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O currículo é o “norte” para a aprendizagem, é como se ele fosse uma bússola,

que nos direciona quando estamos perdidos. Assim é o currículo, ele direciona, orienta como
vamos ensinar. Ele é considerado a bússola da escola, pois trata-se de um instrumento que
reflete a educação e as aprendizagens necessárias ao desenvolvimento do aluno.
O currículo é uma palavra proveniente do latim currere, que indica caminho,
trajetória, um percurso a ser realizado nas relações existentes entre escola e sociedade. A
sua construção é repleta por relações entre a escola e sociedade. E, ainda, de interesses
políticos e ideológicos.
Para especificar um argumento sobre o que significaria o conceito de currículo,
poderemos considerar que o seu ponto de partida não seja propriamente o currículo, mas o
aprendizado como a mais básica atividade humana. Então, o que torna humano o
aprendizado humano, é o fato de que se trata de uma atividade que tem a ver com a
produção de conhecimento.
Lembremo-nos do que ocorreu na década de 1920, nos Estados Unidos, que, em
conexão com o processo de industrialização e os movimentos migratórios, que aumentaram
a demanda da escolarização, houve um impulso, por parte dos dirigentes da área da
educação, para flexibilizar o processo elaboração, desenvolvimento e testagem de currículos,
de forma cuidadosa e rigorosamente especificados e medidos, em prol do desenvolvimento e
progresso. O modelo institucional desse conceito de currículo é o de fábrica. Bobbitt, The
curriculum (1998) nos traz essa informação e relata que, provavelmente, essa foi a primeira
vez que o currículo foi disposto como teoria e objeto de estudo.
A partir daí, a cultura expressa nos currículos passa a assumir nosso
discernimento e representações nas complexas relações estabelecidas socialmente. Nesse
sentido, é importante ficar atento às relações de poder inseridas no modo como determinados
grupos e instituições escolares se colocam frente à realidade cultural, reproduzindo-a de
forma unitária e homogênea.
Então, o currículo deve conter uma fundamentação teórica, considerando os
objetivos de aprendizagem para cada série ou ciclo, os conteúdos que serão trabalhados e
referências bibliográficas.
Assim, percebe-se que tudo o que se seleciona para ensinar deve fazer sentido ao
universo do aluno, levando-nos a estabelecer relações entre as escolhas curriculares e o
desenvolvimento das competências e o conhecimento necessário ao mesmo, desenvolvendo
assim uma formação sociocultural.
Provavelmente, os professores que lecionam em escolas onde não existe o
currículo, devem se sentir perdidos e muitas vezes sem saber o que fazer. Diferente a isto, o
professor deve exercer um papel de mediador, onde esse papel deverá ser o de incentivar o
autodesenvolvimento do aluno e mediar seu processo de aquisição de conhecimento,
aguçando seu “apetite” intelectual e colaborando na formação de um homem constituído por
uma essência altruísta, responsável e consciente.
Dessa forma, o currículo, como um instrumento de orientação, como uma
bússola, deve levar em conta as muitas possibilidades de aprendizagem, não só nos
conteúdos, mas também no ato de planejar as atividades. Pois, o planejamento garante
sucesso ao trabalho. Já que, quem planeja tem um maior domínio sobre as atividades
propostas em sala de aula, sabe onde quer chegar e sabe quais os meios que ele deverá usar
para alcançar os objetivos propostos pela escola.
É necessário que os professores, ou seja, os responsáveis pela transmissão dos
conteúdos, participem de sua elaboração, que seja construído junto, proporcionando a
participação de todos os envolvidos na elaboração do processo educativo, sobre um Ensino
humanístico de cultura geral também, para que se tenha um ótimo currículo.

Constata-se, então, que o currículo é o conceito mais importante que surgiu no


campo dos estudos educacionais. Todas as instituições educacionais afirmam e julgam
dispor de um conhecimento ao qual outros têm direito de acesso e empregam gente que é
especialista em tornar esse conhecimento acessível (os professores), certamente, com graus
variados de sucesso. Sugerem e investem na publicidade de que quem quer adquirir um
conhecimento especializado pode começar por ler um livro ou consultar a internet, mas, se
for sério, irão a uma instituição com um currículo que insira o que quer aprender, com o
melhor conhecimento que se pode ter em qualquer campo, que tenham professores que
saibam ensinar e que gere resultados satisfatórios. Contudo, é preciso verificar, de fato, se há
planejamento e metodologias adequados, bem como uma boa grade curricular e índices
ótimos de bons desempenhos e aprovações.
Em vários processos de aprendizado, produzimos conhecimento o tempo todo. O
“aprendizado de todo dia” está precisamente relacionado ao conhecimento cotidiano de
senso comum que construímos ao longo de nossas vidas. No sentido amplo dos termos,
esses tipos de aprendizado são atividades reais ou de produção de conhecimento, embora o
conhecimento que gerem esteja sempre ligado a lugares, contextos e pessoas específicas. É
um conhecimento útil, e até necessário, para levar nossas vidas adiante, mas não é suficiente
nas sociedades modernas. E, é por isso que temos escolas e currículos: para armazenar e
possibilitar o conhecimento especializado de que nossos ancestrais não precisavam e que
não tinham descoberto.
O conhecimento no currículo é basicamente um conhecimento especializado, em
geral (mas nem sempre) organizado para ser transmitido de uma geração a outra. Utilizou-se
aqui o verbo “transmitir” sem presumir que seja um processo de mão única, como pode
insinuar a metáfora. Então, o conhecimento no currículo é o fenômeno sobre o qual os
teóricos dizem ter conhecimento especializado. E, é essa teoria do currículo que deveria nos
permitir analisar e criticar suas diferentes formas, bem como esperemos e possamos
desenvolver e propor alternativas melhores de currículo, considerando que o currículo é
trajetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia, nossa vida, currículum vitae: no
currículo se forja a nossa identidade.

Diante o exposto, o objeto da teoria do currículo deve ser o currículo, o que é


ensinado (ou não), seja na universidade, na faculdade ou na escola. Dessa forma, o currículo
sempre é um sistema de relações sociais e de poder com uma história específica. E, isso está
relacionado com a ideia de que o currículo pode ser entendido como “conhecimento dos
poderosos”. Em outras palavras, ele é capaz de prover os alunos de recursos para saber dar
explicações e para pensar alternativas, qualquer que seja a área de conhecimento e a etapa da
escolarização. Pois, é também um corpo complexo de conhecimento especializado e está
relacionado a saber se, e, em que medida um currículo representa “conhecimento poderoso”
e colabora com o progresso e o bem-estar de todos.

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