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XII Encontro Nacional de História Oral 1

Contorcionistas do Mangue: estratégias de sobrevivência e modos


de ser e trabalhar no Delta do Parnaíba (1960-2012)

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DANIEL SOUZA BRAGA

Dos mangues à História

“O homem e o corpo são indissociáveis e, nas representações coletivas, os


componentes da carne são misturados ao cosmo, à natureza, aos outros”. Essa citação de Le
Breton (2017, p.30) é cara para os pesquisadores que se debruçam sobre os modos de ser e
viver de trabalhadores caiçaras que, tendo como o horizonte o espaço natural, observam como
esses homens se aventuram de sol a sol extraindo da natureza os recursos necessários à
sobrevivência. Porém, ao mesmo tempo em que esses homens marcam o território, são, por
conseguinte, marcados por ele. Os corpos adaptam-se para enfrentar o meio natural
diariamente, tornando-se, contudo, parte dele. Portanto, são corpos impregnados de sentido;
assim, através de um trabalho de campo pude perceber então o quanto os corpos desses
caranguejeiros eram repletos de sentidos, de tramas sociais; na verdade, era uma espécie de
documento vivo, de memória circulante; corpos gastos pela labuta cotidiana que revelavam
diversas histórias de dor, queimaduras de sol, picadas de insetos, privações de nutrientes e de
esforços físicos extenuantes. Corpos escritos de significados e significantes oriundos de suas
interações com o mangue.
Marcel Mauss (2008, p.217), falando sobre as noções e as técnicas corporais, afirmou
que o corpo é o primeiro e o mais natural instrumento do homem. Os catadores de caranguejo,
com efeito, utilizam-se dos seus corpos para, assim, se imbricarem entre as raízes e extraírem
o crustáceo. Desse modo, eles usam os seus corpos como instrumentos de trabalho na captura
do caranguejo, podendo dizer, então, que esses trabalhadores são os contorcionistas do
mangue.
Nesse artigo analisei a relação complexa e essencial do homem versus a natureza.
Compreendendo, por conseguinte, as diversas formas de trabalhar dos Catadores de

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Graduado em História (Lic. Plena – UESPI/ Parnaíba). Membro do Grupo de Pesquisa: Trabalho, Cultura e
Migrações no Piauí (UESPI/ Parnaíba). Contato eletrônico: danielphb.historia@hotmail.com
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Caranguejo do Delta do Parnaíba frente às vicissitudes impostas pelos mangues e os


diferentes tempos históricos. Em suas relações com o meio natural hostil, esses sujeitos,
acabam, por sua vez, criando técnicas, práticas que são comuns a todos esses trabalhadores e,
consequentemente, são transmitidas de geração em geração. Portanto, são essas técnicas de
sobrevivência que procurei dar sentido histórico nesse meu trabalho. Ademais, de acordo com
as estruturas sociais e econômicas, muitas dessas técnicas estão inseridas em uma dada
temporalidade e dentro de um determinado espaço geográfico, acionados por estruturas de
mudanças e permanências sincrônicas. Por isso mesmo, os Catadores de Caranguejo do Delta
do Parnaíba, de acordo com a época, lançaram mão de variadas técnicas e artimanhas
corporais para coletar o crustáceo.
O interesse por esse objeto de pesquisa surge devido a um vínculo afetivo com esse
lugar e sua gente. Cresci e criei-me banhando nos rios e igarapés da região, na roça dos meus
avós e, desde cedo, compartilhei dos dramas desses homens que extraem da natureza sua
fonte de sustento. Homens que, destemidamente, desbravam a vegetação densa e hostil; que
enfrentam as águas altas e baixas dos rios; que se aventuram no interior do mangue, atolando
o corpo na lama.
Demais, diante do exposto, o artigo procura analisar os modos de ser e trabalhar dos
caranguejeiros nos mangues do Delta do Parnaíba. Para tanto, a pesquisa só tornou-se viável
devido uma renovação nos estudos históricos e culturais que contemplou sujeitos até então
desprivilegiados pela academia. Contudo, isso só foi possível, no entanto, depois de uma
aproximação entre antropologia e a história. Há muito tempo, em um artigo intitulado
Folclore, antropologia e história social, Thompson já alertava sobre aproximação dessas duas
áreas para o estudo dos costumes, tradições, folclore e, sobretudo, das experiências de grupos
de trabalhadores. Segundo Thompson (1976, p. 63-70) a cultura deve ser entendida como
parte integrante do modo de produção e não apenas como um acessório da engrenagem
econômica. Classe, para o historiador neomarxista (THOMPSON, 1987, p. 10), é, antes de
tudo, uma experiência ligada em termos culturais, às formas de compreensão do mundo, aos
valores e crenças compartilhados por diversos atores sociais no dia-a-dia.
Não obstante, os catadores de caranguejo, no seu fazer diário, “fazem-se” a si mesmos.
Os modos de viver e trabalhar se devem a um processo ativo desses atores. Condicionados a
um lugar e a um tempo e, doravante, inseridos em uma conjuntura social e cultural, são,
portanto, impregnados de vivências e saberes. Desse modo, são essas vivências que fazem dos
Catadores de Caranguejo agentes da história e detentores de uma identidade, pois esse “fazer”
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está relacionado aos modos ser, viver e trabalhar no mangue, surgindo dai experiências,
culturas e visões de mundo compartilhado pelo grupo.
A nova história, de fato, proporcionou o estudo de novos sujeitos e objetos, surgindo,
com isso, novas abordagens e dimensões. A história que, como diz Marc Bloch (2001, p. 7) é
o estudo do homem no tempo, escutou vozes, até então, desprezadas e esquecidas nas
pesquisas históricas. Diante de todo esse avanço o historiador não pode, contudo, se
desvencilhar de certas condições que são inerentes ao seu oficio, mas não podemos fugir da
temporalidade e, sobretudo, da analise das fontes e dos artefatos. Ora, como estudar, então,
um grupo de trabalhadores que, por hora, quase nada foi escrito e, se não bastasse, 79,4% -
segundo um perfil traçado por Jefferson Alves (ALVES, Jefferson, 2008) – são analfabetos?
Pois bem; é aí que surge a memória que nos ajuda no recolhimento de fatos, causos e casos;
fazendo vir à tona trajetórias de vidas e memórias ressentidas; e a história oral que, por sua
vez, colabora de forma técnica na produção de fontes e objetos de análises.
Entendo a memória como um processo individual que desagua no mar das narrativas
coletivas; portanto, resolvemos, assim, dialogar com todo esse manancial de histórias que
afloram das memórias dos catadores de caranguejo, pois diversas comunidades do Delta se
estruturam nas margens dos rios e mares. A vida de muitos ribeirinhos tem relação direta com
águas e os mangues, dependendo, exclusivamente, da extração do crustáceo, da pescaria para,
assim, garantirem a sobrevivência. Os catadores de caranguejo, entretanto, inventaram
técnicas, estratégias, práticas e vivências, ensinadas e sentidas de maneira individual e
coletivas. Pois, como diz Pollak (1992, p. 200-212), a memória é um fenômeno construído
individualmente e socialmente. Le Goff (1994, p. 345-346), por sua vez, afirma que a
memória é um elemento essencial do que se costuma chamar de identidade individual e
coletiva.
Para efetivar a pesquisa utilizei a metodologia da história oral. O uso das narrativas
orais na investigação histórica me permitiu dialogar e reconstituir as memórias sobre o
trabalho da cata do caranguejo, procurando, com isso, analisar as trajetórias de vida, assim
como os modos de ser e trabalhar desses sujeitos. Recorri, contudo, à história oral como
metodologia porque através dela pude apreender os vestígios da vida cotidiana desses
trabalhadores. A partir de narrativas, contos, cantos e fabulações consegui, de fato, produzir
fontes, e, por conseguinte, analisa-las.
Desse modo, entendo as narrativas orais como textos que carregam em seu bojo
experiências e elementos culturais dos sujeitos em questão. É interessante, porém, analisar
como esses trabalhadores narram e, principalmente, atribuem sentido e significado a seu
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trabalho e suas experiências, como esses modos de trabalhar e viver são interpretados e
analisados por esses trabalhadores. No decorrer das entrevistas e, sobretudo, na visita de
campo até os mangues do Delta pude aprender e crescer enquanto historiador e pesquisador,
na medida em que fui desenvolvendo habilidades e sensibilidades e, ao mesmo tempo, novos
canais de comunicação com esses sujeitos. Pois, como diz Yara (2001, p.87), o pesquisador
que lança mão da história oral deve ser sensível para captar os sentidos dos enredos, as
tensões e conflitos, resistências e transgressões, sujeições e acomodações, realidade e fantasia.
Assim, todavia, pude tirá-los do mangue para história.

O duro trabalho nos mangues do Delta do Parnaíba

Nicolau de Resende depois de sobreviver a um naufrágio em 1571 é levado pelas forças


das águas a solo piauiense. Permaneceu, portanto, durante muitos anos em contato com os
índios desse lugar. Esse grande navegador teve a infelicidade de perder sua embarcação
repleta de bens preciosos. Perdeu suas riquezas, no entanto, descobre um dos mais
exuberantes tesouros naturais da região: o Delta do Parnaíba2.
O Delta do Parnaíba é uma formação geomorfológica única nas Américas. De planícies
extensas é cortada por diversos braços e canais de igarapés, chegando a formar inúmeras ilhas
de variadas dimensões com uma fauna e flora extensa. Ele é dividido entre dois estados; o
Maranhão com 65% do território, e o Piauí que fica com 35%. Esse paraíso terrestre é
constituído por um grande número de espécie de animais, destacando os jacarés, guarás,
camaleões, capivaras etc. É composto de uma flora riquíssima destacando-se os grandiosos e
frondosos manguezais. Dunas, que mais parecem ondas brancas, avançam intrépidas ao fundo
dessa paisagem maravilhosa. Se não bastasse, ainda existe um encontro antológico entre o Rio
Parnaíba e o Oceano Atlântico. Isso tudo faz do Delta uma região muito visitada e, ao mesmo
tempo, protegida, sendo, inclusive, uma área de proteção ambiental3.
A vegetação do Delta é marcada pela predominância dos manguezais um bioma
importantíssimo ao equilíbrio ecológico de todas as formas de vida nas regiões costeiras. O
terreno lodoso é formado por sedimentos de origem marinha, restos de folhas, galhos, animais
em decomposição. Isto, portanto, torna o ambiente rico em matéria orgânica, atraindo

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Fato extraído do livro No Piauí, na Terra dos Tremembés de Diderot Mavignier.
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Criada em agosto de 1996 com a intenção não só de proteger os recursos hídricos e a mata aluvial, mas também
incentivar o turismo ecológico e conscientizar a população da área. A APA do Delta do Parnaíba se estende
desde os municípios de Parnaíba, Luiz Correia, Ilha Grande e Cajueiro da Praia no Piauí. Paulino Neves, Tutóia,
Araiosés e Água Doce no Maranhão. Chaval e Barroquinha no Ceará.
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espécies de micro-organismos e animais. Cerca de 70% das espécies de moluscos, crustáceos


e pescados nordestinos tem relação direta com o mangue. Por isso, a captura do caranguejo é
uma das práticas produtivas mais desenvolvidas na região litorânea do Norte do Piauí.
Entrevistei catadores de caranguejo da Ilha Grande, uma pacata cidade do Piauí, que
fica 350 km da capital Teresina, e que tem uma média de 9 mil habitantes. Esse lugar é uma
das entradas do Delta através do Porto dos Tatus que é, outrossim, um local de escoamento e
desembarque de grande parte de pescados e crustáceos da região. Parcela considerável dos
moradores do lugar vive da pesca, da roça e da extração do caranguejo. Os catadores, pelos
menos a maioria, moram em um bairro chamando de Loquinhas. Esse bairro, segundo os
moradores mais antigos, foi criado por seus pais e avós em meados da década de 60, e é
aproximadamente constituído por quarenta famílias. Esse povoado sofre a estigma de ser
associado com a própria loca do caranguejo – lugar onde o caranguejo se esconde, defeca e se
reproduz. Lembrando os tempos de escola, era ofensivo dizer a um colega que ele morava nos
Loquinhas, pois o bairro, lugar dos homens-caranguejo, era associado a tudo que era bárbaro,
desprezível, atrasado, grosseiro.
Casas humildes, desordenadas e poucos cômodos com quintais grandes repletos de
cajueiros e coqueiros; os terraços, comuns nestas habitações, são espaços de interação com a
rua onde se reúnem para jogar conversa fora enquanto concertam suas redes de pesca, é assim
a fotografia do lugar. Loquinhas é constituído por uma áurea de simplicidade e alegria que
condizia com o estado de espirito dos entrevistados. Homens gastos pelo tempo e pelo
trabalho que, diante das poucas oportunidades e da necessidade de sobrevivência, abdicaram
das letras, mas não da poesia, da leitura de mundo. Os velhos catadores, como diz Ecléia
Bossi (1994, p.66), são os detentores de memória, ao mesmo tempo em que são silenciados e
desprezados por uma sociedade que renega a experiência a oralidade em detrimento da escrita
e das novas tecnologias.
Em uma tarde ensolarada tive oportunidade de conhecer um senhor, catador de
caranguejo, chamado Abrão. Deitado em sua rede feita de tucum, em dia inspirado, fui
agraciado por uma das suas cantigas. Dançarino de bumba-meu-boi e cantador nas horas
vagas ele despeja uma de suas pérolas. Recolhi com muito gosto essa canção para introduzir
nosso trabalho sobre as estratégias de sobrevivências desses trabalhadores. Agora é vez do
Senhor Abrão:

Caranguejo-Uçá
Caranguejo- Uça
Não se esconde muito fundo
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Vou correr vou te pegar


Não rasteja
Não se vira
Por ti minha vira gira
Na panela vou botar
Caranguejo- Uçá
Caranguejo- Uçá
Sou um home de coragem
Meto a mão pelas barragens
Mais eu sei vou te pegar (ABRÃO, 2012).

Apreciação da música me leva a ressaltar a importância da oralidade para esses


trabalhadores e, ao mesmo tempo, o quanto oficio da cata do caranguejo é difícil. Pois,
segundo o catador Abrão, o bicho é danado, se esconde; entretanto, o catador é mais forte e
não desiste enquanto não capturar o crustáceo. Essa canção, contudo, rica em sensibilidades,
nos transmite um pouco desse drama que é se locomover, se rastejar em um lamaçal num
processo de mimetismo. Desse modo, depois dessa luta incessante homem versus a natureza,
que se repete incansavelmente todos os dias, é que voltam com os caranguejos para vender, ou
comer. A sobrevivência exige que ponham a mão na massa... Ou melhor, na lama.
Esses trabalhadores iniciaram suas atividades profissionais muito cedo: entre os 9 e 12
anos de idade. Infâncias interrompidas em prol da cata do caranguejo. Cresceram e
amadureceram no mangue comendo a carne branca do caranguejo, pisando e habitando esse
terreno feito especialmente para o caranguejo (CASTRO, 2010, p.26). O mangue, dessa
maneira, era o único horizonte, ainda mais em uma região pobre e atrasada do Piauí que,
diante da falta de condições e oportunidades, costuma reservar uma perspectiva limitada para
muitas crianças. O senhor Julinho com toda sua simpatia e eloquência nos relata como acabou
entrando nesse serviço da cata do caranguejo:
Meu avô era caranguejeiro, meu pai também. Vi desde criança meus pais pescando.
Fui ficando maiorzinho e já era hora de ajudar em casa. E você sabe “filho de gato,
gatinho é”. Acabei virando caranguejeiro como o meu pai. Naquele tempo não dava
para escolher muita coisa não. Era esse o único serviço que nossos pais podiam
ensinar (JULINHO, 2012).

Seguindo o estilo da pedagogia indígena introduzido em nossa sociedade a cata do


caranguejo é aprendida através da observação. Os tremenbés, índios que habitavam a região
do Delta, se alimentavam exclusivamente de ostras, caranguejos e peixes; as crianças da tribo
aprendiam o ofício da pesca e da extração do crustáceo observando os mais velhos. Ha de
convir, então, que a pesca e a extração de crustáceos e moluscos eram práticas corriqueiras e
prazerosas a esses indígenas (MAVIGNIER, 2005, p. 12).
Esses trabalhadores relatam que, quando iniciaram o ofício da cata, exploravam o
mangue pelados, ou, quando não, vestidos com um calção, apenas. O trabalho era pesado e
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desgastante, já que não usavam nenhum tipo de apetrecho. Os seus corpos e braços eram, por
certo, os seus únicos instrumentos de trabalho. Acordavam cedo, arrumavam seus sacos – não
podiam esquecer o rancho, farinha, rapadura, lamparinas etc. –, e, assim, madrugando, faziam
longas viagens de canoas. Veja o que diz senhor Quajirú em relação ao trabalho de outros
tempos:
Entravamos no mangue com um calçãozinho. Muitos entravam nus. Saiamos 5 horas
da manhã e voltávamos a 5 horas da tarde. Tínhamos que pegar a maré cheia, e,
muitas das vezes, esperávamos horas e horas para voltar. O mangue de manhã é frio
que dói. Enfiávamos a mão na loca mesmo, pois esse era único jeito. A volta era
mais difícil. O corpo cansado. Muitas vezes carregávamos o caranguejo no ombro
por longos caminhos. Tinha vez que lama chegava à cintura. O pé descalço passava
por cima de espinho, raízes, pedações de ponta de pau. Era muito esforço. Porem,
quando começamos era muito caranguejo e pouco caranguejeiro. Os caranguejos
eram maiores e mais bonitos. Naquela época, rapaz, eles se escondiam em buracos
rasos. Qualquer criança conseguia extrair sem dificuldade. Hoje, no entanto, o Delta
está sendo sugado por um grande número de catadores vindo de todo o canto, desde
o Passarim, da Caiçara, Canarias (QUAJIRÚ, 2012).

Esse relato é muito interessante porque nos transporta para o mundo interior do catador
de caranguejo, uma vez que expressa seus sentimentos, opiniões e ideias em relação ao seu
trabalho, tecendo, através da linha tênue entre o passado e o presente, um apanhado de
narrativas. O senhor Quajirú, neste relato magnífico, nos leva a entender que em outros
tempos o catador não necessitava de apetrechos e nem mesmo de recursos para enfrentar o
mangue. É fato, também, a importância e o apego ao tempo da natureza, pois, o fluxo
incessante da maré, como tempo que passa, é uma constante em todos os relatos. Ela
desempenhava um papel fundamental, já que só poderiam avançar pelo rio de acordo com seu
fluxo. Dentro do mangue as horas eram contadas através dos sentidos. O sol, por sua vez,
desempenhava o papel de relógio, pois indicava, de acordo com sua altura, a hora de comer,
voltar para casa, etc. O barulho dos bichos podia indicar desgraça, chuva, ou um bom dia de
trabalho. Segundo senhor Quajirú “as horas eram sentidas pelas subidas e descida da maré”;
isso só vem ao encontro das teses de Thompson (1998, p. 271) sobre a cultura popular, onde
dizia que o descaso pelo relógio só era possível numa comunidade de pequenos agricultores e
pescadores, cuja à estrutura de mercado e administração é mínima. É visceral a forma como
ele fala do cansaço, da dor, e, ao mesmo tempo, dos perigos e dificuldades encontrados no
interior do mangue, exigindo, contudo, a elaboração e, principalmente, a reelaboração dessas
estratégias no decorrer do tempo. Por um lado Quajirú, inconscientemente, tenta demonstrar o
quanto é doloroso ser catador, por outro demonstra o deslumbramento com a quantidade de
caranguejo em outros tempos, contrapondo-se com os dias de hoje.
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Nos dias atuais, porém, os filhos e descendentes desses catadores mais velhos usam
diversos apetrechos técnicos. Isso, portanto, só vem confirmar a tese de que, de acordo com
novas dificuldades que a vegetação impõe, surgem, por certo, novas formas de vencê-la.
Sempre que aparecem dificuldades ou novos perigos os catadores buscam novas formas de
resistência e sobrevivência.
O mangue, segundo as palavras de outro catador, o senhor Marcos (2012), foi invadido
por um grande número de catadores de caranguejo que não respeitam o ciclo reprodutor do
crustáceo e, muito menos, a vegetação. O resultado disso tudo é a diminuição do caranguejo
que, quando não são extraídos, se escondem em buracos cada vez mais profundos. Isso, de
certo modo, exige novas formas de trabalhar e explorar o mangue. O braço do catador já não
alcança o fundo das locas, obrigando-os a usar uma compensação para o braço chamado
cambito. O risco desse recurso é que, muitas vezes, o catador acaba estraçalhando o
caranguejo. No entanto, atualmente, se o catador esquecer esse bendito instrumento é melhor
voltar pra casa, pois seu trabalho está condenado ao fracasso.
Hoje em dia, outros recursos são de extrema importância para sucesso do trabalho no
mangue. Podemos citar as luvas/braçadeiras, que visam proteger os braços dos catadores
contra cascas de mariscos, raízes e pedaços de pau que se escondem no interior do buraco –
loca do caranguejo. Podemos mencionar também os dedais que protegerem os catadores dos
beliscões das patas – que mais parecem presas – dos caranguejos na hora de puxá-lo para fora
do buraco. Além disso, as botas e os sapatos são de fundamental importância para locomoção
no seio do manguezal.
Ao cabo dos anos 70 e começo dos 80 o catador tinha certa autonomia no que se
restringe a captura e, sobretudo, a comercialização do caranguejo. Nessa época ainda não
existiam estradas, por isso levavam os caranguejos nas costas ou no lombo de animais até a
Feira de Parnaíba – local onde vendiam seus produtos. Chegando próximo ao destino ainda
tinham que atravessar o Rio Parnaíba de balsa ou de canoa, pois a Ponte Simplício Dias ainda
não havia sido construída. “Chegávamos à feira de madrugada; sentávamos no chão e, assim,
ficávamos esperando os compradores. Inúmeras vezes já fomos de canoa até Parnaíba no
remo; duas marés até chegar a nosso destino”, diz Julinho (2012).
No entanto, essa autonomia e estrutura livre de mercado, veio passar por uma
transformação em meados dos anos 80 com a entrada de uma figura que mudaria a cena do
comercio do caranguejo: o “atravessador”. Esse sujeito é o responsável em comprar os
caranguejos da mão dos catadores e revender a bares e restaurantes do litoral do nordeste. O
surgimento desse personagem acabou gerando um impacto no modo de trabalhar desses
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catadores que, a partir de agora, se viram explorados, limitados, e cooptados por esses
indivíduos. Veja o que diz senhor Julinho:

Ninguém nunca ouviu falar em atravessador. De repente, aparece esse tal Chaga
Cambista prometendo para nós o mundo e os fundos. Agente acreditou. Esse
atravessador esperava a gente na vala para comprar e levar nosso caranguejo. A
gente trabalhava o dia todo para esses caras. Até porque tínhamos que esperar o
motor deles nos pegar no mangue. Não parávamos um só momento. A gente saia
segunda feira e só voltávamos sábado à noite. Isso aí foi o que fez nós pensar um
pouco que estávamos sendo humilhados demais. Foi que resolvemos nos desligar
desses caras e, assim, organizamos um grupo para vender nossos próprios
caranguejos na Praia do Futuro (Sr. JULINHO, 2012).

A comercialização do caranguejo, segundo o depoimento do senhor Julinho, de livre e


autônoma passou, agora, a ser realizada através de intermediários gerando, a partir desse
contrato, uma relação de dependência e submissão sobe a forma de “apadrinhamento e
companheirismo”. Se por um lado os catadores estavam seguros em relação à compra dos
produtos; por outro isso gerava uma relação de subserviência e exploração do trabalho. Daqui
para frente, tempo era dinheiro, e mais caranguejos era sinônimo de mais lucros.
Foi na década de 80, também, que o caranguejo ganha espaço privilegiado na mesa de
grande parte dos restaurantes do nordeste. A carne branca e saborosa aliada à forma exótica
de comer o crustáceo – quebrando, chupando suas patas – acaba conquistando o gosto dos
turistas que, a partir dessa época, redescobrem nosso litoral. Aproveitando esse boom do
mercado do crustáceo é que Chico do Caranguejo se torna o maior empresário do ramo no
Nordeste. Ainda hoje é o maior comprador de grande parte do caranguejo da região do Delta
do Parnaíba. Anualmente, segundo a pesquisadora Ana Helena (2005, p.171), Chico
comercializa cerca 1200 toneladas de caranguejo oriundo dos manguezais do Delta. Tamanho
sucesso lhe rendeu alcunha de “Rei do Caranguejo” por ser o empresário mais bem sucedido
do ramo e por explorar o complexo Beach Park situado em Fortaleza- CE. Veja o que diz
senhor Emanuel (2012) sobre Chico do Caranguejo: “Quando ele começou só tinha um carro
velho. Dizia que era nosso amigo, pagava adiantando se possível, depois a exploração foi
aumentando. Ele queria que gente fosse capacho dele para sempre. Hoje ele tá rico e nós
estamos do mesmo jeito”.
O resultado dessa relação atravessador/catador foi o recrutamento de grande parte dos
catadores de caranguejo da região e, principalmente, de uma lógica comercial ambientalmente
devastadora. Lanchas e mais lanchas de hora em hora atracam nas ribanceiras em busca de
caranguejo. A consequência disso tudo foi o aparecimento de técnicas de extração criminosas
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que comprometeram o equilíbrio ecológico do ecossistema costeiro. Observe o que diz senhor
Abrão sobre isso:

Os caras do Maranhão começaram a entrar com latas no mangue. Era assim,


colocavam a lata na boca da loca e esperava o caranguejo sair para namorar. Só que
aquela lata era uma armadilha. Os bichinhos ficavam presos no fundo da lata. Em
questão de minutos a canoas estava abarrotadas de caranguejos (ABRÃO, 2012).

A partir dessa época, porém, houve o aumento da captura do caranguejo e


consequentemente o aparecimento de técnicas cada vez mais predatórias e nada artesanais de
extração. Além das armadilhas de latas, o senhor Julinho (2012) diz que “a ambição era tanta
que uma família dos Doricos, que domina o comércio do caranguejo na região, utilizou um
compressor – uma espécie de aspirador - para sugar o caranguejo do buraco. A técnica foi
abolida devido o prejuízo que causava, pois, segundo o relato, muitos caranguejos vinham
despedaçados”.
A falta de oportunidades de trabalho, aliada a uma baixa produtividade nas lavouras, a
falta de peixes em determinadas épocas, acabou obrigando muitos homens da região do Delta
do Parnaíba a extraírem caranguejo. O catador, portanto, aproveita a oportunidade de ganhar
dinheiro de forma imediata. O problema, porém, e que ficam vulneráveis a um pagamento
muito abaixo do valor e, ainda por cima, ficam presos ao atravessador. Atualmente grande
parte dos catadores que prestam serviço a Chico do Caranguejo são oriundos das regiões do
Torto, Caiçara, Carnaubeira e Morro do Meio. Muita gente para pouco caranguejo como bem
relata o Senhor Marcos:

Hoje, a dificuldade não é mais a comercialização, e sim a extração do caranguejo.


Extrair o caranguejo está cada vez mais difícil. O caranguejo ficou pouco devido o
número de catadores. Os mangues ficaram pisados e desgastados. Antigamente, para
você ter uma ideia, o cabra trabalhava em um ponto uma semana inteira, agora você
encontra é os grupos dos colegas. O mangue está diminuindo e não tem mais
caranguejo, os que têm cada vez ficam mais fundos. O mangue da Vala, por
exemplo, o maior que eu conheci do Cutia a Casa Velha, onde caranguejo ficava
passeando aos montes, grandão e amarelado na nossa frente, parece que nunca viu
caranguejo hoje. Nem buraco tem mais, só folha. Diversos mangues não tem mais
caranguejo. E essa moçada nova não tem respeito por pelo menor nem pelo mangue,
eles querem é pegar. A tendência e acabar o caranguejo (MARCOS, 2013).

Então, como vimos, a maior dificuldade do catador é a extração e não a


comercialização. Isso é fato consumado, pois esses catadores entrevistados relataram que, a
três e quatro décadas atrás, conseguiam extrair de100 a 250 cordas por dia. Hoje o máximo
que um bom catador pode extrair é de 30 a 35 cordas. É doloroso para esses velhos catadores
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presenciar a destruição do mangue. Contam com muito pesar sobre áreas que eram robustas,
viçosas, fechadas e que hoje quase não existe mais. O desmatamento, todavia, é fruto de
madeireiros que cortam o mangue, como também por catadores irresponsáveis. Os
caranguejos diminuem na mesma proporção dos mangues – uma vez que os caranguejos
buscam a sombra e folhas para se alimentar –, enquanto os caranguejeiros triplicam. Os mais
jovens, por exemplo, não respeitam o ciclo de reprodução do caranguejo e extraem, sem
distinção, o pequeno e o grande, o mancho e fêmea. Isso, portanto, acaba ocasionado um
estado de escassez.
Os catadores de caranguejo, entretanto, ainda vivem em situações um tanto
desconfortável, principalmente depois desse processo de intensificação da captura do
caranguejo que acarretou, de certa forma, a uma precarização do trabalho no mangue. Hoje,
segundos dados de Ana Helena (2005, p.171), em torno de 2.500 famílias da região do Delta
do Parnaíba sobrevivem exclusivamente da cata do caranguejo. Em uma pesquisa feita pela
EMBRAPA4 em parceria com UFPI – campus Reis Veloso –, sobre o perfil socioeconômico
do catador de caranguejo, acabou tirando esses trabalhadores do anonimato através de dados
providenciais. Os resultados, porém, foram alarmantes na medida em que constataram que
66% dos catadores entrevistados não conseguem ter uma renda mensal equivalente a um
salário mínimo. Grande parte desses entrevistados é, portanto, composta por analfabetos e a
maioria diz não participar de organizações associativas. Em pesquisa realizada pela Codevasfi
(2012, p. 29) realizada nos meses de julho de 2008 e maio de 2009, evidenciaram que os
catadores de caranguejo da região do Delta estavam sendo remunerados por cada corda
extraída por preços que ficavam entre R$0,80 a R$1,00.
No entanto, os catadores entrevistados para essa pesquisa relataram que, por hipótese
nenhuma, o caranguejo hoje é vendido por menos de R$2,00, inclusive chega a preços em
épocas de veraneio entre R$6,00 a R$7,00. Entretanto, essa sensação de melhoria das
condições de renda e, consequentemente, de vida é resultado de uma conjuntura econômica e
social que o Brasil vem passando nas ultimas décadas, fruto principalmente de politicas de
transferência de renda como Bolsa Família ou de reajustes de aposentadorias que vêm
contribuindo de forma efetiva na melhoria das condições de vida de muitas famílias da região
do Delta do Parnaíba.

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Considerações finais

Não sei se consegui tirar os catadores do mangue para história, muito menos se fui uma
boa ponte entre as memórias narradas até a escrita destas. O que sei, é que fui contagiado por
essas trajetórias de vida ora repletas de dor, alegria; ora de angústia e felicidade. Diante dos
erros comuns a todo aspirante a pesquisador queria, no entanto, que a vida pulsasse no meu
trabalho. Para tanto, tive que fazer o caminho inverso: do curso de história fui aos mangues.
Chegando lá, senti na pele as vicissitudes da natureza. Em um estado simbiótico com ela
pude, assim, perceber o quanto é dificílimo esse trabalho. As estratégias vão desde a subida
no barranco, a locomoção dentro do manguezal até as maneiras de afugentar os mosquitos.
Fora a plasticidade, o contorcionismo, a técnica e habilidade para tirar o caranguejo do
buraco. Diferente de Tião das Galinhas – o catador de caranguejo da novela Renascer – que
tinha dor e desolação no rosto, o que vi nos semblantes dos companheiros Julinho e Quajirú
era uma alegria e satisfação por desempenhar tão bem um oficio, mesmo com aquela idade.
Eu não consegui catar nenhum caranguejo, mas catei homens, catei histórias e percebi que o
mangue também é um lugar de memória.
O que acho que é digno de nota são as diversas formas de trabalhar elaboradas e
reelaboradas por esses catadores de caranguejo. Como são engenhosas as criações de técnicas
e apetrechos para vencer as dificuldades impostas pela natureza e como a transmitem para as
novas gerações de catadores. O interessante, também, é entender que cada tempo histórico
exige um novo arsenal de formas de trabalhar. Isso é muito notório quando percebemos as
formas de catar o caranguejo em décadas atrás, que exigiam poucos recursos, até a época de
hoje em que a necessidade do cambito, dedais, botas é imprescindível.
Ao mesmo tempo, a comercialização do caranguejo, junto com o aparecimento do
atravessador, acabou imponto um novo ritmo histórico aos mangues. Hoje, muito diferente do
tempo das marés, o tempo é dinheiro, e mais, e mais caranguejo é sinônimo de lucro. O
resultado disso foi uma despolitização e cooptação do catador de caranguejo e, sobretudo, a
precarização do trabalho nos mangues do Delta do Parnaíba.
Entretanto, acredito que minha maior contribuição estar em por esses catadores de
caranguejo dentro das discussões historiográficas. E, sobretudo, em demonstrar as formas
como esses homens pensam, compreendem e interpretam as diversas maneiras com que se
apropriam do mangue. Isso, por sua vez, gera estratégias, culturas e visões de mundo. E essa
forma de olhar dos catadores que tentei expressar neste trabalho.
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Pois bem; ainda em relação à visita ao mangue, pude perceber o quanto o Sr. Julinho e o
Sr. Quajirú se compadeciam com cada pedaço de mangue quebrado, com cada espaço
devastado. Apontavam com tamanha lucidez áreas tomadas pelo avanço desenfreado das
dunas, e outras devastadas pelo desenfreado avanço dos homens. Seria bom que levássemos
em conta as suas sabedorias e, juntos, fizéssemos uma rede de proteção aos mangues do Delta
do Parnaíba.
Por fim, que esse trabalho seja um pontapé inicial para muitos outros estudos que
envolvam trabalhadores que vivem na margem; não só das margens dos rios como também da
academia.

FONTES ORAIS

Abrão Cristiano Marques dos Santos, 65 anos, aposentado. Entrevista concedida ao autor
no dia 26 de julho de 2012.
Antônio Júlio Marques Araújo, 59 anos, ainda atua como catador, é o atual presidente da
Associação dos catadores de Caranguejo Delta-Uçá de Ilha Grande. Entrevista cedida ao autor
em 14 de abril de 2012.
Raimundo Nonato Ferreira da Conceição, mais conhecido como Sr. Quajirú. Tem 70
anos, catador ainda em atividade. Entrevista concedida ao autor no dia 22 de junho de 2012.
Manuel Pereira, 67 anos, catador de caranguejo. Entrevista concedida ao autor em 22 de
junho de 2012.
Marcos Antônio dos Santos Costa, 45 anos, catador de caranguejo desde o 5 anos de idade.
É ex-presidente da associação dos catadores de caranguejo da Ilha Grande. Entrevista
concedida ao autor em 05 de janeiro de 2013.

REFERÊNCIAS

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2007.
MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. Trad. Carlo Alberto Medeiros. Rio de Janeiro:
Zahar, 2008.
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Unicamp, 1994.
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THOMPSON, E. P. Folclore, antropologia e história social. Revista Entrepasados, nº 2, 1992
(ed. orig. 1976).
THOMPSON, E. P. A formação da classe operaria inglesa: A árvore da liberdade. Trad.
Denise Battmann. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum. Estudos sobre a cultura popular tradicional. São
Paulo: companhia das letras, 1992.
BLOCH, Marc. Apologia da História: ou o oficio do historiador. Trad. André Telles. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
CASTRO, Josué de. Homens e Caranguejos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
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KHOURY, Yara Aun. Narrativas Orais na investigação da história social. In: Projeto
História, Nº 22: historia e oralidade. Revista de Historia da PUC de São Paulo. São Paulo:
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MAVIGNIER, Diderot. No piauhy, na terra dos tremembés. Parnaíba, SENAC, 2005.
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das Letras, 1994.
HELENA, Ana. Práticas produtivas e (in) sustentabilidade: Os catadores de caranguejo do
Delta do Parnaíba. Teresina: UFPI, 2005.
FRANCISCO, Jefferson Alves. O perfil socioeconômico dos catadores de caranguejo do
Piauí. Disponível em: www.embrapa.br/imprensa/artigos/2008. Data do acesso: 28/12/2012
ASSAD, Luís Tadeu. Industrialização do caranguejo-uçá do Delta do Parnaíba. Brasília:
Codevasfi (IABS), 2012.

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