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Phillipe Ariès

História social da criança e da família.


Rio de Janeiro: LTC. 2ª Edição, 2006.

As "Pequenas Escolas"
A rudeza da infância escolar
Conclusão: A escola e a duração da infância
(Páginas: 183-194)
Philippe Ariès
Historiador francês, nasceu em Blois, na França, em 21 de julho
de 1914, e faleceu em Toulouse, em 1984.

Além de seu ofício historiográfico, realizou importantes


trabalhos como jornalista e ensaísta. Dedicava sua pesquisa a
atitudes sociais.

É autor de obras de grande repercussão, como "História social


da criança e da família" e "Sobre a história da morte no
Ocidente". Atitudes em face da vida, da loucura e da morte
foram objeto de sua investigação.

Coordenou a coleção "História da vida privada".

Herdeiro da Escola dos Annales. É considerado um dos


pioneiros no campo de estudo das mentalidades.
Publicado em 1962 o livro é um marco que revolucionou a maneira como a
infância e a família eram compreendidas historicamente até o momento.

O autor utiliza a metodologia iconográfica para analisar o modo que as


crianças estão representadas ao longo da história, desde a idade média
até o século XX e argumenta que a infância nem sempre existiu como
conhecemos hoje, apesar de sempre existirem crianças.

Possui uma abordagem de pesquisa e análise baseada em evidências


históricas e documentos utilizando métodos de pesquisa histórica para
examinar a evolução da infância e da família, traçando mudanças sociais,
culturais e estruturais que ocorreram em diferentes períodos históricos.

Ariès questiona a ideia de que a infância é uma categoria eterna e


universal. Argumentando que a noção de infância como uma fase
separada e distinta da vida humana é uma construção social e histórica,
que evoluiu ao longo do tempo.
Conclusão: A Escola e a Duração da
As “Pequenas Escolas” Infância

Estuda o nascimento e
Dedicado ao estudo de dois A Rudeza da Infância Escolar desenvolvimento de dois sentimentos
fenômenos: no século XVII, a da infância: a paparicação, limitava às
primeiras idades e correspondia a ideia
especialização demográfica das
de uma infância curta; o segundo que
idades de 5-7 e 10-11 anos, tanto exprimia a tomada de consciência da
nas pequenas escolas como nas Discorre sobre a origem e inocência e da fraqueza da infância e,
classes inferiores dos colégios. criadores do conceito de criança por conseguinte, o dever dos adultos
Outro fenômeno: no século bem educada, que diferia-se dos de preservar a primeira e fortalecer a
demais, que foi implantado segunda. Passados os 5 ou 7 anos a
seguinte XVIII, a especialização criança se fundia sem transição com os
social de dois tipos de ensino, um inicialmente nas crianças e
adultos: esse sentimento de uma
para o povo e outro para as posteriormente tornou-se hábitos infância curta persistiu ainda por muito
camadas burguesas e do homem moderno. tempo nas classes populares.
Os moralistas e educadores do século
aristocráticas. De um lado as
XVII conseguiram impor seu sentimento
crianças foram separadas das grave de uma infância longa graças ao
mais velhas e, de outro, os ricos sucesso das instituições escolares e às
foram separados dos pobres. práticas de educação que eles
orientaram e disciplinaram.
"De um lado, as crianças foram separadas das mais velhas, e de outro, os ricos foram separados dos pobres. Em minha
opinião, existe uma relação entre esses dois fenômenos. Eles foram as manifestações de uma tendência geral ao
enclausuramento, que levava a distinguir o que estava confundido, e a separar o que estava apenas distinguido: uma
tendência que não era estranha à revolução cartesiana das ideias claras, e que resultou nas sociedades igualitárias
modernas, em que uma compartimentação geográfica rigorosa substituiu as promiscuidades das antigas hierarquias."
(ARIÈS. 1962, p. 183)

"Uma nova noção moral deveria distinguir a criança, ao menos a criança escolar, e separá-la: a noção da criança bem educada. Essa noção
praticamente não existia no século XVI, e formou-se no século XVII Sabemos que se originou das visões reformadoras de uma elite de pensadores e
moralistas que ocupavam funções eclesiásticas ou governamentais."

"Os hábitos das classes dirigentes do século XIX foram impostos às crianças de início recalcitrantes por precursores que os pensavam como conceitos,
mas ainda nâo os viviam concretamente. Esses hábitos no princípio foram hábitos infantis, os hábitos das crianças bem educadas, antes de se
tornarem os hábitos da elite do século XIX, e, pouco a pouco, do homem moderno, qualquer que seja sua condição social." (ARIÈS. 1962, p. 184)

"Entretanto, essa função demográfica da escola não surgiu imediatamente como uma necessidade. Ao contrário, durante muito tempo a escola
permaneceu indiferente à repartição e a distinção das idades, pois seu objetivo essencial não era a educação da infância. Nada predispunha a
escola latina da Idade Média a esse papel de formação moral e social. A escola medieval não era destinada às crianças, era uma espécie de escola
técnica destinada à instrução dos clérigos, “jovens ou velhos”, como dizia o Docirinal de Michault." (ARIÈS, 1962, p.187)

"Sabemos também que o sentimento da infância encontrou sua expressão mais moderna nesses mesmos meios de burgueses esclarecidos,
admiradores de Greuze e leitores do Emile ou de Paméla. Mas os antigos gêneros de vida sobreviveram quase até nossos dias nas classes populares,
submetidas por menos tempo à ação da escola" (ARIÈS, 1962, p.193)
O autor traz em seu capítulo que no século XVIII havia a separação de uma
educação para os pobres e outra para os ricos, levando em consideração
os dias atuais podemos afirmar que isso ainda ocorre. Ainda há divisão
entre educação pública e privada, as escolas particulares vendem a
educação como produto, oferecendo atividades extras, materiais de ponta
(iPads, tablets etc) enquanto a escola pública resiste com o mínimo de
recurso possível, salas lotadas, professores com baixos salários que
desmotivam o exercício da função, tornando uma separação entre ricos e
pobres. Sabemos que há diferença entre os dois tipo de educação
oferecidas, a rede privada faz o movimento de trazer o maior número de
benefícios possíveis à quem dela usufrui. Gerando toda a desigualdade de
acesso a conhecimento e ocupação de espaço social dentro da vida
acadêmica, alunos de escola pública resistem ao sair dessa zona de “é o
que tem para você“ quando alcançam acesso à universidade por exemplo.
Aos alunos de escola pública sobra-se os cursos técnico que são destinados
a quem irá oferecer a mão-de-obra barata do mercado.
• A contribuição geral do texto é que para que nós enquanto futuras pedagogas,
tenhamos consciência de como a infância, hoje tão estudada, foi desprezada nos
séculos passados. Para que cada vez mais, valorizemos essa etapa do
desenvolvimento humano.
Foi preciso movimentos grandes para que pudéssemos garantir nos dias de hoje que
elas sejam reconhecidas enquanto indivíduos produtores de cultura e conhecimento e
não como um “mini-adultos”.
Suas necessidades físicas, psicológicas e de aprendizagem se dão de acordo com
seu nível de maturidade, é preciso que o educador tenha esse olhar atento e
acolhedor para o novo, o mais imaturo, preservando suas características e validando
sua pouca experiência, para que a partir dela possa ser construído um processo de
apropriação de conhecimento.
Ariès também retrata nesse capítulo, como o aprendizado pode ser um mecanismo de
emancipação ou opressão, a escola “feita para os meninos” por exemplo, levou
meninas e mulheres ao analfabetismo ou à uma educação medíocre.
Sendo assim a Escola deve garantir que o aprendizado, que a vida acadêmica, seja
ocupada e preparada para atender à todos, ricos e pobres, meninos e meninas,
garantindo o direito do cidadão à a educação de qualidade, sem destinção de
classe, gênero e raça.
OBRIGADO!
Alana Bandeira 230510
Nicoli Suzan 230769
Thauane Nunes 244665

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