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POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARÁ

ACADEMIA DA POLÍCIA CIVIL

ATUAÇÃO POLICAL FRENTE A GRUPOS VULNERÁVEIS

1. GRUPOS VULNERÁVEIS: INTRODUZINDO A QUESTÃO

A sociedade brasileira possui, na atualidade, mais de 210 milhões de brasileiros distribuídos


em um grande território. A cultura brasileira, por sua vez, é a somatória sincrética que uniu costumes
de diversos povos e os caracteres genéticos, que compõem as nossas raízes, são frutos de uma secular
miscigenação de etnias, gerando uma diversidade que proporciona ao Brasil uma imensurável
riqueza cultural e social.
As diferenças relacionadas à etnia, ao gênero, à deficiência, à idade, dentre outros, também
integram essa diversidade brasileira. Porém, quando essas diferenças se convertem em desigualdade,
criam um ambiente propício a violação de direitos, tanto no ambiente público quanto no privado,
tornando vulneráveis as pessoas que estão na condição de diferentes, tais como: idosos, pessoas com
necessidades especiais, crianças e adolescentes, população de rua, mulheres em situação de violência
e a comunidade LGBTQIA+. E hoje, verifica-se que a sociedade não está preparada o suficiente para
lidar com essas diferenças, o que gera o preconceito e a indiferença tornando a vida dessas pessoas
mais árdua.
Atualmente, existe um grande esforço nacional para dar mais visibilidade a esses grupos
vulneráveis e mais informação para a sociedade, estimulando, assim, uma corresponsabilidade na
formulação de leis e políticas garantidoras dos direitos desses grupos. Dentro desse contexto, se
enquadra o Policial Civil, o qual, na sua atividade cidadã e institucional de proteção social, e como
promotor de direitos, deve descobrir os anseios, as dificuldades, as necessidades e, se engajar, no
que se refere à segurança pública, na defesa e na promoção desses grupos.
Para tanto, é necessário repensar atitudes e valores, confrontando-os com a nova ordem social
e política da sociedade brasileira, a qual deve buscar erradicar o preconceito e a marginalização dos
grupos vulneráveis.

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E, como profissionais de Segurança Pública, os Policiais Civis têm que ter conhecimento das
normas legais, as quais criam direitos voltados para a proteção dos grupos de vulneráveis. A
Constituição Federal de 1988 garante a não discriminação na promoção dos direitos coletivos,
prevendo como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, a promoção do
bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação. Assim, verifica-se que a igualdade é objetivo fundamental, bem como princípio e
direito fundamental devidamente garantidos em nossa Constituição, a qual busca uma sociedade
democrática, justa e igualitária.

1.1 Diferenciando nomenclaturas: grupos vulneráveis e minorias


Os aspectos existentes em Grupos Vulneráveis e Minorias merecem especial análise a ponto
de se distinguir um do outro, de forma que estes vocábulos não sejam utilizados como sinônimos e
sim, tratados como institutos diversos. A concepção quanto a serem tratados como termos sinônimos
é decorrente da ótica de que tanto grupos vulneráveis quanto as minorias, sofrerem discriminação e,
portanto, como vítimas de intolerância, merecem proteção do Estado, sem que se permita entendê-
los separadamente; contudo, o Policial Civil, o qual lidará cotidianamente com a temática, precisa
ter o correto domínio sobre ela, a iniciar pela diferenciação dos vocábulos.
São vulneráveis quem têm diminuídas, por diferentes razões, suas capacidades de enfrentar
as eventuais violações de direitos básicos, de direitos humanos. Essa diminuição de capacidades,
essa vulnerabilidade está associada a determinada condição que permite identificar o indivíduo como
membro de um grupo específico que, como regra, está em condições de clara desigualdade material
em relação ao grupo majoritário.
Exemplificando, o gênero é a condição que determina que as mulheres, sem serem uma
minoria numérica, estão em situação de especial vulnerabilidade em relação aos direitos humanos,
vulnerabilidade que varia em função do poder que estas mulheres têm nas sociedades em que vivem,
e que podem torná-las sujeitos particularmente vulneráveis à violação de direitos sociolaborais (por
exemplo, recebimento de salário inferior aos dos homens pelo mesmo trabalho) ou diretamente à

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violação de condições básicas de dignidade, como o direito à vida, à liberdade, à educação ou à


saúde.
Subjetivamente, o vocábulo minorias se refere ao grupo que tem como caraterística o desejo
comum de preservar os elementos que o definem e o distinguem dos demais. Existe, portanto, um
vínculo de solidariedade. O elemento da solidariedade é relevante para a compreensão das minorias,
vez que deve haver a manifestação explícita ou implícita de preservar as características do grupo
(cultura, religião, tradições e idioma). Objetivamente, a definição de minorias utiliza como critérios
distintivos os aspectos língua, religião ou características étnicas.
De acordo com o Artigo 27 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, as minorias
protegidas são étnicas, religiosas e linguísticas.
a) Minorias étnicas: são grupos que apresentam fatores distinguíveis em termos de
experiências históricas compartilhadas e sua adesão a certas tradições e significantes tratos culturais,
que são diferentes dos apresentados pela maioria. Como exemplos, temos os índios, quilombolas,
ciganos, judeus, dentre outros.
b) Minorias linguísticas: são grupos que usam uma língua, quer entre os membros do grupo,
quer em público, que claramente se diferencia daquela utilizada pela maioria, bem como da adotada
oficialmente pelo Estado. Não há necessidade de ser uma língua escrita. Entretanto, meros dialetos
que se desviam ligeiramente da língua da maioria não gozam do status de língua, de um grupo
minoritário.
c) Minorias religiosas: são grupos que professam e praticam uma religião (não simplesmente
outra crença, como o ateísmo, por exemplo) que se diferencia daquela praticada pela maioria da
população. No Brasil, existem as seguintes minorias religiosas: budistas, muçulmanos, espíritas,
praticantes do candomblé, dentre outras.
Nota-se que o conceito de minoria é complexo e, caso seja utilizada a definição clássica, pode
haver injustiças com grupos não contemplados por aludido significado, evidenciando-se que o que
constitui a minoria não é questão numérica, mas a relação jurídico-política, cujos elementos variam

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de acordo com a importância que em cada contexto histórico é atribuído a tais elementos. Assim, o
termo minoria é conceito dinâmico, vez que as minorias são redefinidas e, com isso, o conceito é
revisitado com o passar do tempo e, consequentemente, novos grupos surgem; e, assim, novas
demandas.
Após a análise dos conceitos de grupos vulneráveis e minorias, depreende-se que a diferença
básica entre eles consiste no fato das minorias serem limitadas a aspectos étnicos, linguísticos e
religiosos, enquanto os grupos vulneráveis relacionam-se com as características especiais que as
pessoas adquirem em razão da idade, gênero, orientação sexual, deficiência física ou sofrimento
mental e condição social. São reconhecidos atualmente como grupos vulneráveis: as crianças e
adolescentes; as mulheres; os idosos; a população em situação de rua; as pessoas com deficiência e
a população LGBTQIA+.

2. MULHER

A violência cometida contra mulher é tema de preocupação mundial e, no Brasil, a Lei Nº


11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, foi promulgada com o intuito de criar mecanismos
para o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, visando não só a atender aos
ditames constitucionais como também internacionais, seja por meio da criação dos Juizados de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, seja por meio do estabelecimento de medidas de
assistência e proteção às mulheres em situação de vulnerabilidade em seu âmbito privado.
A lei configura violência doméstica e familiar contra a mulher, como uma das formas de
violação dos direitos humanos, sendo qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. Verifica-se que
a referida norma legal buscou definir o seu âmbito de incidência, conceituando não só violência
doméstica e familiar contra a mulher, mas suas formas de ocorrência, justamente objetivando maior
aplicabilidade prática de seus termos, destacando o caráter da violação dos direitos humanos.

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A violência de gênero é aquela oriunda do preconceito e da desigualdade entre homens e


mulheres, apoia-se no estigma de virilidade masculina e de submissão feminina, e ainda, se discute
que apesar de todas as mudanças sociais que vêm ocorrendo, a violência de gênero continua existindo
como uma explícita manifestação da discriminação em razão unicamente do sexo biológico.
A despeito de todos os avanços e conquistas das mulheres na direção da equidade de gênero,
persiste no Brasil, uma forma de manifestação de poder masculino por meio de violência física,
sexual ou psicológica. É cultural a ideia de que para ser respeitado, o homem deve transmitir por
meio de opressões, mecanismos para se chegar a um objetivo e a submissão dos seus.
O uso da categoria de gênero permite compreender as relações entre homens e mulheres como
resultado dessa construção social. A subordinação das mulheres aos homens passa a ser descrita com
elementos considerados universais, na medida em que podem ser identificados em todas as
sociedades e em todos os períodos históricos, mas também com elementos variáveis, que se
expressam de formas diferentes em função do tempo e espaço em que se manifestam.
A investigação sob a perspectiva de gênero é fundamental para coibir a violência contra as
mulheres, compreender e transformar as relações de poder que permeiam os papéis associados ao
masculino e feminino e que estão nas raízes de diversos crimes.
Neste sentido, as diretrizes nacionais de investigação de crimes contra a mulher têm como
objetivo contribuir para que seus correspondentes processo e julgamento sejam realizados com a
perspectiva de que esses delitos podem ser decorrentes de razões de gênero, cuja causa principal é a
desigualdade estrutural de poder e direitos entre homens e mulheres na sociedade brasileira.
Recomenda-se que as diretrizes de gênero apresentadas nesse documento, sejam também
aplicadas na investigação policial de mortes violentas de mulheres, de supostos suicídios, mortes
aparentemente acidentais e outras mortes cujas causas iniciais são consideradas indeterminadas, de
mulheres, uma vez que os indícios de violência podem ocultar as razões de gênero por trás de sua
prática.
2.1 Violência Institucional

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A violação dos direitos humanos é sempre uma questão grave, mas é especialmente
inaceitável quando vem de um membro da administração pública, de forma que quando um
funcionário público realiza algum tipo de ação discriminatória, humilhante ou preconceituosa, este
ato é qualificado como violência institucional. Ou seja, a violência praticada por órgãos e agentes
públicos que deveriam responder pelo cuidado, proteção e defesa dos cidadãos

A lei 14.321, de 31 de março de 2022, tipifica o crime de violência institucional e acrescentou


o art.15-A na lei n.13.869/2019 com redação: Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a
testemunha de crimes violentos a procedimentos desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve
a reviver, sem estrita necessidade:

I - a situação de violência; ou

II - outras situações potencialmente geradoras de sofrimento ou estigmatização:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

§ 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a vítima de crimes violentos, gerando
indevida revitimização, aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois terços).

§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes violentos, gerando indevida


revitimização, aplica-se a pena em dobro.

A violência muitas vezes não é reconhecida também pelos usuários, por ser exercitada nas
ações diárias de instituições consagradas por sua tradição e poder, essa forma de violência costuma
ser considerada como algo natural que, na maioria das vezes, não é contestada. Dessa forma, o não
reconhecimento e o silenciamento diante de atos de violência institucional favorecem a sua
manutenção, perpetuação e terminam por legitimá-la como intrínseca às práticas de saúde.

2.2 Violência doméstica


A Lei Maria da Penha conceitua violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou

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psicológico e dano moral ou patrimonial, nos âmbitos da unidade doméstica, da família, relação
intima de afeto independente de orientação sexual.
A mulher vítima de violência doméstica e familiar deve receber tratamento humanizado, isso
é, acolhedor, em local próprio, reservado, sem interrupções, com escuta qualificada, permitindo que
a vítima relate os fatos a seu tempo. O agente de segurança pública não deve emitir comentários
pessoais, discriminatórios, preconceituosos, o questionamentos que não sejam pertinentes a
investigação.
Nas ocorrências de violência doméstica familiar contra a mulher, visando o atendimento com
excelência, agilidade e a não revitimização, são confeccionadas no mesmo momento as seguintes
peças que compõe a Verificação Preliminar de Informações (VPI).
2.3 VPI
 Boletim de Ocorrência;
 Termo de declaração da vítima;
 Termo de ciência de medidas protetivas;
 Formulário de risco;
 Cópia do documento ou Prodepa das partes;
 Intimação para o agressor (a) e/ou testemunha (s);
 Requisição de Exames Periciais;
 Ofício de Solicitação de Medidas Protetivas / Comunicação de Descumprimento

2.3.1 Boletim de Ocorrência:


O boletim de ocorrência deverá ser realizado por servidor qualificado para o atendimento da
demanda, abrangendo o maior número de informações possível, devendo ser feito de maneira urbana,
cordial e humanizada, respeitando-se a peculiaridade da violência sofrida pela mulher.

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a. Qualificação do agressor: nome completo, filiação, data de nascimento (quando não souber
informar a data de nascimento, perguntar e constar sobre a idade aproximada); endereço (com
perímetro), telefone (se houver), local de trabalho, endereço ou contato de um parente ou amigo, e
mail, verificar no Prodepa/ infoseg nº da identidade e do CPF;

b. Breve histórico da relação: qual parentesco ou relação da vítima com o agressor, tempo da
relação, se coabitam, se possuem filhos menores de 18 anos e/ou com deficiência. Pontuar
de maneira genérica se há histórico de violência doméstica anterior;

c. Fato típico a ser apurado: como ocorreu o fato, especificando o local, a hora, de que forma,
qual instrumento utilizado, qual a motivação, descrever com as palavras da vítima as ofensas
e ameaças sofridas;
d. Testemunha: constar se há testemunha do fato, informando no relato a qualificação da
pessoa indicada (nome, endereço e contato telefônico) .
e. Representar: constar, nos crimes em que caiba representação, se a vítima deseja, ou não,
representar criminalmente contra o agressor pelo crime descrito.
f. Abrigo: constar se a vítima deseja, ou não, ir para o Abrigo do público.

d. Medidas Protetivas: constar se a vítima deseja, ou não, solicitar medidas protetivas de


urgência. Caso a vítima tenha interesse, especificando-as.
e. Encaminhamentos: Defensoria Pública para ações cíveis e/ou queixa crime; ParáPaz;
CREAS, Exames Periciais e outros.

2.3.2 Termo de declaração da vítima

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O termo de declaração da vítima deve conter a qualificação completa e correta da vítima


incluindo: Nome, filiação, data de nascimento, documento de identidade, endereço completo com
perímetro e ponto de referência, telefone para contato. Estado civil, profissão, local de trabalho.
No texto do termo, deve ser informado a relação da vítima e do agressor, se possuem filhos,
se convivem. Nesse momento deve ser descrita a qualificação do autor, com a maior riqueza de
detalhes possível, principalmente quanto a endereço, local de trabalho, melhor horário para localizá-
lo, e endereço ou contato de um parente, para que esse possa ser localizado em endereço diversos,
nos casos de afastamento do lar.
Em seguida relato dos fatos delituosos apurados no BOP, identificação do fato, local, período,
forma, instrumento, motivação. Informar quanto à presença de testemunhas com a qualificação
dessas e de vestígios visíveis, descrevendo-os. Realização de juntada e/ou transcrição de áudios e/ou
relatos de textuais de ameaças, e de crimes contra a honra.
Firmar se a vítima deseja ir para Abrigo do Estado, se deseja representar criminalmente, nos
casos de delitos de ação penal pública condicionada a representação (ameaça, por exemplo), e
quanto ao interesse de representar por medidas protetivas de urgência, especificando-as. Importante
esclarecer se a vítima deseja ser comunicada por telefone, aplicativo de mensagens (Whatsapp) ou
correio eletrônico.
2.3.3 Medidas Protetivas de Urgência
As medidas protetivas são solicitadas pela vítima, podendo ser encaminhadas à Autoridade
Judiciária por meio da Autoridade Policial, para análise, no prazo máximo de 48 horas.
Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psicológica
da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será
imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida pelo delegado de
polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou pelo policial, quando o Município não for
sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia. Devendo o juiz ser
comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas.

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Para o pedido deverá conter no termo de declarações da vítima a qualificação da ofendida,


do agressor e dos filhos menores de 18 anos, descrição dos fatos, breve histórico do
relacionamento, informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da
violência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente, e quais medidas
deseja.
A solicitação ocorre por meio de ofício contendo os anexos: Boletim de ocorrência, termo
de declarações, termo de ciência de medidas protetivas, formulário de risco, documentos pessoais,
solicitação de exames periciais, anexos ao fato (imagens, pen drives, etc). O formulário para ciência
da vítima sobre as medidas protetivas, assim como o Ofício para encaminhamento ao judiciário estão
disponíveis no SISP.
Há duas espécies de medidas protetivas previstas na Lei Maria d Penha: as que obrigam o
agressor (Art. 22) e as quais que se destinam à proteção da ofendida e seus dependentes (Art. 23 e
24). Aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com o caso concreto, e poderão ser
substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos legalmente
reconhecidos forem ameaçados ou violados.
Importante citar que algumas medidas necessitam de documentos ou informações especificas
em anexo:
 Art. 22 I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao
órgão competente” necessário notificar a ocorrência à instituição responsável pela concessão do
registro ou da emissão do porte, nos termos do Estatuto do Desarmamento;
 Art. 22 II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:
Indicar o local para o afastamento;
 Art. 22 III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: c) freqüentação de
determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; Indicar o
local para proibição;
 Art. 22 IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a

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equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; anexar a documentação dos filhos


menores de idade;
 Art. 22 V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios: anexar copia do
documento bancário;
 Art. 23 II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo
domicílio, após afastamento do agressor; Informar o endereço em que a ofendida está residindo no
momento.
 Art. 24 III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; cópia
da procuração;

2.4 Descumprimento de Medidas Protetivas


A promulgação da Lei Nº 13.641/2018 alterou a norma legal vigente, tipificando a conduta
do descumprimento de Medidas protetivas de urgência, e incluindo o Artigo 24-A, contendo pena
de detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. Quando a Autoridade Policial tomar conhecimento do
descumprimento de medida de proteção, além da apuração do delito, deve oficiar ao Poder Judiciário
por meio de Ofício (modelo no SISP) contendo os anexos: Boletim de ocorrência, termo de
declaração, documentos pessoais e formulário de risco.

2.5 Formulário de Risco


Instituído pela Lei Nº 14.149/2021 Formulário Nacional de Avaliação de Risco para a
prevenção e o enfrentamento de crimes e de demais atos de violência doméstica e familiar praticados
contra a mulher, tem por objetivo identificar os fatores que indicam o risco de a mulher vir a sofrer
qualquer forma de violência no âmbito das relações domésticas, para subsidiar a atuação dos órgãos
de segurança pública e deve ser preferencialmente aplicado pela Polícia Civil no momento de
registro da ocorrência.

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O formulário está disponível no SISP 2, contém 25 perguntas sobre a vítima, o agressor e


histórico de convivência entre as partes. Podendo ser preenchido pela vítima com ou sem a ajuda do
profissional de segurança pública ou por terceiro comunicante.

2.6 Requisição de Exames Periciais


A vítima deve ser encaminhada para realização de exames periciais logo após a Autoridade
Policial tomar conhecimento do crime. Na solicitação deve conter que a vítima foi vítima de
violência doméstica e em anexo o boletim de ocorrência evitando a revitimização da mulher em
situação de violência.

2.7 Abrigos de Proteção


A primeira Casa Abrigo para mulheres vítimas de violência do País o Centro de
Convivência para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica- CONVIDA foi fundada em São
Paulo, no ano de 1986, inspirada nas Casas do Caminho centros de caridade que acolhiam
mendigos, crianças e mulheres vítimas de abandono.
O Estado do Pará, na Região Metropolitana de Belém, possui duas unidades de
acolhimentos de vítimas de violência doméstica, o Abrigo Estadual, responsável pela demanda dos
interiores do Estado e o Abrigo Municipal de Belém, a Casa Abrigo Emanuelle Rendeiro Diniz –
CAERD.
O Policial durante o atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar,
deverá oferecer o abrigamento do Estado ou do Município, deve constar no BOP o aceite ou a
negativa da vítima.
Em caso de aceite, conforme determina o Artigo Nº 11, III da Lei Maria da Penha, a
autoridade policial deverá, entre outras providências fornecer transporte para a ofendida e seus
dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida, em situações em que a

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vítima solicitar deslocamento para o abrigo de proteção, deverá ser encaminhada para uma das
unidades referenciadas.
Cumpre ressaltar que as casas-abrigo possuem endereço sigiloso, e portanto, as unidades
diversas das Especializas em Atendimento a Violência Contra Mulher, em caso de abrigamento
devem encaminhas as vítimas a unidade Especializada para que esta realize o transporte.
2.8 Busca de Pertences
A Lei Maria da Penha determina que se necessário, a Autoridade Policial deve acompanhar
a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio
familiar. O serviço ocorre durante o período diurno, e agendado, a equipe policial acompanha a
vítima até a residência para que a mesma possa retirar objetos pessoais seus e de seus dependentes,
como roupas, documentos, medicamentos.

2.9 Violência Sexual


As vítimas de violência sexual devem ser encaminhadas por meio de ofício (com cópia do
bop) para a unidade da rede de proteção responsável pelo atendimento médico e para
quimioprofilaxia (Anticoncepção de emergência, Profilaxia para Hepatites virais, Profilaxia
Infecciosa, sexualmente transmissíveis, Antirretroviral (HIV)) em até 72 horas.
Para o aborto legal, não é exigido o boletim de ocorrência.

2.10 Mulher desaparecida


O Protocolo Nacional de Investigação e Perícias nos Crimes de Feminicídio, determina que
diante de uma denúncia de desaparecimento, a polícia deve agir rapidamente para encontrar a vítima,
com o propósito de evitar que o desfecho fatal seja consumado, uma vez que os desaparecimentos
forçados de mulheres terminam, em alta porcentagem, em femicídios.

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A primeira determinação do Protocolo Nacional é que o registro de desaparecimento de


mulheres não deverá ser condicionado a determinado período mínimo, devendo ser confeccionado
assim que informado pelo comunicante.
O boletim de ocorrência deve ser feito com descrição detalhada e apresentação de fotografia
recente da pessoa desaparecida, e monitorado diariamente, inclusive aos finais de semana e feriados.
Outra importante orientação, diz respeito ao comunicante, já que nos casos de
desaparecimento associados a feminicídio, por vezes, o comunicante do desaparecimento é o autor
do crime. Considerando esse fenômeno, caso recaia suspeita sobre o comunicante do boletim de
ocorrência, ele deverá ser ouvido pelo delegado de polícia e encaminhado para exames periciais, a
fim de buscar eventuais vestígios de interesse.
Caso a mulher não seja localizada em 48 horas, a contar do horário do registro da ocorrência,
deverá ser aplicado ao caso o Protocolo Nacional de Investigação e Perícias nos Crimes de
feminicídio, realizando as diligências necessárias.
Caso a mulher seja encontrada, deverá ser intimada a comparecer na unidade policial para
aditamento do boletim de ocorrência.

2.11 Mulher na condição de autora do fato


Em uma ação policial a busca pessoal em mulheres deve ser realizada por uma policial, desde
que não importe em retardo ou prejuízo da diligência, conforme previsto no Código de Processo
Penal. Quando ausente policial feminina, poderá ser realizado com um apoio de uma pessoa que ali
esteja presente, ou ainda, nas exceções pelo policial (masculino), para evitar detrimento a
investigação.
A mulher detida deve ser conduzida separada dos indivíduos do sexo masculino, sempre que
possível, orienta-se cuidado no transporte de mulheres gestantes e lactantes, onde o policial deve
respeitar as limitações físicas da pessoa detida.

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A Lei de abuso de autoridade fez reparação histórica e tipificou a conduta de manter pessoas
de sexo diferentes em uma mesma cela ou espaço de confinamento. A Lei de Execução Penal traz,
em seu Artigo Nº 89, determinação no sentido de que a penitenciária de mulheres, além dos requisitos
mínimos de metragem e salubridade, seja dotada de berçário, onde as condenadas possam cuidar de
seus filhos, e mesmo amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade, e ainda, que os
estabelecimentos prisionais femininos devem possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na
segurança de suas dependências internas.

3. CRIANÇA E ADOLESCENTE

A Constituição Federal Brasileira relaciona em seu Artigo Nº 227 direitos destinados a garantir
às crianças e aos adolescentes absoluta prioridade no atendimento ao direito a vida, saúde, educação,
convivência familiar e comunitária, lazer, profissionalização, liberdade e integridade. Além disso, é
dever de todos (Estado, família e sociedade) resguardarem a criança e ao adolescente de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
As crianças e adolescentes têm primazia em receber proteção e socorro em quaisquer
circunstâncias, precedência no atendimento por serviços públicos ou de relevância pública,
destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à
juventude, programas de prevenção e atendimento especializado aos jovens dependentes de
entorpecentes e drogas afins.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece um rol de direitos exclusivos
dessas pessoas, bem como regras especiais para o adolescente infrator. Considera-se criança a pessoa
de até 12 anos de idade, e o adolescente aquele entre 12 e 18 anos. O ECA também regula casos
excepcionais de jovens que receberam medidas que se esgotaram até depois dos 18 anos, como no
caso do prolongamento da medida de internação e no caso de assistência judicial.

3.1 Escuta Especializada e Depoimento Especial.

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A Lei Nº 13.431/2017 fez alterações no ECA e estabeleceu as formas pelas quais crianças e
adolescentes devem ser ouvidos quando se encontrem em situação de violência, estabelecendo que
pode ser feita a escuta especializada ou o depoimento especial.
Dispõe o Art. 7º, da Lei Nº 13.431/2017 que “escuta especializada é o procedimento de
entrevista sobre situação de violência com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção,
limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade”.
O Art. 8º da referida lei prevê que “depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança
ou adolescente vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária”.
Há que salientar a imposição do depoimento especial em produção antecipada de provas em
duas situações: a) criança ou adolescente menor de 7 anos; b) casos de violência sexual.

3.2 Orientações quanto a atuação de policiais civis no atendimento e na abordagem à


criança e ao adolescente vítima:
 Encaminhar a vítima para escuta especializada;
 Registrar Boletim de Ocorrência Policial;
 Deliberar sobre perícias, profilaxia (tratamento de combate as DSTs pós exposição)
dentro das 72h após o abuso, em casos de violência sexual;
 Encaminhar Medidas Protetivas ou de Proteção previstas no Art.130 do ECA, Art. 21
da Lei Nº 13.431/2017 (Lei da Escuta Especializada) e Art. 15 a 21 da Lei Nº 14.344/22 (Lei Henry
Borel);
 Encaminhamento para atendimento para Rede de Proteção: Conselho Tutelar,
CREAS, Parapaz;
 Demais atos necessários a investigação.

3.3 ADOLESCENTE INFRATOR

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Segundo a doutrina prevalente, crime, num conceito analítico, é o fato típico, ilícito (ou
antijurídico) e culpável. Lembremos que a culpabilidade, segundo a teoria normativa pura, é
composta por três elementos de ordem normativa: a imputabilidade, a potencial consciência da
ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa.
Os menores de 18 anos são inimputáveis e, por conseguinte: (a) não ostentam culpabilidade;
(b) não praticam crimes (mas, sim, atos infracionais); (c) não estão sujeitos à legislação penal, mas,
sim, ao ECA. Logo, crianças e adolescentes praticam atos infracionais equiparados (ou análogos) a
infrações penais (crimes ou contravenções).

3.3.1 TEMPO DO ATO INFRACIONAL


O Estatuto da Criança e do Adolescente, na mesma linha do Código Penal, adota a Teoria da
Atividade. Vale dizer, considera-se praticado o ato infracional no momento da conduta (ação ou
omissão), ainda que outro seja o momento do resultado. É o que se extrai do Art. Nº104, parágrafo
único, do ECA.
Tal assertiva corrobora ainda com o teor da Súmula 605, do STJ, que determina que a
superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na
aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não
atingida a idade de 21 anos.

3.3.2 APLICAÇÃO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA


No que se refere à consequência do ato infracional, há uma diferença relevante entre crianças
e adolescentes:

PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL CONSEQUÊNCIA

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Criança Medida de proteção (Art. Nº 105 c/c


Art. 101, do ECA)
Adolescente Medida de proteção ou medida
socioeducativa (Art. Nº 112)

Assim, caso a repartição policial receba ocorrência de ato infracional cometido por criança,
deve seguir os seguintes passos: a) encaminhar para o Conselho Tutelar e fazer o registro da
ocorrência; b) na ausência do Conselho Tutelar, apresentar a criança para o Juiz da Infância e
Juventude, mediante termo de entrega; ou c) na ausência do Juiz da Infância e Juventude, entregar
aos pais ou responsáveis e encaminhar, posteriormente, através de comunicação, o registro da
ocorrência ao juizado. Ensina Ismar Estulano Garcia (2004, p. 340) que se na localidade existir
Conselho Tutelar, o encaminhamento deve ser imediato, sem necessidade sequer de lavrar
ocorrência.
O adolescente, em caso de flagrância de ato infracional deverá ser apresentado à autoridade
policial responsável e, especificamente se o ato infracional vier a ser praticado na área metropolitana
de Belém, Ananindeua e Marituba, será levado à autoridade policial lotada na Delegacia de
Atendimento ao Adolescente Infrator (DATA), situada em Belém, de acordo com previsão Art.Nº
172, parágrafo único, do ECA, ou na Delegacia de Polícia Civil comum, na ausência de uma
especializada nos demais municípios do Estado do Pará.
Por força do Art.Nº 143 e Art.Nº 144, ambos do ECA, é vedada a divulgação de atos judiciais,
policiais e administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a quem se atribua autoria de
ato infracional, só podendo ser expedida cópia ou certidão de tais atos se deferida pela autoridade
judiciária competente, demonstrado o interesse e justificada a finalidade.
Se houver dúvida sobre a idade real do detido cuja identificação não foi obtida e que alega
ser menor de 18 anos, como tal será tratado, inclusive na lavratura dos respectivos procedimentos,
até esclarecimento, por meio do órgão de identificação ou perícia médico-legal.

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3.3.3 DA APURAÇÃO DO ATO INFRACIONAL ATRIBUÍDO A ADOLESCENTE

SITUAÇÃO FLAGRANCIAL (Art. Nº 173) SITUAÇÃO NÃO FLAGRACIAL (Art. Nº177)


Auto de Apreensão (AA) – para ato Relatório Policial ou Auto de Investigação
infracional cometido mediante violência ou (AI) – quando houver indícios de participação de
grave ameaça. adolescente na prática de ato infracional.
Boletim de Ocorrência
Circunstanciado (BOC) – para as demais
hipóteses de flagrante.

O adolescente privado de liberdade deverá ser apresentado imediatamente ao Ministério


Público pela autoridade policial ou, sendo impossível, no prazo máximo de 24 horas, pela entidade
de atendimento para a qual foi encaminhado. Não sendo caso de internação e estando presente um
dos pais ou o responsável, o adolescente deverá ser liberado pela autoridade policial, sob termo de
compromisso de sua apresentação ao representante do Ministério Público no mesmo dia ou no
primeiro dia útil imediato.
A formalização da apreensão em flagrante do adolescente não implicará necessariamente
sua não liberação. De fato, sendo o ato infracional praticado com violência ou grave ameaça à
pessoa, a autoridade policial deverá lavrar o respectivo auto. Mas para sua não liberação, é
necessário que se observe, além da gravidade do ato infracional, sua repercussão social e da
necessidade da internação para garantir sua própria segurança pessoal ou para garantir a manutenção
da ordem pública. Destarte, nada impede que o adolescente que cometa ato infracional com
violência ou grave ameaça à pessoa seja liberado aos cuidados de seus pais.
Ressalte-se que inexistindo na comarca entidade exclusiva para adolescente infrator em
cumprimento de medida de internação, deverá ser este imediatamente transferido para a localidade

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mais próxima. Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em
repartição policial, não podendo ultrapassar o prazo máximo de CINCO DIAS, sob pena de
responsabilidade.

3.4 Direitos dos adolescentes na fase policial


Importante observar os direitos que resguardam os adolescentes infratores, dentre os quais:
- Não ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em
condições atentatórias à sua dignidade ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental;
- O adolescente não deve ser algemado. O uso de algemas só pode ser feito em caso de
justificada necessidade, devendo ser fundamentado no boletim de ocorrência policial os motivos da
ação, com referência aos princípios de razoabilidade e proporcionalidade;
- Identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus
direitos constitucionais;
- Comunicação imediata de sua apreensão e do local em que se encontra recolhido. Essa
comunicação será feita ao Juiz da Infância e da Juventude e à sua família ou à pessoa por ele
indicada.;
- Exame, desde logo, da possibilidade de liberação imediata;
- Não ser submetido à identificação compulsória, se identificado civilmente;
- O adolescente infrator obrigatoriamente deve ser mantido separado de adultos e em uma
sala apropriada;
- Em caso de necessidade de busca pessoal, a adolescente infratora deve obrigatoriamente ser
revistada por policial feminina;

4. LGBTQIA+
4.1 Antecedentes históricos e conceitos básicos
A homossexualidade sempre esteve presente na história da humanidade, remontando às
civilizações antigas de Grécia e Roma os primeiros registros de relações homoafetivas. Na sociedade

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grega, por exemplo, a relação sexual entre homens era tida como um ritual de passagem para jovens
que estavam em treinamento militar, acreditando-se que a formação de laços afetivos entre os
homens poderia criar exércitos mais unidos e inspirar mais atos de sacrifício e heroísmo.
Historiadores relacionam a ascensão do catolicismo à discriminação de relações homoafetivas,
inclusive com sua criminalização chegando até mesmo à aplicação da pena de morte às pessoas do
mesmo sexo que se relacionassem entre si.
O surgimento do Estado de Direito e a afirmação dos Direitos Humanos compôs o cenário
em que a luta pelos direitos dos homossexuais se firmou no âmbito dos direitos civis e políticos,
tendo havido a paulatina descriminalização e despatologização das relações homoafetivas.
No Brasil, a homossexualidade deixou de ser crime em 1830 e em 1985 o Conselho Federal
de Medicina retirou a homossexualidade do rol de doenças classificadas. Cinco anos depois, em
1990, a Organização Mundial da Saúde também deixou de considerar a homossexualidade como
uma doença, após mais de cinquenta anos assim o fazendo. Hoje, a população LGBTQIA+ é
composta por cidadãos que têm garantido o direito de expressar sua individualidade, em todos os
seus aspectos e é preciso que os policiais sejam conhecedores destes direitos para salvaguardá-los
de eventuais agressões.
A sigla LGBTQIA+ é uma contração dos termos lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais,
queer, intersexo, assexual, e o + engloba todas as outras possíveis manifestações de sexualidade e
gênero, de modo que mais e mais pessoas sintam-se representadas pelo movimento. Para a correta
compreensão da nomenclatura, é importante compreender as diferenças entre sexo, gênero,
identidade de gênero e orientação sexual.
A referência ao sexo de um indivíduo está vinculada ao sexo biológico, isto é, a designação
atribuída ao indivíduo devido suas características físicas de homem ou de mulher quando do
nascimento, geralmente identificados a partir dos aparelhos reprodutivos e genitálias. A referência
ao termo gênero, por sua vez, remete às funções socialmente atribuídas aos homens e às mulheres;

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assim, alguns sentimentos e comportamentos são socialmente vinculados aos homens enquanto
outros são vinculados às mulheres.
Ocorre que ao longo do desenvolvimento da personalidade do ser, o indivíduo manifestará
sua própria identidade de gênero, que não necessariamente será equivalente ao sexo que lhe foi
atribuído pelo nascimento. Quando se fala em identidade de gênero, refere-se a como cada indivíduo
se sente em relação ao seu gênero. Pessoas cisgênero são aquelas que se identificam com o mesmo
que sexo e gênero que lhes fora atribuído. Pessoas transgênero não se identificam com o sexo e/ou
gênero que lhes fora atribuído, e buscam alinhar a sua imagem estética à imagem psicológica que
fazem de si, podendo até mesmo realizar procedimentos cirúrgicos para alteração de características
físicas, inclusive com alteração do sexo biológico. Fala-se, ainda, em indivíduos não-binários (ou
agênero) para se referir às pessoas que não se reconhecem em nenhum dos sexos e/ou gêneros
estabelecidos.
Os transgêneros que promovem alterações em seus corpos para alinhar a sua identidade de
gênero são designados transsexuais. Assim, a mulher transsexual é o indivíduo que nasceu
biologicamente homem, porém identifica-se com o gênero feminino e procedeu a modificações no
seu corpo de modo a apresentar-se socialmente como uma mulher. Já o homem transsexual é o
indivíduo que nasceu biologicamente mulher, porém identifica-se com o gênero masculino e
procedeu a modificações no seu corpo de modo a apresentar-se socialmente como um homem. Os
intersexuais se identificam com características de ambos os gêneros. Há, ainda, as pessoas queer,
que não se fixam numa ou noutra identidade de gênero, transitando entre as representações sociais.
Por fim, quando se fala em orientação sexual, está se referindo ao desejo afetivo-sexual do
indivíduo. Assim, podem haver indivíduos heterossexuais, isto é, que têm desejo unicamente ou
principalmente por pessoas do sexo oposto ao seu; indivíduos homossexuais, que desenvolvem
desejo unicamente ou principalmente por pessoas do mesmo sexo, podendo ser gays (homossexuais
masculinos) ou lésbicas (homossexuais femininos); indivíduos bissexuais, que têm desejo afetivo-

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sexual por pessoas de ambos os sexos, e, ainda, pessoas pansexuais, quem têm desejo sexual não
vinculado ao sexo ou ao gênero; e pessoas assexuais, que não têm desejo afetivo-sexual.
Da criminalização e patologização passamos atualmente ao respeito e à proteção dos
indivíduos, inclusive com a criminalização de condutas atentatórias aos seus direitos, além do
reconhecimento do direito à união estável homoafetiva e à identidade social.
No âmbito da atividade policial, é importante compreender a diversidade de gênero e de
orientação sexual de modo a prestar atendimento qualificado e humanizado aos usuários, sem
preconceito de nenhuma espécie. Além disso, atentar contra a dignidade da população LGBTQIA+
pode implicar na tipificação de crime de injúria homofóbica ou homofobia, a depender das
circunstâncias dos fatos.

4.2 Injúria homofóbica e Homofobia


O Artigo Nº 140, do Código Penal, tipifica a conduta de “injuriar alguém, ofendendo-lhe a
dignidade ou o decoro”, que poderá ainda ser qualificada pelo preconceito (Art. Nº 140, §3º) “quando
a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”. Assim, alguém que agride um indivíduo pelo
fato de sua orientação sexual ou sua identidade de gênero pode ser responsabilizado criminalmente
pela prática do crime de injúria homofóbica ou transfóbica, conforme o caso.
Já o crime de homofobia é tipificado na Lei Nº 7.716/89 que elenca uma série de condutas
que ensejam responsabilização criminal quando decorrentes de discriminação ou preconceito em
função de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. No caso do crime de homofobia, a ofensa
é direcionada ao grupo ao qual a pessoa pertence, e a intenção de segregar(discriminar) o indivíduo
se dá em função de ele pertencer a esse determinado grupo.
Note-se que a injúria ou a discriminação, fundamentadas em preconceito de gênero ou de
orientação sexual, não estão expressamente mencionadas nos dispositivos legais acima
mencionados. Porém, em 2019, ao decidir a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão Nº

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26/DF, o Supremo Tribunal Federal decidiu que as condutas discriminatórias fundamentadas em


preconceito homofóbico ou transfóbico devem ser tipificadas equiparadamente ao racismo, até que
sobrevenha lei específica para criminalizar tais condutas. O STF decidiu, ainda, que o homicídio
doloso, motivado por razões homofóbicas ou transfóbicas, devem ser tipificados como homicídios
qualificados por motivo torpe.
Na ocasião, o STF definiu como homofobia “condutas que importam em atos de segregação
que inferiorizam membros integrantes do grupo LGBT, em razão de sua orientação sexual ou de sua
identidade de gênero, seja, ainda, porque tais comportamentos de homotransfobia ajustam-se ao
conceito de atos de discriminação e de ofensa a direitos e liberdades fundamentais daqueles que
compõem o grupo vulnerável em questão”.
Já em 2021, o Supremo Tribunal Federal ao julgar o HC 154.248 decidiu que o crime de
injúria racial é equiparado ao racismo e, portanto, trata-se de crime inafiançável e imprescritível.

4.3 Identidade social/Carteira de Nome Social.


O Decreto Nº 726/2013, do Estado do Pará, regulamentou a emissão da Carteira de Nome
Social, denominação popular dada ao Registro de Identificação Social, que é um documento válido
no Estado do Pará, o qual permite a identificação oficial de travestis e transexuais pelo nome social
que desejam utilizar, garantindo, dessa forma, o uso de documento de identificação compatível com
sua apresentação social.
Vale ressaltar que no SISP 2 existe o campo para preenchimento com o nome social do
indivíduo.

4.4 Boas práticas em atendimentos e abordagens à população LGBTQIA+ (rol


exemplificativo)
- O Policial Civil deve respeitar a identidade de gênero do indivíduo atendido ou abordado e
utilizar tratamento nominal compatível com sua a apresentação social. Se por acaso o visual da

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pessoa lhe causar dúvidas sobre a forma correta de tratá-la, pergunte: “como você gosta de ser
chamado?”, por exemplo.
- Ao responder quanto suas preferências de tratamento, a pessoa atendida ou abordada pode
utilizar um nome feminino, masculino ou neutro, não cabendo ao profissional policial tecer nenhum
tipo de comentário discriminatório ou ofensivo sobre o nome informado, tão pouco sobre a aparência
do cidadão.
- A mulher transexual ou a travesti abordada deve ser preferencialmente revistada por
policiais femininas, e, se detida, deve ser mantida em ambiente separado dos homens; o homem
transexual também poderá ser revistado por mulheres e mantido em ambiente de cela separado dos
homens, caso mantenham as características biológicas do aparelho reprodutor feminino;
- Nos documentos oficiais deverão constar tanto o nome social quanto o nome constante da
cédula de identidade do indivíduo;
- Devem ser evitadas condutas que possam causar constrangimento à pessoa LGBTQIA+
atendida ou abordada, tais como repetir em voz alta, em público, nome de registro divergente do
nome social;
- No atendimento de toda e qualquer ocorrência, o Policial Civil deve ser discreto e
profissional, devendo respeitar a intimidade da pessoa atendida ou abordada, evitando exposição
desnecessária de seus pertences de foro íntimo, por exemplo.

5. PESSOAS IDOSAS
5.1 Conceitos.
Segundo classificação da Organização Mundial da Saúde em países em desenvolvimento, é
considerada idosa a pessoa com mais de 60 anos de idade. As leis brasileiras seguem essa orientação
para definir o conceito e estabelecer os direitos inerentes ao idoso, além de determinar ser da família,
da comunidade, da sociedade e do Poder Público, em todas as suas esferas, órgãos e instituições, a
obrigação de cumprimento.

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5.2 Atendimento de pessoa idosa.


Conforme a Política Nacional do Idoso, a pessoa idosa tem direito ao envelhecimento,
portanto o Estado tem o dever de proteger sua vida, sua dignidade, sua saúde e sua integridade física,
psíquica e moral. Entre os direitos garantidos às pessoas idosas, está o direito ao atendimento
prioritário, qualificado e rápido, em diversos serviços prestados à população, como a tramitação de
processos administrativos e judiciais, assentos preferenciais e acessibilidade em qualquer local que
tenha atendimento às pessoas idosas, devendo ser retirada qualquer barreira que limite o seu acesso.
No Atendimento ao idoso vítima e na abordagem ao idoso em fundada suspeita, para garantir
os direitos previstos em lei, o policial deve:
- Utilizar termos como senhor/senhora ou perguntar o nome. Não deve utilizar termos que
possam ser considerados pejorativos, como tio, velho, coroa, vovô;
- Entender que o idoso pode não possuir a mesma capacidade de audição e visão dos jovens,
portanto deve verbalizar pausada e articuladamente;
- Cuidar da integridade física do idoso abordado, atentando para a possível fragilidade física
em razão da idade;
- Lembrar das limitações físicas da pessoa idosa. Sempre que houver condição de segurança,
evitar colocá-lo em uma posição desconfortável durante a busca pessoal (de joelho ou deitado, por
exemplo);
- Sugere-se não conduzir o idoso no compartimento fechado de segurança das viaturas. Leve-
o no banco de trás, no meio de dois policiais, salvo no caso de imperiosa necessidade de segurança
para a guarnição.
5.3 Estatuto do Idoso.
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu os direitos do cidadão, incluindo os direitos do
cidadão idoso, porém somente no ano de 2003 foi promulgada a Lei Nº 10.741, denominada de

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Estatuto do Idoso, onde foram previstos as garantias básicas e os direitos fundamentais das pessoas
idosas, com proteção integral do Poder Público.
O Estatuto do Idoso dispõe ser obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do
Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à
dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
5.4 Violência contra pessoa idosa.
Para a proteção de pessoas idosas, é necessário identificar a forma como a violência pode se
manifestar, que segundo o Estatuto do Idoso, Lei Nº 10.741/2003 pode ser:
a) Física: Maus-tratos, abuso ou violência física. Uso da força física, de forma intencional,
para compelir o idoso a fazer algo, para feri-lo, provocar-lhe dor, incapacidade ou morte. Exemplos:
empurrões, beliscões, tapas, socos ou com o uso de armas.
b) Psicológica: Maus-tratos, abuso ou violência psicológica. Infringir pena, dor ou angústia
mental, menosprezo, desprezo, preconceito, discriminação, com expressões verbais e não verbais e
que possam causar medo da violência, abandono, isolamento social, restrição da liberdade ou que
provoquem humilhação, tristeza, solidão, vergonha, indignidade e impotência;
c) Negligência: Recusa ou omissão de cuidados devidos e necessários ao idoso, por parte do
responsável (familiar ou não) ou instituição. Exemplo: privação de medicamentos e alimentação,
descuido com a higiene e saúde.
Obs.: É preciso ter atenção também aos sinais de autonegligência e autoagressão, tais como
o idoso não querer ir ao médico, não tomar remédios, não se alimentar, descuidar da higiene.
d) Financeira e Econômica: Exploração imprópria ou ilegal e/ou uso sem consentimento de
recursos materiais e/ou financeiros do idoso. Consiste no usufruto impróprio ou ilegal dos bens das
pessoas idosas;

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e) Abandono: Ausência ou deserção do responsável governamental, institucional ou


familiar, ou qualquer um que tenha por obrigação a responsabilidade de prestar socorro a uma pessoa
idosa que necessite de proteção;
f) Maus-tratos: O mau-trato ao idoso é um ato (único ou repetido) ou omissão que lhe cause
dano ou aflição e que se produz sem qualquer relação na qual exista expectativa de confiança;
g) Abuso e Violência Sexual: Refere-se ao ato ou jogo sexual de caráter homo ou
heterorrelacional, utilizando pessoas idosas sem o seu consentimento. Esses agravos visam obter
excitação, relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças.
O Estatuto do Idoso prevê medidas de proteção à pessoa idosa que podem ser solicitadas pela
autoridade policial e serão determinadas pelo Ministério Público ou pelo Poder Judiciário.
Caso o idoso seja vítima de algum crime previsto no Estatuto do Idoso, como maus-tratos,
discriminação, desvio de bens, dentre outros, o Estado do Pará conta com uma Delegacia
Especializada de proteção ao Idoso (DPID), situada em Belém, responsável pela apuração desses
crimes na Capital e para receber denúncias de possíveis desaparecimentos. Se no município não tiver
Delegacia Especializada de Proteção ao Idoso, a vítima deve se dirigir à Delegacia de Polícia Civil
comum.

6. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA


6.1 Conceitos básicos.
A Convenção Sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência (2011), promulgada pelo Decreto
Nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, trouxe ao ordenamento jurídico brasileiro um novo conceito de
pessoa com deficiência, que em seu Artigo 1º dispõe:
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, os quais, em interações com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas.

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A Lei Federal N° 13.146/2015, que instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), regulamenta internamente as disposições da
Convenção da ONU e prevê em seu Artigo 2º:
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência visa assegurar e promover, em
condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com
deficiência, visando à sua inclusão social e sua cidadania (BRASIL, 2015).

Quando se faz referência a todos não se deve falar “pessoas com deficiências físicas", e sim,
pessoas com deficiência. Não se aceita mais o uso do vocabulário "deficiente(s)" como um
substantivo, exceto quando for necessário no contexto de uma explicação. Logo, está em desuso o
termo "portadores de deficiência", pois o termo "portar" significa algo que se pode dispor dela: uma
bola, uma caneta. A deficiência é inerente à condição de individuo, não tem como a pessoa separar-
se dela (SILVA, 2009).

6.2 Atendimento de pessoa com deficiência.


O Estatuto da Pessoa com Deficiência assegura vários direitos, tais como receber
atendimento prioritário em todas as instituições e serviços públicos; disponibilização de recursos,
humanos ou tecnológicos, para garantir o atendimento em igualdade de condições com as demais
pessoas; proteção e socorro em quaisquer circunstâncias.

De acordo com Gabrilli (2010), para assegurar estes direitos no atendimento às pessoas com
deficiência vítimas de violência ou abordagem por fundada suspeita, o policial deve:
- Olhar diretamente para a pessoa ao dialogar com ela;

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- Ser atencioso e paciente, especialmente se a pessoa tiver dificuldade de fala ou de audição;


- Dirigir-se diretamente à pessoa com deficiência, mesmo que ela esteja acompanhada;
- Utilizar mais de uma forma de comunicação se necessário.

- Evitar:
 ser apressado no diálogo;
 completar as frases ou falar pela pessoa que está sendo atendida;
 ficar olhando de maneira fixa ou repetidamente para algo que lhe chame atenção na pessoa;
 ajudar sem que seja pedido, salvo em caso de acidente ou de a pessoa passar mal.

7. POVOS DE ORIGEM TRADICIONAL E DE MATRIZ AFRIANA


(POTMAS)
Segundo o Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais de Matriz Africana, Povos e comunidades tradicionais de matriz africana são definidos
como grupos que se organizam a partir dos valores civilizatórios e da cosmovisão trazidos para o
país por africanos para cá transladados durante o sistema escravista, o que possibilitou um contínuo
civilizatório africano no Brasil, constituindo territórios próprios caracterizados pela vivência
comunitária, pelo acolhimento e pela prestação de serviços à comunidade.
O Decreto Nº 6.040, de 2007, foi o primeiro marco legal a garantir direitos e a reconhecer a
diversidade dos povos e comunidades tradicionais para além dos povos indígenas e das comunidades
quilombolas no Brasil. O inciso I, do Artigo 3°, define povos e comunidades tradicionais como
grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de
organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua
reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e
práticas gerados e transmitidos pela tradição.

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Estes povos se desenvolveram em processo histórico marcado pela necessidade de criar


estratégias de sobrevivências e diálogos frente às condições adversas que a sociedade brasileira lhes
impôs. São organizados em comunidades, tratadas aqui como comunidades terreiros, que são
baseadas em regras de convívio, onde predomina um conjunto de etiquetas num jogo de hierarquia
e humildade entre as diferentes categorias de idade e as relações de gênero impostas pelas iniciações.
Não são religiões do livro ou de um único mito fundante.
A repressão à violência contra Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana é
objetivo de Estado na forma de estimular e apoiar a realização de ações de prevenção à violência e
à criminalidade, com prioridade para aquelas relacionadas à letalidade da população jovem negra,
das mulheres e de outros grupos vulneráveis.

8.4 Crimes discriminatórios:


A Constituição Federal de 1988 representa um marco para as políticas de promoção da
igualdade racial. A temática se faz presente, principalmente, na criminalização do racismo, na
valorização da diversidade cultural e no reconhecimento dos direitos territoriais das comunidades
quilombolas.
A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial,
tratado internacional de direitos humanos adotado pela Assembleia das Nações Unidas,
define discriminação racial como “toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em
raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto ou resultado anular ou
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de condição)
de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou
em qualquer outro campo da vida pública”.
Os crimes de racismo estão previstos na Lei Nº 7.716/1989, conhecida como Lei do Racismo,
a qual define os crimes resultantes de preconceito e tipifica o crime de racismo, adotando três verbos
principais obstar, recusar e impedir, no sentido de que ninguém seja privado de seus direitos em

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decorrência da cor, da religião, da etnia, da língua ou da procedência nacional. A proteção para vários
tipos de intolerância foi estendida com a edição da Lei nº 9.459/13 que acrescentou os termos etnia,
religião e procedência nacional.
De forma didática podemos entender a classificação das formas de racismo como:
Racismo Religioso: É um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a diferentes crenças e
religiões, sendo definida como um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana. Essa
perseguição religiosa é de extrema gravidade e costuma ser caracterizada pela ofensa, discriminação
e até mesmo atos que atentam à vida de um determinado grupo que tem em comum certas crenças.
Racismo Institucional: O racismo institucional é definido como o "fracasso coletivo de uma
organização para prover um serviço apropriado e profissional para as pessoas por causa de sua cor,
cultura ou origem étnica. Ele pode ser visto ou detectado em processos, atitudes e comportamentos
que totalizam em discriminação por preconceito involuntário, ignorância, negligência e
estereotipação racista, que causa desvantagens a pessoas de minoria étnica". A prática do racismo
institucional na área da saúde afeta preponderantemente as populações negra e indígena.
Racismo Estrutural: É a formalização de um conjunto de práticas institucionais, históricas,
culturais e interpessoais dentro de uma sociedade que frequentemente coloca um grupo social ou
étnico em uma posição melhor para ter sucesso e ao mesmo tempo prejudica outros grupos de modo
consistente e constante causando disparidades que se desenvolvem entre os grupos ao longo de um
período de tempo.
Racismo Cultural: Existe quando há uma ampla aceitação de estereótipos em relação a
diferentes grupos étnicos ou populacionais. O racismo cultural pode ser caracterizado pela crença de
que uma cultura é inerentemente superior a outra.
A Constituição Federal determina que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e a suas liturgias”.

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A liberdade de crença religiosa é um direito e o Estado tem por obrigação garanti-lo e punir
suas violações. As religiões de matriz africana, como o Candomblé, Umbanda ou outras de
manifestação afro-católica, como o Congado, têm sofrido, através dos séculos, intolerâncias e
discriminações, e por serem de matriz africana, se tornam referências para a cultura do racismo.
A intolerância religiosa é uma forma de violência, física ou simbólica, que tem por objetivo
a negação e a supressão de uma religião em detrimento de outra. Ou seja, é um caso de preconceito
associado a algum tipo de violência em que se pretende negar a existência de religiões específicas,
por meio de condutas como difamação, a demonização, a exclusão social, a destruição de templos,
propriedades e símbolos. A injúria preconceito está tipificada no artigo 140, §3º, do Código Penal, e
criminaliza a utilização de palavras ou gestos para ofender a dignidade ou o decoro em função de
elementos de raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de
deficiência.

Para saber mais...:


Candomblé: Religiosidade de Matriz Africana que cultua os Orixás (povo de Ketu); Inkice
(povo de Angola; Viduns (povo do Jeje) e todas as energias que integram o universo.
Macumba: É um instrumento percussivo de origem africana. É uma designação genérica e
muitas vezes pejorativa e racista dada aos cultos afro-brasileiros.
Mina: Religiosidade de Matriz Africana que cultua Viduns e Caboclos. Ligada ao Tambor de
Mina Nago e Jeje.
Umbanda: Religiosidade brasileira que incorpora elementos da tradição africana, espírita e
católica.

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8. POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA


A cartilha dos Direitos Humanos da Secretaria Nacional de Segurança Pública, traz o
conceito de população de rua enfatizando a questão da heterogeneidade, os vínculos familiares
fragilizados ou rompidos e o desenvolvimento de atividades na rua:
Os cidadãos em situação de rua formam um grupo populacional heterogêneo constituído por
pessoas que possuem em comum a garantia da sobrevivência por meio de atividades produtivas
desenvolvidas nas ruas, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a não referência de
moradia regular.
A Política Nacional para a População em Situação de Rua, dispõe que por população em
situação de rua entende-se o grupo que possui em comum a pobreza extrema, inexistência de moradia
convencional regular e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia
e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite
temporário ou como moradia provisória.
Vale mencionar que conforme o Decreto Nº 7.503/2009 e a Política Nacional, a nomenclatura
correta para se referir a este grupo vulnerável é “população em situação de rua”, que indica a
temporariedade da circunstância, evitando a qualificação do indivíduo em função da sua situação. A
expressão “morador de rua” transmite ideia de definitividade, e deve ser evitada, pois faz referência
a ideia de que o indivíduo escolhe livremente permanecer na rua.
A Organização das Nações Unidas define dois conceitos relativos à pessoa em situação de
rua, quais sejam o desabrigado e o sem-teto. O desabrigado é o indivíduo que vive nas ruas por lhe
faltar residência, devido a tragédias naturais, guerras, desemprego em massa, falta de renda, dentre
outros. Já o sem-teto seria a pessoa - ou família - sem abrigo que sobrevivem à vida nas ruas. Eles
carregam suas posses consigo, pernoitando nas ruas, nas entradas ou cais, ou em qualquer outro
local, a partir de uma trajetória mais ou menos aleatória. O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) destaca as seguintes características: pernoitar em locais públicos, em galpões,
lotes vagos, prédios abandonados e albergues públicos e assistenciais.

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Foi por meio do Decreto Federal Nº 7.053 de 2.009 que a população em situação de rua foi
oficialmente reconhecida para fins de implementação de políticas públicas que lhe garanta,
sobretudo, a sobrevivência e o desenvolvimento.
A ausência de moradia, conflitos familiares devido à condição de pobreza, uso de álcool e/ou
drogas, problemas de saúde e ineficiência das políticas públicas surgem como motivos que
contribuem significativamente para que indivíduos e/ou famílias passem a ter as ruas como moradia
e/ou sustento.
A realidade de invisibilidade social vivida pela população em situação de rua representa grave
violação a diversos dispositivos constitucionais, dos quais se destacam: Princípio da dignidade da
pessoa humana e da vedação à discriminação; da Justiça Social; da igualdade ou isonomia da
legalidade; da vedação à tortura e tratamentos desumanos ou degradantes; da inviolabilidade do
direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem; da função social da propriedade.
A Política Nacional para a População em Situação de Rua diz respeito à promoção de direitos
civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, bem como o direito dos cidadãos, nessa condição, a
terem atendimento humanizado e universalizado, em face da não referência de moradia.
O direito humano da população em situação de rua à segurança pública consiste na garantia
de convivência social pacífica nos espaços e logradouros públicos em igualdade de condições com
as/os demais cidadãs/cidadãos, com preservação de sua incolumidade, de sua privacidade e de seus
pertences, assegurando atenção protetiva dos órgãos e agentes públicos contra práticas arbitrárias ou
condutas vexatórias ou violentas.
O Boletim Epidemiológico Nº 14 do Ministério da Saúde, de 2019, apontou o registro de
17.386 casos, entre 2015 e 2017, de violência cuja motivação principal foi a condição de situação de
rua da vítima. No período de 2017 a 2019, foram registradas 2.800 denúncias registradas no Disque
Direitos Humanos (Disque 100) de violência contra esta população, com destaque para as violências
por negligência, seguido das violências institucional e psicológica.

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No Estado do Pará, foi editada a Lei Nº.9.306, de 8 de setembro de 2021, que instituiu a
Política Estadual do Pará para a População em Situação de Rua.

Atuação policial frente à população de rua


A Resolução Nº 40, de 13 de outubro de 2020, dispõe sobre as diretrizes para promoção,
proteção e defesa dos direitos humanos das pessoas em situação de rua, de acordo com a Política
Nacional para População em Situação de Rua e determina que os agentes de Segurança Pública
devem atuar para coibir atos ilegais de retirada de documentos e pertences das pessoas em situação
de rua.
A normativa determina ainda que os agentes de Segurança Pública, no exercício de suas
atribuições junto às pessoas em situação de rua, devem preservar o domicílio improvisado da pessoa
em situação de rua, respeitando a sua inviolabilidade e privacidade.
Os agentes de Segurança Pública devem participar de capacitações continuadas em Direitos
Humanos para atuar como orientadores e garantidores/as de direitos dessa população, de modo a
protegê-la de violações contra ela perpetradas, além de contribuir com informações para que acesse
os serviços a que tem direito.
A Constituição Federal de 1988 assegura que é livre a locomoção no território nacional em
tempo de paz; desta feita, é importante salientar que a situação de rua por si só não configura fundada
suspeita para justificar a abordagem, busca pessoal ou prisão para averiguação, sendo essa ilegal.
O Artigo 60, da Lei Nº 3.688/1941, Lei de Contravenções Penais, foi revogado a partir da
Lei Nº 11.983 de 2009, deixando a mendicância de ser conduta ilícita. Se o cidadão estiver em local
privado e lhe for solicitado que saia, o policial deve garantir o direito do proprietário.
Abordagens policiais devem ser evitadas, se motivadas apenas pela situação de rua, e quando
indispensáveis, deve ser assegurado que estas sejam realizadas por agentes do mesmo gênero da
pessoa abordada.

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Na vistoria do local, o policial deve ser cuidadoso com os pertences, papelões, colchões e
cobertores, visto que os objetos têm grande importância para as pessoas em situação de rua. Orienta-
se a utilização de luvas e máscaras descartáveis para o contato com o abordado, visando preservar a
saúde do policial.
Durante a abordagem o agente de Segurança Pública deve informar ao cidadão sobre a
existência de Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP),
o qual tem o propósito de atender famílias e indivíduos nas mais diversas situações de
vulnerabilidade social ou violação de direitos.

Redes de atendimento
 CRAS – Centro de Referência de Assistência Social;
 CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social;
 Centro POP – Centro de Referência Especializado para População em Situação de
Rua;
 Casa Rua Nazareno Tourinho (localizada em Belém).

Para saber...:
 Aporofobia – aversão à pobreza, que tem origem histórica, mas só ganhou nome próprio há
cerca 20 anos. De origem grega, á-poros (pobres) e fobos (medo), a aporofobia se refere ao medo e à rejeição
aos pobres.
 Arquitetura “antipobres” – objetos tais como pedras, grades, espetos de ferro,
barreiras debaixo de viadutos etc., os quais são inseridos na arquitetura de diversas construções e
equipamentos públicos em diversas cidades do país para evitar a presença e permanência dos mais
pobres, principalmente pessoas em situação de rua. A respeito deste tema, A Comissão de
Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei nº.488/21, que proíbe
o emprego de técnicas construtivas hostis em espaços livres de uso público que visem afastar do

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espaço público pessoas em situação de rua, idosos, jovens e outros segmentos da população (Fonte:
Agência Câmara de Notícias).

9. REFERENCIAL:

BRASIL, Presidência da República. Decreto- Lei Nº 3.689 de 03 de outubro de 1941. Código de


Processo Penal. Brasília. 1941.
BRASIL, Presidência da República. Decreto Nº Lei 9.603/2018. Regulamenta a Lei Nº 13.431, de
4 de abril de 2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente
vítima ou testemunha de violência. Brasília. 2018
BRASIL, Presidência da República. Lei Nº 7.210 de 11 de julho de 1984. Institui a Lei de
Execução Penal. Brasília. 1984
BRASIL, Presidência da República. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Aspectos
Procedimentais do Protocolo Nacional de Investigação e Perícia em Crimes de Feminicídio.
Brasília. 2020
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em outubro de 1988. 16 ed.,
atual. e amp. São Paulo: Saraiva, 1997.
BRASIL. Estatuto do idoso: lei federal nº 10.741, de 01 de outubro de 2003. Brasília, DF: Secretaria
Especial dos Direitos Humanos, 2004.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Decreto Nº 65.810, de 8 de dezembro de 1969. Convenção
Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Brasília, 1969.
BRASIL. Lei 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão das Pessoas com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, 7 jul., 2015.
BRASIL. Ministério da Justiça e Cidadania Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais, Povos e Comunidades
Tradicionais de Matriz Africana- Cartilha. Brasília, 2016.
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Portaria Nº 340, de 22 de junho de 2020. Cria
o Protocolo Nacional de Investigação e Perícias nos Crimes de Feminicídio. Brasília, 2020.
BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos (MDH). Central de Atendimento à Mulher - Ligue
180. Brasília, 2018b.
BRASIL. Presidência da República Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Plano
Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz
Africana. Brasília, 2013.
BRASIL. Presidência da República. Lei Nº 13.641, de 2018

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BRASIL. Presidência da República. Lei Nº11.340 de 07 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha.
Brasília, 2006.
BRASIL. Presidência da República. Lei Nº14.149 de 05 de maio de 2021. Institui o Formulário
Nacional de Avaliação de Risco, a ser aplicado à mulher vítima de violência doméstica e familiar.
Brasília, 2021.
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: Protocolo Facultativo à Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência: decreto legislativo nº 186, de 09 de julho de 2008: decreto
nº 6.949, de 25 de agosto de 2009. - 4. ed., rev. e atual. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos,
Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 2011.
GABRILLI, M. Manual de Convivência – Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida. 2ª
edição; 2010.
D'OLIVEIRA AFPL, DINIZ CSG, SCHRAIBER LB.Violence against women in health-care
institutions: an emerging problem. Lancet. 2002;359(11):1681-5.
FLEURY S, BICUDO V, RANGEL G. Reacciones a la violencia institucional: estrategias de los
pacientes frente al contraderecho a la salud en Brasil. Salud Colectiva. 2013;9(1):11-25.
LIMA, R. B. Legislação Criminal Especial Comentada. Salvador: Editora Juspodivm, 2016.
ORO, Ari Pedro. Intolerância religiosa Iurdiana e Reações Afro no Rio Grande do Sul. IN: SILVA,
Vagner G. da (org.). Intolerância religiosa: Impactos do neopentecostalismo no campo religioso
afro-brasileiro. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007.
PARÁ. Plano Estadual de Políticas Públicas Para os Povos Tradicionais de Matriz Africana:
Combate ao Racismo Religioso no Pará 2021-2024. Belém, 2021.
SILVA, Maria Isabel da. Por que a terminologia “pessoas com deficiência”? Universidade Federal
Fluminense. Núcleo de Acessibilidade e Inclusão Sensibiliza – UFF, 2009.
BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social: Lei Nº 8.842. Política Nacional do Idoso.
Brasília: DF, 04 de janeiro de 1994.
WHO (2002) Active Ageing – A Police Framework. A Contribution of the World Health
Organization to the second United Nations World Assembly on Aging. Madrid, Spain, April, 2002.

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10. ANEXO
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 001 / 2023 – GAB/CG/PC-PA
* DIÁRIO OFICIAL Nº 35.302 Segunda-feira, 27 DE FEVEREIRO DE 2023

Institui diretrizes a serem observadas pela Polícia Civil do


Estado do Pará para atendimento á mulheres vítimas de
violência gênero no âmbito doméstico e familiar

CONSIDERANDO: a publicação da Lei N°11.3406, de 07 de agosto de 2006. que criou mecanismo


para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher e estabelece medidas de
assistência e proteção em situação doméstica e familiar;

CONSIDERANDO a publicação da Lei N° 13.505, de 8 de novembro de 2017, que acrescentou


dispositivos à Lei Maria da Penha, para dispor sobre o direito da mulher em situação de violência
doméstica e familiar de ter atendimento policial especializado, ininterrupto e prestado
preferencialmente, por servidores do sexo feminino.

CONSIDERANDO que o Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil- CONCPC editou a
Resolução N° 10/2018 que institui diretrizes a serem observadas pelas Polícias Civis dos Estados e
do Distrito Federal para o atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica e familiar e de
gênero, no contexto da Lei Maria da Penha;

CONSIDERANDO que o plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social objetiva a redução
de todas as formas de violência contra mulher em especial a violência doméstica;

CONSIDERANDO a necessidade de regulamentação e uniformização dos procedimentos internos


da Polícia Civil do Estado do Pará, objetivando conferir atendimento padronizado e adequado às
mulheres vítimas de violência de gênero no âmbito doméstico e familiar;

CONSIDERANDO Que a Lei Maria da Penha no Artigo N°5, configura violência doméstica e
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: l- no âmbito da unidade
doméstica, compreendida como espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo
familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; ll – no âmbito familiar compreendido como a
comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços
naturais, por afinidade ou por vontade expressa; lll – em qualquer relação íntima de afeto na qual o

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POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARÁ
ACADEMIA DA POLÍCIA CIVIL

agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida independentemente de coabitação . Parágrafo


único. As Relações pessoais enunciadas neste artigo independente de orientação sexual

RESOLVE:

Art. 1° Ficam definidos os procedimentos internos a serem adotados pela Polícia Civil do
Estado do Pará em Face do atendimento ás mulheres vítimas de violência de gênero no âmbito
doméstica e familiar, no contexto da Lei Maria da Penha sem prejuízo das normativas nacionais e
internacionais que tratam o tema.

Art. 2° Recomendar a Autoridade Policial que atender mulher vítima de violência de gênero
no âmbito doméstico e familiar, conforme à Lei N° 11.340/2006 tome as seguintes providências.

a) Informar a ofendida dos direitos a ela na Lei N° 11.340/2006;


b) Oferecer a vítima Medidas Protetivas de Urgência;
c) Informar a vítima sobre Abrigamento do Estado;
d) Informar a vítima sobre os serviços disponíveis na Rede de Proteção;
e) Proceder a oitiva imediata da vítima, em local apropriado resguardando o teor original das
declarações;
f) Proceder a confecção dos documentos que compõe a Verificação Preliminar de Informação
(VPI), sendo estes: (I) Boletim de ocorrência policial (ii) termo de ciências de medidas
Protetivas de Urgência (iii) Termo de Declaração da vítima; (iv) Formulário de Risco; (v)
Encaminhamentos Diversos; (vi) Exames Periciais; (xi) Imagens ou Documentos; (vii) Ofício
de Solicitação de Medidas Protetivas de Urgência; (xiii) Intimação para as testemunhas e para
o agressor;
g) Colher imagens fotográficas das lesões aparentes, quando houver, mediante prévia
autorização da vítima no termo de declarações;
h) Requisitar exames perícias, especificando tratar-se de crime de violência doméstica familiar
contra a mulher;
i) Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo de proteção quando
houver risco de vida, disponibilizando pelo Estado ou Município;
j) Acompanhar a ofendida, se solicitado, para assegurar a retirada de seus pertences pessoais e
documentos do local ocorrência ou domicílio familiar;
k) Providências para que, nas unidades policiais, no momento do atendimento, a mulher, seus
familiares e suas testemunhas não tenham contato direto com o agressor e com pessoas
relacionadas a eles;
l) Colher depoimento das testemunhas presentes;
m) Encaminhar a vítima para a rede de proteção local existente;

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Art. 3°. No decorrer as atividades ficam os servidores da Polícia Civil a atuar de acordo com o
PROTOCOLO DE ROTINAS A SEREM OBSERVADAS PELA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO
DO PARÁ NAS OCORRÊNCIAS ENVOLVENDO MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA E FAMILIAR.

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