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O Adamastor
2.1. Num primeiro momento (est. 37, vv. 1-4), Gama dá-nos conta do ponto do percurso em que se
encontravam (tinham saído há cinco dias da baía de Santa Helena) e da forma como estava a decorrer a
viagem (com ventos favoráveis). Porém, o aparecimento súbito de uma nuvem densa e escura,
acompanhada do rugir do mar ao longe, trouxe receio ao espírito dos navegantes e inquietação a Vasco
da Gama, pois perceberam que aquilo que se aproximava era algo mais grave do que uma tempestade.
2.2. Preocupação e espanto.
2.3. Nas est. 39 e 40, o narrador utiliza:
a adjetivação expressiva, por vezes dupla e de conotação negativa – (figura) “robusta e válida”;
(estatura) “disforme e grandíssima”; (rosto) “carregado”; (barba) “esquálida”; (olhos) “encovados”;
(postura) “Medonha e má”; (cor) “terrena e pálida”; (cabelos) “crespos”; (boca) “negra”; (dentes)
“amarelos”; (de membros) “tão grande era”; (tom de voz) “horrendo e grosso”;
a comparação – com o Colosso de Rodes.
4.1. Na estância 40, a atitude foi de medo (“Arrepiam-se as carnes e o cabelo, / A mi e a todos, só de ouvi-lo
e vê-lo!”); agora, Vasco da Gama interrompe o Gigante e fala-lhe de cabeça erguida (“alçado”), numa
atitude de desafio, de igual para igual.
5.1. Adamastor apresenta-se como sendo o “oculto e grande Cabo” onde termina a costa africana e que se
estende em direção ao polo sul, que os grandes geógrafos da Antiguidade não conheciam. É um filho da
Terra, tal como o foram os Gigantes revoltados. Esteve em guerra contra Júpiter e fez-se “capitão do
mar”.
5.2. Proposta de reconto:
Vendo, um dia, Tétis sair nua da água na companhia das Nereidas, Adamastor apaixona-se
perdidamente pela “Princesa das Águas”. Sabendo que, por causa da sua feia figura, lhe seria impossível
conquistá-la, informa Dóris, mãe da ninfa, que iria lutar por ela. Para evitar a guerra no Oceano, Dóris
diz-lhe que irá interceder por ele junto da filha. Enchendo-o de ilusões e expectativas, Dóris marca-lhe
encontro com Tétis. Na noite combinada, Adamastor vê a bela ninfa ao longe, corre para ela, abraça-a e
cobre-a de beijos. Porém, logo descobre que tudo não passava de uma miragem: o que tinha nos braços
não era aquela que amava, mas sim um penedo. Para além desta enorme humilhação, Adamastor sofre
ainda mais um revés: tendo perdido a guerra contra Júpiter, vê-se transformado ele próprio, pelos
deuses, num penedo: o cabo das Tormentas. Para maior castigo, sendo banhado pelas águas do mar,
não pode nunca esquecer Tétis que as habita.
6.1. Ao contrário do sucedido no momento em que aparece (est. 39-40), infundindo o medo pela sua figura
e pelo tom da sua voz, o Gigante desaparece subitamente chorando, humilhado pela recordação do seu
sofrimento e, provavelmente, por ter tomado consciência que a sua força aparente se transforma
facilmente em fraqueza.
6.2. Gama invoca a proteção divina, pedindo a Deus que não permitisse que os casos vaticinados pelo
Adamastor viessem a acontecer (est. 60, vv. 5-8).
7. O Adamastor simboliza a vitória sobre os perigos do mar e sobre o medo do desconhecido. Como
afirmou Amélia Pinto Pais, o Adamastor “É sobretudo um episódio épico, em que se consolida a vitória
do Homem, ‘bicho da terra’, sobre uma Natureza poderosa.” (Para Compreender Os Lusíadas, Areal Ed.).
O Mostrengo
1. Do ponto de vista da forma, o poema é constituído por três estrofes de nove versos (3 x 3).
Relativamente ao conteúdo, quer o “mostrengo” quer o “homem do leme” falam três vezes, “o
mostrengo” “voou três vezes” e “rodou três vezes” à volta da nau e o “homem do leme” “tremeu” três
vezes, “Três vezes do leme as mãos ergueu”, “Três vezes ao leme as reprendeu”. Não parece, pois, haver
qualquer acaso na presença do número três, sete vezes repetido no poema.
2. a. A palavra “mostrengo” é derivada por sufixação: monstro + -engo; o sufixo, de origem germânica, tem
um valor pejorativo. “Mostrengo” significa pessoa considerada muito feia, desajeitada.
b. O “mostrengo” simboliza os medos dos navegadores portugueses, que enfrentam o desconhecido, e o
“homem do leme” simboliza o povo Português, o herói coletivo que enfrenta e ultrapassa esses
medos.
Sugestão: será interessante, a propósito deste poema, referir ainda o seu pendor fortemente narrativo
(conta uma história localizada no tempo e no espaço, tem personagens e recorre ao discurso direto; a
maior parte dos verbos encontra-se no pretérito per- feito e no presente do indicativo).
Escrita – p. 203
1. Proposta de texto:
Numa noite de breu, o homem do leme, quando a nau passava no cabo das Tormentas, é
surpreendido por uma figura sobrenatural – o mostrengo – que, voando à volta da nau, o interpela.
Amedrontado e a tremer, o marinheiro responde ao mostrengo. Com arrogância, este volta a
questioná-lo, tendo o homem do leme voltado a responder ainda com medo. No entanto, após uma
hesitação, o marinheiro enfrenta corajosamente o mostrengo.
Neste poema e no episódio “O Adamastor”, o homem do leme e Vasco da Gama encontram-se no
“fim do mar” e ambos enfrentam o desconhecido, representado pelas figuras mitológicas. (98 palavras)
Gramática – p. 203
1.1. consequência.
1.2. “que”.
2. Por exemplo:
a. O homem do leme falou com tal firmeza que o mostrengo foi embora.
b. Os marinheiros ficaram tão felizes com aquele desfecho que festejaram toda a noite.
CHEGAR A BOM PORTO… PREPARAR A PROVA FINAL
Adamastor – p. 21-22
3. 1. d. (dois);
2. b. (ameaças);
3. c. (profecias);
4. h. (infelicidade);
5. a. (gigante);
6. f. (central);
7. e. (confluem);
8. g. (epopeia).