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Objetivos específicos:

Compreender a relevância das políticas curriculares na atualidade e os seus impactos na


educação.

Elabore um texto, enfocando qual o impacto da BNCC para a educação do nosso país.

No âmbito geral, as políticas educativas e curriculares emergentes das reformas têm incidido em
temáticas como “a autonomia e a descentralização educativas, o novo modelo de gestão escolar,
a gestão flexível do currículo, a integração curricular, a abertura das escolas ao meio e,
sobretudo, a mudança das práticas curriculares dos professores”. Os termos de Projeto Educativo
de Escola (PEE), Projeto Curricular de Escola (PCE) e Projeto Curricular de Turma (PCT)
surgiram, entre nós, a partir dos finais da década de 80 do século XX, sendo o seu uso muito
pontual.
Atualmente, este termo simboliza o reconhecimento da autonomia da escola e dos professores,
no que, ao desenvolvimento do currículo prescrito a nível nacional diz respeito, ou seja, um
desenvolvimento do currículo sensível ao contexto em que está inserido, dos recursos que dispõe
e das características dos alunos que a frequenta. Assim, acredita-se que para a “edificação” de
uma escola promotora de sucesso de todos os seus alunos e de aprendizagens significativas para
os mesmos, é necessário reconstruir e/ou apropriar o currículo nacional, atendendo às
características e situações do contexto onde está inserida.
Nesta ordem de ideias, consideramos que a diferenciação curricular pode ser um instrumento
promotor de inclusão e de equidade se se tiver em consideração as diferenças existentes no meio
da população discente, o que AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS CURRICULARES DE
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO AO LONGO DA VIDA 36 2º CIAE pressupõe ter um
conhecimento aprofundado dessas diferenças no sentido de desenvolver um trabalho rigoroso ao
nível da diferenciação.
O PEE assume-se como um instrumento propício à construção de uma escola democrática, uma
vez que deve resultar de uma ampla participação de todos os elementos da comunidade educativa
onde a escola se insere, embora a questão não seja simples dado que essa construção depende de
um conjunto de atores pouco ou nada coeso, com interesses pessoais e profissionais, por vezes,
muito diferentes. Neste sentido, uma escola que se quer de todos, para todos e com todos, ou
seja, uma escola inclusiva, requer um currículo diversificado e adequado aos diferentes contextos
locais, o que poderá ser operacionalizado através da elaboração do PCE. A manifesta diversidade
sociocultural presente na escola e a crescente necessidade e especificidade educacional na
sociedade de informação contemporânea que sustentam a necessidade de reconstrução de
processos de desenvolvimento e gestão curricular que visem a eficácia e adequabilidade das
práticas educativas a públicos muito diferenciados, assim o exige. Esta é uma preocupação bem
notória na investigação educacional e curricular atual, acentuando a conceptualização do projeto
como eixo privilegiado de organização do trabalho curricular contextualizado. Todavia, a
operacionalização do projeto implica que a escola assuma a sua capacidade de tomada de decisão
e os professores sejam gestores e/ou construtores do currículo prescrito a nível nacional.
Então, de acordo com o currículo instituído, cabe aos professores do Conselho de Docentes
particulares responsabilidades no desenvolvimento do currículo prescrito a nível nacional, em
particular a sua adequação ao contexto de cada turma, conforme se determina no nº4 do artigo 2º
do Decreto-Lei 6/2001.
E, de acordo com os normativos curriculares de âmbito nacional, os instrumentos de gestão
curricular (projeto curricular de escola e de turma) são considerados fundamentais para o
desenvolvimento e gestão curricular. Por outro lado, cabe ao Conselho de Docentes, no que se
refere aos projetos curriculares de turma do 1.º ciclo do ensino básico, desempenhar aqui um
papel relevante.
Uma das grandes mudanças, com muito impacto na formação de professores, é o currículo. Até
a aprovação do BNCC, o currículo era pensado em termos de componentes curriculares
específicos. Ou seja, nas disciplinas que conhecemos hoje, por exemplo Física, Química,
Matemática, Português, Filosofia, etc.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que servirá como guia para a
criação dos currículos escolares dos sistemas e redes de escolas de todo o Brasil. A Base tem
caráter normativo e indica as competências e habilidades que todos os estudantes devem
desenvolver ao longo da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
O principal objetivo da Base Nacional Comum Curricular é balizar a qualidade da educação no
país ao estabelecer um mesmo patamar de aprendizagem e desenvolvimento para todos.
Assim, a BNCC se torna um instrumento fundamental para que todas as escolas do Brasil
formulem seus currículos a partir de um documento comum, com todas as aprendizagens
essenciais para a formação dos alunos.
Além disso, a BNCC também busca contribuir para o alinhamento de políticas e ações para a
educação nas esferas municipal, estadual e federal. Nesse sentido, a formação de professores,
avaliação, elaboração de conteúdos educacionais, critérios para a estrutura das escolas, e outros
fatores, podem ser combinados em todos os níveis.
A expectativa é de que a BNCC contribua para melhorar alguns aspectos da educação brasileira,
como:
 Superar a fragmentação das políticas educacionais;
 Incentivar o fortalecimento da colaboração entre as três esferas do governo;
 Atuar como balizadora da qualidade da educação.
A partir da BNCC passa a se organizar em cinco áreas: Linguagens, Matemática, Ciências da
Natureza, Ciências Humanas e Formação Técnica e Profissional. Além dessa divisão em grandes
áreas do conhecimento, as escolas não serão obrigadas a ofertarem os cinco itinerários
formativos. Como se isso já não fosse bastante prejudicial ao ensino, apenas os componentes
Português e Matemática são obrigatórios.
Hoje enfrentamos um grande problema com poucos professores, principalmente nas áreas de
física e química. E se as escolas não serão obrigadas a ofertar essas disciplinas, acabou-se o
problema. Já que poderão optar por simplesmente não oferecer Ciências da Natureza e suas
tecnologias. Isso baixa o custo e também a qualidade do ensino.
Em termos de números, isso vai resolver, mas em termos de qualidade não. Pelo contrário, essa
medida obriga a quem estuda no ensino básico público a cursar apenas os itinerários ofertados
por escolas da sua região. E isso é muito grave. Porque é não só um boicote para o ensino médio
público, mas também um boicote ao acesso desses alunos ao ensino superior.
No momento em que as ações afirmativas, na forma de cotas para estudantes de escolas públicas,
cotas para negros e outras políticas de inclusão, dão acesso para a população mais pobre às
universidades públicas federais.
Como professores formados em Química, Física ou Biologia poderão atuar interdisciplinarmente
para dar conta do currículo que irá surgir a partir da BNCC? Que tipo de formação será exigida
para atender essa demanda? Em uma realidade onde professores dão aula em três, quatro escolas
para conseguir sobreviver, onde será feito esse planejamento interdisciplinar?
Com que ferramentas? Em que espaço? Em que condições? Em uma realidade onde professores
dão 40 horas semanais exigir que todas as aulas sejam interdisciplinares é uma utopia.
Para atender essa demanda interdisciplinar, no mínimo seria necessário criar espaços de trabalho
para os professores, que permita minimamente o encontro entre professores de disciplinas
diferentes para preparar as aulas articuladas e conjuntas.
Impõe também que as universidades formem professores com esse perfil interdisciplinar.
Oferecendo cursos de ciências da natureza com aprofundamento posterior em uma das
disciplinas, física, química ou biologia.
Além disso, esse formato ao qual a BNCC quer implantar exigiria que os professores de escola
pública tenham dedicação exclusiva, em um único estabelecimento e recebam bons salários.
Contudo, não há vontade política de aumentar o salário de professores e criar a dedicação
exclusiva para professores de educação básica. Uma vez que é importante lembramos que a
Emenda Constitucional (EC 95, de 2016) limitou os gastos públicos em Educação e Saúde por
20 anos. Ou seja, investimentos na educação não são prioridades.
Então é muito possível que aumentará, em muito, as exigências sobre a profissão, mas não o
salário.
Uma outra mudança que vem junto a BNCC é a retirada as menções à “orientação sexual” e
“gênero”. Ao falar sobre gênero na escola, afirmam que ninguém pretende dizer às crianças e
adolescentes que “não existe” homem ou mulher, ou fazê-los “perder” sua identidade. E, dizem
que a questão é justamente compreender que socialmente nos relacionamos a partir de papéis que
definem quem pode fazer o quê. Segundo o texto, falar de gênero e orientação sexual na escola é
desconstruir valores que conferem poderes assimétricos a homens e mulheres, fomentando
relações desiguais e, muitas vezes, violentas.
Porém, na outra ponta, a BNCC implementou a oferta obrigatória do ensino religioso nas escolas
brasileiras. E mais, coloca como possível o professor escolher qual religião trabalhar em sala de
aula. Então, em um espaço tão diverso quanto o Brasil será difícil obrigar os alunos a assistirem
aula de apenas uma determinada religião.
Então, observamos na política educacional que está sendo inserida é o que trás problema. Pois, a
BNCC assume a característica de fornecer padrões e conteúdos a serem aplicados em todo o
País. Ou seja, ela fixa padrões e com isso, 60% do que deveria ser tratados pelas escolas, por
meio de suas autonomias, ficaria definido já pela BNCC. E o restante da diversidade local ficaria
com 40% do montante do Currículo tratado pela escola.
Na política do Ministério, a BNCC deve ser traduzida em itens de avaliação. Ou seja,
reposicionar todo esquema de avaliação brasileiro, com materiais educativos, entre outros,
criando uma padronização nacional. Dessa forma, os 60 % obrigatórios prejudicarão o ensino
diversificado local, seja em termos de conteúdo ou de metodologia. Será um grande prejuízo
para a diversidade de experimentação nacional, de estratégias locais e de processos de inovações
metodológicas.

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