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INSTITUTO BRASILEIRO DE MEDICINA E REABILITAÇÃO (IBMR)

CURSO DE PSICOLOGIA
ESTÁGIO BÁSICO EM PROCESSOS DE ACOLHIMENTO E AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA

MAYARA OLIVEIRA

NICOLE DE QUEIROZ LIMA FONSECA

PABLO OLIVEIRA DA SILVA

SANDRO LÚCIO BARBOSA PITASSI

TATIANE GOMES

Rio de Janeiro

2021
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Acolhimento a mulheres vítimas de violência doméstica através de

plataformas digitais

Atividade 1 – 2021.1

Estágio Básico em Processos de Acolhimento e Avaliação Psicológica

Prof.: Cláudia Capitão

Rio de Janeiro

2021
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INTRODUÇÃO

A violência contra mulher não é um fenômeno novo, é uma prática de caráter


antigo, sem muita relevância até pouco tempo atrás, apesar da criação de medidas
que apoiam mulheres que sofrem de algum tipo de agressão. Em 2020, com o
surgimento do coronavírus (COVID-19) e a necessidade do isolamento social, como
um mecanismo para conter a disseminação do vírus, pode-se perceber aumento no
número de mulheres buscando ajuda, cujo motivo era sofrer o ato de violência
doméstica. Desse modo, houve maior exploração da temática e a necessidade de
criar medidas promovendo o acolhimento e auxílio para mulheres que se encontram
nesta situação.

Podemos compreender o ato de violência contra mulher como qualquer prática


baseada no gênero que ocasione a morte ou inflija dano ou sofrimento físico ou
psíquico, podendo ser de cinco tipos diferentes, são eles: violência física, psicológica,
sexual, patrimonial ou moral. A violência física é compreendida ao causar dano a
integridade ou saúde corporal da vítima; a psicológica compreende qualquer conduta
que cause prejuízo emocional ou diminuição da autoestima da mulher, sendo comuns
os insultos, chantagens, limitação do direito de ir e vir, entre outros atos; a sexual
envolve constranger a mulher a presenciar, manter ou participar de qualquer relação
sexual não desejada de forma ameaçadora, em algumas situações o agressor faz
uso da sua força, chantagens e intimidações. A violência moral consiste em caluniar,
difamar ou cometer injúria contra mulher e a violência patrimonial compreende como
qualquer conduta que configure retenção, diminuição, destruição parcial ou total de
seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e
direitos ou recursos econômicos, com a inclusão daqueles que satisfazem suas
necessidades.

A cultura da violência doméstica decorre das desigualdades no exercício do


poder, levando assim uma relação de “dominante e dominado”, que apesar de se
obter avanços na equiparação entre homens e mulheres, a ideologia patriarcal ainda
vigora, e a desigualdade sociocultural é uma das principais razões da discriminação
feminina (DIAS, 2007).
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A palavra violência origina-se do latim violentiam, que significa o ato de violentar


abusivamente contra o direito natural, exercendo constrangimento sobre
determinada pessoa, por obrigá-la a praticar algo contra sua vontade (CLIMENE &
BURALLI, 1998).

As violências são eventos considerados intencionais e compreendem a


agressão, o homicídio, a violência sexual, a negligência/abandono, a violência
psicológica, a lesão autoprovocada, entre outras; e os acidentes englobam as
quedas, o envenenamento, o afogamento, as queimaduras, o acidente de trânsito,
entre outros; ambos correspondem às causas externas de morbidade e mortalidade,
representadas no capítulo XX da Classificação Internacional de Doenças – CID-10.

Somente em 2016, com sanção da Lei nº 11.340/2006 que recebeu a alcunha


de “Lei Maria da Penha”, considerada pela ONU como uma das melhores normas
contra violência doméstica do mundo, constituiu-se um dos principais marcos da
busca pela efetiva tutela estatal da proteção da pessoa humana da mulher no Brasil,
estabelecendo mecanismos de enfrentamento e prevenção à violência contra a
mulher, praticada no âmbito familiar, como políticas públicas de suporte assistencial
à vítima, em diferentes áreas – saúde física e psicológica, assistência social,
educação e outros –, além de fortalecer as garantias fundamentais próprias da
pessoa humana da mulher e instituir procedimentos judiciais especiais para a
efetivação dessas garantias.

Com o advento da Lei nº 13.641/2018, nova (e recente) alteração da Lei nº


11.340/2006, o ordenamento jurídico brasileiro passou a contemplar duas
alternativas de sanção cabíveis diante do descumprimento de medidas protetivas de
urgência: a decretação da prisão preventiva do agressor (nos termos do artigo 313,
inciso III, do CPP) e a propositura de ação penal em face do ofensor pela prática do
delito tipificado no artigo 24-A, da Lei n° 11.340/06 (com redação atribuída pela Lei
nº 13.641/2018).

Outro aspecto de destaque: a judicialização da fiança na hipótese de prisão em


flagrante pela prática do crime capitulado no artigo 24-A, da Lei nº 11.340/2006, ou
seja, cria uma exceção à disposição do art. 322, do CPP, ao prever que “na hipótese
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de prisão em flagrante (pela prática do novo fato típico), apenas a autoridade judicial
poderá conceder fiança” e não a autoridade policial (ainda que o quantum máximo
da pena prevista para o novo tipo penal seja inferior a quatro anos), conforme
previsão do § 2º, do art. 24-A, da “Lei Maria da Penha” (incluído através da Lei nº
13.641/2018).

O presente estudo tem o objetivo de apresentar o surgimento do problema e


caracterizar os tipos de violência. Desse modo, relatamos e exemplificamos os cinco
tipos de violências existentes e suas características, com o objetivo de tornar claro o
entendimento das vítimas acerca dos seus direitos.

JUSTIFICATIVA
Fato é que os dados de violência doméstica em relação à mulher
apresentaram sensível aumento no contexto da Pandemia da COVID-19,
noticiando o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos sensível
aumento no número de ligações para o canal Ligue 180, gerando apreensão das
organizações dedicadas ao enfrentamento da violência doméstica, até porque
num cenário pandêmico, inúmeros fatores, tais como, a coexistência forçada, o
estresse econômico e o isolamento social, acabam por potencializarem ainda
mais quadros preexistentes de vulnerabilidade e desamparo (VIEIRA; GARCIA;
MACIEL, 2020).

Nota técnica emitida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública -FBSP-


em abril de 2020, relativa aos dados colhidos em 06 capitais do país, ressaltava
o crescimento dos índices de feminicídio e o decréscimo nos registros de boletins
de ocorrência, fato preocupante, até porque se sabe que a violência contra a
mulher toca aspectos reveladores de uma violência sistêmica e estrutural,
atravessada por diversos complicadores, o que ganha contornos de maior
gravidade num contexto de isolamento social, estando as mulheres expostas às
violações, à violência e à morte de forma diferenciada, temendo-se exatamente
um agravamento de quadros antes já complexos de verdadeira
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incomunicabilidade da dor (LOBO, 2020).

Sendo assim, fundamental o interesse da própria Psicologia para o estudo


e entendimento do quadro relatado, não havendo dúvida de que a situação
reclama a construção de canais que efetivamente permitam uma escuta
qualificada e consequente acolhimento, pois, todo o impacto promovido pelo
contexto pandêmico atual não incide de forma igualitária, principalmente num
país já marcado por grandes desigualdades e distorções, produzindo-se
naqueles cenários de invisibilidade e hipossuficiência, maior desamparo,
angústia e silêncio forçado, fatores que justificam a elaboração do presente
projeto de pesquisa.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Subchefia para Assuntos Jurídicos/Casa


Civil. Lei no 13.641, de 3 de abril de 2018, que altera a Lei no 11.340, de 7 de agosto
de 2006 (Lei Maria da Penha), para tipificar o crime de descumprimento de medidas
protetivas de urgência. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13641.htm.>. Acesso
em: 3 novembro 2019.

CLIMENE, L.C.; BURALLI, K.O. Violência familiar contra crianças e adolescentes.


Salvador: Ultragraph, 1998.

DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da penha na Justiça: LEI 11.340/2006:da


efetividade da lei de Combate à Violência Doméstica Familiar Contra a Mulher. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

LOBO, J. C. Uma outra pandemia no Brasil: as vítimas da violência doméstica no


isolamento social e a “incomunicabilidade da dor.” Tessituras: Revista de
Antropologia e Arqueologia, v. 8, n. 1, p. 20–26, 30 maio 2020.

VIEIRA, P. R.; GARCIA, L. P.; MACIEL, E. L. N. [The increase in domestic violence


during the social isolation: what does it reveals?]. Revista Brasileira De
Epidemiologia = Brazilian Journal of Epidemiology, v. 23, p. e200033, 2020.

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