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Os assistentes sociais defrontam-se, cotidianamente, com as mais variadas expressões

da questão social, como por exemplo, o direito à terra e à moradia e as formas de


exploração e discriminação de classe, gênero, raça, etnia, orientação sexual, identidade
de gênero, idade e condição física. E o que o profissional do Serviço Social pode fazer
diante dessa problemática?
A importância da moradia digna para todo e qualquer ser humano, de qualquer lugar, em
qualquer época, foi reconhecida pelo principal Documento Internacional editado pelas
Nações Ocidentais no segundo Pós-Guerra, marcando o início de uma nova fase da
Ordem Internacional, sob o dístico da cooperação e da solidariedade.
O Brasil, como membro da ONU, assina embaixo do que diz a Declaração dos Direitos
Humanos: “Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua
família saúde e bem e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis”. Isso porque os tratados e acordos
internacionais assinados pelo Estado brasileiro têm força de lei, fazendo ser obrigatório o
seu cumprimento dentro do nosso território.

Há vários outros problemas sensíveis em termos de moradia, como as pessoas em


situação de rua ou mesmo as favelas, uma característica intrínseca à realidade brasileira.
Cada uma dessas situações tem seus motivos, mas elas partem da raiz de que o Estado
brasileiro não tem sido capaz de garantir moradia a todas as pessoas.
Nesse caso, há várias políticas públicas que se sobrepõem. A dependência química é um
problema de política pública de saúde, a violência, inclusive a que parte da Polícia um
problema de segurança pública, e também a situação de rua de um grande número de
pessoas é um problema de falta de moradia, que é de atribuição do Poder Executivo em
todas as esferas. Esses problemas se interrelacionam: a questão das drogas aumenta o
problema da violência, a falta de moradia é razão de aumento da violência e também
agrava a questão das drogas. As políticas de combate a esses problemas, portanto,
precisam ser trabalhadas em conjunto para que se chegue à raiz dessas questões e a
soluções que garantam, efetivamente, todos esses direitos.
Já as diferenças de gênero, de orientação sexual, de raça/ etnia, identidade de gênero,
idade e condição física devem ser respeitadas e valorizadas, não devem ser utilizadas
como critério de exclusão social e política pois é fundamental manter uma perspectiva
não-essencialista em relação às diferenças, procurando desenvolver uma postura crítica
em relação aos processos de naturalização ou biologização, que acabam por transformar
diferenças em desigualdades.
As discriminações baseadas em raça/etnia, gênero e sexualidade estão imbricadas na
vida social e na história de diferentes sociedades, necessitando por isso uma abordagem
conjunta e transversal. Ou seja, discriminação em relação às mulheres articula-se à
discriminação em relação aos que são sexualmente atraídos por pessoas do mesmo sexo
ou ainda que discursos racistas possam utilizar características socialmente atribuídas ao
feminino para inferiorizar negros/as, indígenas ou outros grupos considerados inferiores.

A formulação de leis anti-discriminação não é suficiente para fazer cessar ações violentas
e intolerantes em relação às diferenças de gênero, de raça e orientação sexual, sendo
para isto fundamental privilegiar ações que visem à transformação das mentalidades e
das práticas sociais.
Portanto, a luta por direitos e as ações políticas efetivadas foram e são fundamentais para
explicitar as formas de opressão vivenciadas secularmente por algumas classes. Assim,
trata-se de um caminho estratégico que pode favorecer a construção de uma nova
sociabilidade.

CFESS Manifesta: Conferência Popular pelo Direito à Cidade. Disponível em:


https://www.cfess.org.br/arquivos/cfessmanifesta2022-. Acesso em: 14 de set. de 2022.

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