Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Vários colaboradores.
Bibliografia.
ISBN 978-65-87571-03-4
21-79864 CDD-362.880981
Cláudio Castro
Governador
Marcela Ortiz
Diretora-Presidente do Instituto de Segurança Pública
Equipe
Alexandre Souza Karina de Miranda
08
Apresentação
11
1. As leis de combate a violência contra a mulher no Brasil
19
2. A violência contra a mulher no estado do Rio de Janeiro em
2020
Qual era o perfil das mulheres vítimas da violência?
29
3. Violência Física
Homicídio doloso e tentativa de homicídio
Feminicídio
Lesão corporal dolosa
61
4. Violência Sexual
Vítimas de Violência Sexual no estado do Rio de Janeiro: questões para análise
Estupro
Estupro e estupro de vulnerável
Tentativas de estupro
Importunação Sexual e a lei º 13.718/2018
Assédio sexual e ato obsceno
95
5. Violência Psicológica
Os crimes na Violência Psicológica
Distribuição temporal da Violência Psicológica contra mulheres
Dinâmica da Violência Psicológica contra mulheres
111
6. Violência Moral
Distribuição temporal da Violência Moral contra as mulheres
Perfil das vítimas de Violência Moral
125
7. Violência Patrimonial
Os crimes de Violência Patrimonial
Distribuição temporal da Violência Patrimonial contra as mulheres
Perfil das mulheres vítimas de Violência Patrimonial
Dinâmica da Violência Patrimonial contra mulheres
139
8. Descumprimento de Medidas Protetivas
149
9. Notas metodológicas
155
10. Saiba também
171
11. Outros olhares
193
13. Apêndices
8 Dossiê Mulher 2021
Apresentação
No ano em que a promulgação da lei 11.340/2006 (também conhecida
como Lei Maria da Penha) completa 15 anos, o Instituto de Segurança
Pública (ISP), pelo 16º ano consecutivo, reafirma o comprometimento de
contribuir para o diagnóstico dos principais crimes relacionados à violência
contra a mulher no estado do Rio de Janeiro. No intuito de reforçar nosso
compromisso, foi criado, no início de 2021, o Núcleo de Estudos ISP Mulher1,
tendo como foco a ampliação e o aprofundamento da produção de estudos
e debates sobre a violência contra a mulher (RIO DE JANEIRO, 2021).
1 - De acordo com a Portaria ISP nº 117, de 2 de fevereiro de 2021. Disponível em: < http://arqui-
vos.proderj.rj.gov.br/isp_imagens/Uploads/PortariaISP117ISPMulherRJ.pdf>. Último acesso em
agosto de 2021.
2 - ORTEGA, María. Dia da Mulher: O que a pandemia da Covid-19 piorou para meninas e mu-
lheres. CNN, 08 mar. 2021. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/dia-da-
-mulher-o-que-a-pandemia-da-covid-19-piorou-para-meninas-e-mulheres/>. Último acesso
em agosto de 2021.
Dossiê Mulher 2021 9
Relatórios de organizações internacionais mostraram que os registros
de violência doméstica aumentaram em vários países, por fatores como
convivência forçada, insegurança econômica e medo de contrair o vírus 3. No
Brasil, foram registradas 105.821 denúncias de violência contra as mulheres
em 2020, por meio das plataformas do Ligue 180 e Disque 1004.
3 - PETERMAN, Amber et al. Pandemics and Violence Against Women and Children. Center for
Global Development, Working Paper 528, 2020, p. 3-43.
4 - MARTELLO, Alexandro. Brasil teve 105 mil denúncias de violência contra mulher em 2020;
pandemia é fator, diz Damares. G1, Brasília, 07 mar. 2021. Disponível em <https://g1.globo.
com/politica/noticia/2021/03/07/brasil-teve-105-mil-denuncias-de-violencia-contra-mulher-
-em-2020-pandemia-e-fator-diz-damares.ghtml>. Último acesso em agosto de 2021.
1
1.
Dossiê Mulher 2021 11
Assédio, tortura, violências sexual
e psicológica, agressões por parceiros
ou familiares, bem como perseguição
e feminicídio. Sob diversas formas,
a violência contra a mulher é uma
realidade histórica, recorrente em muitos
países, oriunda de relações de poder
assimétricas, em que se constituem
hierarquias, visíveis ou não.
De modo a compreender os
mecanismos por detrás deste fenômeno,
a psicóloga Lenore Walker (1979) ouviu
150 mulheres em situação de violência
doméstica e identificou um padrão
comportamental, o qual nomeou como
Ciclo de violência5. O estudo constatou
que a violência entre homens e mulheres
em relações íntimas e amorosas
apresenta três fases cíclicas: (i) tensão,
(ii) explosão, e (iii) lua de mel. Primeiro,
e/ou corporal. Esse cenário torna, com o passar do tempo, o risco de morte
crescente, além do sentimento de impotência que devasta as mulheres
atingidas pela situação.
6 - SERRA, Cristina. ‘Quem ama não mata’. Folha de São Paulo, São Paulo, 1 jan. 2021. Dispo-
nível em: <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/cristina-serra/2021/01/quem-ama-nao-mata.
shtml>. Último acesso em agosto de 2021.
14 Dossiê Mulher 2021
Lei nº 11.340 ou
2006 Lei Maria da Penha
Lei nº 12.845 ou
Lei do Minuto Seguinte 2013
Lei nº 12.650 ou
2015 Lei Joanna Maranhão
Lei nº 13.104 ou
Lei do Feminícidio 2015
8 - BRASIL. Lei nº 7.353, de 29 de agosto de 1985. Cria o Conselho Nacional dos Direitos da Mu-
lher - CNDM e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 29 de agosto de 1985.
Sete anos após a criação da Lei Maria da Penha foi sancionada a Lei do
Minuto Seguinte14, que estabelece a assistência obrigatória às vítimas de
Violência Sexual pelo Sistema Único de Saúde, incluindo a realização de
exames, de medidas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis
12 - BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência do-
méstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe
sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código
de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília, 7 de agosto de 2006.
13 - BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e
Criminais e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 de setembro de 1995.
16 - O nome é uma homenagem à nadadora que denunciou seu treinador por abuso sexual
sofrido quando criança.
17 - BRASIL. Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualifiadora do
crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no
rol dos crimes hediondos. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de março de 2015.
19 - BRASIL. Lei nº 13.772, de 19 de dezembro de 2018. Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006
(Lei Maria da Penha), e o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para
reconhecer que a violação da intimidade da mulher confiura violência doméstica e familiar e
para criminalizar o registro não autorizado de conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou
libidinoso de caráter íntimo e privado. Diário Oficial da União, Brasília, 19 de dezembro de 2018.
2
18 Dossiê Mulher 2021
20 - BRASIL. Lei nº 13.641, de 3 de abril de 2018. Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei
Maria da Penha), para tipifiar o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência.
Diário Oficial da União, Brasília, 3 de abril de 2018.
21 - BRASIL. Senado Federal. Projeto de lei do Senado n° 191, de 2017. Altera a redação do art.
2º da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 – Lei Maria da Penha –, para assegurar à mulher as
oportunidades e facilidades para viver sem violência, independentemente de sua identidade
de gênero. Brasília, Senado Federal, 2017. Disponível em: <https://www25.senado.leg.br/web/
atividade/materias/-/materia/129598>. Último acesso em agosto de 2021.
22 - BRASIL. Lei nº 13.984, de 3 de abril de 2020. Altera o art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de
2006 (Lei Maria da Penha), para estabelecer como medidas protetivas de urgência frequência
do agressor a centro de educação e de reabilitação e acompanhamento psicossocial. Diário
Oficial da União, Brasília, 3 de abril de 2020.
2.
Dossiê Mulher 2021 19
O capítulo anterior foi dedicado a
apresentar alguns conceitos importantes
relacionados à violência contra a mulher,
como é o caso do ciclo da violência, e os
avanços da legislação no que se refere
ao enfrentamento deste grave problema
social. A partir de agora, as análises serão
pautadas nos dados produzidos a partir
dos registros de ocorrências lavrados pela
SEPOL.
150.000
148.471
132.928
128.364
Número de mulheres vítimas
111.988
100.000
98.681
50.000
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
34,6%
40,0% 31,6%
34.192
31.140 23,5%
23.151
20,0%
5,7% 4,6%
5.645 4.553
0,0%
Violência Violência Violência Violência Violência
Física Psicológica Moral Sexual Patrimonial
24,0%
60,0%
35,7% 62,3%
40,0%
69,3% 3,8%
64,9% 62,2%
50,8%
3,8%
62,2% 20,0%
33,9%
50,8%
33,9%
0,0%
Violência Violência Violência Violência Violência
Física Psicológica Patrimonial Moral Sexual
100,0%
3,5%
4,3% 6,7% 8,0% 10,1%
0 a 11 anos
15,1%
12 a 17 anos
80,0% 18 a 29 anos
30 a 59 anos
60 anos ou mais
20,5% 51,1% Sem informação
60,9%
60,0% 62,8%
61,7%
25,6%
40,0%
36,7%
20,0%
34,3% 28,7%
25,5% 25,7%
4,9%
0,0% 2,5% 2,4% 1,2%
Violência Violência Violência Violência Violência
Sexual Física Psicológica Moral Patrimonial
Gráfico 6 – Perfil racial das mulheres vítimas por tipo de violência – estado
do Rio de Janeiro – 2020 (valores percentuais)
Perfil racial das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar –
estado do Rio de Janeiro – 2020 (valores percentuais)
60,0%
40,0%
55,9% 55,9%
52,0% 49,6% 48,1%
20,0%
0,0%
Violência Violência Violência Violência Violência
Física Sexual Psicológica Patrimonial Moral
24 - Instituto de Segurança Pública. Dossiê Mulher 2020 (Ano Base – 2019). Disponível em:
<http://arquivos.proderj.rj.gov.br/isp_imagens/uploads/DossieMulher2020.pdf>. Último acesso
em agosto de 2021.
Dossiê Mulher 2021 27
circulação e aglomeração para evitar a disseminação da Covid-19. Se por
um lado, as mudanças de isolamento social podem ter levado ao aumento
do tempo de convivência entre vítimas e agressores nos casos de violência
doméstica e familiar, por exemplo, por outro, houve a redução da circulação
de pessoas nas vias públicas durante alguns meses de 2020.
80,0%
% de mulheres vítimas
60,9%
60.089
60,0%
40,0%
16,4% 14,5%
20,0% 16.180 14.355
3,0% 2,6% 2,6%
2.978 2.562 2.517
0,0%
Residência Via pública Outros Ambiente Estab. Sem
locais virtual comercial informação
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0% 49,6%
48.963
40,0%
16,3%
20,0% 16.119 10,1% 8,3% 8,1%
9.969 4,9% 2,6%
8.216 7.956
4.861 2.597
0,0%
Companheiro Nenhuma Outras Conhecido Parente Sem Pais ou
ou ex informação padrastos
50.000
50.283
45.699
Número de mulheres vítimas
Média: 44.711
40.000 42.423 42.382
40.764
34.192
30.000
20.000
10.000
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
Violência
42.382 34.192 -19,3% 408,8
Física
Homicídio
308 278 -9,7% 3,3
doloso
Feminicídio 85 78 -8,2% 0,9
Tentativa de
708 543 -23,3% 6,5
homicídio
Tentativa de
334 270 -19,2% 3,2
feminicídio
Lesão
corporal 41.366 33.371 -19,3% 399,0
dolosa
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
34,9%
40,0% 11.932 30,7%
26,8%
10.486
9.160
20,0% 7,6%
2.614
0,0%
Capital Interior Baixada Grande
Fluminense Niterói
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
0,0%
200 200
100 100
0 0
2014 2014 2015 2015 2016 2016 2017 2017 2018 2018 2019 2019 2020 2020
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
de homicídio doloso, 50 51
Número de mulheres vítimas
600 642 50
610 47
ao passo que a média 45
500 41 543
mensal de tentativa de 40
420 396 382 38 37
homicídio foi quase o
400
350
36 32
34
30 29 31
360
dobro:
300 45. 26 25
308 278 24
26
20 22
200
A região do estado 17
20 19 19 19
em
100 que mais ocorre- 10
ram
0
homicídios do- 0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
losos e tentativas de jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
260
240
220
200
180
160 73
71
140
260
120
100
80
60 126 120
24
40
20 37
A Tabela 4 apresenta a taxa por 100 mil mulheres dos crimes de homicídio
doloso e de tentativa de homicídio entre as grandes regiões do estado. Vale
destacar que, em ambos os crimes, o interior apresentou as maiores taxas,
4,9 e 11,5 para cada 100 mil mulheres. As taxas também foram superiores
à observada no estado. Outro ponto que merece destaque é a região da
Grande Niterói, que apresentou taxas maiores que as da capital.
111
300
250
Número de registros
70
200
150
257
100
171
49
50 23
15
10
33 33 33
0 16
0 a 11 anos 12 a 17 anos 18 a 29 anos 30 a 59 anos 60 anos ou Sem
mais informação
400 186
Número de mulheres vítimas
300
71
200
311
100 187
21
45
0
Negra Branca Sem
informação
81
Número de mulheres vítimas
200
41 142
227
100
166
112
11
3
26
0 12
Solteira Casada ou Separada Viúva Sem
vive junto informação
300 102
117
Número de mulheres vítimas
250
200
150
251
213
100
40
50
17
2 47
0 7 25
Residência Via pública Estab. Outros locais Sem
comercial informação
O Gráfico 19
mostra que os Gráfico 19 – Mulheres vítimas de homicídio doloso e
de tentativa de homicídio por tipo de relação entre
companheiros ou
vítima e autor – estado do Rio de Janeiro – 2020
ex-companheiros (números absolutos)
Mulheres vítimas de homicídio doloso e de tentativa de homicídio por tipo de relação entre vítima e
autor – estado do Rio de Janeiro – 2020 (números absolutos)
foram os principais Homicídio do
Tentativa de
autores das tenta- 250
50
tivas de homicídio
(217 ou 40,0% do 200
Número de mulheres vítimas
52
tentativa de homi- 150
155
42 Dossiê Mulher 2021
137
400
Número de mulheres vítimas
300
200 111
357
100
140
14
12 4
0 34 7 5
Arma de fogo Arma branca Asfixia, Pedrada ou Sem informação
envenenamento paulada
ou material
inflamável
3.2. Feminicídio
28 - CARVALHO, Luís Francisco. Adultério era mais grave. Folha de São Paulo, São Paulo, 25
jun. 1999. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq25069920.htm>. Último
acesso em agosto de 2021.
Dossiê Mulher 2021 43
29 - Sem autor. STF proíbe uso da tese de legítima defesa da honra em crimes de feminicídio.
Supremo Tribunal Federal, Brasília, 15 mar. 2021. Disponível em: <http://portal.stf.jus.br/noticias/
verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=462336&tip=UN>. Último acesso em agosto de 2021.
30 - UNODC. Global Study on Homicide: Gender-related killing of women and girls. Viena:
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, 2019. 62p.
44 Dossiê Mulher 2021
85
80
Média: 76 78
Número de mulheres vítimas
68 71
60
40
20
0
2017 2018 2019 2020
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
31 - Disponível em:<https://www.camara.leg.br/tv/550872-feminicidio-os-motivos-que-levam-
-ao-assassinato-de-mulheres-no-brasil/>. Último acesso em julho de 2021.
32 - RIO DE JANEIRO. Lei nº 7.448, de 13 de outubro de 2016. Cria o subtítulo nos registros de
ocorrência da Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro denominado “feminicídio”. Diário Oficial
do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2016.
Dossiê Mulher 2021 45
Com relação à distribuição de vítimas por regiões do estado (Gráfico 22),
podemos verificar que o interior registrou a maior concentração de vítimas,
28 (35,9%), seguido da Baixada Fluminense com 26 (33,3%). A capital, por sua
vez, concentrou 18 vítimas (23,1%), e em menor concentração a região da
Grande Niterói, com seis (7,7%).
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
35,9% 33,3%
40,0% 28 26
23,1%
18
20,0% 7,7%
6
0,0%
Interior Baixada Capital Grande
Fluminense Niterói
Como mostra o Gráfico 23, a maior parte das vítimas de feminicídio tinha
entre 30 e 59 anos de idade (57,7%), seguidas daquelas com 18 e 29 anos
Dossiê Mulher 2021 47
(26,9%). Essas duas faixas, que correspondem às mulheres jovens e adultas,
concentraram 84,6% das vítimas.
80,0%
% de mulheres vítimas
57,7%
60,0% 45
40,0%
26,9%
21
20,0%
3,8% 6,4% 5,1%
3 5 4
0,0%
12 a 17 anos 18 a 29 anos 30 a 59 anos 60 anos ou Sem
mais informação
40,0% 32,1%
25
12,8%
20,0%
10
0,0%
Negra Branca Sem
informação
33 - Por estar sob sigilo, não foi possível consultar este registro de ocorrência.
34 - JUNG, Valdir; CAMPOS, Carmen. Órfãos do feminicídio: vítimas indiretas da violência contra
a mulher. Revista de Criminologias e Políticas Criminais, v. 5, n. 1, 2019, p. 79-96.
Dossiê Mulher 2021 49
Gráfico 25 – Mulheres vítimas de feminicídio com filhos – estado do Rio de
Mulheres vítimas de feminicídio com filhos –
estado do Rio de Janeiro – 2020 (números
Janeiro – 2020 (números absolutos e valores percentuais)
absolutos e valores percentuais)
100,0%
80,0%
% de mulheres vítimas
66,7%
52
60,0%
40,0% 28,2%
22
20,0%
5,1%
4
0,0%
Sim Não Sem
informação
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
43,6%
34
40,0% 28,2%
22 23,1%
18
20,0%
5,1%
4
0,0%
Sim Não se Não Sem
aplica informação
% de mulheres vítimas
de aumento de pena do
inciso III, § 7º, do artigo 121 60,0%
43,6%
do Código Penal, quando 34
32,1%
o feminicídio é praticado 40,0%
25
na presença física ou vir- 19,2%
15
20,0%
tual de descendente ou 5,1%
ascendente da vítima. 0,0%
4
80,0%
% de mulheres vítimas
53,8%
60,0%
42
40,0%
24,4%
19
20,0% 11,5%
9 6,4%
3,8%
5
3
0,0%
Companheiro Ex-companheiro Parente Nenhuma Outras
74,4%
80,0% 80,0%
% de mulheres vítimas
58
% de mulheres vítimas
59,0%
46
60,0% 60,0%
35,9%
40,0% 28 40,0%
20,5%
20,0% 16
5,1% 20,0%
5,1%
4
0,0% 4
0,0%
Sim Não Sem
Residência Via pública Outros
informação
locais
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em Fonte: Elaborado pelo ISP com base em
dados da SEPOL. dados da SEPOL.
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
41,0%
32
40,0%
24,4%
19
20,0% 14,1%
11
6,4% 5,1% 5,1%
3,8%
5 4 4
3
0,0%
Faca, facão ou Arma de fogo Asfixia Paulada, Fogo Soco, tapas e Sem
canivete pedrada, pontapés informação
martelada etc.
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
34,6%
40,0% 27 25,6%
20
16,7%
20,0% 13 10,3% 7,7%
8 5,1%
4 6
0,0%
Briga Término de re Ciúmes Desconfiança Outros Sem
lacionamento de Traição informação
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
43,6%
34
40,0%
19,2%
15 14,1%
20,0% 11 9,0% 7,7%
7 5,1%
6 1,3% 4
0,0% 1
Preso em Preso após Foragido Suicídio após Entrega Morto por Sem
Flagrante investigação o feminicídio Voluntária terceiros informação
80,0%
53,8%
60,0% 60,0%
42
41,0%
32
40,0% 40,0%
20,0% 11,5%
20,0% 9 5,1%
5,1%
4 4
0,0% 0,0%
Sim Não Sem Não Sim Sem
informação informação
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em Fonte: Elaborado pelo ISP com base em
dados da SEPOL. dados da SEPOL.
50.000
49.281
44.693
41.344 41.366
Número de mulheres vítimas
Média: 43.675
40.000
39.639
33.371
30.000
20.000
10.000
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
3.157
Número de mulheres vítimas
3.023
3.000 3.075
2.750 2.694 3.042
Média: 2.781 2.786
2.000 2.192
1.875
1.686
1.000
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
20,0% 7,7%
2.553
0,0%
Capital Interior Baixada Grande
Fluminense Niterói
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0% 51,2%
17.099
36,9%
40,0% 12.315
20,0%
4,8% 4,3%
1,5% 1.613 1,3%
1.427
0,0% 484 433
0 a 11 anos 12 a 17 anos 18 a 29 anos 30 a 59 anos 60 anos ou Sem
mais informação
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0% 49,7%
16.586
40,0% 31,5%
10.513
20,0% 11,2%
5,9% 3.737
1.954 1,7%
0,0% 581
Solteira Casada ou Separada Viúva Sem
vive junto informação
A maior parte das vítimas sofreu lesão corporal dolosa em uma residência
(63,9%), ou seja, em média seis em cada dez mulheres, como mostra o
Gráfico 42.
80,0%
% de mulheres vítimas
63,9%
21.322
60,0%
40,0%
20,8%
6.946
20,0% 11,2%
3.734
2,1% 0,0% 2,0%
692 3 674
0,0%
Residência Via pública Outros Estab. Ambiente Sem
locais comercial virtual informação
80,0%
% de mulheres vítimas
58,6%
60,0% 19.553
40,0%
13,1%
20,0% 8,6% 8,0%
4.377 5,7%
2.883 2.676 2,6% 3,3%
1.908 1.098
876
0,0%
Companheiro Nenhuma Outras Parente Conhecido Pais ou Sem
ou ex padrastos informação
Este capítulo mostrou que a maior parte das vítimas de Violência Física
eram mulheres negras, na faixa dos 30 aos 59 anos, mesmo padrão obser-
vado no Dossiê do ano anterior. Ao desagregar a análise por delitos, per-
cebemos que a Baixada Fluminense foi a região com as maiores taxas de
feminicídio e lesão corporal dolosa, ao passo que o interior concentrou as
maiores taxas de homicídio doloso e sua versão tentada. A maioria dos casos
de homicídio doloso se deu em vias públicas, e não havia informação sobre
a maioria dos autores destes crimes. Por outro lado, a maioria dos casos de
tentativa de homicídio ocorreu dentro de uma residência, tendo como autor
do crime o companheiro ou o ex-companheiro. Outro dado interessante diz
respeito ao crime de feminicídio, no qual mais da metade das vítimas possu-
íam filhos, sendo 43,6% deles menores de idade. Entre o total de vítimas que
possuíam filhos, eles estavam presentes na hora do fato em 19,2% dos casos.
4.
Dossiê Mulher 2021 61
“A depoente informou
que seu filho tentou
violentá-la sexualmente durante
a noite; que estava em sua casa,
quando, por volta das três horas
da manhã, o autor do fato chegou
visivelmente sob efeito de drogas e
começou a tentar ter relação sexual
com ela; o autor do fato entrou em
seu quarto com os órgãos genitais
de fora e a jogou em cima da cama,
onde passou a tentar rasgar as
roupas da depoente”.
36 - Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12015.htm>.
Último acesso em agosto de 2021.
Dossiê Mulher 2021 63
vítimas deste tipo de crime. Não podemos esquecer que alguns fatores
tornam-se obstáculos no momento da denúncia, como o medo do agressor,
a vergonha de ir a uma delegacia realizar o registro, os sentimentos de culpa
e humilhação, entre muitas outras questões.
6.000
Média: 5.900 5.878
5.676 5.645
5.424 5.496
Número de mulheres vítimas
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
20,8%
59,2% 62,6%
80,0%
47,1%
% de mulheres vítimas
60,0% 81,4%
59,2% 62,6% 92,5%
60,0% 81,4%
40,0% 92,5% 75,4%
4.2. Estupro
38 - CUACOSKI, Stéffany. Cultura do estupro: 85% das vítimas no Brasil são mulheres e 70% dos
casos envolvem crianças ou vulneráveis. Humanista, Porto Alegre, 17 dez. 2020. Disponível em
<https://www.ufrgs.br/humanista/2020/12/17/cultura-do-estupro-85-das-vitimas-no-brasil-sao-
-mulheres-e-70-dos-casos-envolvem-criancas-ou-vulneraveis/> . Último acesso em agosto de
2021.
40 - DINIZ, Deborah. A marca do dono. Estadão, São Paulo, 09 nov. 2013. Disponível em <https://
www.estadao.com.br/noticias/geral,a-marca-do-dono,1094960> . Último acesso em agosto de
2021.
41 - HAJE, Lara. Estupro dentro das relações conjugais permanece invisível, alerta promotora.
Agência Câmara de Notícias, Brasília, 20 fev. 2020. Disponível em <https://www.camara.leg.br/
noticias/639436-estupro-dentro-das-relacoes-conjugais-permanece-invisivel-alerta-promoto-
ra/>. Último acesso em agosto de 2021.
42 - CENTAMORI, Vanessa. Luto e dor invisíveis: como o estupro afeta a saúde mental das ví-
timas. Viva Bem, São Paulo, 16 nov. 2020. Disponível em https://www.uol.com.br/vivabem/
noticias/redacao/2020/11/16/luto-e-dor-invisiveis-como-o-estupro-afeta-a-saude-mental-das-
-vitimas.htm?cmpid=copiaecola. Último acesso em: agosto de 2021.
68 Dossiê Mulher 2021
Média: 4.336
4.000 4.128 4.173
4.013 4.086
Número de mulheres vítimas
3.000
2.000
1.000
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Vale ressaltar que os percentuais das categorias de até cinco anos (pas-
sou de 9,5% em 2014 para 10,6% em 2020) e mais de cinco anos (passou de
3,3% para 9,3% no mesmo período) vem crescendo ao longo do tempo. A
mudança pode indicar que mais vítimas estão sendo encorajadas a falar so-
bre seu episódio traumático e a denunciar, mesmo que, para isso, precisem
revivê-lo mentalmente e com detalhes.
20,0%
10,0% Ao9,9%
analisar a série histórica do estupro, é preciso também ter em mente
9,7%
10,0%
9,4%
que diversas legislações alteraram o modo pelo qual o crime é agregado.
Neste Dossiê, os crimes de estupro foram agrupados em três categorias
% 33,2% 31,3% analíticas: estupro43; estupro de vulnerável44 e atentado violento ao pudor45.
31,2% 29,2% 30,1%
45 - Reúne os crimes de atentado violento ao pudor, de atentado violento ao pudor com resulta-
do lesão corporal grave e de atentado violento ao pudor com resultado morte.
70 Dossiê Mulher 2021
2.754
Número de mulheres vítimas
2.000
1.262
1.000
500
Estupro
Estupro de menor de 18 (dezoito) anos e maior do que 14 (quatorze) anos
3.089 Estupro de vulnerável
57 1.515
1.262
Dossiê Mulher 2021 71
4.3. Estupro e estupro de vulnerável
311
311
300
Número de mulheres vítimas
284
300
Número de mulheres vítimas
284
147
147 128 133
139128 133
139 127 102
100 112 127 102 111 116 110
100 112 102 101 116
111 110
102 87 101
83
87 83
0
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
72 Dossiê Mulher 2021
de estupros de vulneráveis
1.200
concentrou
1.400
vítimas de Estupro
Estupro de vulnerável
estupro e estupro de
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da
vulnerável
1.200 foi a Baixada SEPOL.
Número de mulheres vítimas
403
Fluminense, com taxas
457 de
1.000 348
17,4 e 42,6, respectivamente.
800
Tabela
600 13 – Mulheres vítimas de estupro e de estupro de vulnerável –
regiões do estado do Rio de Janeiro – 2020 (taxa por 100 mil mulheres)
914
400 829 806
Região Taxa por 100 mil mulheres residentes
124
200
Total de
Estupro de vulnerável Estupro
205 estupro
0
Estado doInterior
Rio de Janeiro
Capital Baixada 32,9
Grande 15,1 48,0
Fluminense Niterói
Baixada Fluminense 42,6 17,4 59,9
Capital 24,7 12,8 37,5
Grande Niterói 24,1 14,0 38,1
Interior 40,5 17,0 57,4
Fonte: Elaborada pelo ISP com base em dados da SEPOL.
Dossiê Mulher 2021 73
A Tabela 14 traz a mesma análise da Tabela 13, porém, especificando
a população pela faixa etária. Isto é, os registros de crimes de estupro de
vulnerável foram divididos pela faixa etária de meninas até 14 anos em cada
região do estado. Desta forma, é possível compreender melhor a dimensão
do problema e o quanto meninas são expostas a essa violência.
Fonte: Elaborada pelo ISP com base em dados Fonte: Elaborada pelo ISP com base em dados
da SEPOL. da SEPOL.
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
44,1%
1.800
40,0%
28,0%
1.143
20,0% 13,4%
546 10,2%
416
3,8%
0,6% 157
0,0% 24
0 a 11 anos 12 a 17 anos 18 a 29 anos 30 a 59 anos 60 anos ou Sem
mais informação
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
2.000 732
60,0% dos registros. Para
Número de mulheres vítimas
800 1.653
800 1.653
919 919
400 400
39 39
2 2
0 181 1 181
0 1
Negra Branca Negra
Outras Branca
Sem Outras Sem
informação informação
80,0%
69,7%
928
% de mulheres vítimas
60,0%
40,0%
16,7%
20,0% 223
8,2%
4,4% 109
59 1,0%
0,0% 13
Solteira Casada ou Separada Viúva Sem
vive junto informação
80,0%
65,8%
% de mulheres vítimas
876
60,0%
40,0%
80,4%
2.215
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
40,0%
20,0%
9,2%
252 5,2% 4,2%
143 1,0% 0,0% 116
0,0% 27 1
Residência Outros Via pública Estab. Ambiente Sem
locais comercial virtual informação
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
40,0%
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
40,0% 31,5%
420
23,5%
313
20,0% 11,9%
158 8,1% 8,3% 8,7% 8,0%
108 111 116 106
0,0%
Nenhuma Companheiro Outras Conhecido Parente Pais ou Sem
ou ex padrastos informação
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
500
484
Número de mulheres vítimas
400
Média: 388 387 356
335
300 308
257
200
100
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
40,0% 33,1%
28,4% 85
73
19,8%
16,0% 51
20,0% 41
2,3% 0,4%
6 1
0,0%
0 a 11 anos 12 a 17 anos 18 a 29 anos 30 a 59 anos 60 anos ou Sem
mais informação
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
37,7%
40,0% 97
18,7%
20,0% 48
10,5% 9,3% 8,9%
27 7,8% 7,0%
24 20 23
18
0,0%
Nenhuma Companheiro Outras Parente Pais ou Conhecido Sem
ou ex padrastos informação
80,0%
% de mulheres vítimas
59,5%
153
60,0%
40,0%
19,8%
51 13,6%
20,0%
35
5,1%
1,6% 0,4% 13
4 1
0,0%
Residência Via pública Outros locais Estab. Ambiente Sem
comercial virtual informação
A lei tem por objetivo punir, com maior rigor, atitudes libidinosas
que ocorrem em locais públicos e que não são realizadas por meio de
graves ameaças à vítima. Enquadram-se nesta categoria os episódios de
ejaculações em transporte público, por exemplo48. Antes da lei, este crime
era visto como de menor potencial ofensivo devido à intensidade de violência
aplicada, o que fazia com que os autores ficassem, muitas vezes, impunes; e
as vítimas, constrangidas. A mudança fez com que os casos passassem a ser
tipificados como crimes com pena prevista de um a cinco anos de reclusão.
Anteriormente, a maior penalidade aplicada era multa ou fiança.
48 - SANTOS, Roseane. Mulheres relatam assédio no transporte público. Universa, São Pau-
lo, 27 jul. 2020. Disponível em <https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/07/27/
mulheres-relatam-assedio-no-transporte-publico-gritei-e-ninguem-faz-nada.htm>. Último
acesso em agosto de 2021.
Dossiê Mulher 2021 83
Gráfico 63 – Mulheres vítimas de importunação sexual – estado do Rio de
Janeiro – 2020 (números absolutos)
Mulheres vítimas de importunação sexual – estado do Rio de Janeiro – 2020 (números
absolutos)
125
115
112
101
100 99
100
Número de mulheres vítimas
87 86
83
Média: 83 84
75
57
50
38
25 30
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
42,6%
423
40,0%
24,4%
21,5% 242
213
20,0%
7,0%
69 2,8% 1,7%
28 17
0,0%
0 a 11 anos 12 a 17 anos 18 a 29 anos 30 a 59 anos 60 anos ou Sem
mais informação
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
48,7% 48,5%
483 481
40,0%
20,0%
2,4%
0,4%
24
0,0% 4
Negra Branca Outras Sem
informação
80,0%
66,1%
% de mulheres vítimas
656
60,0%
40,0%
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
37,9%
40,0% 376
29,5%
293
19,7%
195
20,0%
7,5%
74 1,9% 3,5%
19 35
0,0%
Residência Outros locais Via pública Estab. Ambiente Sem
comercial virtual informação
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
50,3%
499
40,0%
Analisando a série histórica dos dois crimes, percebemos que nos dois
últimos anos o número de vítimas de assédio sexual foi superior ao de ato
obsceno (Gráfico 70). Aliás, o crime de assédio sexual vem apresentando
tendência de crescimento desde 2017, apesar da redução do número de
vítimas observado em 2020. A redução também foi registrada entre as
vítimas de ato obsceno.
310
300
Número de mulheres vítimas
310 270
300 283
Número de mulheres vítimas
270
283
200 193
183
194
193
200 183
194 172
134 140
172 150
120
134 126 125 140 130
150
120 100 130
126 125
100
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
0
2014 2015 Fonte:2016
Elaborado 2017
pelo ISP com base em dados
2018 2019 da SEPOL.
2020
80,0% 80,0%
% de mulheres vítimas
% de mulheres vítimas
54,3% 60,0%
60,0%
76
36,2%
40,0% 40,0% 47 30,8%
27,1% 40
38
19,2%
20,0% 12,1% 25 13,8%
20,0%
17 18
6,4%
9
0,0% 0,0%
Capital Interior Baixada Grande Capital Interior Baixada Grande
Fluminense Niterói Fluminense Niterói
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados Fonte: Elaborado pelo ISP com base em
da SEPOL. dados da SEPOL.
75
51 46
75
51 46
50
50
25 19 49
45
9
25 19 49
45 15
9
14 14
0 3 15 5
14 14
0 a 11 anos 12 a 17 anos 18 a 29 anos 30 a 59 anos 60 anos ou Sem
0 3 mais5 informação
0 a 11 anos 12 a 17 anos 18 a 29 anos 30 a 59 anos 60 anos ou Sem
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da
mais SEPOL.
informação
75
50
50 65
59
25
65
59 13
25 1
0 1 5
Negra Branca Outras Sem
13
1 informação
0 1 5
Negra Fonte: Elaborado
Branca pelo ISP comSem
Outras base em dados da SEPOL.
informação
92 Dossiê Mulher 2021
125
Número de mulheres vítimas
76
100
75
50
38
72 20
25
28 24
5 1
0 5 1
Solteira Casada ou Separada Viúva Sem
vive junto informação
80,0%
% de mulheres vítimas
58,6%
60,0% 82
40,0%
22,1%
31
20,0%
10,0%
14 5,0% 3,6%
7 0,7% 5
0,0% 1
Outros locais Estab. Residência Via pública Ambiente Sem
comercial virtual informação
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
35,4%
40,0%
46 30,8%
40
20,0%
26
20,0%
9,2%
12 4,6%
6
0,0%
Outros locais Via pública Residência Estab. Sem
comercial informação
36
100
75 60
66
71
75
50
69
50 9
25
22
65 23 23
59 2
0 10 2 3
25
Nenhuma Conhecido Outras Parente Companheiro Sem
ou ex informação
13
1
0 1 em dados da
Fonte: Elaborado pelo ISP com base 5 SEPOL.
Negra Branca Outras Sem
informação
Os crimes apresentados neste capítulo apresentaram algumas
similaridades. Nos delitos de tentativa de estupro, importunação sexual,
assédio sexual e ato obsceno, percebemos que a maior parte das vítimas
não possuíam relações prévias com o autor do crime. Ao passo que os crimes
de estupro e estupro de vulnerável foram cometidos, majoritariamente,
por pessoas que compunham o círculo social da vítima. Chama atenção
também para o alto número de meninas (0-11 anos) vítimas de estupro.
Dados como esses nos convidam a olhar mais para este grupo, como forma
de implementar políticas voltadas para o combate desta violência, tão cruel
e traumatizante para aqueles que a vivenciam.
5.
Dossiê Mulher 2021 95
50 - CARRETERO, Nacho. “Como esse cara me convenceu de que eu era tonta?”: o abuso ma-
chista que ninguém parece ver. El País, Madri, 23 nov. 2017. Disponível em <https://brasil.elpais.
com/brasil/2017/09/15/internacional/1505472042_655999.html>. Último acesso em agosto de
2021.
51 - GONÇALVES, Bernardo; MAGALHÃES, Mariana. Revenge porn - qual a tutela para esse tipo
de ato? Migalhas, São Paulo, 30 mar. 2020. Disponível em <https://www.migalhas.com.br/de-
peso/322922/revenge-porn---qual-a-tutela-para-esse-tipo-de-ato>. Último acesso em julho de
2021.
Dossiê Mulher 2021 97
agressor a fazer algo contrário à lei por meio de coerção, como ameaça
grave, violência ou pelo uso de meios que interfiram na sua capacidade de
resistência.
52 - No Dossiê Mulher 2019, este crime foi analisado no capítulo destinado a Violência Moral.
Nesta edição, após a reavaliação, ele foi recategorizado, tendo em vista outra interpretação da
doutrina que considera que não se trata de um crime contra a honra da mulher, mas que causa
danos psicológicos e viola sua intimidade. Para mais informações, consultar: BRITO, Débora.
Nova lei de importunação sexual pune assédio na rua. Agência Brasil, Brasília, 29 ago. 2018.
Disponível em <https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-09/nova-lei-
-de-importunacao-sexual-pune-assedio-na-rua>. Último acesso em julho de 2021.
53 - BRASIL. Lei nº13.772, de 19 de dezembro de 2018. Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006
(Lei Maria da Penha), e o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para
reconhecer que a violação da intimidade da mulher configura violência doméstica e familiar e
para criminalizar o registro não autorizado de conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou
libidinoso de caráter íntimo e privado. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 de dezembro de
2018.
98 Dossiê Mulher 2021
50.000
49.469
42.954
Número de mulheres vítimas
41.843
40.000 Média: 42.290
37.827
34.740
30.000 31.140
20.000
10.000
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
54 - DA SILVA, Luciane; COELHO, Elza; DE CAPONI, Sandra. Violência silenciosa: Violência silen-
ciosa: violência psicológica Violência silenciosa: como condição da violência física doméstica.
Interface, vol. 11, n. 21, 2007, p. 93-103.
100 Dossiê Mulher 2021
3.453
3.196
2.860 2.853
2.554
Média: 2.595
2.287
2.000 2.057
1.545 1.588
1.000
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Nº de Taxa por
Nº de vítimas Diferença %
Forma de vítimas 100 mil
mulheres em de 2020 em
violência/delito mulheres mulheres
2019 relação a 2019
em 2020 (2020)
Violência
41.843 31.140 -25,6% 372,3
Psicológica
Ameaça 41.048 30.468 -25,8% 364,3
Constrangimento
444 273 -38,5% 3,3
ilegal
Divulgação de cena
351 360 2,6% 4,3
de estupro
Registro não
autorizado da - 39 - 0,5
intimidade sexual
80,0%
64,9%
% de mulheres vítimas
20.219
60,0%
40,0%
26,0%
8.082
20,0%
9,1%
2.839
0,0%
Lei Lei Sem lei
11.340/06 9.099/95 específica
60,9%
18.963
60,0%
40,0%
28,7%
8.923
20,0%
6,7%
2,5% 2.075
0,5% 0,8%
781
0,0% 147 251
0 a 11 12 a 17 18 a 29 30 a 59 60 anos ou Sem
anos anos anos anos mais informação
60,0%
52,0%
16.185
45,6%
14.211
40,0%
20,0%
2,1%
0,3%
639
0,0% 105
Negra Branca Outras Sem
informação
Por fim, analisando o estado civil das vítimas (Gráfico 85), verificamos
que a maioria das vítimas de Violência Psicológica eram solteiras (42,7%) e
32,2% das mulheres eram casadas ou viviam com seus parceiros.
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
42,7%
13.304
40,0%
32,2%
10.041
20,0% 14,1%
4.393
8,5%
2.654
2,4%
748
0,0%
Solteira Casada ou Separada Viúva Sem
vive junto informação
O Gráfico 86 mostra que a residência foi o local com mais vítimas de Vio-
lência Psicológica (60,9%). A categoria outros locais veio logo em seguida,
com 15,2% das vítimas. A via pública também foi um local onde várias mu-
lheres foram vitimadas (4.689 ou 15,1% das vítimas). Isso mostra que a Vio-
lência Psicológica não está restrita ao ambiente privado, mesmo que esse
seja o espaço mais perigoso para as mulheres, no que se refere a este tipo
de violência.
Dossiê Mulher 2021 107
Gráfico 86 – Mulheres vítimas de Violência Psicológica por tipo de local
do fato – estado do Rio de Janeiro – 2020 (números absolutos e valores
percentuais)
Mulheres vítimas de Violência Psicológica por tipo de local do fato – estado do Rio de
Janeiro – 2020 (números absolutos e valores percentuais)
100,0%
80,0%
% de mulheres vítimas
60,9%
18.960
60,0%
40,0%
Cada vez mais, mulheres têm sofrido com a violência no ambiente virtual.
O trecho do depoimento abaixo é um exemplo deste tipo de violência.
Ainda que a incidência em ambiente virtual seja menor com relação aos
espaços presenciais, representando apenas 3,9% dos registros (Gráfico 86),
ao analisarmos mais de perto notamos que os casos vêm aumentando na
série histórica, como mostra a Tabela 26. Em 2020, foram 1.201 mulheres
vítimas de Violência Psicológica no ambiente virtual, o maior número até
então, sendo 21 vezes maior do que o registrado no início da série histórica,
em 2014. Comparando com o ano de 2019, percebemos de aumento de
15,8% total de vítimas neste tipo de ambiente.
2014 55
2015 239
2016 384
2017 579
2018 720
2019 1.037
2020 1.201
Fonte: Elaborada pelo ISP com base em dados da SEPOL.
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0% 54,0%
16.804
40,0%
20,0% 14,2%
4.413 9,2% 8,6% 8,3%
2.871 2.677 2.590 3,9%
1,8%
1.227
558
0,0%
Companheiro Nenhuma Outras Conhecido Parente Pais ou Sem
ou ex padrastos informação
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
37,7%
40,0% 103
30,4%
83
20,0%
9,5% 9,5% 9,2%
26 26 25
2,2% 1,5%
6 4
0,0%
Companheiro Nenhuma Outras Conhecido Parente Pais ou Sem informação
ou ex padrastos
mento ilegal (Gráfico 89), podemos observar que a maior parte das vítimas
sofreram esse delito em uma residência, 37,7%, e 32,1% em outros locais.
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
37,7%
40,0% 103
31,1%
85
17,6%
20,0% 48
6,6%
18 3,3% 3,7%
9 10
0,0%
Residência Outros Via pública Estab. Ambiente Sem
locais comercial virtual informação
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
56 - SOBREIRA, Letícia. Por amor aos filhos, mães buscam ajuda para superar violência do-
méstica. Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos do Estado de Alagoas, Alagoas, 27
maio 2019. Disponível em <http://www.mulheredireitoshumanos.al.gov.br/noticia/item/2092-
-por-amor-aos-filhos-maes-buscam-ajuda-para-superar-violencia-domestica>. Último acesso
em agosto de 2021.
2014 24,3%
2015 24,8%
2016 24,8%
2017 23,5%
2018 24,5%
2019 24,5%
2020 23,5%
Fonte: Elaborada pelo ISP com base em dados da SEPOL.
114 Dossiê Mulher 2021
41.509
40.000
36.817
33.028
Número de mulheres vítimas
31.498
29.665
30.000 Média: 31.704
26.263
23.151
20.000
10.000
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
36,8%
40,0% 8.514 33,1%
7.663
21,8%
5.043
20,0%
8,3%
1.931
0,0%
Capital Interior Baixada Grande
Fluminense Niterói
26.402
24.583
30.000 31.103
27.510
Número de mulheres vítimas
21.602 26.402
20.000
24.583
19.312
21.602
20.000
19.312
10.000
3.565 Fonte:
3.483
Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
4.217 3.082 3.357 3.171
2.240
2.451
2.149 2.035 1.925 1.599
0 1.579 1.725
2014 O Gráfico
2015 94 apresenta
2016 a série
2017 histórica
2018 mensal
2019dos crimes
2020 de Violência
Moral em 2020. Como podemos observar, em janeiro foi registrado o maior
número de vitimas de injúria, enquanto que maio teve o menor patamar,
representando a redução de 63,7% entre os dois meses. Vale ainda ressaltar
que os números absolutos do crime de calúnia superaram os valores
de difamação nos meses de abril a junho, período de maior restrição da
pandemia.
118 Dossiê Mulher 2021
1.812
1.838
Número de mulheres vítimas
1.599 1.812
1.600 1.599
1.600
1.423
1.423
1.200
1.200
1.124
1.124
800
800 809 803
809 803
400
400 233 257 242 233 227
191 182 208 196
233 257 242 130 233 227
81 109191 182 208 196
143 128 109 130 71 169 146 155 146
0 137 81 169
119 137 118
143 128 146 155 146
0 137 jan fev mar 71abr 119
mai jun jul ago set
137
out 118
nov dez
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
80,0%
62,8%
% de mulheres vítimas
14.531
60,0%
40,0%
25,5%
5.899
20,0%
8,0%
1.863
2,4%
0,4% 0,9%
561 197
0,0% 100
0 a 11 anos 12 a 17 anos 18 a 29 anos 30 a 59 anos 60 anos ou Sem
mais informação
0 a 11 anos 15,3%
12 a 17 anos 9,2%
18 a 29 anos 19,2%
30 a 59 anos 41,7%
60 anos ou mais 14,6%
% de mulheres vítimas
60,0%
relação à Violência Moral ocor- 49,6% 48,1%
reu entre mulheres que eram 11.481 11.145
0,4% 1,9%
91 434
0,0%
Branca Negra Outras Sem
informação
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
39,9%
9.233
40,0% 32,6%
7.555
15,7%
20,0%
3.631
9,0%
2.085
2,8%
647
0,0%
Solteira Casada ou Separada Viúva Sem
vive junto informação
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0% 52,7%
12.212
40,0%
19,2%
20,0% 4.453
13,9%
3.222
7,6%
1.749 3,6% 3,0%
831 684
0,0%
Residência Outros Via pública Ambiente Estab. Sem
locais virtual comercial informação
Como aponta o Gráfico 99, a maior parte das vítimas de Violência Moral
reportou ter sido vitimada por companheiros ou ex-companheiros (9.470 ou
40,9%), seguida daquelas que não possuíam relacionamento prévio com o
autor (4.618 ou 19,9%). Entretanto, se somarmos as categorias das vítimas que
possuíam alguma relação com o autor (companheiros e ex-companheiros,
pais ou padrastos, parentes e conhecidos), vemos que 61,9% foram vitimadas
por pessoas que compunham seu círculo social próximo. Ou seja, a cada dez
mulheres que sofreram crimes contra honra, em média seis já conheciam o
agressor.
7
124 Dossiê Mulher 2021
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
40,9%
9.470
40,0%
19,9%
4.618
20,0% 12,2% 11,9%
2.817 2.750 7,4% 6,3%
1.714 1.450
1,4%
332
0,0%
Companheiro ou Nenhuma Conhecido Outras Parente Pais ou Sem informação
ex padrastos
2014 4,3%
2015 4,2%
2016 4,4%
2017 4,2%
2018 4,4%
2019 4,6%
2020 4,6%
7.000
Média: 5.702
5.330
5.000
4.725
4.553
4.000
3.000
2.000
1.000
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
61 - BRITO, Benilda Regina Paiva. Mulher, negra, pobre - A tripla discriminação. Teoria e Debate,
n. 36, p. 3-6, 1997.
128 Dossiê Mulher 2021
3.137
3.051
3.000
3.033 2.826
Número de mulheres vítimas
2.743
2.599 2.399
2.487 2.461
2.383 2.223
2.000
1.973
1.843
1.000
661 594
510
401
369 364 249
0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
62 - INSTITUTO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Mais de 250 mulheres foram vítimas de violência por
dia durante o isolamento social em 2020. Rio de Janeiro, Instituto de Segurança Pública, 08
mar. 2021. Disponível em < http://www.isp.rj.gov.br/Noticias.asp?ident=456>. Último acesso em
agosto de 2021.
Dossiê Mulher 2021 129
Gráfico 102 – Mulheres vítimas de Violência Patrimonial por delito – estado
do Rio de Janeiro – 2020 (números absolutos)
Mulheres vítimas de Violência Patrimonial por delito – estado do Rio de Janeiro – 2020 (números absolutos)
300 Dano
Mulheres vítimas de Violência Patrimonial por delito – estado do Rio de Janeiro – 2020 (números absolutos)
Supressão de documento
263 300 Violação de domicílio Dano
269
263 Supressão de do
269 263 243 Violação de dom
245 263
234 243
245
Número de mulheres vítimas
201 217
205 234
200 191
185
Número de mulheres vítimas
180201 217
205 179
200 191 165 178 185
172 180
148 179
165 178
172 147
136 148
105 147
136 112
100
102
105
87 112
100 77 102
87
31 77 31
34 30
22 22
11 11 16
5 31 19 30 17 31
0 34
22 22
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
11 11 16
5 19 17
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Número de registros
1.200 656 75
Número de registros
respectivamente. A 594
75
594
mil mulheres do estado Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
do Rio de Janeiro. Entre as
grandes regiões, o interior apresentou a maior taxa (69,2), seguida da capi-
tal (62,1), como pode ser observado no Mapa 5.
Supressão
Violência Violação de
Dano de
Patrimonial domicílio
documento
Estado do Rio de
54,4 29,4 22,0 3,0
Janeiro
Baixada Fluminense 62,1 35,1 23,0 4,0
Capital 43,9 23,1 17,7 3,1
Grande Niterói 40,0 20,1 18,4 1,4
Interior 69,2 37,5 29,0 2,6
Fonte: Elaborada pelo ISP com base em dados da SEPOL.
40,0%
24,0%
1.092
20,0% 13,8%
628
0,0%
Lei 11.340/06 Lei 9.099/95 Sem lei
específica
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da
SEPOL.
132 Dossiê Mulher 2021
80,0%
61,7%
% de mulheres vítimas
2.810
60,0%
40,0%
25,7%
1.171
20,0%
10,1%
461
0,2% 1,2% 1,1%
0,0% 7 56 48
0 a 11 anos 12 a 17 anos 18 a 29 anos 30 a 59 anos 60 anos ou Sem
mais informação
Fonte: Elaborado pelo ISP com base em dados da SEPOL.
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
44,6%
2.032
40,0%
29,5%
1.341
20,0%
10,3% 11,0%
471 501
4,6%
208
0,0%
Solteira Casada ou Separada Viúva Sem
vive junto informação
78,3%
80,0% 3.563
% de mulheres vítimas
60,0%
40,0%
20,0%
9,7% 8,5%
440 388
1,6% 2,0%
0,0%
72 89
0,0% 1
Residência Outros locais Via pública Estab. Ambiente Sem
comercial virtual informação
Quanto à relação entre vítima e autor, o Gráfico 109 aponta que mais da
metade dos casos de Violência Patrimonial foi cometido pelos companheiros
ou ex-companheiros (52,2%). Por outro lado, 16,7% das vítimas relataram não
ter relação prévia com o autor. Convém observar que a Violência Patrimonial
ocorreu, na maioria das vezes, com pessoas próximas à vítima, totalizando
66,4% do total de vítimas (soma de companheiros, ex-companheiros, pais ou
padrastos, parente e conhecido). Isso explicita que cerca de seis entre dez
mulheres que sofrem crimes contra seu patrimônio já conheciam o autor,
o que ressalta o caráter interpessoal dessa forma de violência. Exemplo
disso pode ser observado abaixo. Afinal, são transcrições de trechos dos
depoimentos de duas mulheres que foram vítimas de violação de domicílio
por pessoas próximas.
Dossiê Mulher 2021 137
80,0%
% de mulheres vítimas
60,0%
52,2%
2.375
40,0%
16,7%
20,0% 761
9,6%
7,6% 7,3%
437 5,9%
347 333
269 0,7%
0,0% 31
Companheiro Nenhuma Outras Parente Conhecido Pais ou Sem
ou ex padrastos informação
de Medidas
Depoimento de uma vítima
Protetivas de descumprimento de medidas
protetivas
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos
comunicação;
psicológica da ofendida;
215
200 193
189
185
Média: 167
172
Número de registros
161 161
150
136
141
112
100 102
50
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
80%
Número de registros
60%
42,7%
855
40%
28,6%
573 23,3%
466
20%
5,4%
109
0%
Interior Baixada Capital Grande
Fluminense Niterói
80%
Número de registros
60%
40%
20%
7,3%
146 2,3% 1,8% 1,0% 0,2% 1,2%
47 37 21 25
0% 5
Companheiro Parente Nenhuma Outras Pais ou Conhecido Sem
ou ex padrastos informação
Ainda, quanto ao tipo de local do fato (Gráfico 113), mais da metade (63,1%)
ocorreu em uma residência. Em seguida, temos a via pública com 18,4% dos
casos.
9
148 Dossiê Mulher 2021
80%
63,1%
1.264
Número de registros
60%
40%
18,4%
20% 369
11,5%
231
2,9% 2,0% 2,0%
58 40 41
0%
Residência Via pública Outros Ambiente Estab. Sem
locais virtual comercial informação
65 - G1. Mais de mil medidas protetivas foram descumpridas no ano passado em MT e 449 pes-
soas foram presas em flagrante. Mato Grosso, G1, 30 maio 2021. Disponível em <https://g1.globo.
com/mt/mato-grosso/noticia/2021/05/30/mais-de-mil-medidas-protetivas-foram-descumpri-
das-no-ano-passado-em-mt-e-449-pessoas-foram-presas-em-flagrante.ghtml>. Último aces-
so em agosto de 2021
9.
Dossiê Mulher 2021 149
As informações divulgadas nesta edição
do Dossiê Mulher têm como fonte o banco
de dados dos Registros de Ocorrência (RO)
da SEPOL disponibilizado ao ISP por meio
do seu Departamento Geral de Tecnologia
da Informação e Telecomunicações (DGTIT).
Este ano incluímos dois novos delitos, que entraram no rol das titulações
criminais do banco da SEPOL ao longo do ano de 2020. O delito intitulado
registro não autorizado da intimidade sexual foi criado a partir da lei nº
13.772, de 19 de dezembro de 2018. O segundo delito, intitulado “violação
sexual mediante fraude”, foi instituído pelo artigo 215, na reforma de 2009
do Código Penal. Como já constava no banco da SEPOL, foi possível extrair
os dados referentes a esse delito desde 2014. Além disso, agregamos o delito
de “importunação ofensiva ao pudor” ao delito de “importunação sexual”.
Quantificação
Feminicídio
Cálculo de população
Cálculo de taxas
Variáveis analisadas
Regiões
Mapas
Observações
66 - OLIVEIRA, Ana Carolina. Gondim de. A; COSTA, Mônica Josy Souza; SOUZA, Eduardo Sérgio
Soares. Feminicídio e Violência de Gênero: Aspectos Sociojurídicos. Revista Online do CESED –
Centro de Ensino Superior e Desenvolvimento, vol. 16, nº 24/25, p. 21-43, 2015.
Dossiê Mulher 2021 157
espaços domésticos, não era tipificada como crime, já que predominava
o entendimento que os conflitos conjugais diziam respeito apenas aos
familiares envolvidos.
67 - SOUSA, Adriane; SILVA, Ecila Raphaela Barroso; LOBATO, Alinne Jamille. Segurança Pública
e sua Interface com a DEAM. In: V Jornada Internacional de Políticas Públicas, 2011, São Luís.
Somente em 1988 foi aprovada a lei de criação das DEAMs (lei nº 1340/88).
É importante ressaltar que o processo de implementação da primeira DEAM
foi marcado por dificuldades financeiras, pela resistência de parte do efetivo
70 - SOUSA, Adriane; SILVA, Ecila Raphaela Barroso; LOBATO, Alinne Jamille. Segurança Pú-
blica e sua Interface com a DEAM. V Jornada Internacional de Políticas Públicas: Campus
Universitário do Bacanga- São Luís/Maranhão, 2011.
71 - LIMA, Lana Lage da Gama; BARBOSA, Leonardo Mendes. A intervenção policial na violência
de gênero no Estado do Rio de Janeiro: da criação das Delegacias Especializadas à Lei Maria da
Penha. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH , São Paulo, julho 2011.
Dossiê Mulher 2021 159
policial à “política de direitos humanos” estabelecida pelo governo da época
e pelo fato da instituição possuir, naquele momento, somente uma delegada
em seus quadros (BARSTED, 1994)72. Outras quatro delegadas ingressaram
na instituição somente em 1990 (LAGE; MENDES, 2011, p. 14).
72 - BARSTED, Leila de Andrade Linhares. (Org.) Violência contra a mulher e cidadania: uma
avaliação das políticas públicas. Rio de Janeiro: Cepia, 1994. 61p.
73 - Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>.
Último acesso em agosto de 2021.
160 Dossiê Mulher 2021
6.000
6.000
Número de registros de ocorrências e de vítimas
2.661 2.519
Número de registros de ocorrências e de vítimas
2.661 2.5195.000
2.444
5.000
2.433
2.444
2.433
4.000
1.958
4.000
1.958
1.765
1.765
3.000 1.528 1.549
3.000 1.528 1.549
1.149
961
2.000 3.936 3.942 1.149 980
961 956
2.000 3.936 3.942 3.590
3.406 980 956
3.590 753
3.406 2.878
638
2.878 2.481 753
2.219 2.189 638
1.000 2.481
2.219 2.189 1.696 1.632
1.000 1.450 1.431
1.696 1.632 1.130 1.044
1.450 1.431
1.130 1.044
0
VOLTA REDONDA
SÃO GONÇALO
SÃO JOÃO DE
DUQUE DE
CAXIAS
CAMPO GRANDE
CENTRO
BELFORD ROXO
MERITI
NITERÓI
NOVA FRIBURGO
CAMPOS
CABO FRIO
JACAREPAGUÁ
0
VOLTA REDONDA
SÃO GONÇALO
SÃO JOÃO DE
DUQUE DE
CAXIAS
CAMPO GRANDE
CENTRO
BELFORD ROXO
MERITI
NITERÓI
NOVA FRIBURGO
CAMPOS
CABO FRIO
JACAREPAGUÁ
DEAM
Fonte: Elaborado
DEAM pelo ISP com base em dados da SEPOL.
2.000
1.500
1.216
1.000 921
606
500
368
0
Violência Moral, Violência Física, Violência Física, Violência Física, Violência
Violência Violência Violência Moral Violência Moral, Psicológica,
Psicológica Psicológica Violência Violência Física
Psicológica
79 - História baseada nos inúmeros casos de feminicídio que reproduzem o mesmo padrão de
violência contra a mulher.
174 Dossiê Mulher 2021
81 - ROSA, Alexandre Morais; RAMOS, Ana Luisa Schmidt. A criação do tipo de violência psi-
cológica contra a mulher (Lei 14.188/21). Consultor Jurídico, São Paulo, 30 jul. 2021. Disponível
em: <https://www.conjur.com.br/2021-jul-30/limite-penal-criacao-tipo-violencia-psicologica-
-mulher-lei-1418821>. Último acesso em agosto de 2021.
84 - FERNANDES, Valéria; ÁVILA, Thiago; CUNHA, Rogério. Violência psicológica contra a mu-
lher: Comentários à Lei. n. 14.188/2021. Agência Patrícia Galvão, São Paulo, 29 jul. 2021. Dispo-
nível em < https://agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/violencia-domestica/violencia-psico-
logica-contra-a-mulher-comentarios-a-lei-n-14-188-2021/>. Último acesso em agosto de 2021.
178 Dossiê Mulher 2021
*Minicurrículo da Autora:
85 - Idem
1
12.
Dossiê Mulher 2021 181
Mais uma vez, o Dossiê Mulher
mostrou que centenas de mulheres
foram diariamente vítimas das diferentes
formas de violência em todo o estado.
Para além da apresentação dos números,
esperamos que as reflexões apresentadas
ao longo desta edição encorajem outras
mulheres a denunciarem seus agressores
e a procurarem o amparo nos diferentes
organismos que compõem a rede de
atendimento às vítimas.
Capital
Casa da Mulher Carioca Dinah Coutinho
Endereço: Rua Dom Manoel, s/nº, Centro, Rio de Janeiro (Plantão Judici-
ário).
Telefone: (21) 3133-3894
*Oferece o primeiro atendimento sempre que os serviços especializados
dos centros de referência não estiverem em funcionamento.
DEAM Centro
DEAM Jacarepaguá
NUAM Bonsucesso
NUAM Rocinha
Endereço: 11ª DP - Rua Bertha Lutz, 84, São Conrado, Rio de Janeiro.
Telefone: (21) 2334-6772
NUAM Tijuca
Endereço: 19ª DP - Rua General Espírito Santo Cardoso, 208, Tijuca, Rio
de Janeiro.
Telefone: (21) 2332-1633
Baixada Fluminense
Belford Roxo
DEAM
CEAM
Endereço: Alameda Rui Barbosa, s/nº, Quadra 17, Lote 08, Jardim
Primavera, Duque de Caxias.
Telefone: (21) 2773-1896
DEAM
Guapimirim
CRAM
Mesquita
CEAM
NUAM
Nilópolis
Casa da Mulher Nilopolitana
CEAM
CIAM Baixada
Endereço: Avenida Duque Estrada Meyer, 149, Alto da Posse, Nova Iguaçu.
Telefone: (21) 2698-6008
DEAM
NUAM
Grande Niterói
Maricá
Casa da Mulher
Niterói
CODIM
São Gonçalo
DEAM
Interior
Endereço: Rua Almirante Machado Portela, 58, Balneário, Angra dos Reis.
Telefone: (24) 3365-6895 / 3365-5167
DEAM
Araruama
CRAM
NUAM
Barra do Piraí
CREAS
Barra Mansa
CREAS
Cabo Frio
CEAM
Itaboraí
CEAM
Itaperuna
CIAM
Itatiaia
Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres
Macaé
CEAM Pérola Bichara Benjamim
Miguel Pereira
Casa do Direito da Mulher Daniella Perez
Nova Friburgo
CREM – Centro de Referência da Mulher
DEAM
Endereço: Avenida Presidente Costa e Silva, 1051, Vila Nova, Nova Friburgo.
Telefone: (22) 2533-1852 / 2533-1694
Paraty
Coordenadoria Especial da Mulher
Endereço: Rua Jango Pádua, s/n°, Parque Imperial, Paraty (Piso superior
da rodoviária).
Telefone: (24) 3371-7449
Petrópolis
CRAM
NUAM
Resende
NIAM
Dossiê Mulher 2021 191
Endereço: Rua Macedo de Miranda, 81, Jardim Jalisco, Resende.
Telefone: (24) 3360-9824
NUAM
NUAM
Saquarema
CRAM
NUAM
Tanguá
CEAM
Teresópolis
CRAM
NUAM
Três Rios
NUAM
Endereço: 108ª DP - Avenida Castro Alves, 120, Portão Vermelho, Três Rios.
Telefone: (24) 2252-4633 / 2252-4941
Volta Redonda
CEAM
Endereço: Rua Antônio Barreiros, 232, Nossa Senhora das Graças, Volta
Redonda.
Telefone: (24) 3339-9025 / 3339-9215
DEAM
Apêndices
194 Dossiê Mulher 2021