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Introdução
A morte das crianças não era considerada uma perda para a família, mas, em
muitos casos, como um alívio. Entregar as crianças para que outras famílias
educassem também era uma prática comum na época e, ao completarem sete
anos de idade, as crianças retornavam à sua família pronta para ser integrada
à vida familiar e ao trabalho, caso não morresse até esta idade. Em relação ao
cuidado com as crianças, no século XVII, o poder público, respondendo às exigências
da Igreja Católica em não aceitar mais o infanticídio passivamente, cria o sentimento de
proteção e manutenção da vida das crianças. Tarefa atribuída às mulheres (amas e
parteiras), que seriam as protetoras dos bebês. A alma da criança é descoberta.
Segundo Ariès,
Para tanto, medidas foram tomadas no que se refere à higiene e à saúde das
crianças para que a mortalidade infantil fosse reduzida. A família passa a ter
maior zelo com a criança, surgindo o sentimento de infância, classificado por
Ariès em dois períodos: o da paparicação e posteriormente o do apego. Nesse
primeiro sentimento, as crianças passam a ser tratadas pelos adultos como
uma espécie de entretenimento, como um bichinho de estimação que deve ser
preservado para continuar dando satisfação aos adultos com seus gracejos,
suas brincadeiras e com seu jeito de falar.
Concordando com esse autor, Kuhlman (1997 apud DELGADO, 2011, p. 196)
afirma que é preciso “considerar a infância como uma condição de criança, pois
o conjunto de experiências vividas por elas em diferentes lugares históricos,
geográficos e sociais é muito mais do que uma representação dos adultos
sobre esta fase da vida”. Assim, faz-se necessário que o adulto (os
educadores) compreenda de que forma a criança aprende, uma vez que, saber
é a apropriação do conhecimento, transformada e assimilada pelo sujeito de
forma singular e intransferível. A construção do saber é um processo individual
e solitário; é o próprio sujeito que faz. Independentemente da idade do
indivíduo, “a educação é uma produção de si por si mesmo, mas essa
autoprodução só é possível pela mediação do outro e com a sua ajuda”
(CHARLOT, 2000, p. 53). Nesse sentido, o processo de aprendizagem do
aluno é individual e cada um apreende as situações propostas pelo professor
com as características que provêm do seu próprio saber, dos seus hábitos de
pensar e de agir (POSTIC, 1995, p. 16). E, ainda, aprender
é compreender, ou seja, trazer comigo parcelas do mundo exterior,
integrá-las em meu universo e assim construir sistemas de
representação cada vez mais aprimorados, isto é, que me ofereçam
cada vez mais possibilidades de ação sobre esse mundo.
Refugiando-me incessantemente em mim mesmo, não encontrarei
nem mesmo os meios para compreender-me, pois sou do mundo
tanto quanto de mim mesmo e não posso resolver os meus
problemas se não me compreender dentro do mundo (MEIRIEU,
1998, p. 37).
Nessa perspectiva, ouvir as crianças pode ser uma das estratégias eficazes
para a sua permanência na escola, garantindo não apenas o acesso à
educação formal, mas também garantindo o direito à educação, à cultura, ao
esporte e ao lazer como preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), pois toda criança e adolescente têm direito ao desenvolvimento pleno
de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o
trabalho. A criança no ambiente escolar deve ter condições de igualdade de
condições de acesso e permanência na escola e ser respeitada pelos
educadores. Portanto, a escola, os professores e toda comunidade escolar
precisam entender o processo pedagógico compreensivo às necessidades da
criança e mantê-las inseridas na escola, primando pela qualidade do ensino a
fim de garantir o direito à educação.
E os pais devem compreender esses processos para também garantir a
essa criança a escolarização.
Considerações finais
Referências Bibliográficas
______. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Trad. Bruno
Magne. Porto Alegre: Artmed, 2000.
FERREIRA, Manuela. Criança tem voz própria (pelo menos para a Sociologia da
Infância). A Página da Educação. Porto: Portugal, Ano 11, n. 117, nov. 2002.
Disponível em: <http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=117&doc=9121&mid=2>.
Acesso em: 01 abr. 2013.
MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas como? 7. ed. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1998.