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DIDATICA AVALIAÇÃO DP PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM

Avaliação na contemporaneidade
Você conhece a história “A volta do velho professor”? Leia abaixo, ela é
bastante interessante para iniciarmos a discussão sobre a avaliação atual.
A VOLTA DO VELHO PROFESSOR
Em pleno século XX, um grande professor do século passado voltou a Terra
e, chegando à sua cidade, ficou abismado com o que viu: as casas altíssimas,
as ruas pretas, passando umas sobre as outras, com uma infinidade de
máquinas andando em alta velocidade; o povo falava muitas palavras que o
professor não conhecia (poluição, avião, rádio, metrô, televisão...); os
cabelos de umas pessoas pareciam com os do tempo das cavernas... e as
roupas deixavam o professor ruborizado.

Muito surpreso e preocupado com a mudança, o professor visitou a cidade


inteira e cada vez compreendia menos o que estava acontecendo. Na igreja,
levou susto com o padre que não mais rezava em latim, com o órgão mudo e
um grupo de cabeludos tocando uma música estranha. Visitando algumas
famílias, espantou-se com o ritual depois do jantar: todos se reuniam durante
horas para adorar um aparelho que mostrava imagens e emitia sons. O
professor ficou impressionado com a capacidade de concentração de todos:
ninguém falava uma palavra diante do aparelho.

Cada vez mais desanimado, foi visitar a escola – e, finalmente, sentiu um


grande alívio, reencontrando a paz. Ali, tudo continuava da mesma forma
como ele havia deixado: as carteiras umas atrás das outras, o professor
falando... e os alunos escutando, escutando, escutando...

Referência
SILVA, Maria Alice Setúbal Souza (Coord.). Ensinar e aprender. São Paulo:
Centro de Pesquisas para Educação e Cultura, 1996 (Coleção Raízes e
Asas).

Essa história lhe é familiar? Você relaciona algum dos fatos relatados com sua
vida estudantil? Podemos constatar que a escola não tem acompanhado as
mudanças que ocorrem com o conhecimento, a ciência e a tecnologia.
Enquanto tudo avança a passos largos, a quem diga que a educação ainda
anda a passos de tartaruga. Você concorda com isso? Por que será que as
mudanças em educação demoram tanto para ocorrer? E com relação à
avaliação, como você percebe as mudanças?

Vivemos atualmente vários dilemas acerca da avaliação: qual é o método mais


adequado, como aliar a avaliação ao ensino de qualidade, ao sucesso da
escola e ao desenvolvimento do aluno? Como fica a questão da subjetividade e
das diferenças individuais nas atividades avaliativas? Quem são os
responsáveis pelo fracasso escolar: professor, aluno ou sociedade? Enfim, são
perguntas que ecoam dentro dos muros da escola e fora dela. Podemos dizer
que esse assunto hoje ainda não tem um ponto final, mas muitas
interrogações, que nos levam a refletir a própria postura do professor, sua
concepção de educação e seus valores.

Infelizmente, a avaliação para alguns professores é uma rede de segurança,


um acerto de contas e não um momento onde o estudo e o crescimento
cultural, social e pessoal do aluno e do professor estão em jogo. Então a
avaliação deve ser vista como produto ou como processo?

Vamos refletir melhor sobre isso? Durante o nosso percurso, pense como você
foi avaliado e como avalia hoje os professores e a si próprio.
Avaliação como produto
Você já ouviu falar em avaliação como medida e como exame, não é
verdade? Acho até que passou por experiências dessa natureza. A nossa
educação por muito tempo ficou restrita a uma perspectiva classificatória,
onde a memorização e a reprodução das informações transmitidas pelo
professor eram os principais aspectos considerados pelo sistema avaliativo. A
nota era vista como a representação do desempenho do aluno, independente
de fatores sociais, emocionais ou cognitivos. Obtinha êxito o aluno que
conseguisse a maior nota e que transcrevesse nas provas aquilo que o mestre
professava na aula. E assim anos se seguiram... alunos classificados como
fortes e fracos, aprendizagem sem contextualização e sem sentido para a
vida.

A tira do Fala Menino, destacada abaixo, demonstra um exemplo desse tipo de


avaliação.

http://falamenino.locaweb.com.br/naescola.cfm
Será que o erro só serve para isso? Será que não há possibilidades de
trabalharmos a partir dos erros dos alunos? Esses erros não poderiam servir de
parâmetro para a reflexão coletiva do grupo? Vamos fazer uma viagem no
tempo... lembre de quando estava cursando os anos iniciais do ensino
fundamental (1ª a 4ª série), como os professores lidavam com seus erros e de
seus colegas? Como você encarava seus próprios erros? Foi possível aprender
com eles?
Podemos responder a tais questionamentos a partir de duas concepções de
avaliação: a tradicional e a democrática

Conceito: processo de classificar os


alunos no final de um período de tempo
mais ou menos longo (exame,
Tradicional verificação).
Visão pedagógica: resume-se a atividades
que permitiam ao professor rotular o
A
aluno e qualificar o resultado.
V
Democrática Amplitude: a avaliação
A
surge como algo que ultrapassa o ato de
L
classificar, visa o desenvolvimento do
I
aluno.
A
Ç Conceito: é um processo dinâmico,
à contínuo e sistemático, que acompanha o
O Democrática desenrolar do ato educativo de modo a
permitir o seu constante aperfeiçoamento.
Visão pedagógica: as atividades
avaliativas devem permitir detectar o
nível de aprendizagem dos alunos. O erro
passa a ser valorizado como integrante do
processo de construção de conhecimento.
Vejam como essas concepções apresentam idéias divergentes sobre a
avaliação e, conseqüentemente, a aprendizagem. Fica fácil identificar quem
valoriza o erro e quem o pune! Podemos concluir que a avaliação como
medida, a que examina e classifica, enfim, a tradicional, não consegue
apropriar-se da riqueza de cada sujeito, muito menos lhe auxilia no
crescimento pessoal e social.

A avaliação democrática sugere que o professor se aproxime do aluno,


conheça-o com mais intimidade, estabeleça uma relação de parceria e
mediação, a fim de contribuir para a evolução da sua aprendizagem. Com os
avanços nas pesquisas em educação e na psicologia da aprendizagem,
entendemos, hoje, que o erro é um importante aliado do professor. Quando
não negligenciamos o erro, desenvolvemos a auto-estima do aluno, o levamos
a reconhecer suas dificuldades e auxiliamos no desenvolvimento de sua
autonomia. Para tanto, é necessário realizar a avaliação como processo.
Avaliação como processo
Como você definiria um tipo de avaliação que valoriza o aluno e busca
validar a aprendizagem significativa? Será que avaliando processualmente,
momento a momento, alcançamos tal objetivo? Por que será que os índices de
repetência ainda são tão elevados em nosso sistema educacional brasileiro?
Chico é apenas um dos exemplos dessa problemática.

Além das questões socioeconômicas e relativas às políticas públicas,


sabemos que os procedimentos avaliativos têm grande influência nesse
cenário. Vimos que a avaliação como medida, apenas atribui notas, números,
têm caráter meramente quantitativo, como vemos no caso de Chico Bento.
Como pode um aluno ter a nota um negativo? Qual seria o sentido dessa nota
para o professor e para o aluno?

A avaliação processual tem um cunho democrático e visa verificar a partir de


um parâmetro qualitativo o desempenho do aluno. Precisa, dessa forma,
apresentar as seguintes características:

   avaliação transparente para professores e alunos;


   compromisso ético do professor que garanta o processo;
   controle a serviço do desenvolvimento do aluno;
   definição clara sobre formas, diversidade de instrumentos e critérios;
   procedimentos dialógicos;
   definição dos fundamentos que vão embasar a prática docente;
   papel do professor: orientador, facilitador, mediador;
   problematização dos conteúdos;
   desenvolvimento de competências básicas;
   professor e aluno como sujeitos e objetos da avaliação;
   articulação teoria-prática;
   metodologia: projetos interdisciplinares, contratos de trabalho, além
das provas;
   avaliação contextualizada – valorizando os conteúdos pertinentes à
vida do aluno;
   provas com lógica diferente da tradicional;
   divulgação dos resultados para situar o estudante;
   erro visto de modo construtivo - como instrumento de aprendizagem -
impulsionador da ação educativa.

É possível então realizar uma avaliação mais humana, formativa, processual,


que garanta a mediação do conhecimento, não se configurando como uma
coerção para o aluno.

Mas não é tarefa fácil, exige muito empenho do professor para realizar um
trabalho de qualidade!!!

Instrumentos e critérios avaliativos


Vamos aqui buscar encaminhar nossa conversa para um viés mais prático.
Vamos transportar nossas reflexões do campo teórico para a sala de aula. Se
você já atua como docente, pense nas experiências com seus alunos. Se ainda
não atua, pense no seu processo de escolarização, na sua vida estudantil. Com
base nessas vivências vamos situar a avaliação e seus pressupostos.

Para começo de conversa, vale ressaltar que: além das formas e instrumentos
de avaliação, é necessário especificar os critérios que serão utilizados, os
quais devem estar totalmente relacionados com a finalidade da atividade,
com os objetivos e com os critérios estabelecidos previamente sobre a
construção do conhecimento.
Segundo Moretto (2004), a avaliação da aprendizagem é um momento
privilegiado de estudo e não um acerto de contas.

A avaliação é um conjunto de procedimentos visando acompanhar o ato


educativo e assegurar a consecução de seus objetivos. Por isso, implica em
tomadas de decisão, observação e conhecimento do aluno, tanto por ações
pontuais como por diagnose permanente, para correção de rumos.

O processo avaliativo tem como funções principais subsidiar o planejamento,


ajustar políticas e práticas curriculares e aprimorar o processo ensino-
aprendizagem. Para que isso se efetive, é necessário definir métodos,
instrumentos e critérios.

Os métodos podem ser:

• Cooperativo: onde o trabalho desenvolvido é coletivo, são os famosos


trabalhos de equipe. Nessa modalidade, a cooperação, a ajuda mútua, a
responsabilidade e o respeito pela expressão e produção do outro são aspectos
fundamentais.

• Avaliação individual: são as atividades realizadas por um único aluno,


podendo ser prova ou qualquer outro tipo de trabalho previamente orientado
pelo professor.

• Auto-avaliação: é a avaliação que o aluno faz de si mesmo, destacando


seu desempenho em um dado período de estudos, sua participação nas aulas e
atividades propostas pelo professor, dentre outros aspectos que o professor
julgar necessário elencar para que o aluno reflita sobre seu
autodesenvolvimento. Importa lembrar que quando realizada, a auto-
avaliação deve apresentar critérios claros que sirvam de parâmetro para a
auto-análise do aluno.

Como podemos observar, quaisquer das modalidades de avaliação requer a


seleção de um instrumento e o estabelecimento de seus respectivos critérios.
O instrumento deve ser um documento através do qual professor e alunos
obterão os devidos registros de informações pertinentes à avaliação.

Os instrumentos podem ser:

• Inquirição: questionário, entrevista - nas modalidades oral ou escrita;

• Relatório: exposição de dados, por escrito

• Portfólio: reunião de material produzido ao longo de um processo de


trabalho;

• Memorial reflexivo: exposição escrita de caráter subjetivo, cujo objeto


pode sermemória de vivência acompanhada de análise crítica ou exposição de
uma situação vivenciada;

• Prova: verificação de domínio de conteúdo.

Os critérios das avaliações devem ser especificados tomando como


parâmetro os objetivos do plano de curso, de unidade ou de aula, a depender
da amplitude da avaliação. Esses critérios precisam estar claros para o
avaliador e para o avaliado, a fim de o resultado não seja surpresa para
ambas as partes e possa ser o mais justo possível.

Quando há definição de critérios, há transparência no processo avaliativo.


Agora que finalizamos a parte teórica do módulo de Didática, convido-lhe a
realizar as atividades proposta e discutir os resultados com os colegas,
buscando fazer novas descobertas. Ah, não esqueça de acessar todos os links
sugeridos e fazer a leitura dos textos. Bom estudo!

O professor compete no ensinar

. Conhece o conteúdo específico da sua disciplina;


. Tem habilidade no ensinar;
. Identifica valores culturais ligados ao ensinar;
. Utiliza linguagem pertinente;
. Administra emoções.

O professor competente no avaliar

. sabe que a prova é um momento privelegiado de estudos e não um acerto


de contas;
. Elabora bem as questões da prova;
. Administra valores culturais ligados à avaliação;
. Utiliza linguagem clara e precisa para o comando das questões;
. Cria ambiente favorável ao controle das emoções.

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