . . . . . . . . . . . . .125 Tróia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Sé Túmulo de Alcalar . . . . . . . . . . . 129
de Évora . . . . . . . . . . . . . . . . 57
de Portalegre . . . . . . . . . . . . . 24
de Silves . . . . . . . . . . . . . . . 127
V
Senhora da Rocha . . . . . . . . . . . 133 Vale de Boi . . . . . . . . . . . . . . .119
Serra d’Ossa . . . . . . . . . . . . . . . 49 Valverde . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Silves . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 Varanda do Grão-Prior . . . . . . . . . 25
Sines . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 Varanda dos Namorados . . . . . . . . 55
Sítio de Alcalar . . . . . . . . . . . . .129 Viana do Alentejo . . . . . . . . . . . . 62
Sítio das Fontes . . . . . . . . . . . . 132 Vidigueira . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Vila Alva . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
T Vila do Bispo . . . . . . . . . . . . . .123
Vila de Frades . . . . . . . . . . . . . . 64
Tapada Real . . . . . . . . . . . . . . . 55 Vila Nova de Milfontes . . . . . . . . . 94
Tavira . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148 Vila Nova de Santo André . . . . . . . 80
Telheiro . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Vila Ruiva . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Templo de Diana . . . . . . . . . . . . 57 Vila Viçosa . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Terena . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Vilamoura . . . . . . . . . . . . . . . .142
Termas da Sulfúrea . . . . . . . . . . . 32 Villa de São Cucufate . . . . . . . . . . 64
Tesouro do Paço . . . . . . . . . . . . 54 Villa Romana de Pisões . . . . . . . . . 84
Torrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Vimieiro . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Torre . . . . . . . . . . . . . . . . . . .139
Torre
das Águias . . . . . . . . . . . . . . 44
Z
de Aires . . . . . . . . . . . . . . . .150 Zambujeira do Mar . . . . . . . . . . . 98
de Aspa . . . . . . . . . . . . . . . .123 Zoomarine . . . . . . . . . . . . . . . 134

158
Veja como planear, explorar e recordar
a sua viagem com a ajuda da Internet.
Também em versão digital.

Descubra todo o catálogo em


www.deco.proteste.pt/guiaspraticos

Você também pode gostar