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Psicologia e aprendizagem

Trabalho 1

Grupo: Geovana Lacerda


Luísa Perotti
Ramon Titonelli
Pedro de Saint
“A Infância pesquisada”
Ramon Titonelli

O texto "A infância pesquisada", escrito por Fernanda Müller e Maria de


Nazareth Agra Hassen, aborda a importância da pesquisa sobre a infância e sua
relevância para a compreensão da realidade das crianças e para a construção de
políticas públicas voltadas para essa faixa etária. Ele mostra também que o estudo
da infância foi deixado de lado por muitos anos pois as crianças não eram
consideradas objetos de estudo, mas sim como um caminho que as pessoas
seguem até se tornar adulto completo. Estudos de vários autores e a história das
primeiras pesquisas da criança e da infância também são apresentadas, visando
ajudar a entender como foram surgindo esses estudos e como se desenvolveram
com o passar do tempo.
Até os dias de hoje, os estudos da criança ainda são um desafio, entretanto a
pesquisa sobre a infância é fundamental para que se possa conhecer as condições
de vida das crianças e as políticas públicas que podem melhorar sua qualidade de
vida. Além disso, a pesquisa permite entender as diferentes realidades das crianças,
considerando sua diversidade cultural, social e econômica. As autoras também
destacam que a pesquisa sobre a infância deve ser realizada de forma
interdisciplinar, envolvendo diferentes áreas do conhecimento, como psicologia,
sociologia, antropologia, entre outras. Essa abordagem permite uma visão mais
ampla e complexa da infância, considerando aspectos como o desenvolvimento
infantil, as relações familiares, a escolarização, entre outros.
Outro ponto importante abordado pelo texto é a necessidade de se
considerar a participação das crianças na pesquisa. A escuta das crianças é
fundamental para a compreensão de suas experiências e vivências, além de ser
uma forma de garantir que as políticas públicas voltadas para elas sejam
construídas a partir de suas necessidades e demandas. Nesse sentido, a pesquisa
sobre a infância não deve ser vista apenas como um fim em si mesmo, mas como
um meio para a promoção da cidadania infantil e da construção de uma sociedade
mais justa e igualitária. As autoras destacam a importância de se levar em conta a
perspectiva da infância nos processos de tomada de decisão, tanto no âmbito das
políticas públicas quanto nas relações familiares e sociais.
Além disso, o texto destaca que a pesquisa sobre a infância deve estar em
constante evolução, acompanhando as transformações sociais, culturais e
tecnológicas da atualidade. A infância hoje é diferente da infância de algumas
décadas atrás, e continuará sendo diferente no futuro. Assim, é importante que os
pesquisadores estejam sempre atualizados e abertos a novas abordagens e
metodologias para a pesquisa sobre a infância. A pesquisa também deve se adaptar
às mudanças na forma como as crianças vivenciam a vida, como o aumento do uso
de tecnologias digitais, por exemplo. Dessa forma, a pesquisa sobre a infância
poderá contribuir cada vez mais para o desenvolvimento de políticas públicas e
práticas que garantam uma infância plena e saudável para todas as crianças.
Em síntese, o texto "A infância pesquisada" de Fernanda Müller e Maria de
Nazareth Agra Hassen enfatiza a importância da pesquisa sobre a infância para a
compreensão da realidade das crianças e para a construção de políticas públicas
voltadas para essa faixa etária. A infância é uma parte essencial para a vida de
todos pois é nela que as pessoas descobrem o mundo e aprendem sobre ele,
desenvolvendo conceitos, habilidades, percepções e adquirindo informações
cruciais para a vida adulta, assim formando uma boa base para se tornar um adulto.
A pesquisa deve ser realizada de forma interdisciplinar, considerando a diversidade
cultural, social e econômica das crianças, e deve levar em conta a perspectiva da
infância nos processos de tomada de decisão.

A construção social da infância:


Idade, gênero e identidades infantis.
Luísa Perotti B. Alonso

"A construção social da infância: Idade, gênero e identidades infantis" é um texto


que trata da infância como uma construção social e culturalmente determinada. As
crianças não são uma categoria universal e homogênea, mas sim uma construção
social que varia de acordo com diferentes contextos e culturas. Anne Carolina
Ramos começa o texto explicando que a infância é uma construção social e cultural,
ou seja, uma ideia que é moldada e transformada pelas sociedades e culturas ao
longo do tempo. Ela destaca que a infância não é uma fase única e linear, mas sim
uma experiência complexa e multifacetada, que é moldada por fatores sociais,
culturais e históricos.
Além de estar em constante mudança, a infância também é uma construção
histórica onde as ideias evoluíram ao longo do tempo. Por exemplo, na Idade Média,
as crianças eram vistas como "pequenos adultos" e eram tratadas como tal.
Somente no século XVII, a ideia de que a infância era uma fase distinta e única da
vida começou a ganhar força. Desde então, as ideias sobre a infância têm mudado
continuamente, e as crianças são vistas de maneira cada vez mais complexa e
multifacetada.
O texto apresenta a importância da compreensão de que a construção social da
infância está intimamente ligada às noções de idade, gênero e identidade. A idade é
uma categoria social usada para delimitar a infância como um período específico da
vida, com características e necessidades únicas. No entanto, a autora destaca que
as ideias sobre a idade da infância variam amplamente entre diferentes culturas e
sociedades. Por exemplo, em algumas culturas, as crianças são consideradas
adultas quando atingem certa idade ou atingem certos marcos de desenvolvimento,
como o início da menstruação ou a primeira caçada bem-sucedida.
Ramos também explora a relação entre gênero e infância, destacando que as
crianças são socializadas em papéis de gênero específicos desde o nascimento, o
que influencia a forma como são tratadas e as experiências que têm. As
expectativas de gênero podem afetar as brincadeiras, as atividades que as crianças
são incentivadas a realizar e até mesmo as roupas que usam. A autora chama a
atenção para o fato de que as expectativas de gênero não são universais, mas
variam entre diferentes entidades, como por exemplo, as meninas podem ser
incentivadas a brincar com bonecas e a se comportar de maneira mais passiva,
enquanto os meninos podem ser incentivados a serem mais agressivos e a brincar
com brinquedos que promovam a atividade física.
A mídia e a publicidade têm um papel importante na construção das identidades
infantis e como elas são influenciadas pelas representações que a mídia faz da
infância. As representações da infância na mídia podem criar um modelo idealizado
de comportamento infantil que pode ser difícil de alcançar para as crianças reais. Os
personagens infantis na mídia frequentemente são mostrados como sendo muito
bem-comportados, felizes o tempo todo e vivendo em famílias perfeitas, o que pode
fazer com que as crianças se sintam em desvantagem ao se depararem com uma
realidade irreal.
Além disso, o artigo também aborda toda a questão da sexualização precoce de
crianças através dos canais de comunicação. A sexualização de crianças na mídia
pode levar à objetificação e à pressão para se encaixar em determinados padrões
de beleza e comportamento. É importante que pais, adultos e educadores estejam
atentos aos conteúdos que as crianças consomem para prevenir futuros
comportamentos inoportunos.
A autora também pontua a importância da identidade na construção social da
infância. As crianças constroem sua identidade a partir de uma variedade de fatores,
incluindo sua família, amigos, escola e cultura. A identidade da criança pode ser
influenciada por diversas características como raça, etnia, classe social e orientação
sexual, bem como por algumas experiências traumáticas, como abuso e
negligência.
Por fim, a autora destaca a importância de reconhecer a diversidade e a
complexidade da infância e de considerar as implicações disso para a prática clínica
e a pesquisa em psicologia. Ela enfatiza que a infância é uma experiência única e
que, para trabalhar com crianças de maneira eficaz, é importante levar em
consideração o contexto social e cultural em que elas vivem. Os profissionais da
área devem considerar essas questões ao trabalhar com crianças e suas famílias,
respeitando a singularidade de cada criança e suas experiências de vida.

Geografia da infância: Territorialidade


Pedro de Saint Just

Ao se considerar a temática da infância, a geografia não é a primeira fonte de


explicação mais comum que encontramos. Porém, a proposição da relação entre
infância e lugar levanta uma nova chave analítica sobre esse tema tão complexo e
rico. Na primeira metade do texto, o autor apresenta uma série de fatores culturais,
frutos de um recorte socioespacial, que marcam a infância em uma comunidade da
Zona da Mata mineira. A infância, como ele traz mais ao fim do texto, é também
como um lugar, e essa localidade, por onde passamos no desenvolvimento, é
influenciada pela cultura daquela sociedade, mas também molda seu meio em um
processo dialético.

A realidade dessa sociedade é atravessada por uma cultura com fortes traços
católicos e com um senso de comunidade aflorado. A infância, marcada pelas
manifestações cristãs tradicionais, carrega suas festividades, estruturas sociais,
figuras de autoridade comunitária, brincadeiras e divisões do espaço, como é
explicitado em duas passagens importantes. A primeira se refere à figura da
benzedeira. Carregando a expressividade mística da mulher, característica comum
de se observar em diversas culturas, a benzedeira é aquela que tem o poder de
limpar os males que geram disfunções na vida das pessoas. No caso das
comunidades observadas, e voltando nosso olhar novamente para a infância, vemos
as benzedeiras como referência a ser buscada para remediar o adoecimento das
crianças, bem como, ordenar o desenvolvimento dessas, quando julgado
insatisfatório. Outra passagem importante se refere ao espaço físico das crianças.
Reflexo do capitalismo, as famílias tendem a se privatizar, alimentando o mito do
amor fraternal e sua capacidade de completude na vida do indivíduo. Porém,
observa-se que as crianças têm seus lugares para viver o brincar. A praça da Igreja,
as festas religiosas, as brincadeiras tradicionais de rua. Essa espacialização da
criança é contraditória ao capitalismo. Nos grandes centros, em decorrência de
muitos fatores relativos à rotina liberal, não é mais uma prática comum o brincar na
rua. Porém, na comunidade observada, percebe-se a comunhão das proles das
classes sociais, unidas pelo brincar, pelo “ser criança”.

Nessa fração do texto, também somos elucidados quanto ao poder de


transformação cultural que as crianças detêm. Mesmo antes de nascer, elas
motivam eventos culturais que só existem por conta dela. A exemplo disso temos os
rituais de parto, sua carga de crenças inerentes e as figuras sociais construídas ao
redor dele. A parturiente mobiliza o social, exclusivamente pelo fato de ali estar
surgindo uma criança. A criança recebe ação dessa cultura a partir do momento que
nasce, mas o faz alterando a ordem vigente.

Em um segundo momento do texto, o autor nos leva a analisar como, no


decorrer da história, o olhar sobre a criança e sua localização, ou não, na infância
foi constantemente modificado e gerou mudanças consequentes no modo de vida e
rotina daquele recorte. Ressaltando o adendo presente no texto, costumamos
considerar que a infância e a visão que temos de criança se originaram na Europa,
desconsiderando completamente todas as outras culturas que, em grande número,
já demonstravam essa visão diferencial da criança. É apresentado um panorama
histórico da criança até a criação do lugar da infância, passando por sua
particularização a partir do século XVII. O caminho percorrido para que as crianças
passassem a ser vistas como seres frágeis, dignos de amor, carinho e cuidado de
uma família nuclear de uma forma mais intensa teve uma gritante influência do
surgimento da burguesia.

A criança, mesmo que sujeito ativo de mudança social, sempre esteve à


mercê de fatores como a classe socioeconômica em que nasceu. O caso das
sociedades greco-romanas é interessante, pois demonstra essa rendição
claramente. Enquanto as crianças das camadas não cidadãs eram, assim como
seus genitores, paralelos aos bons frutos da sociedade, os filhos dos patrícios
tinham um tratamento diferencial. Há porém a figura da “nutriz”, um alguém
especializado no trato das crianças. É curioso perceber como um mesmo recorte
apresenta oposições claras da ótica sobre a criança. Uma é um jovem adulto em
formação, a outra, um objeto em desenvolvimento.

Por fim, recobra a proposição de infância enquanto lugar, argumentando que


“toda criança é criança de algum lugar e em algum lugar”, tendo sua formação
pautada naquilo que o seu meio (social, cultural, espacial e afetivo) nela introjeta.

´´ Crianças pequenas e consumo: Que lugar a escola ocupa?´´


Geovana Lacerda de Moraes

O artigo de autoria de Tatiana Rodrigues Barbosa apresenta a relação da


sociedade, em um âmbito principalmente econômico, ao conceito de infância e sua
influência nas crianças, questionando o papel da escola nesse meio. O trabalho foi
feito a partir da análise metodológica de entrevistas abertas feitas com professores
e análise de documentos das próprias instituições, além de conversas informais.
Inicialmente, somos apresentados à ideia de que a infância não é um conceito
estável e sim corresponde ao contexto da época. Dessa forma, o estudo inicia-se no
século XVI, em que a única forma de aprendizagem era a observação e convivência
com os adultos e com a chegada do Iluminismo no século XVII,a razão se tornou o
objetivo da sociedade como um todo, crianças inclusas. Estas deveriam ser
preparadas para tornarem-se adultos úteis e obedientes, visando que sejam
autônomas o mais rápido possível sem o uso de um modelo de educação arbitrário,
assumindo a necessidade de disciplina em seus cotidianos.
Nesse contexto, a idealização de como as crianças deveriam ser criadas. As
famílias deveriam então controlar e oferecer afeto aos mais jovens, de forma em
que cabia a burguesia cuidar do bem-estar destas, resultando na diminuição da taxa
de natalidade, uma vez que, os pais tendo um número menor de filhos, poderiam
oferecer mais atenção e cuidados. O papel das instituições de ensino era de
garantir a aprendizagem, um aparelho de aprender específico da escola. Ocorria
então, a separação da infância e idade adulta.
Nesse mesmo período iniciou-se a busca por justificativas racionais sobre a
desigualdade social. Surgem então dispositivos sociais que foram apresentados
como resposta a formação do cidadão e a razão de pertencerem a determinada
classe social: as escolas, que permitiriam que as classes mais ricas explicassem a
sua condição como consequência do seu grau de instrução, disseminando a ideia
de que o estudo leva ao sucesso e ascensão social . Esse ambiente passou a ser
um meio de redenção da humanidade, um local que julgaria apenas o seu mérito, e
buscando tornar as crianças seres dotados de razão.
Com o passar dos anos o capitalismo e liberalismo cresciam cada vez mais, e
mantinha-se o mesmo modelo escolar e de infância. Todavia, uma recessão na
organização econômica causou o crescimento do neoliberalismo, que estimulou o
afastamento do Estado da economia e mudou o cenário sócio-econômico. Visto que
o conceito de infância segue o contexto sócio-histórico, também passou por
mudanças, como a influência da mídia, que proporciona uma vasta gama de
informações que podem ser acessadas tanto por adultos quanto crianças, que agora
voltam a serem mini adultos, informados e habilitados com os mesmos conceitos.
Diante disso,a expectativa nas escolas também foi alterada, seguindo padrões
que visam técnicas , treinamentos e reprodução de conhecimentos em que a sua
inteligência depende de sua habilidade em memorizar assuntos e informações,
posto isso,a educação não é mais um direito do cidadão e sim uma oportunidade, o
aluno e os pais são agora consumidores do serviço oferecido pela instituição.
O artigo traz uma reflexão sobre o papel dos adultos como sociedade e da
escola em preservar as crianças e a infância das mesmas, algo que o capitalismo,
globalização e a tecnologia afugentam cada vez mais. A autora ainda ressalta a
importância das relações sociais e convivência para o desenvolvimento das crianças
no lugar do treinamento de futuros trabalhadores e consumidores, que por agora
são apenas motivo de chateação, até apresentarem o que podem oferecer.

Conclusão

Fica claro, portanto, a característica subjetiva e fluida da infância, na sua


aparição espaço temporal. A criança é um indivíduo que transforma a sociedade
com a sua existência, mas sofre com as ações desse meio que a circunda.
Percebe-se que a infância que conhecemos hoje é um fenômeno recente, liberal,
ocidental. Perigosamente semelhante a um produto, essa infância é fruto de uma
propaganda sistemática, com alicerce em um senso comum conservador e em
teorias do desenvolvimento. Uma infância dividida em fases é uma parcela da
sociedade com múltiplas possibilidades de consumo, escalando dos móbiles
sensoriais, passando por jogos educativos, seguindo por produtos específicos para
cada gênero impostos pela sociedade, novamente baseados em um consenso
conservador de parâmetro anatômico.
Essa mesma infância sofre com a concepção excludente de seus membros,
novamente, imposta pela sociedade. As crianças têm sua cidadania limitada a
emissão de um documento de identificação. Não são vistas como indivíduos
capazes de opinar influentemente, de escolher por si. São entendidas como um
alguém a ser moldado com os gabaritos já existentes.
Em contrapartida, vemos o contraste da infância quando levemente
distanciada do fluxo neoliberal. A dita, popularmente, “infância raiz” é permeada
pelas práticas tradicionais de vínculo social, não de exclusão. Brincam na rua, não
em suas casas nas telas individualistas de seus aparelhos. Brincam unidas, sem um
muro de condomínio separando-as.
Fica claro, por fim, a característica de localidade, subjetividade, da infância.
Um lugar das crianças, um lugar do brincar, um lugar de liberdade. Pelo menos, em
uma sociedade ideal. A criança, é inegável, se trata de um ser que depende de
atenção, carinho e da provisão de meios de subsistência. Mas, também, se trata de
um indivíduo, com a sua individualidade. Infância é um lugar, mas é um momento. É
tempo de se inteirar das normas sociais, de seus direitos e deveres, de absorver
conhecimentos. Porém, deve ser igualmente um tempo de liberdade, de aceitação.
“Eu fico com a pureza da resposta das crianças", como diria Gonzaguinha,
mas para tal, devemos nos permitir perguntá-las, genuinamente considerando o que
elas nos respondem, com “a beleza de ser um eterno aprendiz”. Sabe-se que a
infância, ou a vaga ideia dela, no curso da história foi atravessada por desdém,
sofrimento, medo e indiferença. O lugar da criança devia ser bem melhor, e será.
Mas, só o será, quando a devida seriedade e compreensão forem empregados no
olhar para com aqueles que se inserem, habitam, vivem, brincam, formam o e são
formados no local da infância.

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