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FAMÍLIA E SOCIEDADE:

FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO: HISTÓRIA SOCIAL DA CRIANÇA E DA


FAMÍLIA
História Social da Criança e da Família

ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Segunda


edição. Rio de Janeiro: LTC, 2017.
As crianças são estimuladas, desde o nascimento, a falar suas primeiras
palavras, e logo que isso acontece, aprende a dizer seu nome, nome de seus
familiares e sua idade. Mas no século XVI ou XVII, as exigências de identidade
civil ainda não eram tão impostas desse modo. Na savana africana, por
exemplo, a noção de idade não é tão importante como em outros locais. Isso
nos mostra que a criança é, desde cedo, moldada a se definir através desses
números, ela se torna o fulano X, de tantos anos, da turma Y, número de
documento tal. Nas civilizações técnicas, essa idade nos rodeia através de
formulários, títulos, requerimentos, números de inscrições, etc.
O cidadão será um número, que começa por seu sexo, seu ano e mês de
nascimento. O serviço de identidade pretende chegar à meta de que um dia
todos terão seu número de registro, por isso tantas campanhas conduzindo a
fazer o registro de nascimento das crianças.
Na Idade Média surge a necessidade de um complemento para o nome, pois
este se torna uma informação muito imprecisa. Atualmente, a identidade da
pessoa é um documento legalmente imensurável e muito preciso em questão
numérica. Existem também outros tipos de documentos, como títulos de
comércio, letras de câmbio, cheques, testamentos, que não exigem data de
nascimento, mas que são importantes da mesma forma.
Acredita-se que somente no século XVIII, os párocos passaram a ter registros
exatos como um Estado moderno deve ter, essa importância da idade deu-se
a partir dos reformadores religiosos e civis que impuseram isso nas camadas
mais ricas da sociedade, as camadas que frequentavam os colégios.
Referente à questão da criança a aprender seu nome e sua idade logo após
começar a falar, pode verificar-se, por exemplo, que Sancho Pança não tinha
conhecimento exato da idade de sua filha, era apenas algo inexato que
descrevia que ela deveria ter uns 15 anos, ou mais, ou menos.
Esses "registros de identidade" passam a ter mais importância, e recebem
uma atenção maior, em meados do século XVI, onde as idades eram
ressaltadas nas datas das pinturas.
Na Idade Média, os autores faziam uma terminologia puramente verbal:
infância e puerilidade, juventude e adolescência, velhice e senilidade, cada
uma dessas correspondia a um período distinto da vida. As ‘idades da vida’ ou
‘idades do homem’ equivaliam a noções positivas, conhecidas, repetidas e
usuais, que passaram da ciência a experiência comum.
A Idade Média classificava a primeira idade como a infância que planta os
dentes, e essa idade se dá quando a criança nascer e durar até os 7 anos, e
tudo que nela nasce é chamo de enfant que significa não-falante, pois nessa
idade a pessoa não fala bem e não forma ainda claramente suas palavras. A
segunda idade dura até os 14 anos. Após ela, vem a adolescência, que se
termina aos 21 anos, podendo se estender até os 28 anos, segundo alguns
autores. A juventude poderia durar até os 50 anos, assim chamada devida à
força que estava no cidadão para ajudar a si mesma e aos outros. Isidoro
nomeia de gravidade, a idade da senectude, que estava entre a juventude e a
velhice, porque nessa idade a pessoa é grave nos costumes e nas maneiras.
Até os 70 anos ou até a morte, dava-se a velhice, a última fase dessas seria
chamada de senies, em que o velho está sempre tossindo, escarrando.
Em relação à idade dos brinquedos, verificada no século XIV, as crianças
brincam com um cavalo de pau, uma boneca, um moinho, ou pássaros
amarrados. Logo em seguida, tem a idade da escola, aonde os meninos
aprendem a ler ou segurar um livro, e um estojo, e as meninas a fiar. Depois, a
idade do amor, das festas, dos passeios de rapazes e moça, as cortes de
amor, as bodas e as caçadas. Idade da guerra, dos homens aramados e as
idades sedentárias, dos homens da lei, das ciências ou dos estudos. Degraus
da idade eram gravuras que retratavam pessoas que mostravam as idades
justapostas do nascimento até a morte. A periodização da vida possuía a
mesma fixidez que o ciclo da natureza ou a organização da sociedade. A
juventude significava força da idade, ‘idade média’, não havia espaço para
adolescência.
Na burguesia do século XVII, a palavra infância restringiu-se a seu sentido
moderno, a ideia de infância estava ligada a ideia de puberdade. Ou seja, só
se saía da infância quando se saía da puberdade.
Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não
tentava representá-la. até o fim do século XIII, não existem crianças
caracterizadas por uma expressão particular, e sim homens de tamanho
reduzido. Essa recusa em aceitar na arte a morfologia infantil é encontrada,
aliás, na maioria das civilizações arcaicas. A infância desapareceu da
iconografia junto com os outros temas helenístícos, e o românico retomou
essa recusa dos traços específicos da infância que caracterizava as épocas
arcaicas, anteriores ao helenísmo.
Por volta do século XIII, surgiram alguns tipos de crianças um pouco mais
próximos do sentimento moderno.
O primeiro modelo de criança que surge é o anjo, representado por um rapaz
muito jovem, seria um menino já grande, mais do que uma criança', mas os
artistas sublinhariam com afetação os traços redondos e graciosos - e um
tanto efeminados - dos meninos mal saídos da infância. O segundo modelo
seria o ancestral de todas as crianças pequenas da história da arte: o menino
Jesus, ou Nossa Senhora menina, pois a infância aqui se ligava ao mistério da
maternidade da Virgem e ao culto de Maria. Um terceiro tipo de criança
apareceu na fase gótica: a criança nua. O menino Jesus quase nunca era
representado despido.
A criança não estava ausente da Idade Média, ao menos a partir do século
XIII, mas nunca era o modelo de um retrato de uma criança real, tal como ela
aparecia num determinado momento de sua vida. A tendência era separar o
mundo das crianças do mundo dos adultos.
Na idade média as crianças eram vestidas indiferentemente de idade, nada na
roupa medieval a separava do adulto, era o período do traje longo. No século
XVII a criança de boa família passou a não ser mais vestida como os adultos,
mais precisamente o menino, pois as meninas do momento em que deixavam
os cueiros eram vestidas como mulheres em miniatura.
Ao final do século XVIII o traje das crianças se transforma e nos subúrbios
populares, homens começaram usar traje mais específico como calças
compridas. O costume de efeminar os meninos só desaparece após a Primeira
Guerra Mundial.
Enfim, no século XVIII o traje da criança torna-se mais leve, mais apropriado,
menos rígido e formal.
Século XVI inicio XVII: A infância era ignorada.
As crianças eram tratadas com liberdades grosseiras e brincadeiras
indecentes. Não havia sentimento de respeito e nem se acreditava na
inocência delas.
Nos dias de hoje isso nos choca, diferente daquela época, onde era
perfeitamente natural.
A pedofilia fazia parte dos costumes daquele período, brincadeiras sexuais
entre crianças e adultos.
A grande mudança nos costumes se daria durante o século XVI. Um grande
movimento moral refletia com uma vasta literatura pedagógica.
A criança adquire dentro da família importância e torna-se brinquedinho do
adulto. Começa a se falar sobre a sua fragilidade, comparando-as com os
anjos.
A concepção moral da infância associava a fraqueza com a inocência, pois
refletia a pureza divina da criança.
A educação é vista como a obrigação humana mais importante, e começam a
multiplicar os colégios, pequenas escolas, casas particulares, desenvolvendo
uma disciplina rigorosa, moralidade e mudanças de hábitos.

Fichamento Bibliográfico

Faculdade da Fundação Educacional de Araçatuba

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