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Reivaldo Vendrame
Tutor Externo - Thiago da Rocha Soares Pires
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
História (HID 0583) – Estágio
30/04/2018
RESUMO
O ensino de tempo integral surge como um modelo que pretende revolucionar a educação,
utilizando um ensino voltado para formar alunos protagonistas, em um ambiente que lhe
proporciona um suporte intelecto, psicológico e social. O papel do professor é muito importante,
onde além de sua formação curricular, a criatividade se faz necessária.
Nesse modelo de ensino, além das matérias curriculares, os alunos, contam com matérias
extracurriculares como, eletivas, clubes e preparação para vida profissional, dando ao aluno um
preparo para á vida. O ensino de período integral de São Paulo tem um ambicioso objetivo de estar
entre os melhores ensinos do mundo até 2030.
1 INTRODUÇÃO
Esse artigo pode ser facilmente fundamentado através da Lei de Diretrizes da Educação
Nacional, Lei 9394, de 20 de Dezembro de 1996, mas foi instituído em São Paulo, em 2006,
consoante a publicação da Resolução SE 89 de 09 de Dezembro de 2005. Artigo 3º - O Projeto
Escola de Tempo Integral prevê o atendimento inicial de escolas da rede pública estadual de ensino
fundamental que atendam aos critérios de adesão, que estejam distribuídas pelas 90 Diretorias de
Ensino, inseridas, preferencialmente, em regiões de baixo IDH - Índice de Desenvolvimento
Humano - e nas periferias urbanas. Parágrafo único - São critérios para adesão ao Projeto: 1 -
espaço físico compatível com o número de alunos e salas de aula para funcionamento em período
integral e 2 - intenção expressa da comunidade escolar em aderir ao Projeto, ouvido o Conselho de
Escola.
Essas propostas de educação integral requerem que o educando permaneça
na instituição para além do tempo de aula, que se alongue o tempo e, se
possível, que o educando permaneça integralmente na instituição formadora,
onde tudo seja educativo, o tempo e a forma de acordar, rezar, comer,
estudar, caminhar, descansar, brincar, assear-se, dormir... (...) Notemos que
a força educativa não está tanto nas verdades transmitidas, mas nas relações
sociais em que se produz o processo educativo. Não se amplia o tempo para
poder ensinar e aprender mais e melhor, mas para poder experimentar
relações e situações mais abrangentes (ARROYO, 1988, p. 65).
Há duas décadas Arroyo (1998), já nos alertava para a necessidade de reflexão sobre o
ensino de tempo integral.
Para GALLO (2002), durante o século XIX a civilização deparou-se com a necessidade
utópica fundamental a aspiração do homem livre o que fundamentou filosófica, política, social e
epistemologicamente o conceito e a pratica da educação integral como um processo de formação
humana em que o homem se faz plenamente humano. Segundo COELHO(2004),tempo integral na
escola pressupõe a doção de uma concepção . De educação integral que vá além de atividade
pedagógica, mobilizando diversos recursos intelectuais, para a construção de uma sociedade
democrática e mais justa por meio de indivíduos responsáveis e partícipes.
Apesar de Anísio Teixeira apresentar esse modelo em 1950, e várias tentativas depois
com pouco êxito, somente em 2006 o governo do estado de São Paulo resolve implantar em 500
escolas no estado no ensino fundamental. Ampliando assim as possibilidades do aluno com o
incremento do currículo básico com oficinas curriculares .Pode –se afirmar que o período integral,
não deve se limitar somente ao tempo dentro da instituição, e sim além l das atividades obrigatórias,
atividades de livre escolha do aluno. Dentro deste conceito, podemos citar as eletivas, os clubes a
preparação para vida profissional, e para o Enem.
Muitas vezes o papel do professor não consiste só em ensinar a parte teórica da matéria,
precisa criar um individuo “apto” para viver em sociedade e ate mesmo para o mercado de trabalho,
lá o aluno terá que viver em coletivo, aceitar opiniões, delegar tarefas e receber. O trabalho em
grupo como dinâmica no ensino, ajuda muito nessa preparação, não é algo novo trabalhar em grupo
ou equipe, porém nunca foi fácil para alguns, ainda mais no ambiente escolar, onde muitos utilizam
dessa tarefa para fazer menos, o famoso “encostar-se a alguém”, e mesmo assim as notas serem
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iguais. Temos o problema com pessoas que dominam o grupo não aceitam compartilhar ideias, não
aceitam criticas, porém quero realçar o trabalho em grupo como algo produtivo e algo que o
professor pode ajudar a criar regras para um melhor desenvolvimento do trabalho sem muitos
traumas. Pois, como bem afirmou Teixeira (1999, p. 26):
O trabalho em grupo, portanto, estimula o desenvolvimento do respeito pelas idéias de toda
a valorização e discussão do raciocínio; dar soluções e apresentar questionamentos, não
favorecendo apenas a troca de experiência, de informações, mas criando situações que
favorecem o desenvolvimento da sociabilidade, da cooperação e do respeito mútuo entre os
alunos, possibilitando aprendizagem significativa.
Estudos mostram que existe um lado muito mais positivo que negativo no trabalho em
grupo. Alguns autores como Vygotsky, mostrou a importância da interação das crianças com outras
crianças, e dessas com adultos. Ele defendia que havia uma relação direta entre desenvolvimento e
aprendizagem, ZDP – zona de desenvolvimento proximal. Para Vygotski (1998):
A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram,
mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão
presentemente em estado embrionário. Essas funções poderiam ser chamadas de “brotos”
ou “flores” do desenvolvimento, ao invés de “frutos” do desenvolvimento. O nível de
desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento mental retrospectivamente, enquanto a
zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento mental
prospectivamente. (p. 113)
O individuo mais interessado pode servir de inspiração e motivação para acreditar que ele
também é capaz de compreender o fato histórico de uma maneira mais simples, aprendendo através
de uma pessoa que tem a mesma idade, mesma dificuldade que vive no mesmo ambiente, pois a
figura do professor representa alguém que sabe tudo, que domina o assunto e tem uma linguagem
mais formal. O professor só deve ficar atento às dificuldades individuais de cada aluno sempre,
auxiliando para um bom entendimento entre o grupo. É uma ferramenta muito pratica e trás bons
resultados na maioria das vezes, no tempo integral é uma aliada.
2.3 ELETIVAS
Podemos dizer que as eletivas, estimulam o aluno, e sobre tudo a criatividade do professor,
pois a ampliação do tempo na escola faz surgir um novo perfil de professor, onde o preenchimento
do tempo sobressalente proporciona ao professor o exercício pleno da profissão, desenvolvendo
projetos inovadores que potencializam um ensino atento às mudanças sociais.
Então mais do que uma mudança no relógio, tem que ser uma mudança cultural, pois a
cultura de ensino de meio período é um obstáculo a ser vencido. Para isso, um professor bem
preparado e criativo, é essencial para o ensino integral.
Durante a minha experiência de estágio na Escola Estadual Francisco Euphrásio Monteiro,
tive o prazer de acompanhar durante a observação da rotina do professor, a eletiva da professora
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Rosária de história, sua eletiva consistia em assistir filmes de terror americano. Confesso que á
princípio achei estranho, até ver o empenho dos alunos em recriar uma cena do filme O Exorcista,
onde tinha cenas externas, maquiagens e até figurino. Nesse contexto, ficou evidente a relação
social no grupo, as divisões de tarefas e a expectativa pelo resultado final da filmagem. Também
podemos citar a eletiva da professora Marta de ciências, que faz a jardinagem em torno da escola,
ensinando técnicas de plantio e características de cada planta, e do professor Milton de física que
trabalha com construção civil.
Fora dessa instituição, mas se tratando de período integral também tomei conhecimento do
projeto Sociedade Estudantil de Debate do Brasil (SEDEBRA), é uma associação sem fins
lucrativos que tem por objetivo promover a cultura do debate nas escolas de Ensino Fundamental II
e Ensino Médio, realizando formações e torneios, do professor Cleber F. de Assis Xavier da Cidade
de Mairinque, que conta com a ajuda da professora Angela Cristina Rubira, essa eletiva, realiza
debates entre os alunos nos mais diversos temas, melhorando a capacidade de julgar um fato,
trabalhando em coletivo e ensinando á falar em público.
Os professores Cleber Xavier e Angela Rubira conseguiram levar o projeto ate a camara
Municipal de Maiirnque aonde deram diversas dicas aos jovens oradores para que pudessem ter
mais eficácia nos debates da simulação parlamentar.
2.4 CLUBES
O clube pode ser considerado o ápice do aluno protagonista, porem precisamos mostrar
algumas características do ensino integral para podermos entender os clubes.
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3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO
Durante o período de dezessete, dias realizei estágio I, que teve como carga horária 25hs, de
observação e entrevista na escola E.E. Francisco Euphrásio Monteiro
Ao escolher a área de concentração comecei o estagio sempre buscando nas escolas, os
caminhos que o docente e as instituições têm buscado para que, não só a aula de historia, mas no
geral, dinâmicas para despertar o interesse num individuo, mesmo com a competição com um
mundo tão tecnológico. Percebi que a escola, por se tratar de escola de período integral, tem uma
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proposta de ensino onde contempla o aluno protagonista, e contam com um corpo docente muito
preparado assim como o corpo administrativo. A organização funciona como uma empresa, onde
tudo é controlado através de planilhas, Todos os espaços limpos inclusive os banheiros e área de
alimentação.
Participei de aulas muito dinâmicas com a professora de historia Rosária, aonde alunos
desenvolveram atividades em grupo, assistiram filmes e fizeram debates sobre o mesmo. Participei
de eletivas e clubes que visam formar um aluno autônomo e preparado para á vida. As salas tinham
em média de 35 alunos, e embora estejam em fase de implementação, contam com salas ambientes
o que permite aulas com materiais específicos, o que enriquece a aprendizagem.
Com o tutor interno, a relação da escola com os pais tornou-se mais individual, pois o tutor
é quem acompanha o aluno em suas dificuldades, seja comportamental ou na aprendizagem.
Não houve burocracia para acesso ao Projeto Político-Pedagógico (PPP) e Regimento
Escolar, por parte da diretoria. A entrevista foi bem recebida pela professora, nas respostas sempre
mostrando a preocupação em motivar os alunos, criar dinâmicas e procura sanar as dúvidas e
procurar entender as dificuldades individuais de cada aluno.
Os alunos realmente não conseguem ficar muito tempo parado ouvindo a parte teórica da
matéria, porém eles obedecem quando o professor pede silencio e prestar a atenção. Vi sim a
preocupação da professora que eu acompanhei sobre o atraso de aprendizagem em muitos alunos e
como resolver esse problema, mas no geral, os alunos estão mais calmos, claro que dentro de uma
realidade, que a idade permite.
4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO
Durante o tempo do estágio, foi possível observar o comportamento dos alunos nas
diferentes séries, e as particularidades de cada ano, graças a uma professora observadora que me
ensinou que nunca devemos dar as respostas por completas, incentivando o aluno a ser curioso e
procurar o restante da resposta por si mesmo. Observei que a criatividade do professor faz a
diferença ,e que estar se reciclando, é imprescindível ensinar essa geração de alunos que cada dia
exigem mais informações atualizadas, Estarei levando essa vivência para minha pratica docente,
gostei muito das dinâmicas usadas pela professora como trabalho em grupo, debates, e filmes,
acredito que tenho uma base muito forte para levar na minha carreira. Aprendi que para um trabalho
com resultado satisfatório, depende muito também do professor se interessar em conhecer a
instituição, o ambiente que o aluno vive e suas características pessoais, para compreender as
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dificuldades de cada um, ai sim ter diagnósticos e buscar novas alternativas para trabalhar com seus
alunos.
Compreendi que nada é mais importante que a Educação, nela, criamos valores,
conhecimento geral, aprendemos a socialização, descobrimos nossas dificuldades e nossos
interesses. Os resultados serão levados pra a vida toda, e como professores temos um papel
importante em todo esse contexto, como salientei nada é fácil, todas as dinâmicas tem seus pós e
contras, porem desistir não é a melhor alternativa, podemos sim buscar dinâmicas para incrementar
nossas aulas.
REFERÊNCIAS
CIPOLINI, A. Não é fita, é fato: tensões entre instrumento e objeto – Um estudo sobre a
utilização do cinema na educação. Dissertação de mestrado. Faculdade de Educação.
Universidade de São Paulo. São Paulo – SP, 2008, PAG 19.
VIEIRA, Maria do Pilar de Araújo et al. A Pesquisa em História. São Paulo: Ática, 2007.
VYGOTSKY, L.S. Interação entre aprendizado e desenvolvimento. In: Cole,M.;Scribner, S. e
Souberman, E.(org). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.1998.