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A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE HISTÓRIA: CONTRIBUIÇÕES

TEÓRICAS PARA UMA REFLEXÃO SOBRE EDUCAÇÃO ANTIFASCISTA

RUAN MATHEUS MARTINS COSTA1

1-INTRODUÇÃO
 Novas diretrizes curriculares nacionais, as propostas da Base Nacional Comum
para Formação de Professores da Educação Básica (BNC, 2019), em consonância com os
marcos regulatórios contemplados no texto da Base Nacional Comum Curricular (BRASIL,
2017), são documentos normativos para a construção das diretrizes curriculares em âmbito
estadual.
 Ressaltamos que muitas críticas já foram tecida, a exemplo de estudiosos como
Macedo (2014), Marsiglia et. al. (2017), D’Ávila (2018),Filho, Lopes eIora (2019), Molina e
Bordignon (2020),Branco e Zanatta (2021), entre outros.
 Implantação do Novo Ensino Médio, instituído pela Lei nº 13.415/2017 que
alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDB, contemplando uma
ampliação na carga horária mínima de permanência do estudante na escola de 800 horas para
1.000 horas anuais.
 Para tanto, nossas análises se respaldam em teóricos que analisam as
prerrogativas legais da BNCC/DCTMA no processo de formação continuada de professores,
sem descuidar da própria análise desse documento legal, com vista para o professor de
História como sujeito mediador das reflexões e práticas pedagógicas propiciadoras da luta
contra as novas facetas do fascismo.

2-A formação profissional do professor no Brasil: políticas e projetos educacionais


emergentes em contextos de crise
 Crise de 1929, questões ligadas a profissionalização e qualificação da mão-de-
obra.
 Manifesto dos Educadores de 1959.
 Elaboração da Constituição de 1988.

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 A organização do ensino brasileiro advindo desse contexto histórico ainda
vigora como campo de disputa dos setores elitistas, que lutam por recursos públicos e leis
“protetoras” do capital.
 A título de exemplo, Penna (2017), em seu texto “O Escola sem Partido como
chave de leitura do fenômeno educacional”, entende que os mecanismos legais para a
reestruturação do currículo e da gestão escolar vinham sendo pensados desde 2004 por meio
das redes sociais com a proposta da “Escola Sem Partido”, proposto anos depois pelo projeto
de Lei nº 867/2015.
 Por meio dessa proposta, pensa-se em combater a “doutrinação” nas escolas
pelas esquerdas no período do governo do PT, mas na verdade trata-se de discursos
“manipuladores” de direita que instituem os princípios moralizantes e preconizam a
“ideologia de gênero” nas escolas.
 Implementação das Escolas Cívico Militares, apresentado no plano de governo
de Jair Messias Bolsonaro em 2018.

3-Políticas educacionais voltadas para o/a profissional de História: o currículo e seus


desafios a formação continuada.
 Reformas liberalizantes concretizadas no governo de Michel Temer (2016-
2018), dentre elas, as propostas de reformas para a educação, a exemplo da BNCC.
 Essa reestruturação da organização curricular para o ensino médio impactou na
carga horária de algumas disciplinas, de modo a ampliar a carga horária de outras disciplinas,
a exemplo de Português e Matemática, reduzindo a 1 hora por semana as outras disciplinas.
 Corroborando com a perspectiva de Molina e Bordignon (2020), que
consideram como um modelo de organização que dilui a disciplina de História em “Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas”, algo semelhante ao contexto da ditadura militar que eliminou
a disciplina de História e Geografia, passando a trabalhar esses conhecimentos na área de
“Estudos Sociais”, priorizando um modelo de ensino tecnicista e visando à preparação de
estudantes ao sistema capitalista.
 Elaboração do DCTMA para o Ensino Médio, atendendo ao cumprimento da
Lei 13.415/2017, que versa sobre a obrigatoriedade das secretarias estaduais de ensino de todo
o país adequarem os seus currículos em uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
 As 10 “competências” propostas pela BNCC como essenciais à prática
profissional, sendo estas: 1. Conhecimento; 2. Pensamento científico, crítico e criativo; 3.
Repertório cultural; 4. Comunicação; 5. Cultura digital; 6. Trabalho e projeto de vida; 7.
Argumentação; 8. Autoconhecimento e autocuidado; 9. Empatia e cooperação; 10.
Responsabilidade e cidadania.
 O DCTMA (2022) segue à matriz de “competências” para a formação de
professores já previstos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a
Reforma do Ensino Médio, instituído pela Lei nº 13.415/17, a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), e as Resoluções do CNE/CP nº 2/2017 e nº 4/2018, denominada de
“BNCC-Educação Básica”.
 Nesse sentido, observamos no DCTMA (2022, p.165) o respaldo a lei para a
fundamentação de seu texto:

De acordo com as Diretrizes Nacionais Curriculares para a Formação de


Professores da Educação Básica, para que a formação continuada tenha
impacto positivo quanto à sua eficácia na melhoria da prática docente, deve
atender às características de foco no conhecimento pedagógico do conteúdo,
uso de metodologias ativas de aprendizagem, trabalho colaborativo entre
pares, duração prolongada da formação e coerência sistêmica.
(MARANHÃO, 2022, p.165, grifos nossos)

 As políticas curriculares e educacionais como campo de negociação política


 Observamos que o DCTMA (2022) ao tratar da formação continuada não
esclarece orientações suficientes para o trabalho pedagógico, principalmente no tocante ao
livro didático, precedendo mais a questão de reforçar exaustivamente o cumprimento as
“competências”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sobre a importância da formação continuada, ela dialoga com as contribuições de
Nóvoa (2019) sobre a formação continuada estar intrínseca ao chão da escola, pois é por meio
desse processo de mudanças que os profissionais da educação se veem diante de um desafio
de continuar com um trabalho pedagógico para a melhoria da qualidade de ensino.

Portanto, mesmo diante de tantos ataques e instabilidades ao sistema educacional


brasileiro, ainda vislumbramos uma força articulada dos profissionais da educação,
pertencentes a uma categoria profissional pouco valorizado, em busca de transformação e
melhoria das condições de todos, visando a luta pela democracia e desmascarando projetos
políticos ideológicos do neoliberalismo por governos fascistas.

REFERÊNCIAS
BRASIL, Base Nacional Comum Curricular (versão final). Brasília: MEC/SEB, 2018.
_______, Resolução CNE/CP 2/2019. Diário Oficial da União, Brasília, 15 de abril de 2020,
Seção 1, pp. 46-49.
BRANCO, Emerson Pereira; ZANATTA, ShalimarCalegari. BNCC e Reforma do Ensino
Médio: implicações no ensino de Ciências e na formação do professor. Revista
InsignareScientia, Edição Especial: I SSAPEC- Simpósio Sul-Americano de Pesquisa em
Ensino de Ciências. Vol. 4, n.3, 2021.
CUNHA, Viviane Peixoto da; LOPES, Alice Casimiro. Militarização Da Gestão Das
Escolas Públicas: a exclusão da atividade política democrática. Educ. Soc., Campinas, v. 43,
e258252, 2022.
D’AVILA, Jaqueline Boeno. As influências dos agentes públicos e privados no processo
de elaboração da base nacional comum curricular. 2018. 131 f. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava, 2018.
FILHO, Edson do Espírito Santo; LOPES, Vânia Pereira Moraes; IORA, Jacob Alfredo. Os
Reformadores Empresariais e o Ensino Médio no Brasil: interesses e projetos em disputa.
Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 11, n. 2, p. 159-170, abr. 2019.
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação
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2017. – (Coleção docência em formação: saberes pedagógicos/ coordenação Selma Garrido
Pimenta).
MACEDO, Elisabeth. Base Nacional Curricular Comum: novas formas de sociabilidade
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1555, 2014.
MARANHÃO. Secretaria de Estado da Educação. Documento curricular do território
maranhense: ensino médio / Maranhão, Secretaria de Estado da Educação. — São Luís,
2022.
MARSIGLIIA, Ana Carolina Glavão; PINA, Leonardo Docena; MACHADO, Vinícius de
Oliveira; LIMA, Marcelo. A base nacional comum curricular: um novo episódio de
esvaziamento da escola no Brasil. Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v.9,
n.1, p.107-121, abr. 2017.
MOLINA, Rodrigo Sarruge; BORDIGNON, Talita Francieli. A BNCC, COMPETÊNCIAS
E A PRECARIZAÇÃO DA HISTÓRIA COMO DISCIPLINA NO ENSINO MÉDIO.
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NÓVOA, António. Os Professores e a sua Formação num Tempo de Metamorfose da
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PENNA, Fernando de Araujo. O Escola sem Partido como chave de leitura do fenômeno
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VIEIRA, Rafaela. Crise do Governo Dilma: A crise econômica internacional e o “ensaio
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