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LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
PROFª.
São Carlos
2023
Introdução
O presente trabalho busca analisar a obra “História Social da Criança e da Família" de
Philippe Ariès, onde historiciza a infância e sua percepção ao longo da história. Através da
iconoclastia, assimilada pela análise de registros visuais, o autor apresenta o conceito da
criança na sociedade classificando em períodos sua constituição, analisando as etapas
dispostas ao longo dos anos da infância e classificando seu crescimento de acordo com o
contexto social - em conclusão, a infância sendo uma construção social.
A partir disso, Ariès discute acerca do reconhecimento da infância necessário para sua
saudável efetivação, dado através do entendimento de suas necessidades e especificidades e
atendimento das mesmas. Com isso, o autor discorre sobre importantes questões sobre a
infância, a serem analisadas no presente artigo, como sexualidade, idealização moral e
religiosa e as primeiras influências e responsabilização da escola. Com a ajuda de meticulosas
análises de obras que exemplificam tais questões, esperamos trazer uma profunda reflexão
acerca da concepção social de infância e seus impactos diretos em sua educação e inserção na
sociedade.
Objetivos
1
A Companhia de Jesus ou Ordem dos Jesuítas, é uma ordem religiosa fundada em 1534 com o intuito de
catequização e difusão do catolicismo para os “infiéis” e “pagãos”, que não seguiam essa vertente religiosa.
A sexualidade e a cultura da pedofilia por Jane Felipe
Em seu artigo “Afinal, quem é mesmo pedófilo?”, a autora Jane Felipe aborda a relação da
criança com a infância, a sexualidade e a pedofilia, demonstrando que a criança, naturalmente
livre de malícia sexual, é socialmente colocada como uma possibilidade de experimentação
do desejo sexual do adulto. A autora também destaca acontecimentos do período do século
XVIII onde crianças começam a ser percebidas como sujeitos classificados em uma natureza
infantil, que possui suas especificidades e características, e a partir dessa nova visão sobre a
criança e sua infância, a concepção do erotismo infantil é invisibilizada e negada pela
sociedade. Desse modo, as crianças passam a precisar de um certo tipo de proteção, incluindo
determinados conhecimentos, como assuntos relacionados ao sexo e a sexualidade. Tais
temas apresentados pela autora se assemelham com as ideias de Ariès, quanto à questão do
sentimento da infância em relação à sexualidade da criança, pois é possível observar a forte
influência na relação da criança com o adulto. Jane destaca que tais conceitos se relacionam
diretamente com as relações de poder entre adultos e crianças, onde homens historicamente
sentem-se concedidos do direito de aliciar, abusar e manipular mulheres e meninas em
relações intrafamiliares - ato tal originado do sentimento de propriedade de homens sobre
mulheres. Em contexto atualizado, percebe-se também que o acesso à internet e novas
tecnologias dificultou em muito ações de proteção a criança - a prática da pedofilia pela
mídia é alarmante, já que o acesso a tal material não possui nenhum tipo de restrição.
Denota-se ainda a grande organização criminosa que embasa tal rede de conteúdos explícitos,
perpassada por crimes de sequestro, violência sexual, coerção de incapazes e em casos
extremos, até a morte. A pornografia infantil aumenta e estimula o mercado da pedofilia;
dados indicam que a cada 8 horas uma criança é vítima de abuso/violência sexual. Dessa
forma, é necessário discutir acerca da pedofilização como prática social contemporânea,
tendo em vista a grande contradição que rodeia tal fato, onde mesmo com a instituição de leis
e sistemas de proteção a criança, a pedofilização ainda se faz presente como prática
socialmente difundida.
Não só crianças propriamente ditas, mas observa-se também a infantilização de mulheres
adultas na mídia, com o uso de roupas e acessórios que remetem a infância, o que novamente
acarreta à relação de poder entre adultos e crianças de forma intrinseca, já que embora com
mulheres adultas, consumidores de pedofilia acham dentro de tal exposição uma forte forma
de sexualização infantil, o que denuncia as bases pedófilas sobre as quais a sociedade se
alicerça.
Lolita: uma análise sobre a idealização pedófila de crianças
Considerações Finais
Com a elaboração do presente artigo, buscamos analisar a concepção de infância e criança ao
longo de períodos históricos, através do estudo minucioso da obra de Ariés sobre tais
períodos e reflexão acerca da percepção de crianças ao discorrer dos mesmos. Com a análise
filmográfica, buscamos instituir reflexões sobre a construção social de infância e seu
embasamento em ideais pedófilos e de adultização precoce de crianças, e o papel crucial que
a educação exerce em tal perpetuação.
Os conteúdos abordados no artigo trazem discussões importantes que envolvem o conceito da
infância e como ele se desenvolve ao longo do tempo. As obras analisadas demonstram as
temáticas elaboradas por Ariès, e por meio dessas, buscamos trazer suas análises com o
respectivo embasamento teórico, desenvolvendo discussões que abordam a pedofilia e a
adultização de crianças. A partir de tais, busca-se discutir a relação dessas questões à
realidade atual, em torno de tais temáticas, observando de que forma esses conceitos afetam
hoje a visão sobre a criança e de seu sentimento de infância, construído e modificado de
acordo com as mudanças sociais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARIÈS, Philippe. “História Social da Criança e da Família”. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC,
1981.
FELIPE, Jane. Afinal, quem é mesmo pedófilo? Cadernos Pagu, n. 26, p. 201–223, jun.
2006.
Lolita. Direção: Adryan Line. Produção: Stephen Schiff . Local: Europa. Produtora: Pathé.
Data: 25 de set. de 1997. Duração: 137 min.
Orgulho e Preconceito. Direção: Joe Wright. Produção: Tim Bevan, Eric Fellner, Paul
Webster. Local: Reino Unido. Produtora: StudioCanal Working Title Films. Data: 16 de set.
de 2005. Duração: 129 min.