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MÓDULO:
ESTUDO DAS INFÂNCIAS E
CULTURAS E EDUCAÇÃO
TURMA: 02
Miranorte-TO
2021
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Curso: PEDAGOGIA
60 60 60
EMENTA:
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
1 Uma vez que até então eram atos considerados normais e até mesmo casuais.
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públicas2 de atendimento à criança e adolescentes, buscando assim, descriminar
a infância e juventude pobre, para que todos sejam reconhecidos como sujeitos
de direitos.
4. CONCLUSÃO
Por fim, a obra de Ariès (1978) nos ajudou entender que os problemas
sociais atualmente existentes, e que afetam crianças e adolescentes pobres, são
os mesmos do século XII. São, no entanto, interpretados e analisados de
maneira diferente ao longo dos anos, o que proporcionou a busca de meios mais
eficazes para combater o descaso com a infância através de políticas públicas,
tendo em vista o seu reconhecimento e valorização.
Também notamos na obra de Ariès que a concepção da infância está
associada às formas de intervenção social, inseridas em práticas de regulação
e controle da segregação de classes sociais, pois os estágios da infância
propriamente dita se deram primeiramente nas classes sociais favorecidas
economicamente, enquanto as crianças advindas de famílias pobres ficavam a
mercê da própria sorte, fato este que perdura até nossos dias atuais.
Naturalmente, presenciando o quadro em que vivem atualmente
milhares de crianças e adolescentes no Brasil e no mundo, é possível
constatarmos que ainda se conhece muito pouco sobre o verdadeiro significado
da infância e suas peculiaridades. Porém, apesar dos problemas enfrentados, o
quadro degradante da infância já mudou de forma significativa, principalmente
no que diz respeito à formulação e implementação de políticas públicas com
cunho social, e isso pode ser resultado de estudos à longo prazo sobre a
infância.
A princípio, em uma leitura preliminar, políticas públicas e concepção de
infância parecem estar dispersas, mas enfatizamos que a obra de Ariès (1978),
contribuiu para que pudéssemos buscar no passado, explicações para as ações
do presente, ou seja, conhecer a infância e suas necessidades foi o melhor
2 Eloisa de Mattos Höfling (2001) define políticas (públicas) sociais como ações que determinam
o padrão de proteção social implementado pelo Estado, voltadas, em princípio, para a
redistribuição dos benefícios sociais visando à diminuição das desigualdades estruturais
produzidas pelo desenvolvimento socioeconômico.
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caminho para que se pudesse hoje desenvolver trabalhos em prol das crianças,
principalmente das mais necessitadas. Foi a partir das ideias desse autor, que a
criança veio a ocupar um espaço antes pouco perceptível, desde então,
desencadeou-se investimentos de cunho social para que crianças e
adolescentes ocupassem de fato o seu lugar na sociedade.
INTRODUÇÃO
CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA
Esses dois sentimentos são originados por uma nova postura da família
em relação à criança, que passa a assumir mais efetivamente a sua função, a
família começa a perceber a criança como um investimento futuro, que precisa
ser preservado, e, portanto, deve ser afastada de maus físicos e morais. Para
Kramer (2003. P. 18) “não é a família que é nova, mas, sim o sentimento de
família que surge nos séculos XVI e XVII, inseparável do sentimento de infância.”
A vida familiar ganha um caráter mais privado, e aos poucos a família
assume o papel que antes era destinado à comunidade. É importante salientar
que esse sentimento de infância e de família representa um padrão burguês, que
se transformou em universal. Segundo Kramer:
[...] a ideia de infância [...] aparece com a sociedade capitalista,
urbano-industrial, na medida em que mudam a sua inserção e o
papel social da criança na comunidade. se, na sociedade feudal,
a criança exercia um papel produtivo direto (“de adulto”) assim
que ultrapassava o período de alta mortalidade, na sociedade
burguesa ela passa a ser alguém que precisa de ser cuidada,
escolarizada e preparada para uma função futura. Este conceito
de infância é pois, determinado historicamente pela modificação
das formas de organização da sociedade. (2003, p. 19)
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No século XVIII, além da educação a família passou a se interessar pelas
questões relacionadas à higiene e à saúde da criança, o que levou a uma
considerável diminuição dos índices de mortalidade.
As mudanças beneficiaram as crianças da burguesia, pois as crianças
do povo continuaram a não ter acesso aos ganhos representados pela nova
concepção de infância, como o direito à educação e a cuidados mais específicos,
sendo direcionadas para o trabalho.
A criança sai do anonimato e lentamente ocupa um espaço de maior
destaque na sociedade. Essa evolução traz modificações profundas em relação
à educação, esta teve que procurar atender as novas demandas que foram
desencadeadas pela valorização da criança, pois a aprendizagem além da
questão religiosa passou a ser um dos pilares no atendimento à criança.
Segundo Loureiro:
[...] nesse período começa a existir uma preocupação em
conhecer a mentalidade das crianças a fim de adaptar os
métodos de educação a elas, facilitando o processo de
aprendizagem. Surge uma ênfase na imagem da criança como
um anjo, “testemunho da inocência batismal” e, por isso, próximo
de Cristo (2005, p. 36).
INTRODUÇÃO
3 Este texto foi adaptado para o estudo no curso de Pedagogia do Instituto Educar. Foram
retiradas as análises do estudo de caso, deixando apenas a parte teórica para nossa reflexão. O
texto original tem o título: A infância na educação infantil e no primeiro ano das séries iniciais
do ensino fundamental: o que revelam os professores da região do agreste?
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infância e a educação das crianças? Será que a infância tem de fato espaço no
âmbito escolar? Consoante a essas questões e tomando como intensificação
desta problemática a Ampliação do Ensino Fundamental de Nove Anos, que ao
incorporar as crianças de seis anos no primeiro ano, trouxe para os anos iniciais
desta modalidade de Ensino a necessidade de uma educação da infância,
desenvolvemos a pesquisa intitulada: ―A infância na Educação Infantil e no
Primeiro Ano das Séries Iniciais do Ensino Fundamental: o que revelam os
professores da Região do Agreste?‖ Com vistas a compreender os significados
veiculados pelos docentes, ao que tange a infância no contexto escolar.
Para situar a perspectiva na qual se insere a reflexão aqui proposta,
partimos da problematização da própria noção de infância, a qual, no campo das
ciências humanas e sociais, tem sido empregada frequentemente como um
conceito não avaliado. No presente projeto, nos interessa particularmente seus
significados e as implicações destes no campo da educação. Na análise
empreendida assumimos a infância como ―categoria social, constituída por
sujeitos historicamente situados‖ (SARMENTO, 2008, p.7), nomeadamente as
crianças, as quais se constituem sujeitos sociais que produzem cultura e história.
Tomamos, ainda, como referência os estudos filosóficos empreendidos por
Walter Kohan (2003). Por meio de uma reflexão menos normativa e etapista e
mais ontológica e política, interroga sobre uma potência produtiva da infância,
sobre uma força que gera diferença e sobre uma capacidade de afirmar a
visibilidade da infância por meio de um olhar aberto, atento, à espreita,
procurando dar lugar a uma nova infância, das crianças e também da educação
infantil.
[...]
O brinquedo é uma atividade que proporciona o desenvolvimento psicológico e
cultural evidenciados na infância. Portanto, o brinquedo é um exemplo de instrumento
mediador que possui uma funcionalidade e um significado como objeto quando construído
socialmente e outro significado quando uma criança se propõe a utilizá-lo. Sua funcionalidade e
seu significado são peculiares, pois parte não somente da função do objeto, mas de como a
criança significará este objeto, e esta é a análise que Vygotsky (2007) se propõe, o que se verá a
seguir neste trabalho
Ignorar o brinquedo no mundo infantil é simplesmente negligenciar a imaginação e os
desejos da criança, que se desenvolvem de forma significativa pelo uso do lúdico e a relação que
possui com as motivações do mundo externo. Em outras palavras, é uma forma de atividade,
usada pela criança na interação com seu contexto. Vygotsky (2007, p. 107) escreve: “... parece-
me que as teorias que ignoram o fato de que o brinquedo preenche necessidades da criança
nada mais são do que uma intelectualização pedante da atividade do brincar.” O brinquedo não
é apenas uma atividade que proporciona prazer que possa ser prescindida, é algo que faz parte
da maioria das ações no universo que revelam as condições do desenvolvimento na infância, e
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hoje é um meio utilizado pela educação infantil para atingir seus objetivos pedagógicos com
crianças. Vygotsky (2007) continua:
...se ignorarmos as necessidades das crianças e os incentivos
que são eficazes para colocá-la em ação, nunca seremos
capazes de entender seu avanço de um estágio de
desenvolvimento para outro, porque todo avanço está conectado
com uma mudança acentuada nas motivações, tendências e
incentivos. (VYGOTSKY, 2007, p.108)