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Área:

EDUCAÇÃO /ENSINO-APRENDIZAGEM DIDÁTICA.

Aula - Avaliação do processo de ensino-aprendizagem:


aspectos teóricos e metodológicos

Profª. Drª Graziele Regina de Amorim Arraes


objetivo da aula:

• Identificar conceitos de ENSINO e


APRENDIZAGEM na história da
educação brasileira a partir do século
XX. Realizar esta reflexão é
compreender os processos de ruptura
e permanência na educação, de forma
a traçar objetivos de qual forma
queremos construir uma educação
mais democrática.
Roteiro da aula
Refletir a partir das questões norteadoras

Problemática (Situações atuais nas instituições-problema)

Compreensão por meio de teoria e metodologia

História da educação brasileira – processos de rupturas e


permanências

Identificar o que construímos de possibilidades para um processo


de avaliação mais dialógico

Construção de métodos para aplicação de um processo de


avaliação que vise o educando na sua integralidade
Questões norteadoras
1- Como os estudos acadêmicos e a história da
educação brasileira podem me ajudar a construir uma
reflexão sobre a prática avaliativa?
2 - Como vocês acreditam que os professores vêm
construindo a avaliação de aprendizagem com os
alunos?
3- Será que nosso método ainda busca um processo
voltado para a realização através de exames?
4 - Se desde a LDB 9394/96(Leis de Diretrizes e
Bases) passamos a construir um conceito de avaliação
e uma série de normativas que tratam do currículo de
forma mais crítica, por que ainda portamos atitudes
que nos conduzem a processos avaliativos que
buscam o resultado final apenas?
5 - Como podemos avançar a partir dos princípios
teóricos e metodológicos no campo da educação?
Vamos construir algumas estratégias e reflexões
partir de autores como Vygotsky, Hoffmann,
Luckesi, Foucault e Freire?
• A construção de uma prática
docente consiste em por meio do
conhecimento e historicidade da
educação brasileira construir um
pensamento crítico, permeado por
metodologias que proporcionem
aos discentes a possibilidade de
compreenderem as condições de
possibilidade do poder de sair do
ciclo vicioso que tende a uma
sociedade que busca aprovação ou
reprovação apenas.
Alguns autores são fundamentais
para a reflexão sobre a avalição da
aprendizagem

Um clássico da pedagogia brasileira, revisitado desde


sua primeira edição em 1995, por trazer reflexões
contemporâneas acerca do processo de avaliação. O
livro reúne artigos, que correspondem ao período de
1976 a 1994, período em que foi professor de educação
da Universidade Federal da Bahia.

É interessante pensar, que mesmo hoje, 15 anos depois


desta obra, mesmo com muitos estudos sobre a temática
presenciamos instituições de ensino, que percebem a
avaliação com um fim em si mesma, que alimenta um
campo de proliferação do autoritarismo por promover
uma educação excludente.

Para além da temática de ensino e aprendizagem o autor


traz a discussão em torno de democratização do ensino
e planejamento.
Rápida incursão na teoria de Lev
Vygotsky
Para o autor o aprendizagem é um caminho, que nos leva de um ponto
até o outro. O que acontece neste percurso é o que conhecemos por
aprendizagem. Assim podemos classificar em:

 Nível de desenvolvimento real: Um conhecimento prévio, que


torna o indivíduo capaz de resolver situações de forma autônoma.

 Nível de desenvolvimento potencial: Aquilo que o indivíduo


deseja aprender. Significa um aprendizado que está em processo.

 Zona de desenvolvimento proximal: Seria a aproximação dos


dois níveis.
O professor é um mentor, por meio do seu saber para que o indivíduo
faça este percurso.
Pedagogia do Exame
Focar apenas na avaliação, não ajuda o indivíduo a se manter em uma
caminho de aprendizagem.

Atenção voltada apenas as provas, sob a faceta de ameaças veladas, como as


que ouvimos muito na escola: “Se não se comportar vou fazer uma
prova surpresa”, ou “cuidado, que vai ter prova”.

O formato de exame/prova como conhecemos, surgiu por volta do


século XVI-XVII, com o foco no final, em uma prova, dividindo os alunos
em aprovados e reprovados. Quando se realiza uma prova, o aplicador não
está preocupado com o percurso ou no que aquele aluno já realizou de
práticas de aprendizagem.

produtividade e esta crença


Neste sentido, temos uma lógica focada na
está diretamente ligada ao sistema capitalista, que busca corpos
docilizados e produtivos. Existe, como pontuou Foucault uma tecnologia que
adestra os corpos por meio de instituições para que possam seguir uma
disciplina ao ponto de ter introjetado o dispositivo da subjetivação.
A dinâmica da
APROVAÇÃO X REPROVAÇÃO
“Durante o ano letivo, cabe ao professor observar as notas e realizar as m édias, em
uma dinâmica em que o aluno é abstraído e reduzido a números. “O que
predomina é a nota: não importa como elas foram obtidas nem por quais caminhos.”

“São operadas e manipuladas como se nada tivessem a ver com o percurso ativo do
processo de aprendizagem.”

Ciclo vicioso: Alunos e professores focados na aprovação e não em como esse


conhecimento será utilizado na vida.

Consequências para o psicológico e social: Construção de uma crença de que você será
sempre medido, avaliado pela nota que você tira. Quando não se atinge a nota de
convenção o sujeito toma para si a noção de fracasso não só escolar, mas
como indivíduo na sociedade, que veste uma roupagem que não possui valor.
Ex: Obra de Kafka – Metamorfose
BREVE HISTÓRIA DA
AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO
Este sistemaNO BRASIL
escolar de avaliação, segundo
Luckesi surgiu em 1930, a partir dos estudos
do autor Ralph Tyler, porém na legislação
educacional brasileira o termo avaliação
escolar surgiu em 1996, com o surgimento da
LDB. Antes dessa terminologia, se usava o
conceito de exame, em uma lógica mais
tradicional de ensino.

Será que mesmo com a noção


moderna de avaliação ainda
aplicamos exames nas escolas?
Estudos de Bloom (1993) sobre avaliação:
 Avaliação diagnóstica: Quando o aluno chega na escola
ele compartilha o que ele já possui de ideia sobre
determinado assunto e sobre o mundo. A partir desse dado,
se constrói um processo de ensino que instrumentaliza
possibilidades desse aluno avançar.

 Avaliação formativa ou controladora: Quando o


professor coleta informações e aprendizagens durante o
percurso do aluno. A professora Jussara Hoffmann vai
chamar esta etapa de avaliação mediadora, que ajuda no
processo e o professor Luckesi de diagnóstica, porque
segundo ele, o professor coleta informações que ajudam na
formação do aluno.

 Avaliação somativa ou classificatória: Momento em


que o professor se debruça sobre a parte burocrática das
notas, porém são um conjuntos de vários processos
avaliativos e diversificados.
Desafios e estratégias de
ensino-aprendizagem
Os recursos utilizados no planejamento da aula também influencia no aprendizado do aluno. Por exemplo, se apenas
passo textos ou livros didáticos aos meus alunos, corro o risco de tornar o processo de aprendizagem maçante e
dificultoso para meu aluno. É necessário utilizar outras linguagens, como a fílmica, ou análise imagética, ou histórias
ordinárias e cotidianas das famílias ou da comunidade.

Cinco conceitos que luckesi descreve sobre o processo de avaliação


 Avaliação escolar deve ser processual e não apenas no final.
 Devo estar preocupada com a qualidade da aprendizagem do aluno. Por isso, devo analisar tudo que é realizado
por ele (produção de textos, narrativas cotidianas, mapas mentais, produção de vídeos, poder de construção de
argumentação, de produção de problemáticas que engajam a turma)
 A avaliação não apenas ajuda os alunos a construírem o aprendizado, mas também o professor, que pode
realizar uma auto avaliação, como forma de perceber se os recursos utilizados e estratégias funcionam neste
processo.
 É um ato dinâmico, que me torna com potência diante da realidade. Avaliação é um ato amoroso (acolho os
resultados positivos e negativos), porque encaro todas as etapas
 A avaliação permeia o ato de planejar e de executar.
Notas sobre o processo de avaliação e currículo

Segundo Luckesi existe uma convivência


dos dois tipos de avaliação: os exames,
com suas características excludentes e
antidemocráticas e com a avaliação de
aprendizagem com as características
diagnóstica e socializante. Segundo
também Tomaz Tadeu da Silva, quando
constrói um historicidade sobre a
história do currículo na sociedade
ocidental, ele nos fala sobre como nas
escolas o modelo que encontramos não é
mais o tradicional e nem totalmente o
multicultural ou crítico, mas sim um
híbrido, que possui pesos diferentes de
acordo com os interesses políticos e
ideológicos dos grupos que detém o
poder institucional.
https://novaescola.org.br/conteudo/1411/avaliacao-processual-o-raio-x-do-ensino-e-da-aprendizagem-na-sala-de-aula
Exemplos de recursos e atividades que ajudam a
avaliação processual
Importante destacar
que cada época
possui um conjunto
de valores e crenças.
A escola muitas
vezes perpetua o
que está em vigor

RUPTURAS PERMANÊNCIAS
ENSINO-
APRENDIZAGEM

Professor
como
mediador e
mentor
Papel da memória, as subjetividades, os
marcadores sociais no processo de Ensino-
aprendizagem
As teorias pós-críticas do currículo
trazem a tona o debate sobre a
constituição do sujeito no processo
escolar.

Cada aluno carrega um conjunto de


valores e crenças, que trazem consigo
uma história familiar, da comunidade,
processos acerca do ser.

A memória coletiva e individual também


complementa este processo de ensino,
pois é necessário trazer a história do
aluno.
Quem veio primeiro, o
ensino ou o aprendizado?
Uma reflexão descontraída apenas
para registrar o quanto as duas são
complementares e dependem da
figura do professor, mediador,
educador ou mentor.

É importante esta reflexão, pois em


tempos de uso de tecnologia para
obter informação e os famosos chat
GPT, muitas vezes temos a
impressão, que o professor não é
mais necessário.
Um movimento atuante e necessário
também a ser estudado é a educação
STEAM – Ciência, Tecnologia,
Engenharia, Arte e Matemática.
Por que nossa educação é tão excludente?
• Historicamente
possui um passado de • Ideário de educação • Compreensão que
ligação da religião e erudita para uma elite conhecimento é
educação saber/poder

• Se um povo é
• Estratégia política de
impedido de mostrar
sucateamento do • Capital cultural
sua cultura, como
ensino público para liberta
pode registrar sua
manipulação
história?
Visão a instituição escola

Arquitetura da Também pode ser


disciplina local de diversidade
Como e afetividade

Molda e rotula definir


escola?
Constante construção e
Construção do saber dialógica
Variedade de
recursos
• Nesta breve aula avaliamos o
processo de ensino-aprendizagem na
Concluir sem escola e para tanto uma incursão em
pensamentos de teóricos que nos
finalizar a ajudam a construir nosso pensamento.
construção
do • O que podemos tomar como nota é
que o processo deve ser visto como o
pensamento centro da atenção do professor e não
o resultado final, que constitui a nota.
Estudo de caso
Você possui uma turma de alunos da EJA, que
trabalha na indústria de madrugada e a tarde
estuda o Ensino Fundamental. No primeiro dia de
aula, você professor/a se apresentou, deu as boas-
vindas e percebeu o extremo cansaço e desânimo
dos alunos em prestarem atenção em você.

Debata e descreva em grupos quais estratégias


vocês desenvolveriam para uma ação diagnóstica
e quais ações processuais para que ocorresse o
despertar da turma para o processo de
aprendizado?
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: sabers necessários À prática
educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Nascimento da prisão. Petrópolis:


Vozes, 2009.

Bibliografia HOFFMAN, Jussara. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva


construtivista. 16 ed. Porto Algre: Educação & Realidade, 1995.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. 7 ed.


São Paulo: Cortez, 1998.

SILVA. Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às


teorias do currículo. 3ª ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

VYGOTTSKY, Lev. A construção do pensamento e da linguagem.


Tradução: Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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