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1, e20210005, 2022
Resumo: As estatuetas são esculturas humanas, de animais ou seres híbridos de dimensões reduzidas e confeccionadas em osso,
cerâmica, marfim ou pedra. Este artigo faz uma revisão dos modos de fabricar o corpo na literatura arqueológica amazônica
e apresenta as estatuetas cerâmicas inéditas das estearias do Maranhão. A classificação tecno-tipológica dos conjuntos e
as formas em que estes corpos foram figurados revelam um modo próprio e o local de fabricação dos corpos. Alguns
elementos iconográficos compartilhados com os povos da fase Marajoara evidenciam fluxos estilísticos de interação social
entre grupos do baixo Amazonas e do estuário maranhense. O propósito da confecção destes artefatos parece remeter
tanto a seres humanos individualizados, a mulheres que participaram de rituais de puberdade, a figuração trasmutacional
de corpos que incidem sobre os aspectos animistas e perspectivistas das ontologias ameríndias amazônicas, como também
ao xamanismo e aos animais que auxiliaram os xamãs em sua comunicação com os diversos mundos tangíveis.
Abstract: Figurines are human sculptures of animal or hybrid beings of reduced dimensions and made of bone, ceramics, ivory,
or stone. This article reviews the ways of making the body in the Amazonian archaeological literature and presents the
unpublished ceramic statuettes of the Maranhão stilt villages. The techno-typological classification of the sets and how
these bodies were figured reveal a specific and local way of making the bodies. Some iconographic elements shared
with the people of the Marajoara phase show stylistic flows of social interaction between groups at the mouth of the
Amazon and the Maranhão estuary. The purpose of making these artifacts seems to refer to individualized human beings;
to women who participated in puberty rituals; to the transmutational figuration of bodies that focus on the animistic and
perspectivist aspects of Amazonian Amerindian ontologies, such as shamanism and animals that helped shamans in their
communication with the different tangible worlds.
Navarro, A. G. (2022). Modos de fabricar o corpo nas estearias: estudo arqueológico das estatuetas dos povos palafíticos do Maranhão.
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 17(1), e20210005. doi: 10.1590/2178-2547-BGOELDI-2021-0005
Autor para correspondência: Alexandre Guida Navarro. Universidade Federal do Maranhão. Av. dos Portugueses,1966 – Bacanga. São
Luís, MA, Brasil. CEP 65085-580 (altardesacrificios@yahoo.com.br).
Recebido em 15/01/2021
Aprovado em 14/06/2021
Responsabilidade editorial: Fernando Ozório de Almeida
BY
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Modos de fabricar o corpo nas estearias: estudo arqueológico das estatuetas dos povos palafíticos do Maranhão
“Ele, o corpo, afirmado ou negado, pintado 200 km da capital do estado, São Luís (Navarro, 2017,
e perfurado, resguardado ou devorado tende
sempre a ocupar uma posição central na visão que
2018a, 2018b; Navarro & Silva Júnior, 2019; Navarro &
as sociedades indígenas têm acerca da natureza Prous, 2020) (Figuras 1 e 2). Construídas desde o início da
humana” (Seeger et al., 1979, p. 3).
era cristã até o século XII, estes sítios arqueológicos vêm
INTRODUÇÃO ganhando repercussão na arqueologia brasileira por causa
Por definição, uma estatueta é uma escultura que figura da boa preservação do material que se encontra em meio
corpos humanos, de animais ou de seres híbridos. As à turfa do leito aquático onde foram descartados.
estatuetas apresentam dimensões reduzidas e foram Estudos arqueológicos realizados por Navarro desde
confeccionadas em cerâmica, osso, marfim ou em lítico 2014 demonstram que estes assentamentos não são simples
(Barreto, 2016), sendo artefatos mobiliários, ou seja, acampamentos, como até então se pensava. A grande
podem ser transportadas (Ember et al., 2004). quantidade de artefatos com marcas de fuligem e cocção
Esses objetos vêm sendo estudados com recorrência, evidencia uma ocupação de longa duração (Navarro, 2018a).
como a apresentação de vários contextos mundiais no A existência de muiraquitãs nesses sítios – como o exemplar
recente manual “The Oxford Handbook of Prehistoric coletado por Navarro et al. (2017) no sítio Boca do Rio, em
Figurines”, organizado por Insoll (2017). Não é objetivo deste 2014, e aqueles coletados por Lopes (1924) e estudados
artigo fazer uma revisão desses estudos, e sim corroborar os por Navarro e Prous (2020) no Museu Nacional antes do
posicionamentos teóricos acerca da arqueologia do corpo incêndio que o consumiu – corrobora a conexão de redes
no que tange às estatuetas amazônicas, sobretudo aquelas ou esferas de interação destes grupos, uma vez que indica
femininas, uma vez que a quase totalidade dos exemplares a conexão de redes de longa distância entre viajantes do
aqui apresentados refere-se a este sexo. baixo Amazonas e, possivelmente, das Antilhas e do Caribe.
As estatuetas, portanto, apresentam um amplo Há que se destacar também que esta é a primeira
significado semântico, que está associado desde as vez em que se estudam, de maneira sistemática, as
correntes teóricas mais conservadoras, como a associação estatuetas das estearias, o que pode contribuir para a
com o erotismo ou a fecundidade, até posicionamentos compreensão das cosmologias ameríndias do estuário
feministas, que as colocam como representações de da Baixada Maranhense,, uma área que ainda tem pouca
mulheres ocupando chefias políticas. informação arqueológica. O problema que norteia este
Este artigo nasce de uma reflexão originada após trabalho, portanto, é verificar se as estatuetas dos povos das
seis trabalhos de campo nas estearias maranhenses, de palafitas revelam ou não características semelhantes com
onde foram coletados vários inteiros e fragmentados de as do universo cosmológico dos povos que habitaram o
estatuetas. Neste artigo, optou-se por estudar aquelas que baixo Amazonas, como os das fases Marajoara e Santarém.
apresentassem as características morfológicas e técnico-
tipológicas suficientes para contribuir com a discussão ANTECEDENTES
acerca da arqueologia do corpo na Amazônia. Na Amazônia brasileira, a maioria dos estudos sobre
As estearias são sítios arqueológicos formados por estatuetas foi feita por mulheres, sendo elas: Palmatary
palafitas, erguidas dentro de rios e lagos, e que serviam de (1950, 1960), Corrêa (1965), Roosevelt (1988, 1991),
sustentação para os pilares ou esteios de madeira das aldeias Schaan (2001a, 2001b, 2009), Gomes (2001, 2019) e
indígenas, com a finalidade de proteção contra inundações. Barreto (2009, 2014, 2017). Esses estudos centram-se
Esse é um tipo peculiar de ocupação pré-colonial na região nas duas sociedades pré-coloniais, com maior destaque
conhecida como Baixada Maranhense, a aproximadamente em Santarém e na fase Marajoara.
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Figura 1. Mapa com a localização das estearias do rio Turiaçu. Fonte: acervo do Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal do Maranhão (LARQ-UFMA).
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práticas rituais (Lagrou, 2007). Arqueólogos cada vez (Santos-Granero, 2012; Barreto, 2014). Assim, o corpo é
mais utilizam as teorias antropológicas e a etnografia o lugar da experiência vivida, compartilhada pelo grupo,
para ratificarem seus argumentos. Se aplicar essas gerando identidades sociais, pois “. . . Today, the body as a
teorias etnológicas ao registro arqueológico pode ser site of lived experience, a social body, and site of embodied
interpretado como anacronismo, a agência destes agency, is replacing prior static conceptions of an archaeology
artefatos também pode ter desempenhado funções of the body as a public, legible surfasse” (Joyce, 2005, p. 139).
semelhantes no passado, como salientou Barreto (2017).
Desse modo, Seeger et al. (1979, p. 2) consideram RESULTADOS
a corporalidade uma linguagem simbólica em que “. . . a Os sítios pesquisados que sofreram intervenção a partir de
noção de pessoa e uma consideração do lugar do corpo coleta de superfície foram Armíndio (ARM), Boca do Rio
humano na visão que as sociedades indígenas fazem de (BR), Caboclo (CAB), Lago do Sousa (SOU), Cabeludo
si mesmas são caminhos básicos para uma compreensão (CBL) e Formoso (FOR), localizados na bacia hidrográfica do
adequada da organização social e cosmologias dessas rio Turiaçu e o último foi encontrado na bacia do Mearim-
sociedades”. Nesse sentido, as identidades sociais, assim Pindaré. Todos estes sítios estão datados entre 800 e 1000
como as diversas manifestações culturais das sociedades AD, sendo o Lago do Souza uma exceção, datado do início
indígenas, como os mitos, as cerimônias, a ancestralidade, da era cristã (Tabela 1). A fim de corroborar a amostragem,
são construídas sobre os seus corpos, que são instáveis, os exemplares do Museu Nacional coletados por Raimundo
transformacionais, agenciados, por isso são fabricados. Lopes nos sítios do Turiaçu, e que foram estudados por
O corpo, nesse contexto, é constituído como uma Costa et al. (2016), também compuseram este estudo.
diversidade tangível da vida material e imaterial, em que Uma vez que há um grande número de exemplares,
a estrutura física “. . . não é a totalidade de corpo; nem opta-se por descrever somente aqueles que tenham
o corpo a totalidade da pessoa. . .” (Seeger et al., 1979, integridade perceptível das categorias, neste caso, as
p. 11). O corpo é, portanto, o local da vivência social. que apresentam elementos corporais identificáveis. No
Nesse sentido, o corpo adquire diversos significados entanto, os demais fragmentos com unidades mínimas
semânticos, caracterizados por uma ontologia chamada de identificação também foram computados para fins
de multinaturalismo ou perspectivismo por Viveiros de estatísticos, mas não aparecem no Apêndice 1. Ao todo,
Castro (2002, p. 347), em que “. . . o mundo é habitado portanto, o corpus de estatuetas apresentadas neste artigo
por diferentes espécies de sujeitos ou pessoas, humanas e corresponde a 74 exemplares, sendo 62 antropomorfos,
não humanas que o apreendem segundo pontos de vista quatro antropozoomorfos e oito zoomorfos. Com
distintos”. Assim, a corporalidade implica a fluidez cosmológica relação à metodologia de coleta de superfície, à medida
dos seres, dependendo da agência a que estão submetidos, em que os esteios eram mapeados e georreferenciados,
sendo eles pessoas, animais, seres sobrenaturais ou coisas. os objetos ao redor dos esteios eram também coletados,
No que tange à aplicação das teorias etnológicas para que se formasse uma coleção arqueológica. Desse
à arqueologia, os materiais arqueológicos, como os modo, se poderia estudar a variabilidade artefatual desses
vasilhames e as próprias estatuetas cerâmicas, podem ser assentamentos, buscando criar quadros hipotéticos de
interpretados como corpos humanos ou de animais. Muitos ocupação do território, de inserção na paisagem e das
deles possuem traços da corporalidade física destes seres, formas dos vasilhames cerâmicos, com o intuito de inferir
como os olhos e a boca, com alguns, inclusive, dotados de os usos sociais (Navarro, 2017, 2018a, 2018b; Navarro &
alma e consciência, podendo ser agenciados como pessoas Silva Júnior, 2019).
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Embora esses artefatos não tenham sido obtidos como antropomorfos, antropozoomorfos e zoomorfos;
a partir de escavações estratigráficas, há o controle 2) as estatuetas foram descritas a partir de sua sigla e seu
da procedência e do local exato do registro da planta número de catalogação, seguido de seus atributos formais,
do sítio, o que pode oferecer subsídios de análise obedecendo à estrutura corporal, a saber: cabeça, tronco
comparativa entre os sítios arqueológicos, por meio das e membros; 3) tipo de manufatura, com alusão ao tipo de
diferenças e das semelhanças da variabilidade desse tipo queima, se acordelado, alisado, moldado ou modelado,
de artefato. Isso também ocorre na maioria dos casos se oco ou compacto; 4) características técnico-tipológicas,
das coleções de estatuetas estudadas pelos diversos como os tipos de antiplásticos, se há presença de incisão
pesquisadores apresentados neste artigo, o que, portanto, e excisão, de pintura e demais elementos constitutivos
não impossibilita as análises. da peça; 5) fotografias de frente e, quando possível (por
Ressalta-se, pelos motivos já descritos, a inviabilidade causa da integridade das peças), do verso e de perfil foram
da descrição de todos os atributos da variabilidade artefatual. apresentadas no caso dos exemplares mais representativos;
Somente aqueles elementos diagnósticos de maior destaque 6) no caso dos exemplares inteiros, a medida da altura e da
tiveram ênfase neste trabalho. A partir da discussão sobre largura foi fornecida.
a arqueologia do corpo, a descrição contemplou: 1) a A análise tecno-tipológica e o estudo da figuração
variabilidade artefatual tecno-estilística de cada conjunto dos corpos das estatuetas das estearias revelaram as
identificável pelo pesquisador, com os elementos definidos informações descritas no Apêndice 1.
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Modos de fabricar o corpo nas estearias: estudo arqueológico das estatuetas dos povos palafíticos do Maranhão
DISCUSSÃO
A revisão da literatura acerca das estatuetas amazônicas e
a análise tecno-tipológica e tecno-estilística das estatuetas
das estearias revelam que o corpo parece ter sido um lugar
de experimentação social (Joyce, 2005).
Quanto aos aspectos regionais, as principais
características morfológicas das estatuetas analisadas
neste artigo as aproximam mais da fase Marajoara do que
da fase Santarém1, entre elas: 1) formato fálico de alguns
exemplares; 2) algumas são ocas e possuem bolotas de
argila na parte interna, podendo, portanto, funcionar Figura 6. Queima redutora e caco moído acrescentado à pasta de
como chocalhos; 3) são mais uniformes e padronizadas argila das estatuetas. Fonte: acervo do LARQ-UFMA.
e menos gestuais e realistas do que as santarenas; 4)
ausência de estatuetas de grandes dimensões, cuja Os elementos de figuração corporal que se
altura varia entre 6 e 14 cm; 5) as bases são mais assemelham aos povos da fase Marajoara parecem pertencer
arredondadas do que pontiagudas, se comparadas a um conjunto de práticas de sociabilidade compartilhada.
com as de Santarém, como sugeriu Palmatary (1960); Conforme ressaltou Barreto (2014), fluxos estilísticos são
6) em geral, os braços estão fletidos sobre o abdômen decorrentes dessas redes de esferas de interação social.
e não possuem o típico vão entre eles e o tronco; 7) Provavelmente, tanto os povos da fase Marajoara como os
presença do típico T que une as sobrancelhas e o nariz, das estearias estavam inseridos em redes de sociabilidade
completamente ausente nos exemplares santarenos comuns, uma vez que também compartilharam objetos de
(Schaan, 2009); 8) uso do antiplástico de caco moído; pedras verdes, como os muiraquitãs. Um exemplo deste
9) queimas redutoras; 10) tratamento de superfície fluxo estilístico poderia ser o modelado em forma de T, que
alisado; e 11) pintura vermelha, a qual foi, contudo, rara aparece na região da sobrancelha e do nariz das figurações
na coleção aqui estudada (Figura 6). humanas, recorrente nas estatuetas de urnas funerárias
No entanto, as estatuetas das estearias possuem Marajoaras e em alguns exemplares das estearias. Segundo
características peculiares no que tange aos aspectos Mikkola (2020), o T seria o disco facial da espécie Pulsatrix
tecno-tipológicos, como os olhos aplicados em forma perspicillata, ou murucututu, uma das maiores aves de rapina
de botão, a recorrência do rosto zoomorfo de coruja da Amazônia. A sua principal característica corporal em
e as panturrilhas deformadas pelo uso de adornos comparação às demais espécies de corujas é a ausência de
corporais. Chama a atenção a variabilidade desses grandes orelhas. Trata-se de uma coruja de grande porte,
diferentes modos de fabricação corporal, que podem ser predadora de hábitos noturnos, segundo este pesquisador.
deformados, metamorfizados, escarificados ou, ainda, Observa-se que, neste tipo de estatueta, a figuração das
pintados. Sendo assim, essas características fazem das orelhas também está ausente (Navarro, 2020). Assim, essa
estatuetas das estearias uma forma inédita de figurar o semelhança entre a cultura material de ambas as regiões
corpo na porção oriental da Amazônia. se refere às interações sociais existentes entre estes dois
1
A desfiliação da fase Marajoara da terra preta arqueológica (TPA) não será abordada neste artigo, uma vez que requer uma discussão
complexa. Sobre o assunto, ver Barreto (2016), Almeida (2016) e Neves (2016).
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povos ameríndios. Além disso, alguns exemplares, como A análise formal possibilitou fazer as seguintes
os evidenciados nas estatuetas CBL 104 e ARM1 407 comparações: as estatuetas antropomorfas representam
(Apêndice 1), possuem um coque atrás da cabeça que é 83,7% da coleção, geralmente, apresentando mulheres
parecido com aquele usado pelos indivíduos figurados em com a figuração do sexo, sendo alguns desses
urnas funerárias Maracá (Meggers & Evans, 1957). Embora objetos chocalhos. As estatuetas antropozoomorfas
mais tardias, a figuração das urnas Maracá pode indicar que correspondem a 5,4% dos exemplares e evidenciam, em
os povos das estearias participaram de fluxos estilísticos mais geral, o ser humano com cabeça de coruja; e também
amplos no baixo Amazonas (Figura 7). são chocalhos e nem sempre trazem a representação
Na Tabela 2, pode-se notar que a maioria das do sexo. Já os exemplares zoomorfos correspondem
estatuetas analisadas neste artigo é antropomorfa, seguidas a 10,8% da coleção e destacam-se pelas figurações de
dos tipos antropozoomorfo e zoomorfo. coruja e macaco (Figura 8).
Figura 7. A e B) Típico T nas estatuetas marajoara e estearias; C) espécie de coruja figurada; D) coque na urna maracá e estearia. Fonte:
acervo do LARQ-UFMA e Goeldi (1898).
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Modos de fabricar o corpo nas estearias: estudo arqueológico das estatuetas dos povos palafíticos do Maranhão
Esta análise propiciou vislumbrar quatro tipos de de adornos do tipo jarreteira; 3) figuração transmutacional
fabricação do corpo: 1) figuração humana individualizada; do corpo, evidenciada pelo hibridismo corporal entre seres
2) figuração humana com pintura corporal, escarificações humanos e animais, e capacidade agentiva das estatuetas-
ou tatuagens e deformações corporais nas pernas pelo uso chocalho; e 4) figurações zoomorfas.
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Figura 10. Jarreteiras presentes nas pernas das estatuetas. Fonte: acervo do LARQ-UFMA.
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Segundo Métraux (1930), as jarreteiras são uma característica As estatuetas-chocalho, por sua vez, possuem
marcante dos grupos Karib. Esse modo de fabricar o corpo bolotas de argila em seu interior, sugerindo o uso como
também é perceptível no caso de algumas urnas funerárias maracás. Zerries (1981, p. 11) assinala que o maracá sempre
maracás (Guapindaia, 2008). foi o instrumento xamânico mais importante nas culturas
No entanto, na coleção estudada, destacam-se as das terras baixas da América do Sul não andinas, uma vez
estatuetas antropomorfas que apresentam uma perspectiva que “. . . el ruido de las piedritas o semillas en su interior
transmutacional do corpo. São elas as estatuetas-chocalho, es interpretado como la voz de los espíritus y las piedras e
como os exemplares BR 58, CBL 104, CBL 147 e ARM sí como su manifestación”. Recentemente, Barreto (2014)
546, e aquelas em que há uma clara associação na fabricação chamou atenção para a capacidade agentiva de produzir o
de corpos híbridos de seres humanos e animais, como som destes artefatos, os quais possivelmente eram usados
os exemplares ARM 60, ARM 64, ARM1 407 e CAB 151 pelos xamãs em rituais de cura.
(Apêndice 1). Este modo de figurar o corpo nas sociedades Etnograficamente falando, o maracá é feito a partir
amazônicas é construtivista, como bem lembrou Santos- de uma cuia e está associado a um instrumento musical
Granero (2012). Nesse sentido, possivelmente, o significado que, no caso dos Xikrin, revela a coesão social do grupo
do conjunto destas estatuetas é o xamânico, assim como indígena, uma vez que é:
pontuaram Roosevelt (1988), Gomes (2001), Schaan
(2001a, 2001b) e Barreto (2014, 2017) para as estatuetas . . . redondo como o universo, como as aldeias circulares,
como o círculo dos homens sentado no conselho, à
amazônicas em geral. noite, no meio do pátio, apontando na sua verticalidade
Logo, o xamanismo é um “. . . sistema coherente para o céu, morada dos antigos em tempos primordiais
e morada das aves, criadas e invejadas pela humanidade
de creencias y prácticas religiosas, que trata de organizar y terrestre (Vidal, 2000a, p. 130).
explicar las inter-relaciones entre el cosmos, la naturaliza
y el hombre” (Reichel-Dolmatoff, 1988, p. 23). O xamã, Estatuetas têm a forma alongada de uma cuia e
nesse contexto, é quem tem um conhecimento sensível também podem ser alusão a estes recipientes. O maracá
das ações humanas sobre a natureza, como os curandeiros como agência pode, desse modo, figurar o corpo de
e rezadeiros que, a partir das tradições mitológicas, atuam uma gestante por meio do formato redondo do artefato.
sobre os cosmos através de danças, cantos e reuniões Assim, as pedrinhas de chocalho podem ser “. . . o sêmen
coletivas, momentos em que essa narrativa se consagra e masculino ou a vida dentro do útero materno” (Barreto,
se perpetua na memória social do grupo. 2014, p. 67). A estatueta ARM1 376 parece estar grávida,
Práticas xamanísticas com estatuetas foram com suas mãos sobre o ventre (Apêndice 1). Vale observar,
registradas por Basso (1973), entre os grupos Karib e aqui, a energia fluida da gravidez (Lagrou, 2007), uma vez
Arawak; para os mesmos grupos, Carneiro (1982) e que o ânus retratado nesse exemplar, assim como a boca,
Gregor (1977) etnografaram o uso de estatuetas para o seria um orifício ou um tubo corporal por onde podem
reestabelecimento da saúde do enfermo. Stahl (1986) entrar e sair substâncias, um canal de energia sinestésica,
atribui a hibridez de seres humanos e animais das como postulou Hugh-Jones (2017).
estatuetas xamânicas aos rituais com uso de substâncias O maracá, portanto, faz parte da parafernália
alucinógenas que presenciou na América do Sul, uma vez xamânica porque é capaz de emitir som, forma de
que “. . . the figurines may hav served as mundane abodes comunicação presente entre os diferentes mundos onde
for summoned spitits within the contexto of an analogous o xamã atua. Esses instrumentos sonoros estão presentes
prehistoric religion” (Stahl, 1986, p. 146). em grande parte dos registros etno-históricos do período
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Karib praticavam essa deformação corporal em rituais de do Estado do Maranhão (FAPEMA), pela concessão de
puberdade. As estatuetas antropozoomorfas parecem diversos editais que fomentaram as pesquisas das estearias.
evidenciar processos de metamorfose corporal. As estatuetas- Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
chocalho podem ter sido utilizadas em rituais xamânicos de Tecnológico (CNPq), pela bolsa de produtividade (processo
cura, assim como também revelou a analogia etnográfica. 303620/2021-8). Ao Prof. Dr. José de Sousa Silva Júnior,
O som parece ter tido um poder agentivo importante. Já as zoólogo do Museu Paraense Emílio Goeldi, agradeço pela
estatuetas híbridas, com traços humanos e não humanos, identificação das espécies Aotus infulatus e Speothos venaticus
também podem evidenciar os modos transmutacionais de figurando estatuetas zoomorfas. Ao Prof. Dr. Heimo Mikolla,
figurar o corpo de diferentes seres que povoaram distintos zoólogo da University of Eastern Finland, quem me ajudou
mundos, as quais podem aludir à própria transformação na identificação da espécie Pulsatrix perspicillata, que figura
corporal do xamã para alcançar essas esferas a partir do uso várias estatuetas zoomorfas e antropomorfas. Aos Profs. Dr.
de alucinógenos. Por fim, as estatuetas zoomorfas também Taran Grant e Miguel Trefault, zoólogos da Universidade de
podem pertencer à parafernália ritual xamânica, uma vez que São Paulo (USP), pela análise de varredura em microscopia
os animais são os auxiliares dos xamãs em seus diferentes RAMAN. Ao museólogo Helder Bello de Mello (LARQ-
mundos tangíveis. A preferência pela figuração de corujas, UFMA), pelo zeloso trabalho de catalogação das peças. À
um animal noturno e com grande capacidade de visão, é uma Mayara Dias, colaboradora do LARQ-UFMA, pelo esmero
alusão dessa metáfora corporal que o ser humano adquire no trabalho de diagramação das estatuetas. Estendo meus
durante os rituais de xamanismo. agradecimentos à Dra. Cristiana Barreto, aos pareceristas
Finalmente, a variabilidade artefatual composta pelas anônimos e a Secretaria do Boletim do Museu Paraense
estatuetas dos povos das estearias parece figurar os traços Emílio Goeldi. Ciências Humanas, que contribuíram para o
identitários que foram fabricados no corpo, local da vivência aperfeiçoamento do manuscrito.
social. Nesse sentido, as estatuetas legitimam a história das
memórias coletivas de um grupo social através do corpo REFERÊNCIAS
socialmente fabricado. Almeida, F. O. (2016). Arqueologia dos Tupi-Guarani no baixo
Amazonas. In C. Barreto, H. Lima & C. Betancourt (Orgs.),
Cerâmicas arqueológicas da Amazônia: Rumo a uma nova síntese
AGRADECIMENTOS (pp. 171-182). IPHAN.
Gostaria de agradecer à minha maior incentivadora para
Barreto, C. N. G. B. (2009). Meios místicos de reprodução social:
escrever este artigo, a Profa. Dra. Anna C. Roosevelt, da Arte e estilo na cerâmica funerária da Amazônia antiga [Tese
University of Illinois at Chicago. Agradeço ao Instituto do de doutorado, Universidade de São Paulo].
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), pela Barreto, C. N. G. B. (2014). Corpo e identidade na Amazônia
autorização e pelas renovações da coleta arqueológica, antiga: Um estudo comparativo de estatuetas cerâmicas.
https://www.academia.edu/37601984/CORPO_E_
através do processo 01494.000442/2013-37. A Fullbright IDENTIDADE_NA_AMAZ%C3%94NIA_ANTIGA_
Commission, pela bolsa concedida na modalidade Visiting UM_ESTUDO_COMPARATIVO_DE_ESTATUETAS_
CER%C3%82MICAS_Relat%C3%B3rio_final_de_projeto_
Professor Award, na University of Illinois at Chicago. de_pesquisa_de_p%C3%B3s_doutorado_Outubro_2014_
Às instituições onde pesquisei: Smithsonian Institution Museu_de_Arqueologia_e_Etnologia_UNIVERSIDADE_
DE_S%C3%83O_PAULO
(Washington), Penn Museum (Filadélfia) e American Museum
of Natural History (Nova York), onde pude consultar as Barreto, C. N. G. B. (2016). O que a cerâmica Marajoara nos explica
sobre fluxo estilístico na Amazônia?. In C. Barreto, H. Lima &
estatuetas marajoaras e santarenas. À Fundação de Amparo C. Betancourt (Orgs.), Cerâmicas arqueológicas da Amazônia:
à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico Rumo a uma nova síntese (pp. 115-124). IPHAN.
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Modos de fabricar o corpo nas estearias: estudo arqueológico das estatuetas dos povos palafíticos do Maranhão
Barreto, C. N. G. B. (2017). Figurine Traditions from the Amazon. Guapindaia, V. L. C. (2008). Além da margem do rio: A ocupação
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17
Apêndice 1. Tipologia das estatuetas. Crédito das imagens: acervo do LARQ-UFMA e Costa et al. (2016). (Continua)
Classificação tipológica Siglas dos sítios e número do registro
Estatuetas antropomorfas (62 exemplares) ARM 62, ARM 63, ARM 64, ARM 142, ARM 192, ARM 199, ARM 273, ARM 274, ARM 199, ARM
551, ARM 552, ARM 546, ARM 547, ARM 548, ARM 549, ARM 551, ARM 552, ARM 692, ARM
790, ARM 821, ARM1 098, ARM1 368, ARM1 131, ARM1 370, ARM1 371, ARM1 372, ARM1 373,
ARM1 374, ARM1 375, ARM1 376, ARM1 377, ARM1 378, ARM1 382, ARM1 383, ARM1 384,
ARM1 408, ARM1 454, ARM1 455, ARM1 546, ARM1 458, ARM1 459, BR 37, BR 57, BR 58, BR 59,
BR1 93, BR1 096, BR1 097, BR1 098, BR1 101, CBL 104, CBL 147, CBL 791, CAB 01, CAB 02, CAB
03, SOU 010, MN 02, MN 03, MN 04, MN 05, FOR (601)
Estatuetas antropomozoomorfas (4 exemplares) ARM 60, ARM 64, ARM1 407, MN 01
Estatuetas zoomorfas (8 exemplares) ARM 61, ARM 271, ARM1 099, ARM1 454, BR 055, BR 056, CBL 15, MN 06
18
ARM 62 figurada por uma incisão. Está sentada, com as duas pernas
abertas, sendo representados os pés sem os dedos.
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
nas sobrancelhas que se unem, formando um T. Há dois
ARM 692
ponteados marcando as narinas. A presença de um botoque
no queixo ou um tembetá indica o sexo masculino.
Modos de fabricar o corpo nas estearias: estudo arqueológico das estatuetas dos povos palafíticos do Maranhão
19
olhos incisos e narinas formadas por ponteados. As
ARM1 372 sobrancelhas são modeladas por um filete aplicado,
formando um arco pelo rosto. A orelha direita em
formato de espiral é modelada por um filete aplicado.
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
O exemplar figura o sexo feminino, com o corpo sem a
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 17, n. 1, e20210005, 2022
20
Estatueta sem a indicação do sexo. Ausência da cabeça.
Apresenta umbigo modelado em depressão. Os braços
estão fletidos sobre o ventre. Está sentada, e as pernas
ARM1 377
estão abertas, com presença dos pés. Apresenta pernas
bulbosas, indicando possível uso de adornos que
provocaram esta deformação corporal.
Estatueta fragmentada, acordelada e modelada, oca, com antiplástico de
caco moído, alisada e submetida à queima redutora. Apresenta marcas
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
de queima.
face externa.
21
em depressão, boca incisa, nariz modelado com dois
BR 58
ponteados e orelhas modeladas. Possui bolotas de argila
em seu interior, indicando uso como chocalho.
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
Figura uma cabeça com olhos modelados e aplicados em
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 17, n. 1, e20210005, 2022
22
sinuoso nas duas faces do corpo e nas laterais, indicando
ARM 546
possíveis escarificações corporais ou tatuagens. Em cada
lado da cabeça, há um orifício vazado. A perna esquerda,
curta, está representada, mas sem o pé. Possui bolotas de
argila em seu interior.
Estatueta inteira, acordelada e modelada, oca, alisada, com antiplástico
de caco moído e submetida à queima redutora. Medidas: 10,4 x 5,6 cm.
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
Figura parte do tronco e as pernas com os pés.
ARM 551
Está em pé.
Modos de fabricar o corpo nas estearias: estudo arqueológico das estatuetas dos povos palafíticos do Maranhão
23
Estatueta fragmentada, figurando uma perna.
FOR 0601 Apresenta pintura corporal formada por grafismos
abstratos, na cor preta.
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
antiplástico de caco moído e submetida à queima redutora.
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 17, n. 1, e20210005, 2022
24
de caco moído e submetida à queima redutora. Medidas: 14 x 5 cm.
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
Figura um ser humano com umbigo modelado em
depressão e braços modelados em forma de S invertido.
Não há indicação de sexo. Está sentada com as pernas
MN 03
abertas. Apresenta perna bulbosa, indicando uso de
adornos que provocaram esta deformação corporal.
Ver Costa et al. (2016, p. 183).
Modos de fabricar o corpo nas estearias: estudo arqueológico das estatuetas dos povos palafíticos do Maranhão
25
Estatueta feminina, com figuração da vulva modelada e da
MN 05 vagina incisa. Apresenta somente a perna direita.
Ver Costa et al. (2016, p. 183).
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
Figura uma coruja, com a presença do disco facial, rosto
achatado com depressões de onde se desprenderam
os olhos modelados. Possui duas narinas ponteadas.
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 17, n. 1, e20210005, 2022
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Estatueta feminina com cabeça de coruja, evidenciada
pelo disco facial que se une ao bico curto, formando
um T. Possui olhos modelados, aplicados em forma de
botão, orelhas modeladas com orifício vazado, indicando
uso de adornos auriculares. Atrás da cabeça, há um
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
modelado saliente que poderia representar um coque
ou um adorno. Há um orifício vazado em cada lado do
pescoço, indicando seu uso suspenso. Existe também
ARM1 407 nessa região uma faixa em forma de U, pintada de
vermelho. Os braços estão semicurvados e posicionados
ao lado do tronco. No tronco, destaca-se a presença do
umbigo modelado em depressão. Uma incisão demarca
Estatueta inteira, acordelada e modelada, oca, com antiplástico de caco a vulva. Há bolotas de argila em seu interior, o que indica
moído, alisada, submetida à queima redutora e com marca de queima. o uso como chocalho. Está sentada, com as pernas
Medidas: 10,6 x 8,8 cm. abertas, e os pés estão figurados. Notam-se bulbos nas
pernas, indicando o uso de adornos que provocam esta
deformação corporal.
Modos de fabricar o corpo nas estearias: estudo arqueológico das estatuetas dos povos palafíticos do Maranhão
Apêndice 1. (Continua)
27
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
Figura uma coruja, com o típico disco facial que se une
ao nariz, formando um T. Os olhos são modelados em
MN 01 forma de botão. A pequena boca é incisa. Os braços têm
a forma de um s invertido e estão posicionados ao lado
do corpo. Está em pé. Ver Costa et al. (2016, p. 183).
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 17, n. 1, e20210005, 2022
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ARM1 099 olhos, em formato de botão, são modelados e aplicados.
Na parte superior direita da cabeça, existe um pequeno
orifício vazado que indica seu uso suspenso.
Estatueta fragmentada, acordelada e modelada, alisada, com
antiplástico de caco moído e submetida à queima redutora.
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
Figura um possível macaco-da-noite (Aotus infulatus),
segundo Navarro e Silva Júnior (2019, p. 213). Possui
cavidade ocular em depressão, o nariz é formado
por dois ponteados e as orelhas estão representadas.
O tronco caracteriza-se por um orifício na região do
ARM 61
umbigo, o que pode indicar o uso de alucinógenos
através de um inalador. Os braços eram modelados e se
Modos de fabricar o corpo nas estearias: estudo arqueológico das estatuetas dos povos palafíticos do Maranhão
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foram inseridas na peça pela boca, segundo análise feita
por RAMAN, tendo sido logo em seguida selada.
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 17, n. 1, e20210005, 2022
ESTATUETAS ANTROPOMORFAS
Medidas: 3,5 x 0,7 cm.
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Modos de fabricar o corpo nas estearias: estudo arqueológico das estatuetas dos povos palafíticos do Maranhão